A sugestão do ménage pela vizinha surpreendeu Lívia, pois nenhum deles nutria qualquer relação com aquela mulher. A loira era uma esposa desconfiada e por várias vezes o espionou, mas a única mulher que percebeu querer se aproximar de seu marido era Karina. Depois da conversa sincera que tiveram, ela não acreditava que Renan pudesse esconder alguma coisa. Além disso, ele tinha razão sobre uma coisa: Úrsula era linda.
O rosto redondo com pele retinta era adornado por uma vasta e bem cacheada cabeleira. Seus olhos levemente puxados eram um charme à parte, mas compunham um visual muito sedutor, acompanhado dos lábios grossos e o nariz levemente achatado. Tinha o corpo cheio de curvas, onde sua preferência por roupas curtas sempre a fazia chamar atenção pelo par farto de coxas. Mesmo antes de a conversa com Caio fazê-la repensar sua sexualidade, Lívia já a olhava com admiração. Entendia que seria absolutamente normal Renan se interessar por ela, ainda mais com a informação privilegiada fornecida por Caio.
Bissexual. Se antes se encantava somente pela beleza, agora a informação de que aquela deusa sentia prazer também com mulheres lhe fez fantasiar coias inéditas. Na conversa como marido, Renan tinha somente levantado a ideia, sem pensar em como fariam tudo acontecer. Lívia, por outro lado, decidiu se aproximar de Úrsula por conta própria.
Sendo extremamente comunicativa, não teve problemas em se aproximar dela. Encontros ocasionais no elevador, na padaria, no mercado ou em qualquer lugar viraram motivos para ela exibir seu sorriso mais simpático e receber os de Úrsula em troca. Conversas curtas sobre banalidades camuflavam trocas profundas de olhares. Os olhos verdes de Lívia encontram eco nos castanhos de Úrsula. Um convite para tomar um café inevitavelmente aconteceu.
Naquele dia, Lívia prendeu o longo cabelo em um rabo de cavalo alto. Escolheu uma camiseta regata e uma calça legging, roupas simples, mas que ainda evidenciaram suas curvas. Subiu alguns andares até o apartamento de Úrsula, onde foi recebida pela jovem de vinte e oito anos. A anfitriã se vestia à vontade com um short curto e um top, exibindo sua pele escura e suas formas.
O café com bolo durou bastante tempo, pois as duas mulheres tinham muito o que dividir entre si. Estavam se conhecendo e muito falaram sobre o trabalho, os problemas da vizinhança, as brigas do condomínio e em algum momento falariam de relacionamentos.
— Sou casada há alguns anos. Você parece morar sozinha, não é?
— Sim. Gosto do silêncio. De ficar sozinha. Acho que não conseguiria dividir a casa com outras pessoas por muito tempo.
— Não tem nenhum namorado?
— Não. Nem namorado, nem namorada.
Lívia olhou Úrsula nos olhos. Sabia da bissexualidade da vizinha, mas precisava que ela assumisse isso na sua frente. Não cairia bem assumir que sabia disso por uma fofoca.
— Sim, eu gosto de mulher também. Não costumo fazer muitas amigas porque isso assusta elas, então acho melhor falar isso logo.
O semblante de Úrsula havia mudado. O sorriso sumiu, expressando o desconforto em assumir aquilo. Lívia pensou em quanto aquela mulher pudesse se sentir um pouco sozinha, apesar de assumir o gosto pelo silêncio. Queria a amizade daquela mulher, mas temeu ter feito a pergunta errada na hora errada.
— Não me assusta. Você é tão bonita que acho normal atrair a todos os gêneros.
O rosto sério de Úrsula se desmanchou em um sorriso e Lívia respirou aliviada.
— Obrigada. Já tive problemas com mulheres casadas que não entendiam minha sexualidade. Acham que, por gostar de homens e mulheres, sou uma ninfomaníaca.
— Que ridículo! Até porque, se fosse, não acho problema nenhum gostar de sexo.
Úrsula ri.
— O problema é que elas acham que vou roubar o marido delas… ou elas.
Lívia gargalhou, mais do que devia, pois Úrsula não fazia ideia de que tanto ela quanto o marido queriam ser “roubados”.
— Não posso falar nada, porque já roubei alguns namorados quando era solteira.
As duas riram. A loira sentiu ter conquistado a simpatia de sua vizinha, mas entendia que um convite para um ménage com o marido seria algo bem mais difícil. Apesar disso, lembrava-se da conversa de Caio e do quanto ela se tornou prazerosa no momento em que ambos se abriram.
— Coitadas das namoradas. Devia ser difícil competir com você e esses olhos.
Um leve rubor tomou o rosto de Lívia, deixando seu discreto sorriso mais charmoso.
— Eu não era fácil mesmo.
— Você tinha uma vida de solteira bem agitada. Como é casar e deixar isso tudo para trás?
Lívia torce os lábios, pensativa.
— Chega uma hora em que a gente quer sossegar. O Renan é um companheiro maravilhoso, então levo numa boa. A vida a dois vale a pena. Um dia você vai perceber isso.
— Mas não tem nada que você sinta falta daquela época?
A loira sorri.
— Ah, tem uma ou outra fantasia que nunca realizei, mas isso não incomoda.
— Fantasias? Tipo?
— Dois homens — respondeu à loira, mordendo os lábios discretamente. Úrsula sorri, maliciosa.
— Pensei estar conversando com uma mulher direita.
— Desculpa, querida, mas, no fundo, sou piranha. Não costumo fazer muitas amigas porque isso assusta elas, então acho melhor falar isso logo.
A brincadeira de repetir a frase de Úrsula a fez gargalhar.
— Nunca tentou realizar essa fantasia?
— Não, precisava de duas pessoas de confiança, sabe? Agora, casada, ficou mais difícil. Ele também é ciumento quanto a isso.
— Acontece. Já me chamaram para sair com um casal uma vez. Parece perfeito por eu ser bi e tal, mas na hora, o cara só quis saber de mim e a mulher ficou com ciúmes. Foi uma experiência horrível.
— Que chato… — disse Lívia, pensando na frustração de seu próprio plano.
— Por isso, eu fico sozinha. Saio com quem quero sair e fico só quando quiser.
— Mas não sente falta de sexo quando está sozinha?
— Tenho meus brinquedos. Nunca fico carente.
Lívia não falou nada sobre os tais brinquedos, mas o sorriso acusou a curiosidade da loira por si só. Úrsula, que se sentia cada vez mais à vontade com sua nova amiga, a convidou para seu quarto. Um ambiente bem iluminado e com um armário grande demais para uma mulher que morava sozinha. Uma das divisões do móvel parecia um parque de diversões para Lívia. Havia uma variedade de brinquedos além do conhecimento da loira, acostumada apenas a seu vibrador.
— O que é isso aqui? — perguntou Lívia, segurando um brinquedo roxo, do tamanho de seu vibrador, mas com um formato um pouco diferente.
— É um sugador de clitóris. Uso quando penso numa mulher chupando o meu grelo.
A resposta provoca um formigamento entre as pernas de Lívia. Ela controla o sorriso para não transparecer o que passa em sua mente. Passeia os olhos por outros objetos até pegar um plug.
— Isso sei o que é. — disse Lívia, rindo.
— Sabe como é, com a bunda desse tamanho, sempre tem um querendo comer o meu cu. Eu tinha receio de dar, mas depois passei a gostar. Daí, quando tenho vontade, eu o uso. Dá uma sensação gostosa de tê-lo enfiado.
— Não machuca?
— Nada. Uso com lubrificante.
Úrsula leva seu olhar ao espelho onde as curvas da loira estão refletidas em outro ângulo.
— Com uma bunda dessas, o seu marido também deve te pedir, não é?
— Ele costumava pedir muito, mas eu negava.
Úrsula franziu o cenho.
— Que piranha é essa que não dá o cu?
Lívia gargalha.
— Nunca tive coragem, mas ando curiosa ultimamente.
— Se um dia quiser, pode pegar um meu emprestado.
A loira sorri e continua a olhar os objetos até encontrar algo parecido com uma calcinha, com um falo acoplado.
— Esse não é para usar sozinha…
— Não, isso é quando trago uma amiga para casa.
— Ah, então você come suas amigas aqui. — brincou Lívia.
— Também, mas gosto mais de ser comida.
— Aí, você dá a rola para elas te comerem?
— Sim — respondeu Úrsula, aos risos.
A preta tomou a cinta de Lívia, dando a volta por trás dela.
— Veste isso, para você ver.
Confusa, a loira obedeceu. Encaixou as pernas e deixou sua vizinha ajustar a cinta em seu quadril, por cima da legging. Sentia o calor da preta atrás de si, quanto a peça era apertada ao seu corpo. No fim, Úrsula a levou ao espelho, na porta do guarda-roupa, onde se viu com um trêmulo falo postiço rosa, acoplado ao seu corpo. Começou a rir.
— Agora sou um homem! — brincou Lívia, engrossando a voz, enquanto estufava o peito e colocava as mãos na cintura. Úrsula, ainda por trás de Lívia, riu.
— É engraçado como vocês sempre reagem assim quando vestem isso.
— Sério?
— Sim, todas as minhas amigas fantasiavam ser um homem quando vestiam isso.
— Deve ser porque a gente não entende como eles se sentem por ter um pau.
— Talvez. Quer que eu te mostre uma coisa ainda mais doida?
O sorriso de Lívia era toda a resposta de que Úrsula precisava. Com a loira de frente para o espelho, a preta a abraçou por trás, segurando o falo postiço. Começou um movimento lento de masturbação, como se aquilo realmente fizesse parte do corpo de Lívia.
— O que está fazendo?
— Você não é um homem? Então, estou batendo uma punheta para você. Nunca fez isso com o seu marido?
— Já, mas era um pau de verdade.
— Apenas aguarde.
Lívia sentia o calor do corpo de Úrsula atrás de si, assim como os seios pressionando suas costas. O quadril lhe amassava a bunda e, pelo reflexo do espelho, percebia o olhar cheio de más intenções daquela mulher.
— Imagina que esse pau seja seu mesmo, como se o seu grelo fosse desse tamanho. — Úrsula faz uma pausa e desliza ambas as mãos por dentro da regata de Lívia, alisando a sua barriga — esse é o calor da minha mão.
As mãos voltam ao brinquedo.
— Finge que está sentindo esse calor no seu pau, da minha mão indo e voltando em você.
Para a loira, era tudo estranho. Não tinha como sentir calor por um objeto sintético, mas de alguma forma aquilo mexia com ela. A excitação existia. No momento, entendeu ser fruto do sussurro daquela voz deliciosa em seu ouvido, ou pela sensação de calor, do contato do corpo dela junto ao seu. Isso explicaria sua boceta estar molhada, mas não explicava o motivo de, de uma hora para outra, ter começado a mexer o quadril, como se fodesse as mãos de Úrsula.
— Muito bem, mal virou homem e já está aprendendo a comer uma mulher.
Perdendo o equilíbrio, Lívia se apoiou na porta espelhada do guarda-roupa com uma das mãos. A outra começou a alisar o braço e a mão de Úrsula, que simulava sua masturbação.
— Lembra daqueles dias em que seu marido está mais carinhoso com você e fode você bem devagarinho. Gosto assim. — Sussurrou Úrsula.
Sentindo o corpo de sua vizinha atrás de si, Lívia percebia Úrsula rebolar atrás dela, como se guiasse seus movimentos. As duas sincronizaram um vai e vem lento, como se dançassem em dupla. A mão da loira deixou o braço de Úrsula e foi para trás, buscando-lhe a bunda para a apertar contra si. Gemidos mútuos começaram a ecoar por aquele quarto. A dupla rebolou junta por um tempo até que a excitação diminuiu e começaram a rir de si mesmas.
— Meu Deus, o que você fez comigo? — perguntou Lívia, enrubescida após ter voltado a si.
— Só te induzi sensações. Pedi para se colocar no lugar de um homem e te dei algumas sugestões. — Disse Úrsula, que continuou abraçada atrás de Lívia, agora com os braços envolvendo sua cintura por baixo da regata. — Ficou excitada, não foi?
— Sim. É incrível por esse pau ser de plástico. — respondeu Lívia, levando as mãos para trás, buscando tocar o corpo de Úrsula. — Faz isso com todas as amigas que traz aqui?
— Faço. A reação de vocês é sempre a mesma.
Úrsula afrouxou a cinta para tirá-la e Lívia empinou o quadril, fingindo que a ajudava. Mesmo tendo tirado a peça, a loira ainda sentia as mãos da preta passeando pelas suas coxas e deslizando por entre suas nádegas, por cima daquela justíssima calça legging. Lívia reagia àqueles toques, mantendo-se empinada, como se oferecesse seu corpo.
— Pena que você é casada.
— Por quê? Ia querer que eu te comesse?
— Sim, você mexe bem o quadril. Deve fazer bem gostoso.
— Bom, meu marido nunca reclamou do meu rebolado.
— Sorte a dele.
Úrsula tocava o corpo de Lívia com cada vez mais liberdade e a loira se sentia perdendo o controle. Uma vez que quase traíra o marido com Caio, não queria deixar aquilo acontecer de novo.
— Querida, a conversa está ótima, mas preciso ir.
— Tem certeza? Fica mais um pouco — implorou Úrsula, manhosamente, enquanto abraçava Lívia, com as mãos em sua bunda.
— Tenho um jantar especial para fazer hoje e ainda preciso comprar as coisas para o preparo.
Úrsula aperta mais a bunda de Lívia.
— Jantar especial com o marido? Eu já estou com ciúmes.
— Ele não é especial por ser para o Renan. Ele é para você. Aparece lá mais tarde que meu marido vai adorar te conhecer.