No quarto aquela noite. Havia silêncio demais.
Você entrou e me viu sentada na cadeira central, pernas cruzadas, corpo ereto, um livro sobre o colo. Mas meus olhos estavam em você.
E quando falei, não foi um convite. Foi um decreto:
“Tire a roupa. Em silêncio. E ajoelhe-se diante de mim.”
Minha voz estava baixa. Quente. Líquida. Como óleo escorrendo por dentro dos seus pensamentos.
Você obedeceu. Sem hesitar. Sem entender ainda o que viria.
Mas sentia.
Sentia que o que me dominava naquela noite era a necessidade de provar algo: o quanto você já não era mais dono de si.
Fechei o livro. Levantei-me devagar. Caminhei ao seu redor.
E comecei o jogo.
“Você não vai falar. Não vai pedir. Não vai tocar. Vai apenas ouvir. E obedecer.”
A cada comando, um tom. A cada tom, um ritmo. A cada ritmo, seu coração se adaptava — como se eu fosse a batida e você, apenas pele vibrando sob a minha frequência.
“Levante-se. Mãos na nuca.”
Você fez.
“Agora ande até a parede. Encoste a testa. Abra as pernas.”
Você foi.
“Respire fundo. Conte mentalmente até cinco. E não se mexa, por nada.”
O tempo passou. Você não sabia quanto. Mas o calor aumentava. Sua pele reagia ao meu silêncio. Ao som dos meus passos ao redor.
De repente, a minha respiração no seu ouvido.
“Está tremendo? Por quê? Está excitado… ou assustado? Será que já consegue distinguir?”
Me afastei. Você tentou manter a compostura, mas sentia — cada frase minha parecia enroscar ao redor do seu pescoço invisivelmente.
Então aproximei meus lábios do seu pescoço e sussurrei:
“Agora ajoelhe-se de novo. E repita: ‘Minha vontade é dela. Minha mente é dela. Meu corpo… já não me pertence.’”
Você repetiu. Quase sem ar. E naquele momento, percebi — você estava entregue. Inteiro. Pleno. Quebrado com elegância.
Sentei à sua frente, puxei seu queixo para cima, e disse:
“Hoje não vou te tocar. Nem permitir que você goze. Não vou precisar.”
“Você vai sair daqui duro, vazio, louco… e ainda assim, satisfeito. Porque obedeceu. Porque foi moldado.”
Inclinei-me para sussurrar mais uma vez:
“E quando deitar esta noite, sozinho… vai ouvir minha voz. Vai sentir falta dela. Porque agora, você respira sob meu comando.”
Quer saber mais Veja no blog toqueescarlate.blogspot.com, até o próximo capítulo.