Na sala de segurança da Casa Petra, Marcelo observava o vídeo em silêncio sepulcral. A mulher no registro caminhava com graça estudada: calça de alfaiataria bege justa nas ancas, salto agulha preto, bolsa Yves Saint Laurent pendurada com precisão no ombro direito, óculos escuros enormes e um lenço de seda preso sobre os cabelos lisos. Por volta das 18h10 — bem antes do início da festa — ela se aproximava com tranquilidade da aparelhagem audiovisual. Um gesto rápido, familiar. Um toque aqui, um botão ali. Marcelo estreitou os olhos.
Ele conhecia aquele andar, aquela elegância ensaiada. Aquele descaso com as regras.
— Luiza.
Quando a filha entrou no escritório improvisado nos fundos da casa, Marcelo já havia mandado esvaziar o ambiente. Ela vinha com o semblante tenso, mas confiante. Vestia ainda o vestido vermelho do evento, sem o brilho de antes.
— Pai, me chamaram, o que foi?
— Foi você — disse Marcelo, seco. A tela congelada no momento em que ela, supostamente disfarçada, desligava a segurança do painel de som.
— Eu... o quê?
— Você sabotou sua própria cerimônia de posse, Luiza. Expôs aquele vídeo nojento, armou toda essa palhaçada. Você jogou merda no próprio trono. Como pode lavar sua roupa suja na frente de nossos amigos? Quer se vingar do imprestável do Felipe, arrumasse um outro jeito.
— Não! — ela deu um passo à frente, as mãos estendidas. — Isso é absurdo! Eu não faria isso, eu juro! Alguém quer me incriminar. Isso é uma armação, pai, pelo amor de Deus.
Marcelo se ergueu devagar da poltrona, os olhos queimando como um juiz em julgamento.
— Você pode negar o que quiser, mas eu vi o jeito que você anda. Eu vi sua mão, Luiza. A bolsa, o lenço, o salto... Você mesma se colocou nessa cena. Você é ambiciosa, fria, e agora... ridícula. O nome dos Sampaio virou piada. A Fama virou escândalo. E você ainda tem a coragem de jurar inocência?
— Eu não fiz isso! — Luiza gritou, a voz tremendo, sem saber se chorava ou partia pra cima do pai. — Foi o Leônidas. Ele quer me destruir, você não vê?!
— Não me venha com esse teatro. Você se destruiu sozinha.
Houve um silêncio. Pesado. Letal.
— Você não pisa mais nessa casa. Não enquanto eu estiver vivo. Pegue suas coisas e desapareça.
Luiza ficou paralisada. A boca entreaberta, o peito arfando.
— Pai...
— Fora. — Marcelo não gritou. Disse com uma calma tão gélida que a voz cortou o ar como lâmina.
- Você não tem moral par falar de mim Papai, sua ficha corrida de crimes não tem fim. Eu não saio de casa. Se eu sair daqui, eu conto para todos o que sei sobre você.
Ele engoliu a seco e saiu, sem olhar pra trás.
Enquanto a mansão dos Sampaio mergulhava em caos e silêncio, Leônidas encarava o teto do quarto de hóspedes de Aldo. O barulho do chuveiro no banheiro se misturava aos próprios pensamentos, que ferviam, desorganizados. Ele relia trechos do seu diário num aplicativo escondido do celular: palavras que falavam de abandono, desejo, ambição e um tipo de dor que não cicatrizava. “Preciso deixar a Fama. Preciso sair disso tudo antes que isso me engula inteiro.”
Quando Aldo saiu do banheiro apenas de toalha, enxugando o cabelo com outra, Leo levantou-se, se aproximou sem pensar. A luz amarelada do quarto acentuava o contorno do corpo forte, ainda molhado, os músculos tensos, o peito marcado de sol e história. Leônidas passou a mão na coxa do outro, devagar, e sussurrou:
— Eu lembrei de nós dois hoje. Do jeito que você me puxava. Do cheiro do seu pescoço depois do treino. Do gosto da sua boca misturado com cerveja quente.
Aldo engoliu em seco.
— Leo... não posso me envolver contigo de novo. Eu tô tentando voltar pra Pia, tentando ser alguém melhor, consertar as coisas com a minha filha...
— Foda-se seu orgulho. Eu preciso de você.
Não havia hesitação naquele beijo. Aldo o puxou com força, prensando seu corpo contra o armário. As toalhas caíram no chão. A urgência tomou conta.
Na banheira quente, com espumas dissolvidas pelo vapor e o som abafado da cidade ao fundo, os dois se devoraram. Leônidas montado sobre Aldo, beijando-lhe o pescoço, enquanto ele o segurava pela cintura com firmeza, controlando o ritmo e a profundidade dos movimentos. A água se derramava para fora da banheira a cada estocada, e os gemidos abafados se misturavam com o barulho das ondas artificiais.
— Você é meu, Leo murmurava, cravando as unhas no ombro do outro.
— Cala essa boca e cavalga.
Eles gozaram quase ao mesmo tempo, como se o passado e o presente finalmente encontrassem um ponto de explosão comum. Depois, ainda dentro da banheira, Aldo o abraçou por trás, os dedos entrelaçados sobre o peito de Leo.
— Vem morar aqui. Fica comigo. Vai ser bom voce se desligar da sua familia louca, e eu posso te proteger. Como anda a investigação?
- O delegado está investigando, mas tudo indica que foi falha do carro. Foi um acidente. Acho que essa semana termina .
Leônidas assentiu com os olhos fechados. Pela primeira vez em dias, havia paz.
Mas a paz durou pouco.
Na manhã seguinte, Camila o encontrou tomando café na varanda e, com o veneno da adolescência, disparou:
— O que você tá fazendo aqui? Veio destruir mais uma coisa que não é sua?
Leo ergueu o olhar devagar, sentindo o gosto amargo do suco de laranja na garganta.
— Bom dia pra você também, querida. Eu tô aqui porque seu pai me quer aqui. Coisa que você talvez nunca entenda.
— Meu pai é fraco quando o assunto é você. Eu não sou. E eu não quero você na nossa vida. Vai embora antes que piore tudo de novo.
Leônidas sorriu com desdém.
— Fala isso pra ele. Porque eu acabei de aceitar morar aqui de novo.
Ela saiu batendo o copo na mesa.
Mais tarde, no quarto, Leônidas abriu seu notebook e digitou o pedido de demissão endereçado à Fama. Enviou o e-mail com um suspiro de alívio e uma lágrima solitária escorrendo sem permissão.
Na mesma tarde, o Jornal Brasil Urgente Show soltou a bomba: “Aldo Rocha virou a casaca? Lutador é flagrado aos beijos com assessor misterioso na pista de dança.” A imagem mostrava Aldo e Leônidas dançando, e depois, no fundo da Casa Petra, os dois se beijando com fúria.
O telefone de Aldo não parava de tocar. A popularidade dele começou a cair, mas por outro lado ativistas das causas LGBTQI+ davam força ao novo casal.
Diego ficou confuso e junto a Camila trancou-se no quarto.
E Leônidas marcou uma nova sessão de terapia para aquela tarde, para tentar entender sobre os vários sentimentos que estavam em sua mente.
Ao chegar, deu de cara com Alexandre, saindo da sala de terapia. Os dois trocaram olhares e um clima amistoso está prestes a começar a conversar, mas a porta da sala de espera foi arrombada.
Freitas.
Descompensado, com os olhos vermelhos e as mãos tremendo.
— VOCÊ VAI MORRER, FILHO DA PUTA! — ele gritou, puxando algo do casaco. Foi você que armou para Luiza...
- Me solta !!! Não sei do que está falando
Alexandre tentou se colocar na frente. Leônidas correu. A terapeuta acionou os seguranças , que levaram Freitas para fora do consultório.
Horas depois, na delegacia, Leônidas entregou o vídeo a Plínio gravado em segredo na Casa Petra: Luiza e Freitas conversando sobre a sabotagem, e sobre o possível envolvimento na sabotagem do carro de Leônidas A investigação já estava em curso.
Freitas foi preso na sede de sua empresa, algemado diante dos holofotes dos paparazzi. Luiza, na mansão, chorava e gritava que era inocente — mas foi levada também.
A manchete do dia seguinte era clara: “Império Sampaio ruindo: filha e sócio presos por corrupção.”
Marcelo, ao ver o jornal, apenas fechou a porta do escritório, sorriu e ligou para o conselho:
— Estou reassumindo a presidência. Agora, definitivamente.
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Era noite quando a campainha tocou na casa de Aldo.
Leônidas, ainda com a camisa aberta, secando os cabelos no corredor, estranhou a insistência. Antes que pudesse olhar pelo olho mágico, ouviu o interfone tocar. Ele atendeu com certa irritação:
— Alô?
A voz do porteiro soou nervosa:
— Senhor Leônidas, desculpa incomodar, mas tem um homem aqui na recepção do prédio fazendo um escândalo... tá gritando seu nome, xingando... parece alterado. Disse que precisa falar com o senhor urgentemente.
Leo já sabia quem era. Aquele tom, aquela fúria... Felipe.
Desceu as escadas com o estômago revirado, sem nem pensar em avisar Aldo. O barulho da discussão já ecoava pelo hall do edifício.
Assim que a porta de vidro se abriu, Leo deu de cara com ele: Felipe, suado, descomposto, os olhos vidrados de ódio.
— Veio gritar aqui pra vizinhança ver, é isso? — Leo perguntou, cruzando os braços com desdém. — Quer que te filmem surtando? Já foi capa de jornal essa semana, por que não aproveita o embalo?
— Você destruiu a minha vida, Leo! — cuspiu Felipe. — Você me expôs! Me fez de idiota na frente do país inteiro!
— Ah, Felipe... — Leo sorriu frio, como quem joga sal na ferida. — Você se fez de idiota sozinho. Só faltava a legenda: "corno manso".
- Não sei do que está falando – disse Felipe em desespero.
- Não acredito!!! Perdeu um vídeozinho gravado na salinha de segurança no dia da festinha mequetrefe que você é Luiza organizaram.
O tapa veio na forma de aço frio.
Felipe, tremendo de raiva, sacou uma arma do cós da calça. Por um segundo o mundo ficou mudo. Até o porteiro, escondido atrás do balcão, prendeu a respiração.
— REPETE, SEU DESGRAÇADO! — berrou Felipe, a mão trêmula apontando a arma.
— O corno vai atirar em mim aqui? — Leo provocou, desafiador, mesmo com o peito acelerado. — Na portaria? Na frente de câmera? Me poupe, agora vai matar o pobre do mensageiro, igual você fez com sua reputação?
Felipe não respondeu. Só atirou.
O som do disparo cortou o ar como uma lâmina.
Leônidas cambaleou pra trás, a mão indo instintivamente ao abdômen. O sangue jorrou quente entre seus dedos.
O grito veio de longe. De Aldo, que chegava de carro e viu tudo.
O portão automático ainda subia quando ele correu em disparada, vendo Leo cair no chão como se o mundo inteiro tivesse desabado sobre ele.
Aldo não pensou. Avançou em Felipe com toda a força do corpo. O primeiro soco quebrou-lhe o nariz. O segundo estourou o supercílio. O terceiro foi com gosto de morte, e Felipe caiu desacordado.
A ambulância foi chamada. A polícia também.
Aldo se ajoelhou ao lado de Leo, as mãos tremendo, tentando estancar o sangue que escorria.
— Fica comigo, por favor. Fica comigo, Leo. Eu tô aqui. Eu tô aqui. Você não vai embora. Não agora. Não assim.
Leo tentou sorrir, os olhos já pesados, mas a dor o engolia como um redemoinho. Desmaiou nos braços de Aldo.
Aldo chorava, sujo de sangue, enquanto o som da sirene se aproximava, trazendo o peso de uma nova guerra.
MAIS UMA REVIRAVOLTA. TO ADORANDO OS COMENTÁRIOS DE VOCÊS.
COMENTEM E VOTEM, É MUITO IMPORTANTE. QUERO OPINIÃO DE VOCÊS SOBRE COMO A HISTÓRIA ESTÁ.
E QUERO SABER QUEM VOCÊS ACHAM QUE É O ASSASSINO POR TRÁS DA TENTATIVA DE ASSASINATO DE LEÔNIDAS ?
BEIJOS