E então eu tinha que encarar aquela assustadora verdade. Eu estava começando a me afeiçoar pelo o fedelho. Mas quem sabe pode ser somente um leve afeto... Mas amor? Isso é impossível... É uma verdade universal que o amor só podem se compartilhados entre um homem e uma mulher. E eu acho que amo Cecília... Louis só é uma criança que me fez virar a cabeça... Ele me pegou em um momento desprevenido e usou todo aquele maldito charme e o amaldiçoado sorriso doce.
Quando Signore da Vinci saiu de perto comecei a pegar algumas plantas e fiz um arranjo, ou pelo menos tentei fazer um. E voltei para a concentração onde estava todo mundo. O tal do Pietro estava junto com o Louis, que por sua vez estava com a boca e as bochechas rosadas, dando um ar ainda mais... Bonito. Érh... Bonito.
-- Demoraste hein? - disse ele me analisando com os olhos verde esmeralda.
-- Mi perdoni. Estava pegando umas coisas. - disse.
-- Ei Louis se importaria de eu passar em seus aposentos nesta noite só para te mostrar uns desenhos que fiz? - disse Pietro.
-- Não. Ele não vai poder. - disse em uma voz rígida fazendo-o encolher no canto.
Louis me olhou assustado pelo o tom de voz que usei mas não falou nada.
-- Desculpe. - murmurou Pietro com medo.
Ele foi andando desajeitado deixando eu e o fedelho sozinhos na clareira. Ele por fim disse:
-- Por que trataste ele daquele modo? E por que demorou tanto?
-- Por que sim. E... Bem... São para você. - disse estendendo o ramo de plantas para ele.
-- Você trouxe para mim um monte de... Mato? - ele arqueou sobrancelhas incrédulo.
-- Ah que saber... Tanto faz. - disse jogando aquilo no chão e caminhando depressa
-- Ei! Espere!!! - disse ele tentando me alcançar.
-- O que é dessa vez? - rosnei.
-- Eu só quero entender o que está acontecendo... Conosco. - ele disse baixinho.
-- Nada. Não está acontecendo e nunca aconteceu... Isso que ocorreu entre nós só foi uma sucessão de erros. - falei inflexível.
-- Sucessão de erros? Então para monsieur eu sou uma sucessão de erros?! - ele disse irritado.
-- Não. Mas o que eu... O que acontece comigo quando estou perto de você, isso sim é um erro. - olhei para o rosto dele.
-- Então só o fato de estarmos aqui, a sós é um erro? - ele perguntou dócil.
Assenti. Ele pegou os meus pulsos e colocou em volta da cintura dele, e passou os braços em minha nuca.
-- É. É um grande erro.
Ele ficou na ponta dos pés e encostou os lábios macios nos meus, iniciando um beijo bem delicado. Puxei ele mais perto de mim sentindo o corpo dele em meus braços.
-- Isso para monsieur ainda é errado? - ele disse corado.
-- Eu não sei. - disse sincero.
-- Ótimo então. Eu não sei de que natureza são esses sentimentos e emoções que sinto: Eu o amo. Amo tanto que sinto ódio. - ele disse.
-- Não repita isso. - falei.
-- Sim, eu o amo demais. E também o odeio por ser quem tu és. Amo o seu beijo e o jeito em que me toca e odeio você e o seu jeito que fala comigo. - Ele suspirou dando leves socos em meu peitoral.
-- O que quer que eu diga? - falei confuso.
-- Só me diga que me ama... Assim saberei que não estou enlouquecendo...
-- Por que? - indaguei.
-- Por que sei que o que eu fiz não tem perdão. Fui para a cama com outro homem, e deixei ser tocado... E eu... Gostei... Agora todas as noites, eu tenho vontade de gritar só pelo o desejo de te ter... Comigo... E dentro de mim. - ele disse se afastando.
-- Não tem idéia de como isso é estúpido. - disse.
-- Mas por que? - ele perguntou.
-- Por que eu não te amo. - Menti, exaltando cada palavra.
-- É claro que me ama... Vejo em seus olhos que sim! - ele murmurou.
-- Não, eu não te amo... Isso não é o que eu quero para a minha vida. - disse áspero.
-- ENTÃO CONFESSA SEU COVARDE! TEM MEDO DE FICAR COMIGO, PREFERE SE CASAR COM UMA IMBECIL QUE SÓ ABRE A BOCA PARA FALAR SIM E NÃO, E CRIAR UM BANDO DE CRIANÇAS MAL EDUCADAS QUE NEM VOCÊ! - ele gritou esbravejando ódio.
-- Não fale assim comigo! - falei.
-- QUEM É VOCÊ PARA ME PROIBIR?! Primeiro me seduz e leva para a cama, para depois me dizer que não me ama? EU TE ODEIO E TE ODIAREI ATÉ A MORTE! EU NEM CONSIGO ME LEMBRAR DA PIOR PALAVRA PARA DEFINIR VOCÊ!!! - ele deu uma bofetada na minha cara e saiu chorando.
E quando eu sai aí sim pude desentalar o que estava na minha garganta. O choro de raiva de mim mesmo... Menti para ele, por que era difícil demais admitir que eu o amava. A cada vez em que eu dizia aquelas palavras a ele, era como se um punhal fosse cravado lentamente em minha garganta. Pisei com raiva no ramo de flores que estava no chão, fazendo uma pasta de pétalas e folhas moídas.
Depois, sai daquela clareira indo em direção a pousada. Já era a hora do crepúsculo quando cheguei lá. Signore da Vinci estava retocando uma pintura, e os seus pupilos estavam de a todo ouvidos escutando os conselhos dele. Foi aí que parou e disse:
-- Meu rapaz, por que o Louis está chorando? Ele entrou aqui em prantos, parecia que iria se desmanchar em lágrimas.
-- Não sei... - disse ainda mais culpado.
-- Bem seja o que for espero que resolva. - ele disse sorrindo.
-- Também espero... - disse para mim mesmo.
Naquela noite choveu muito. Estava fazendo frio, e não preguei o olho a noite inteira. Em um dado momento da madrugada levantei e fui para a saleta do mestre. Tinha uma pintura no cavalete... Uma mulher sorria de forma doce para mim como se falasse que era minha amiga, e com os olhos que entendiam muito bem o que eu sentia.
-- Linda não? - perguntou Leonardo.
-- Sim... Signore o que faz acordado nesta hora? - perguntei.
-- Filosofando sobre a vida e a morte... Não, eu estou com insônia. - ele riu.
-- Humm... Quem é ela? - perguntei olhando para a tela.
-- Uma longa história... Mas o importante é que estou conseguindo o meu objetivo de torna-lá o mais próximo do perfeito. - ele contemplou. - Tinha que fazer uma coisa enquanto Michelangelo fica preso no teto de uma capela - ele riu.
Também sorri.
-- A questão é que: O que está te afligindo? - ele me olhou.
-- Amor. E as suas consequências.
-- Ahh sim... Algo que queira me dizer? - ele perguntou.
-- Não... Melhor não.
-- Bem filho, não sei o que está acontecendo... Mas quero que saiba que quando se ama alguém de verdade, mais do que a própria vida, pode ter certeza que isso ocorrerá só uma vez. - ele suspirou.
-- Mas é tão difícil. - mantive o olhar baixo.
-- Você é alto... Forte... Tem fibra e é macho o suficiente para encarar o que der e vier de peito aberto. - ele disse. - Vai deixar ele sumir assim?
-- Signore! - disse assustado com a ultima fala dele.
-- Só um tolo não perceberia o modo como olha Louis... E diria que nunca vi alguém tão único que nem ele... Ele tem uma paixão pela a vida que você precisa aprender. Agora já é tarde... Creio que vocês dois amanhã nos deixaram... - ele se levantou - Mas não se esqueça: essa pode ser a ultima chance de encontrar a felicidade em o mais puro estado.
Assenti com a cabeça, olhando para a tela que ainda permanecia com o mesmo sorriso calmo. Subi as escadas e parei na porta dele, e com cuidado abri. O quarto tinha uma única vela acesa na cabeceira, e Louis estava dormindo em um sono tranquilo... O cabelo loiro dourado estava bagunçado e tinha uma das mãos apoiando o rosto perfeito. Tirei o meu colete, fincando apenas com o fino calção de linho... Deitei na cama e o abracei por trás puxando bem devagar o corpo dele de encontro ao meu... O cheiro quente de flores que se desprendia do cabelo e pescoço entravam no meu nariz e me fazendo ficar calmo... Toquei no ombro dele e beijei de vele, olhando para o rosto. Talvez por um impulso natural, ele chegou mais perto de mim, fazendo sua bunda focar encoxada em minha rola que já estava dura que nem aço.
Com cuidado aproximei o meu rosto no dele e o beijei com calma... Ele já tinha acordado pois correspondia os meus beijos de leve, mas ainda de olhos fechados, enquanto passeava as minha mãos livremente pelas coxas, cintura e bunda. Ele abriu os olhos e por fim disse.
-- O queres de mim afinal? - perguntou.
-- O seu coração e alma. - disse roçando a minha barba põe fazer na face macia de porcelana, enquanto sussurrava no ouvido dele.
Ele se virou de frente para mim e me beijou, e correspondi, segurando a parte de trás do cabelo mantendo o rosto erguido pra mim. Ele por sua vez segurou com as pernas o meu quadril, e mantinha as mão no meu peitoral e bíceps. E lá ia nós outra vez praticar uma lista de ofensas contra a sagrada natureza.
CONTINUA
bernardodelavoglio123@hotmail.com
(ficou meio curto por que escrevi pelo IPad mas no próximo irei aumentar rsrsrs abraços)