Não posso reclamar da minha infância.
Tive grandes amigos e vivi grandes aventuras, algumas tão fantásticas que se eu contasse seria difícil acreditar.
Já falei em diversos contos sobre meu amigo JC, que não tinha nada de Jesus Cristo, o J e C eram de João Carlos, e ele foi meu camarada na pré-adolescência e adolescência. Mas antes dele, na época entre uns 7 e 13 anos de idade, meu grande amigo do peito era outro. Magrelo como eu, pavio curto e muita disposição para fazer acontecer as coisas conforme nossos objetivos. Ele era um ou dois anos mais novo que eu e éramos inseparáveis. Seu apelido era Gafanhoto, em referência a um personagem de uma série de TV chamada "Kung Fu". Quando alguém chamou ele de gafanhoto pela primeira vez ele ficou puto... partiu pra cima, queria brigar, seguraram ele, ele jogou pedra, disse que ia buscar uma faca em casa... enfim, como ele não gostou do apelido, ficou sendo gafanhoto e pronto. Depois de um tempo ele parou de brigar por causa disso e o apelido o segue até hoje, enquanto ele dirige caminhões pelas estradas do Brasil.
A forma reduzida do apelido era Gafa. Curto como o pavio dele. Ele parecia ter um dom para arranjar briga por motivos insignificantes. Por exemplo, teve o episódio que a gente batizou de “cachorragem”, lembrado por todos que viveram a época e moram na região até hoje... Eu tinha um cachorro havia muitos anos, um pequinês misturado com vira lata, que eu tinha achado perdido e machucado muitos anos antes. Ele já estava tão velho que tinha ficado cego, olhos escuros e meio saltados, patologia comum nos cães pequineses pelo que sei hoje, pois com o passar dos anos, vi muitos dessa raça com o mesmo problema. Apesar da cegueira ele aprendeu se orientar e, exceto por uma topada ou outra que ele dava em algum objeto e o fato dele andar com o focinho esticado pra cima como se farejasse a direção a seguir, nem parecia que ele era cego. Algumas pessoas até duvidavam e passavam a mão diante dos olhos dele, para ver se ele às acompanhava.
Mas o que vem a esse caso não era a cegueira mas sim a velhice do amigão. Uns moleques estavam apostando comigo que ele não levantava mais o pinto.
-Levanta sim! Dona Zefa chegou lá em casa, com cheiro das cachorras dela. O Lulu (esse era o nome dele) seguia a ela pra todo lado, agarrando nas canelas. Minha mãe sentou a chinela nele mas não teve jeito... me chamou e mandou prender até a visita ir embora.
-Foder canela é fácil! Ele deve ter feito isso de pinto mole! Quero ver se ele consegue pegar de verdade uma cachorra! - Continuou zombando o Josimar e cuspiu para o lado desdenhando do velhote, que sem ver o que se passava continuava impassível ao meu lado, focinho erguido para o céu.
-Quer valer? – Perguntei
- Seis bolinhas de gude que ele vai dar umas bombadinhas e sair tossindo – Falou o Josimar, precificando a dúvida da virilidade do velho cegueta. O Lulu tossia muito mesmo. Mas nesse dia ele estava de boas, com a cabeça levantada como se farejasse a Lua, que é como ele ficava a maior parte do tempo, e não tinha ideia que eventualmente poderia se dar bem a partir daquela conversa.
Acontece que o Gafanhoto tinha uma cadelinha chamada Susie, uma cachorrinha pequenininha, vira-lata, branca malhada de preto e um dos moleques foi buscar a cadela que estava dando sopa fora do portão e com ela embaixo do braço gritou lá do fim da rua:
-Vamos no quintal do seu Luiz!
Isso é porque se tentássemos fazer ali na rua, em frente nossas casas, algumas das mães seriam alertadas pela algazarra e ia acabar com a festa. Nessa altura eu ainda nem sabia qual era a cachorrinha que tinha sido sequestrada, não que fizesse diferença. Eu peguei o Lulu no colo e fui pra lá. Nesse momento encontrei o Gafanhoto que estava indo comprar alguma coisa pra mãe dele.
-Vamos na chácara do seu Luiz! Apostei com o Josimar que o meu cachorro vai comer uma cachorra que ele arranjou! - O Gafa gostava de putaria pra caramba e até fungou de empolgação dizendo que ia levar as coisas pra mãe dele e voltava pra lá correndo.
Chegando no local já tinha uns 8 ou 10 moleques esperando e vibraram com minha chegada. Lá tinha um cercadinho de madeira, onde seu Luiz colocava filhotes (ele criava cabras, ovelhas e outros bichos). Susie tinha sido colocada lá e estava sorrindo, abanando o rabinho cotó sem entender o que que estava acontecendo.
Alguns moleques até tinham a mão dentro do calção e seguravam o próprio pinto na expectativa de assistir uma boa foda. Soltei o Lulu no cercado e começou a gritaria da molecada. A Susie ficou assustada, ou talvez fosse uma cadela recatada, porque ficou andando em círculos fugindo do Lulu, mas o Lulu quando farejou uma pepeca na vizinhança parecia aqueles mísseis teleguiados por calor: seguia, cortava caminho, sempre se aproximando mais, até que a encurralou e ela não tinha como fugir. Lulu estava na seca a muito tempo, afinal o processo seletivo entre cachorros não favorecia sua deficiência e ninguém ainda tinha inventado um sistema de cotas. Foi com tudo na direção da Susie, que se deitou no chão com a barriga pra cima em sinal de submissão. Lulu farejou-lhe o fiofó e mandou a língua áspera na pepéca, numa sequência alucinante, pra delírio da plateia.
-Chupar é o que velho faz! Velho só faz isso mesmo! Quero ver é ele sentar a vara nela! – Protestou o Josimar.
O Lulu bem que tentava agarrar a Susie, mas com ela de barriga para cima estava difícil. Um dos moleques pulou no cercado e virou a Susie, colocando-a de pé. Era só isso que faltava. O Lulu já se acomodou atrás e sentou-lhe a vara sem dó e sem demora. A gritaria foi como um gol num Morumbi lotado. O Lulu era peludo, então um dos moleques deitou no chão para olhar de baixo e ia narrando:
-A rola entrô! A rola entrô e tá bombando! Josimar, a rola desse cachorro é maior que a sua!! - Acrescentou para provocar zoação na galera.
Susie agora estava tranquila, como se dissesse “ah, era pra isso que me queriam? Porque não disseram logo?”. Ela estava com boca aberta, a linguinha de fora e parecia muito feliz. O Lulu estava totalmente compenetrado em sua missão e foi aí que chegou o Gafanhoto:
-A minha cachorra! Seus filha da puta! Seus filha da puta!
Ele pulou o cercado e ia partir para chutar o Lulu quando aquele moleque que estava no chão segurou o pé dele e ele caiu. Susie ficou assustada, mas o Lulu não viu nada.... Continuou na mesma. Outros dois moleques entraram lá e seguraram o Gafa, que não parava de xingar e ameaçava matar todo mundo. O barulho agora era um misto de gritaria e gargalhada e quase saiu do controle quando alguém chamou o Gafanhoto de “corno da Susie”. Finalmente o Lulu parou de meter e saiu de cima da Susie ficando com o pinto agarrado nela, os dois com a língua de fora. O Gafanhoto ainda esperneava e tentava se soltar quando alguém voltou com um balde de água fria e jogou no cachorro para o pinto dele encolher mais rápido e eles se desengatarem.
-Joga água no Gafa também! Joga nele! - Alguém gritou e a gargalhada corria solta.
-É só uma cachorra Gafanhoto! O que é que tem? - Eu tentava acalmar o cara, mas ele ficava cada vez mais bravo.
Finalmente os cachorros desengataram e eu peguei o meu e voltei correndo para casa. Antes parei ao lado do Josimar e estendi a mão. Ele me entregou as bolinhas de gude de boa vontade. Tinha valido a pena a diversão. Deixei o Lulu preso vários dias com medo que o Gafanhoto fizesse alguma coisa. Mas a raiva passou e continuamos amigos.
O gafanhoto tinha duas irmãs. Uma delas ia se casar. E ia ter “chá de cozinha”.
“Chá de cozinha” é uma farra onde só entra mulheres. A noiva convida as amigas e todas trazem presentes. A noiva tenta adivinhar o que é o presente antes de abrir, e cada vez que erra tem que tirar uma peça de roupa. Não sei bem como era a regra, mas sei que a mulherada adorava ficar pelada e fazer algazarra... no fundo era uma grande sacanagem envolvendo sexualidade, como todo ritual na nossa sociedade.
O evento aconteceria numa das várias casas de aluguel que tinha no quintal do Gafanhoto. Eram 4 casas no total, casas simples de um único cômodo grande, com banheiro individual, geminadas lateralmente duas a duas e uma delas, que estava sem inquilinos, é onde aconteceria a “safadeza”.
Eu ia muito na casa do Gafanhoto para assistir TV pois eu não tinha TV em casa. Estávamos assistindo Batman, aquele seriado antigão, e vendo as meninas fazendo os preparativos da farra. Estávamos deitados cada um numa poltrona diferente, com os braços finos cruzados atrás da nuca e nossas canelas secas cruzadas sobre a coxa. Estávamos de chinelo de dedo, calção e sem camisa, que é como nós ficávamos 75% do ano. Nos outros 25%, os dias frios, ficávamos de chinelo de dedo, calção e moletom. Do jeito que estávamos ali, desleixados, indiferentes, ninguém diria que estávamos prestando atenção a cada risadinha e comentário malicioso que elas faziam. Muito menos que tínhamos um plano.
Quando a última convidada chegou, elas desceram com bandejas de petiscos para o local da farra e fecharam as portas. Desligamos a TV buscamos uma escada de 5 degraus, daquelas de metal, de abrir, e fomos para a parede de trás da casa, rebocada com aquele reboco áspero, chamado de chapisco. A casa era coberta por um telhado de uma água só, com caída para a frente da casa. Tentamos ver o ambiente olhando pela fresta entre a parede e a telha francesa, de cerâmica, mas tudo que víamos era a parede oposta. Usando uma alavanca, uma chave de fenda, levantamos cuidadosamente a telha. Não podíamos fazer barulho e era necessário cuidado para a telha não rachar. Uma boa quantidade de pó caiu no processo, mas por sorte ninguém notou. A manobra melhorou nosso campo de visão e demos um jeito de escorar a telha naquela posição. Agora conseguíamos ver uma faixa de um metro mais ou menos dentro do quarto mas parece que toda a ação acontecia no lado que não tínhamos visão. Leonice, a irmã do Gafanhoto, tinha começado abrir os presentes e errado a primeira tentativa. O coro de “tira, tira, tira!” ecoava mas não conseguíamos ver nada.
Assim não dá!
Lembrei da bicicleta do gafanhoto.
- O espelho da sua magrela! Vamos pegar ele! – cochichei.
Ele entendeu imediatamente, pulou da escada e eu quase caí para o outro lado, já que estávamos os dois na mesma escada, no mesmo degrau, eu pisando só com a perna direita e ele pisando só com a perna esquerda. Soltamos o espelho do guidão da bicicleta. Era um espelho redondo, ligeiramente convexo, preso a uma haste fina, que entortamos para dar a curvatura apropriada. Introduzimos o espelho pela fresta que tínhamos criado e agora sim! Era perfeito! Tínhamos uma visão magnífica de todo o ambiente. E de cara já vimos que uma das meninas estava só de calcinha e sutiã, bastante falante e se movimentando pela sala incentivando os gritos das outras.
Para o leitor entender a magnitude desse feito, é preciso voltar no tempo e lembrar que estávamos no início dos anos 80 ou final dos anos 70. A censura vigorava. Era proibido fotos de nu frontal nas revistas. Revistas como playboy mostravam no máximo peitos e nádegas. Nádegas fechadinhas e comportadas, para boa ordem. Sempre havia um obstáculo, um coelhinho, uma flor, alguma coisa na frente da pererequinha das modelos de forma que nós nem sabíamos como era uma perereca adulta. Se eu não conhecesse a obra de Antoine de Saint-Exupéry, afirmaria sem medo de errar que é dessa época a expressão “O essencial é invisível aos olhos”. Lembre-se que não havia internet, pirralhos não conseguiam comprar revistas de nudes. A única possibilidade de ver mulheres "peladas" era folhear as revistas catálogos de lingerie, que vez ou outra nossas irmãs ou amigas delas traziam para vender peças íntimas. Nelas tínhamos como ver mulheres de calcinha e sutiã.
Esse nosso feito era extraordinário!
Estávamos vendo ao vivo e a cores uma fêmea homo sapiens sapiens semi nua, balançando os peitos enquanto batia palmas com os braços estendidos para cima. Nossos bingolins ficaram rígidos imediatamente. Bom, posso falar pelo meu, mas é certeza que o Gafanhoto devia estar do mesmo jeito. Tal como nos comunicados da NASA, podíamos afirmar que a missão já tinha sido um sucesso, e que a estenderíamos até a exaustão dos recursos.
A coisa só melhorava. Outra moça teve o presente descoberto e teve que tirar a blusa, ficando só de sutiã e mini saia.
Aquela mais assanhada, a que estava só de calcinha e sutiã, se aproximou e começou simular um beijo nela sob gritos e palmas das outras. Nem se encostavam de fato. Estavam muito próximas, quase se encostando, e a mais assanhada levantou a mini saia da outra, virando-a para cima, expondo a bunda e o volume da xoxotinha, virou ela de costas e começou simular com os quadris indo pra frente e pra trás como se estivesse enrabando-a. As outras gritavam e aplaudiam. Era uma farra! Entrando na brincadeira, a “vítima” do enrabamento escorou as mãos na parede e rebolava fazendo movimentos circulares sempre sob aplausos e gritos do restante da mulherada. O nobre leitor consegue imaginar como estavam os nossos pintos? Estávamos muito perto de gangrenar a chapeleta pois o sangue ali já não circulava a algum tempo!!
Mas a coisa continuava melhorando... se a gente pudesse gritava pra elas “parem que por hoje já está bom! Vamos deixar um pouco para amanhã”. A irmã do Gafanhoto era enorme, pelo menos essa é a recordação que tenho. Hoje ela é mais baixa que eu e engordou razoavelmente, mas na época ela era muito alta e gostosíssima. Certeza que cada coxa dela pesava mais que eu, que era chamado de “peso pena”, “pele e osso”, “pau de virar tripa” e muitos outros apelidos se referindo jocosamente à minha magreza, apelidos que não colaram, talvez porque eu não ficasse puto quando me chamavam deles. Voltando à noiva ela tinha coxões, bundão, peitões e cabelos longos e tinha também um rosto bonito. Tenho certeza que ela era muito homenageada na hora do banho, diariamente, no bairro inteiro.
Ela estava errando muitos presentes e perdia roupas rapidamente, mas, prevenida, tinha vestido várias camisetas e calças. Uma das meninas que tinha tirado até o sutiã (SIM! Vimos um par de peitos ao vivo com todo seu esplendor pela primeira vez!!!) protestou que aquilo era trapaça, e que no próximo erro ela teria que se desnudar ficando de sutiã. E toda a galera aplaudiu dando apoio. Nós também aplaudiríamos, se pudéssemos. Minha irmã tinha tido o presente descoberto e era uma das que estavam de peitos de fora, a safada! Bastava ter tirado a camiseta mas ela tinha ido sem sutiã!
E não demorou nada e a Leonice errou mais uma. Gritaria, aplausos, tetas balançando e todas começaram a cantar uma música e bater palmas. Era uma música francesa, acho, besta pra caramba, mas que bombava nas rádios na época. E foi ao som dessa música que a Leonice foi indo dançando, rebolando seu bundão apetitoso, para o meio do quarto e começou tirar as peças uma por uma e cada uma que tirava ela girava na mão e jogava na "multidão". Quando faltava só uma camiseta ela a levantou e baixou várias vezes mostrando sua pele branquinha e me lembrei que o Gafanhoto tinha ciúmes até da cachorra e talvez fosse ficar puto.
Olhei pra ele mas ele nem me via. Esticava o proto-pinto sob o calção e estava com um riso travado no rosto olhando fixamente pro nosso espelhinho, onde sua irmã agora tinha ficado sem camiseta, e, embalada pela farra, causando urras na multidão, resolveu arrancar o resto também, as várias calças que usava, até ficar só de calcinha e sutiã. Gafanhoto olhava e punhetava o bingolin por dentro do calção! Naquele dia soube que ele não era imune a gostosisse da Leonice.
E a coisa não parou!
Leonice queria se exibir, e foi rebolando que ela baixou a calcinha e saiu marchando em círculos, braços erguidos girando a minúscula lingerie suada, trajando apenas o sutiã e foi a primeira vez que vimos uma buceta cabeluda ao vivo. A farra era grande! Nossa alegria era infinita! Tínhamos a boca aberta num riso imóvel, dentes à mostra. Se uma lagartixa corresse no telhado e se escondesse em nossa boca demoraríamos a notar a presença dela!
Mas não há bem que dure pra sempre...Nunca há... foi nesse momento que deu ruim...
A outra irmã do Gafanhoto saiu para pegar alguma coisa na casa deles logo após o striptease da Leonice e nós estávamos tão distraídos que não percebemos.
-O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO AÍ???
Foi isso que fez o gafanhoto pular feito um gafanhoto e a escada tombar pro meu lado. Tentei me segurar na beirada pra não cair, ralando as costelas desnudas no reboco rústico da parede, a telha caiu dentro da casa se estilhaçando e causando gritaria. Meus dedos não aguentaram meu próprio peso e eu caí. Desci ralando os braços e as costelas na parede. O Gafanhoto correu pra um lado e eu corri para o outro.
"Houston, we have a problem" - seria a mensagem agora se fôssemos uma missão da NASA.
Me refugiei nas ruas e fiquei com medo de voltar pra casa. O gafanhoto também, embora eu não o tenha visto. Por um daqueles inacreditáveis golpes de sorte minha mãe e meu pai estavam viajando. Eu só temia enfrentar minha irmã, que estava na "festa" também e estaria brava o suficiente para brigar comigo e contar para meus pais. Quando voltei, já bem tarde, ela já estava dormindo. O Gafanhoto voltou mais ou menos na mesma hora, éramos vizinhos, e ouvi seus gritos e a chibata comendo.
Faz parte! Tive minha cota também no dia seguinte, quando minha mãe voltou da viagem. E foi uma cota muito bem servida!
Fiquei de castigo sem poder sair de casa. O Gafa também. Só vi ele uma semana depois.
Encontrei ele na rua, paramos frente a frente, ficamos nos encarando, olhando sério um pro outro por vários segundos como se nos culpássemos mutualmente pela surra que cada um levou. Mas aí um sorriso foi surgindo no nosso rosto, e o sorriso virou um riso, e o riso virou gargalhada, e rimos tanto que ficamos até com os olhos molhados. Nos aproximamos, erguendo um dos braços e demos um tapa de mão aberta, mão com mão, comemorando o êxito.
Tinha valido a pena!
"Carpem Diem”, dos poemas de Horácio, retratando os últimos dias de Roma. "Viva o momento" em Latim.
Evidentemente que depois daquela surra nós sossegamos...
Sossegamos um carai! Claro que não!
Pelo contrário! nossa metodologia tinha evoluído, se mostrou um sucesso e não íamos abrir mão de tão grande avanço por causa de uma surrinha besta. Ok... Não foi “surrinha” e nem foi besta, mas quem mandava em nosso comportamento era nosso pinto e não nosso cérebro chatão e racional.
A gente via as bundas passarem na rua, cobertas por calças ou por saias e só podíamos sonhar. Sonhar com o dia que teríamos uma daquelas ao nosso dispor. Ou quem sabe estar numa sala cheia daquelas, como tínhamos visto naquela tarde maravilhosa e poder escolher qual pegar.
O fato é que pouco tempo depois, aquela mesma casa foi alugada para um casal. Uma mulata gostosa, que coloria em exagero as pálpebras, coisa em moda na época, parecendo que ia para um desfile de carnaval todos os dias. Ela tinha a bunda grande, cabelo black power, pele lisinha, seios grandões que nos fazia ter pensamentos pecaminosos. Parecia uma anja de ébano descida à terra para tornar mais felizes os nossos dias. Parávamos o jogo de bola na rua quando ela passava rebolando, chacoalhando os peitões, sempre de salto altíssimo, e ela estava constantemente representada em nossas punhetas secas. É.... A gente não tinha liquido seminal e a punheta era meio decepcionante, acabava como se faltasse alguma coisa. Cheguei a pensar até que eu era estéril, até que um dia saiu uma gotinha, uma mísera gotinha, mas que eu tive vontade de contar para todo mundo que eu tinha porra! Yeah! Mas eu praticamente tinha arrebentado minha fimose nesse dia e ficou sangrando e doendo um tempão porque eu tinha medo de falar com minha mãe sobre isso. Passava merthiolate, ardia pra caralho! Mas isso não é assunto para essa estória pois só aconteceria alguns anos depois.
Voltemos à mulatona gostosona!
Eu e o Gafanhoto suspirávamos sempre que ela passava. Tínhamos definido uma meta de vida: Ver aquela gostosa pelada!
Só de pensar em como ela devia ser nua a gente concluía que valeria muito a pena levar outra surra. Havia, no entanto, um problema grande... o negão, dono da negona! Se fosse ele a nos dar a surra certeza que a gente não sobreviveria porque o cara era enorme.. uns dois metros de altura talvez... Não tenho certeza porque naquela época todo mundo parecia ser muito maior que nós. Acho que ele não ia curtir nem um pouco saber que dois punheteiros mirins tinham armado esquema pra ver a mulher dele pelada. Ele provavelmente ia pegar um de nós pela canela e usar como instrumento para bater no outro.
Mas o que seria do mundo se os primeiros pioneiros tivessem medo da selva? Se os astronautas tivessem medo de explosão?
Ora! Estaríamos ainda na idade da pedra! O medo não pode paralisar o progresso!
Tínhamos apenas que planejar direito. Cogitamos de usar o mesmo método de antes, nos revezando na vigia para prevenir a aproximação de alguém, mas isso implicaria em perder momentos relevantes da nudez da mulata, sem contar que alguém poderia nos ver de longe e nos caguetar. A reincidência implicaria em impossibilidade de defesa perante o júri, composto apenas pelas nossas mães. Mas aí surgiu uma oportunidade. A casa geminada ao lado da casa do casal vagou. Entre a parede geminada e o telhado havia uns canos que trespassavam de um lado para o outro, canos de 3 polegadas que provavelmente serviriam para passar fios de uma casa pra outra. Todas as casas tinham duas chaves, a do inquilino e a que ficava com a dona Yolanda, mãe do Gafanhoto. A casa vazia estava com as duas chaves penduradas num quadro na cozinha do Gafanhoto. Pegamos as duas e colocamos uma outra qualquer no lugar pra não darem falta. Entramos e montamos o esqueminha do espelho, mas a partir da casa ao lado. Fechados lá dentro, ninguém jamais nos descobriria. Montamos dois espelhinhos e deixamos lá vários dias para que os inquilinos, caso os vissem, se acostumassem com eles.
"Deus ajuda quem se ajuda", é o meu lema desde sempre!
"Não espere favores dos deuses, mas favoreça a si mesmo",
"No xadrez, mova as peças com sabedoria e em algum momento começarão a surgir oportunidades".
E surgiu.
Estava em casa, num final de tarde, o Gafanhoto foi me chamar. O bicho fungava de ansioso!
-A negona tá pelada! Eu vi! Pela fechadura! Ela tá peladona em casa! - Falava, fungava e mexia no pinto sob o calção
-Vamos lá! Pega a chave! - Falei tomando o cuidado de não ser ouvido pela minha mãe que estava ali por perto fazendo alguma coisa.
-Já peguei as duas! As duas! - E me mostrou
-Pôs outra no lugar?
-Coloquei! Coloquei! - O bicho estava tão ansioso que falava tudo duas vezes.
Dentro da casa vazia havia uma cama beliche alta, abandonada pelos inquilinos anteriores de forma que não íamos precisar nem de escada. Entramos silenciosos. Fechamos a porta. Esperamos os olhos acostumarem com a pouca claridade do quarto, subimos no beliche e ... olho no cano-ô!
Os espelhinhos cumpriam seu papel! Que negona gostosa! Peladona dentro de casa, andando para lá e pra cá, fazendo suas tarefas sem imaginar que olhos libidinosos a observavam e cobiçavam!
Mas tinha um problema, não visível pela fechadura. O negão estava lá também. Ele estava num canto sentado numa cadeira, vendo televisão enquanto a mulher dele trabalhava. Ignoramos o gajo e ficamos curtindo o balanço da bundona da mulata enquanto ela passava roupa. Depois ela foi pegar umas peças que estavam num cesto no chão e no processo se reclinou, quando pudemos ver pela primeira vez o pacote clássico e magnífico que a buceta faz quando espremida entre as coxas! Aquilo foi amor à primeira vista! E não fomos só nós que achamos empolgante porque o negão levantou de sua cadeira e a abraçou por trás. Ela deu uma risadinha e um tapinha nas mãos dele, falando pra ele se afastar. Lógico que ele não se afastou e lógico que ela não queria que ele se afastasse. E veio o melhor! Ela se rendeu, se abaixou em frente a ele, ficando com a bunda exposta, os pés no chão e as mãos apoiadas na cama. Ele arriou a parte da frente do calção e começou se encaixar. Por um espelho na parede víamos as expressões dela e sabíamos o que estava acontecendo. O processo de encaixe demorou um pouco, hoje sabemos, porque ela devia estar sem lubrificação e ele foi devagar, dando tempo pra ela se molhar e se preparar. Depois foi afundando até encostar seu corpo, em pé, na bundona dela.
E começou entrar e sair e o calção dele ia caindo a cada bombada. Ela gemia com as estocadas e víamos seu corpo balançar pra frente na batida e ser puxado pra trás quando ele voltava. As tetonas balançavam ora pra frente e pra trás, ora em movimentações semicirculares. Pelo espelho víamos ela morder os lábios, fechar os olhos, mudar de expressão, gemer.... Que delícia assistir aquilo! Depois de um tempo ela começou a gritar mais alto enquanto o negão urrava e se esticava, e socava a rola contraindo as nádegas cheias de pelos encravados, uma visão nada agradável. Lamentamos que não fosse a bunda da mulata que estivesse exposta. Ele gozou gritando e dando uns tapas na bunda dela, chamando-a de gostosa. Depois se separaram e se beijaram.
Ela foi pro banheiro e ele voltou pra cadeira onde tomava uma cerveja. Quando ela saiu do banheiro ele se levantou e levou um copo de cerveja pra ela. Ela bebeu de uma vez o copo americano e pediu pra ele servir mais. Ele pegou a garrava de cerveja e serviu novamente o copo, mas antes de entregar pra ela deu uma viradinha deixando cair um pouco no próprio pau. Ambos riram da brincadeira, ela virou o copo e depois se agachou. Segurou o pauzão do cara com as duas mãos e começou a chupar. Pensa numa nega linda, cabelão black power, cantando num microfone de carne! Caralho! Puta tesão só de lembrar! E a gente não podia fazer nenhum barulho, mas estávamos empolgadíssimos! Eu já estava tocando uma por dentro do calção! Chupou, chupou, mamou, beijou, e depois se levantou e foram pra cama. Ficou de quatro e o negão foi atrás.
-Vou pôr na bundinha - Ouvimos ele falar
-Tudo bem - Ouvimos ela responder. Nossas bolinhas quase estouraram feito um milho de pipoca quando ouvimos isso.
O cara se posicionou, apontou e começou a encaixar devagar. As expressões dela eram bem menos tranquilas que as expressões que vimos antes. Devia estar doendo e muito! Ele parou, foi no armário da cozinha e passou alguma coisa no pau que não sabemos o que era. Acho que era margarina. Voltou e repetiu o processo e dessa vez ele não demorou muito a colar a pélvis no traseiro dela, indicando que tinha enfiado a rolona até deixar só as bolas de fora.
Começou a fodelança de entrar e sair e a expressão dela já não era mais de dor. Ele Ficou bombeando um tempão, ela gemendo, ele impassível, até que ouvimos ela falar entre os dentes:
-Goza seu filho da puta! Não tô aguentando mais! Tá me machucando!
Ele jogou o peso em cima dela, fazendo-a cair sobre os peitos, ficando com a cara colada no colchão, mordendo o lençol de olhos fechados e dentes trincados, as costas fazendo uma curva mantendo a bunda na mesma altura que estava antes, e ele continuou fodendo. Ele continuou um tempão até que ela começou pedir pra ele tirar e parar que não dava mais. Nessa altura nossos pintos já estavam até esfolados de tanto bater punheta.
Em vez dele tirar ele acelerou e finalmente se esticou todo e urrou como urso, gozando fundo dentro dela. Quando parou e sacou a rola vimos por uma fração de segundos o cu da mulata e ele tinha ficado bem arrombado e largo. Parecia mais largo que o fundo de uma garrafa de refrigerante! Pensamos que ele ia ficar daquele jeito pra sempre... não sabíamos que ele voltava ao normal após poucos segundos, e ficamos imaginando o que é que ela ia fazer pra não andar cagando pela rua. Nos outros dias, depois de muito conversar sobre o assunto chegamos à conclusão que devia ser pra isso que as mulheres usavam o tal “modess”.
Depois da trepada os dois se aninharam e apagaram a luz. Nossa presença não se fazia mais necessária. O que era mais foda era não poder contar pra galera o que tínhamos visto. Porque se contasse todo mundo ia querer ver e a coisa ia desandar. Ou alguém ia acabar sendo indiscreto e a coisa espalhar.
Mas não há bem que dure para sempre.... Nunca há!
O gafanhoto ficou viciado e passava horas tocaiando no quarto, querendo dar um flagra. Eu falava pra ele "vê direito! Vão ver você saindo ou entrando", " se controla", mas o bicho estava viciado.
Aí veio um primo dele passar uns dias lá. Moleque chato do caralho, mimado ao extremo. Ele ficava na cola do gafanhoto o dia inteiro e, no desespero de olhar o quarto, o gafanhoto não teve outro jeito senão convidar o moleque e mostrar pra ele. Ocorreu que naquele dia flagraram o negão chupando os peitões gostosos da mulata. Só isso. Mas o bunda mole do moleque achou aquilo sensacional e ficou de risadinha pelos cantos depois que saíram de lá. O Gafanhoto fazia gestos pra ele parar de dar bandeira, ficar na boa, mas não adiantava. A mãe do gafanhoto desconfiou, deu uma prensa e o bunda mole, que estava louco pra contar pra alguém, abriu o bico. Felizmente o Gafanhoto conseguiu intervir e disse que tinham assistido pelo buraco da fechadura, não entregando nosso dispositivo avançado, nosso orgulho tecnológico, já que a descoberta dele ia certamente gerar outra surra ainda maior além da destruição do aparato. Quando a dona Yolanda virou para o primo pra confirmar a estória o gafanhoto começou gesticular pra ele como se batesse com o punho fechado na palma da própria mão, fazendo o sinal de dois dedo e apontando pra si próprio e na direção da minha casa ou seja ; "Se não confirmar vai apanhar muito de mim e do Jota". O bundão engoliu seco e confirmou.
E nessa hora aconteceu o impensável...
Dona Yolanda era encrenqueira... pavio curto... era claro de quem o Gafanhoto tinha herdado algumas de suas qualidades. Pois ela desceu lá no quarto dos inquilinos e brigou feio com o casal para pararem de fazer safadeza na frente do filho e sobrinho dela!!! É mole?
Coitado do casal! Espionado e responsabilizado pela espionagem!
E essa foi mais uma parte da nossa vida que virou estória pra contar.
Ainda teve mais um caso que pudemos assistir do nosso esconderijo, mas vou deixar para contar em outro conto porque é longo e não vai caber aqui. Dependendo da aceitação desse conto, vejo se vale a pena narrar a outra bisbilhotada.
[...]
PS.: Publiquei a sequência dessa história. Para lê-la clique no meu nome lá em cima e clique no conto "A rainha das trevas"
[...]
Vale três estrelas?
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