Mirage, 13 de Março de 2006
Segunda Feira
Abri a porta da sala, saí, fui em direção ao portão principal, lá encontrei o motorista do meu pai, Leandro, que me olhava com um olhar de pena. Pedi para que ele me levasse ao setor comercial, ele prontamente atendeu. Eu precisava encontrar um emprego, o setor comercial era o único lugar de Mirage em que talvez eu encontrasse. Precisava de um emprego o quanto antes, senão, não haveria outra saída, teria que pedir ao meu pai para voltar casa. Isso não poderia acontecer em hipótese alguma. Seria o meu maior fracasso. Teria que me virar custe o que custar, e isso, sem dúvidas, iria me custar muito caro.
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Leandro me deixou em frente a Fradiques, uma loja de roupas bem requisitada do setor comercial. Era por volta das oito horas da manhã. Exceto padarias, farmácias e supermercados todos os outros comércios estavam fechados, só abriam a partir das dez horas, por ordem dos Marianos. Na porta da Fradiques havia um cartaz dizendo que precisavam de vendedor. Poderia ser uma oportunidade, mas havia um problema. Meu pai era sócio daquela loja, assim como de tantas outras. Certamente meu pai tomaria alguma providência para me prejudicar, caso eu trabalhasse em algum de seus estabelecimentos. Isso restringia muito minhas chances. Foi quando lembrei de uma lanchonete chamada Laritas, que eu frequentava com minha mãe quando criança. Ficava a três quadras dali. Pelo que lembrava, Laritas vendia lanches muito bons. Laritas era o sobrenome de sua dona, Roberta Laritas. Roberta, já havia recebido várias ofertas do meu pai para vender a lanchonete, mas nunca aceitou, pois a lanchonete, apesar de pequena, também era uma herança familiar. Meu pai detestava a Roberta por esse motivo e fazia o possível para sabotar sua lanchonete. Sempre falava mal do Laritas em quase todas as reuniões com os moradores de Mirage. Isso era motivo suficiente para impedir a lanchonete de crescer. Mesmo assim Laritas sobrevivia, porque tinha seus clientes fixos, e por ter uma comida muito boa. Cheguei em frente à lanchonete, ainda estava fechada. Não havia nenhum cartaz anunciando emprego. Mesmo assim, estava decidido a tentar algo lá. Talvez se dissesse sobre os meus problemas com meu pai, a Roberta poderia se sensibilizar. Fiquei sentado na calçada do outro lado da rua. Por volta das nove e meia chegou uma senhora que devia ter por volta dos seus 40 anos, era bem baixinha não batia no meu ombro. Estava vestindo o uniforme da lanchonete, que era uma camiseta azul claro com listras brancas, uma calça também azul claro e nos pés uma sapatilha de pano branca, no seu peito estava escrito seu nome bordado em vermelho era, Rose. Rose era a gerente da lanchonete. Levantei da calçada. Fui até ela e me apresentei:
— Olá, meu nome é Leonardo. Tudo bem? Eu gostaria de falar com a Roberta. Sabe que horas ela vai estar aqui?
— Oi, ela não costuma vir todo dia aqui na lanchonete. É só com ela?
— Sim, preciso falar com ela.
— Você é o filho do Seu Mariano, não é?
Parei por alguns segundos, pensei em mentir. Mas não adiantava, todos na ilha conhecia minha família, logo todos me conheciam.
— Sim, sou filho dele.
Ela ergueu a porta de aço e me convidou para entrar, pediu para que eu aguardasse que ela ligaria para Roberta avisando que eu estava lá.
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A lanchonete não era muito grande. Haviam seis mesas com duas cadeiras em volta cada, essas eram fixas. Três mesas ficavam a direita e três a esquerda, deixando um espaço no meio e entre elas para a circulação. Atrás das mesas ficava o balcão, um pouco a direita o caixa. Atrás do balcão tinha uma espécie de cozinha, havia uma chapa de metal grande essas usadas para fazer lanches, além de uma pia, uma geladeira com porta de vidro, um freezer e um microondas. Nos fundos era onde ficava o estoque, nos cantos do estoque havia um espaço com uma mesa e com duas cadeiras viradas uma de frente para outra, e também um armário. O local que era algo como um escritório de Roberta, mais ao canto havia um pequeno banheiro. Era o banheiro dos funcionários. Não havia banheiros para os clientes no Laritas.
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Alguns minutos depois chegaram outras duas funcionárias mais jovens que Rose. Vieram vestindo o mesmo uniforme, também com seus nomes bordados no peito. Uma era a Raissa, a outra era a Vitória. Raissa era loirinha, bem alta quase do meu tamanho e também bem magra. Vitória era um pouco acima do peso. Era morena, seu rosto era repleto de espinhas, Vitória não era muito alta e aparentava ser bastante tímida. As duas não eram mulheres, digamos, atraentes. Ambas se dividiam nas funções de atender, fazer os lanches, servir, cobrar e limpar a lanchonete, Rose as supervisionava. Sabia, que se viesse a trabalhar ali não teria vida fácil. Mas era algo em que deveria me acostumar.
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Aguardei sentado na cadeira a esquerda mais próxima do balcão. Quase uma hora depois, estacionou um Corolla próximo a lanchonete era Roberta e sua irmã Sabrina. Roberta, era uma mulher negra, de 36 anos, que não tinha filhos, era um pouco acima do peso, mas não muito. Seus seios e sua bunda eram bem grandes. Cabelos em Black Power daqueles de chamar atenção. Seus lábios eram grossos e seus olhos eram grandes olhos castanhos. Roberta não era muito alta, era um pouco maior que a Rose. Roberta e Sabrina eram muito parecidas de rosto, mas muito diferentes de corpo. Sabrina era mais magra e um pouco maior que Roberta, era atlética, tinha um corpo bem definido, aos longos dos seus 25 anos, vivia sua melhor fase. Seus seios e sua bunda também eram grandes. Não tinha o Black de sua irmã em seu cabelo, tinha tranças bem finas que vinham até metade de suas costas. Sabrina vestia uma camiseta estampada com a estampa da banda “rage against the machine” que era uma banda de rock, calças legging e nos pés calçava chinelos. Enquanto, Roberta estava com um vestido beje florido que vinha até o joelho e nos pés calçava uma sapatilha de bico bem sexy em couro na cor vinho.
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Roberta entrou na lanchonete foi em direção a Rose para dar algumas instruções. Sabrina veio em minha direção, mas sentou na mesa do lado a que eu estava, próximo ao caixa, ficou em uma posição em que seus pés ficavam bem a mostra. Os pés de Sabrina, a irmã de Roberta, eram também bem bonitos. Assim que ela sentou não tirei os olhos dos pés dela. Seus pés eram grandes seus dedos eram longos o segundo dedo um pouco maior que o dedão. Suas unhas estavam impecáveis, pintadas de vermelho. Ah, os pés da Sabrina eram lindos, podiam não ser perfeitos como os da Lethicia. Mas eram bonitos o suficiente. Mas suficientes para que? Queria ter o poder de tirar aqueles pensamentos da minha mente, mas a minha vontade mesmo era de me ajoelhar e beijar os pés da Sabrina, beijar seus pés eternamente. Beijar cada parte. Não conseguia sair daquele transe, não parava de olhar para os pés da Sabrina, olhava fixamente enquanto seus pés que mesmo no chão e calçado pelas havaianas não paravam quietos. Sabrina mexia seus longos dedos pra cima e para baixo, parecia que ela tinha toc. Não parava, pra cima e pra baixo, pra cima e pra baixo. Até que despertei do meu transe, era Roberta:
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— Leonardo. Em que posso ajudar?
— Olá Roberta. Será que posso falar com você em particular?
— Se estiver vindo em nome do seu pai com alguma proposta de compra da lanchonete, pode dar meia volta e ir embora. Já cansei de dizer que não vou vender minha lanchonete e não preciso de sócios.
— Não vim em nome do meu pai. Gostaria de tratar sobre outro assunto. Podemos conversar em particular?
— Tudo bem, se for rápido, não tenho muito tempo. Vamos comigo.
Fui com Roberta até sua mesa nos fundos da lanchonete. Roberta se sentou em sua cadeira estofada de couro e me convidou para sentar, me sentei.
— Vamos lá, diga.
E então, eu disse tudo o que estava acontecendo comigo naqueles minutos em que falei. Por aquele momento usei Roberta como uma terapeuta. Disse que meu pai havia me colocado para fora de casa por eu decidir não seguir a carreira dele. Disse que estava buscando uma oportunidade de trabalho, porque queria minha independência e precisava de um emprego para sobreviver sem meu pai.
— Isso é uma piada de mau gosto? Já disse que não tenho tempo. Por que o filho do Otávio Mariano o homem mais rico de Mirage vai abandonar a sua mansão para trabalhar na minha lanchonete? Eu tenho cara de idiota? Disse Roberta em tom de deboche.
— Não é piada, eu juro. Por favor! Só estou te pedindo uma oportunidade de emprego, eu faço qualquer coisa. Estou disposto a qualquer função aqui na lanchonete.
— Mas eu não coloquei nenhum cartaz, nenhum anúncio dizendo que estou contratando funcionários. Você veio bater aqui porque?
— Sua lanchonete é um dos poucos estabelecimentos que não está vinculado ao meu pai. Você é uma das poucas pessoas que podem me ajudar, por favor me ajude!
Depois que disse isso, sentir os dedos dos pés da Roberta rasparem levemente a minha canela, olhei para debaixo da mesa ela havia descalçado uma de suas sapatilhas. Imaginei que por ela ter descalçado a sapatilha, ela poderia ter encostado sem querer em minha perna na tentativa de calçar novamente.
— Desculpe. Disse Roberta com um sorriso meio sem graça e um tanto quanto sínico.
Não resisti e novamente dei uma olhadinha para debaixo da mesa tentando ser o mais rápido e discreto possível, mas ao ver dessa vez os dois pés descalços da Roberta não consegui. Com as sapatilhas descalças pude ver na palmilha o número 37, era o número que calçava. Novamente entrei em transe, os pés da Roberta eram parecidos com os de Sabrina, eram também muito atraentes, seus pés eram menores que os de Sabrina, mas os dedos eram ainda mais longos, o segundo dedo era maior que o dedão, e o terceiro dedo era do mesmo tamanho do dedão, acho que um pouco maior. Suas unhas estavam pintadas de preto, mesmo não estando tão impecáveis quanto às unhas da Sabrina, estavam muito sexy. Não me dei conta de quanto tempo fiquei nesse transe, talvez um minuto, dois, e então fui despertado pela Roberta, que disse:
— Pensando bem, trabalho aqui no Laritas é o que não falta, mas não sei se você será útil para mim. Alguma vez na sua vida rica você já varreu sua casa? Ja passou pano? Já lavou algum banheiro? Já serviu? Já fez lanches? Por que é esse o tipo de trabalho que tem aqui na lanchonete.
Realmente nunca tinha feito nenhum serviço doméstico. A mansão de meu pai era repleta de empregados, nunca foi necessário. Mas estava disposto a aprender e ser um ótimo empregado para Roberta, falei:
— Eu posso me adaptar. Aceito qualquer tipo de trabalho, acho que posso sim, ser útil. Só preciso de uma oportunidade de aprender.
— Bom, como disse aqui há muito trabalho pra fazer. Mas não posso dar algo muito significativo em troca.
— Tudo bem! Eu só preciso de algo para alugar um cômodo e me alimentar. Só preciso do básico por enquanto.
— Ótimo, se é assim posso lhe oferecer um mês de experiência. Em troca eu posso lhe abrigar aqui na lanchonete, e permitir que você faça as suas alimentações aqui também. E é apenas isso. Não vou arriscar em lhe oferecer um salário sem antes ter certeza que você me será útil. É o tempo que você terá para se adaptar, se me mostrar utilidade, posso ver a possibilidade de te efetivar. Por um acaso você tem disponibilidade total de horário?
Mesmo sem um salário, Roberta havia me concedido um lugar para ficar, fiquei de certa forma satisfeito.
— Tenho total disponibilidade de horário. Qualquer horário estarei disposto.
— Ótimo, amanhã às dez horas esteja aqui na lanchonete, não se atrase. Irei providenciar um colchão para você, e no banheiro tem uma ducha.
— Perfeito, Roberta.
— Talvez um mês de experiência seja muito para você. Não gosto de perder tempo. Você deve ser um inútil para os serviços domésticos. Sua experiência será de duas semanas, é o suficiente para você. Acho que você vai cair em dois dias. Até amanhã, Leonardo. Não se atrase. 1
Continua...