Provavelmente essa parte impactará alguns positivamente e negativamente, mas é necessário para que possam entender o que virá depois sem lacunas. Ficou um pouco grande, mas queria contar toda essa parte de uma vez. Ademais, adianto que as mudanças, apesar de virulentas, estavam só começando.
Os dias seguintes após o swing que começou bem e terminou em briga, deixaram claro que as coisas mudariam. Apesar de eu ter esperado o tempo necessário para Luana explicar o que houve e estar disposto a adotar uma postura compreensiva, a verdade é que ela estava a fim de brigar e aí foram dias de merda com muitas acusações, teorias da conspiração do tipo que dizia que eu tinha a levado ao mundo liberal achando que seria uma coisa, mas que agora tinha demonstrado que queria mesmo era passe livre para transar e poder jogar na cara dela que tinha feito o mesmo, tudo isso e muito choro.
Tudo era motivo para briga e mesmo que eu tentasse ficar isolado num quarto, Luana ia lá e fazia alguma provocação. Se eu fosse contar tudo cronologicamente aqui ficaria bem cansativo, mas tentem imaginar, dá hora que você chega do trabalho e bota os pés em casa até a hora de dormir, sendo provocado, olhando de cara feia e presenciando ela chorar. Como o clima não mudava, tentei falar com ela, se não seria bom visitar um psicanalista, desabafar, mas aí é que choveram pedras em mim. Claro que eu também tinha meus momentos de explosão e xinguei muito.
Apesar de um lado meu entender que para muitos (as), ver a pessoa que ama com outro (a) não é fácil, já era hora de ao menos conversarmos civilizadamente, eu estava disposto a aceitar o que ela quisesse para que voltássemos a viver em paz. Hoje vejo que quando se envolve sentimento não existe essa coisa de “é só combinar e ñ haverá problema” o ser humano é muito mais complexo e único e assim como ela surtou naquela noite, um cara que sonha em ser corno, espera por anos a mulher atender seu desejo e na hora em que ele vai rolar, o cara pira e quer brigar, chorar ou jogar na cara depois (conheci um caso em que o marido implorou para ser corno e na hora em que a mulher deu o primeiro beijo no comedor, ele e o comedor se atracaram e quase caíram de uma janela do 5º andar (sempre gargalho quando lembro disso). Entretanto, a reação de Luana por semanas extrapolou os limites e fiquei muito mal psicologicamente também.
Os dias assim se tornaram semanas, se eu estava na sala, vendo algo, Luana reclamava do som, se estivesse em um dos quartos, a mesma coisa. Deixei de dormir na minha cama, porque um simples me virar já era criticado. Quando tínhamos que trocar algumas palavras sobre o dia a dia da casa era sempre naquele tom seco, de raiva.
Três semanas assim e comecei a achar que terminaríamos nos separando, apesar de nunca mexer no celular dela, o receio de que ela estivesse desabafando com alguma amiga ou familiar, me fez pegar o aparelho e olhar as mensagens. Não vi nada de relevante nos primeiros contatos, mas eis que tomo um choque ao ver que ela estava se comunicando há uns cinco dias com o Kléber. Decidi acompanhar as mensagens do começo para entender a conversa. Ele estava usando um outro número e por isso a adicionou novamente, mandou um monte de mensagens pedindo desculpas e dizendo que gostaria que fossem pelo menos amigos. Luana foi dura com Kléber e disse que só queria saber por que ele tinha feito aquelas patifarias, o canalha aproveitou a deixa para dizer que era porque “tinha sentido algo diferente por ela” já na primeira vez e por isso queria ficar a sós com ela. Também aproveitou, claro, para falar mal de mim, dizendo que nunca proporia a uma mulher tão maravilhosa e delicada ficar transando com outros que cuidaria dela e blá blá blá.
Luana não caiu na dele logo de cara, mas após dizer que ele quase estragou nosso casamento, postou “apesar que acho que já está estragado”. Fiquei gelado ao ler aquilo e ele se aproveitou para descobrir o que era, fazendo com que Luana contasse sobre o malsucedido swing e tudo que ocorreu. O filho da puta se aproveitou para passar a ideia de que estava chocado e que queria ajuda-la, ouvi-la etc. Minha mulher disse que estava sofrendo demais e não podia contar para absolutamente ninguém, pois morreria de vergonha se alguém descobrisse. Ele se propôs a ser o “amigo” dela e Luana não o cortou. Ao contrário, seguiram conversando nos sobre o que ela estava sofrendo e outros temas, mas sem nada de sexo, apenas “declarações de amor” dele dizendo que esperaria o tempo que fosse preciso, pois estava fascinado por ela.
Minha vontade foi acordá-la na hora e aí sim dar motivo para uma boa briga seguida de separação, mas decidi fazer melhor, creio que por ser engenheiro, gosto de planejar bem cada atitude, decidi tirar prints de tudo e se eles acabassem se encontrando, eu agiria para desmascará-la.
Os dias seguintes foram de muito nervosismo para mim, além dela me enchendo o saco com suas provocações, ainda tinha a sombra de Kléber. As mensagens foram no mesmo ritmo, ela não demonstrava nenhuma simpatia com ele, só desabafava e ele bancava o bom “amigo”.
Meu sócio e eu tínhamos uma parceria em alguns projetos com uma decoradora muito bem conceituada. Seu nome era Sue (Sueli), uma morena jambo de deliciosos lábios grossos, alta, linda de rosto e com um corpo tipo cavala, não dessas de academia, natural mesmo. Para completar o pacote, ainda se vestia com a elegância de uma europeia. Era casada com um italiano bem mais velho que passava 20 dias lá e 20 aqui. Por várias vezes, ela se insinuou para mim, até que em uma ocasião, após atendermos a um cliente no local, Sue me beijou e apesar de ter ficado de pau duro e louco para agarrá-la, acabei me contendo. Felizmente, ela levou numa boa. Quando contei isso ao meu sócio, na mesa dele, ele me atacou um porta-canetas e um enfeite de mesa depois começou a bater a cabeça na mesa, dizendo:
--Todos clientes nossos já cantaram essa mulher, eu também e aí ela quer dar para você e você nega fogo, vai se foder, Rui!
Ri muito, mas confesso que fiquei tentado demais na época. Depois disso, em alguns e-mails corporativos, mesmo com o foco sendo negócios, ela me cantou umas 3, 4 vezes.
Agora que minha vida de casado estava desabando, encontro com Sue em meu escritório para combinarmos sobre um novo projeto juntos. Ela surgiu impecavelmente vestida, com uma conjunto de calça e blusinha brancas, um casaco folgado bege e de salto alto. A calça delineava bem suas curvas e seu andar era de matar. Conversamos junto com meu sócio e acertamos de marcar com o cliente. Quando terminamos a reunião, fiz questão de acompanha-la até o estacionamento e na hora de nos despedirmos, beijei-a e ela aceitou na mesma hora. Falei se não poderíamos nos ver mais tarde e ela com cara de lamentação disse:
--Justo hoje que Giancarlo está em casa?
Eu já ia me dando por vencido, quando ela disse com voz melosa e olhar sexy me segurando suavemente pela gola:
--Mas vamos marcar para o começo da semana que vem. Ele ainda vai estar aqui, mas invento uma reunião em um horário bom para nós dois.
Concordei e Sue me beijou com vontade, aproveitei para apertar aquele bumbum maravilhoso e depois a imprensei suavemente contra o carro fazendo-a sentir como eu a desejava. A linda morena foi embora sorridente.
Pelo menos por alguns instantes, consegui esquecer do caos que estava minha vida e estava decidido a me envolver com Sue mesmo que fosse apenas uma vez.
Em casa, esperei o momento certo e voltei a mexer no celular de Luana, cada vez que fazia isso, era um frio que me percorria o corpo com medo do que leria, mas, naquele dia, só o canalha tinha postado mensagens novamente dizendo que estava fascinado por ela, mas que entendia que minha mulher não quisesse pensar nisso agora. Luana nem respondeu.
No dia seguinte, recebo uma mensagem de Sue dizendo que eu a tinha surpreendido no estacionamento e que esperava que eu não mudasse de ideia até a semana que vem. Isso era numa quarta-feira.
Na quinta-feira, Luana estava mais chata ainda e pela primeira vez disse que estava pensando mesmo em separação. Depois, foi chorar no quarto e eu fiquei muito mal. Decidi olhar as mensagens dela e levei um baita susto, ela também estava espionando as minhas mensagens no celular e tinha lido a de Sue, daí a fúria ainda maior. Ela contou para Kléber que encontrou uma prova da minha infidelidade.
--O ordinário estava me traindo esse tempo todo. Vi uma mensagem de uma decoradora, uma tal de Sue, a conheci em uma festa, alta, linda imponente, ela falou que tinha gostado do que tinha que ocorrido no estacionamento. Acho que os dois transaram no estacionamento e ainda marcaram algo para a semana que vem. Estou com vontade de rasgar a cara dele, esse tempo todo, devia estar me traindo com ela e com outras e me fez de boba, esse papo de ménage é porque ele deve ser viciado em sexo, sempre querendo coisas novas e acabou me arrastando.
Kléber, claro, se aproveitou para jogar muita gasolina na fogueira e disse que a apoiaria, pois e que Luana deveria pensar em se separar sim. Ainda disse que queria poder abraçá-la como amigo e muitas outras merdas.
Nesse momento, quis correr para o quarto e contar a ela o que de fato ocorreu, mas como explicar que estava lendo suas mensagens, também havia o grande risco dela não acreditar e pensar que eu estava inventando uma desculpa para me safar agora que tinha sido pego. Fiquei sem saber o que fazer, decidi esperar quando ela estivesse mais calma e contar o que de fato rolou com Sue e prometer que não levaria aquilo à frente.
Na sexta, volto a olhar seu celular e quase desabo, eles trocaram dezenas de áudios por todo o dia. Kléber insistiu muito e conseguiu marcar um encontro como “amigos” em um restaurante no dia seguinte. Fiquei surpreso e com ódio por ela ter aceitado, depois de ficar um mês de cara amarrada comigo por causa do swing, tinha aceitado se encontrar com o cara que ela prometeu a mim que não iria querer mais ver.
Decidi que os seguiria, peguei um carro emprestado com um amigo dono de uma agência de autos e o deixei em nossa rua. Pouco depois, ela foi tomar banho e disse seca sem me olhar:
--Hoje vou almoçar com uma amiga.
Esperei ela sair e a segui. Se encontraram de fato em um restaurante. Era um sábado frio e com uma garoa fina. Ficaram umas duas horas ali, nesse tempo comecei a repensar como tudo tinha chegado a esse ponto tão rapidamente. Eu amava Luana exatamente como sempre e isso foi me dando uma agonia, um aperto no peito e vontade de chorar. Pouco depois vejo os dois saindo do restaurante, ele colocou as mãos nas costas dela como se fossem um casal e foram para o estacionamento, de lá saíram cada um em seu carro. Por alguns instantes, achei que o encontro acabaria ali e ela voltaria para casa, disse para mim mesmo que a abraçaria muito forte mesmo que ela não quisesse e só a soltaria quando fizéssemos as pazes.
Entretanto, pouco depois, noto que Luana estava era se dirigindo ao apartamento dele. Desesperado, peguei meu celular e tentei ligar para ela que não atendeu, então gravei um áudio aflito na esperança que ela ouvisse quando parasse.
--Luana, eu sei para onde você está indo, mas ainda dá tempo de não fazer isso. Eu te amo e você me ama, não estrague nosso casamento por uma confusão, posso explicar o que ocorreu com a Sue, apenas espere eu falar com você, volte, por favor.
Acabei ficando um pouco para trás em um dos semáforos e meu desespero ficou ainda maior. Estava a ponto de bater o carro, mas nem que fosse para brecá-los na entrada do prédio e fazer uma cena, eu faria. Infelizmente quando cheguei, os dois tinham acabado de subir, pedi ao porteiro que interfonasse no apartamento do safado, mas ele, calhorda, disse que não me conhecia e que era para não deixar eu subir. Desesperado, liguei várias vezes para Luana, não atendeu nem visualizou o áudio que eu mandara. Não dava para gritar, pois eles estavam no 14º andar, então voltei para o carro, onde desabei completamente arrasado.
Fui para casa, apenas queria me jogar em uma cama. Durante todo o tempo que fiquei no carro, imaginei-os transando, fazendo planos e depois Luana chegando com o pedido de separação.
Creio que por volta das 18h, recebo um áudio de Luana. Com a voz meio embargada, ela diz:
-- Se você sabe para onde eu estava indo, sabe que foi para o apartamento do Kléber. Ele tem me ouvido muito esses dias e depois que descobri seu casinho com a Sue, percebi que fui muito ingênua acreditando nessa de marido liberal. Você é um viciado em sexo e talvez por medo de eu descobrir me colocou nesse mundo, assim você poderia fazer tudo às claras o que antes fazia às escondidas. Eu transei com ele sim, se vamos ficar juntos eu não sei, só sei que agora não quero voltar para casa nem falar com você. Durante a semana a gente resolve nossa vida, só espero que você tenha a decência de não ser agressivo e me bater por eu ter ficado com ele, isso só irá piorar as coisas.
Ouvi umas quatro vezes aquele áudio e não acreditei. Fiquei entorpecido por horas olhando para o teto do quarto. Tive uma crise de choro, pensei muita besteira, principalmente em matar Kléber.
Por volta de umas 23h, 23h30 recebo uma ligação, ignorei, como já tinha ignorado todas as outras. Pouco depois, vejo que me mandaram um vídeo no Whats. Clico e fico de cara, era o canalha do Kléber filmando seu rosto e conversando.
--Fala corno otário! Se bem que corno e otário é a mesma coisa, redundante, né? (ele falava baixo, mas com um ar debochado, imitando youtuber, colocava a mão no queixo pensativo e fazia gracinhas enquanto falava), então, corno, tentei fazer uma videochamada, mas você não atendeu, resolvi fazer um videozinho, olha quem tem tá dormindo aqui na minha cama. (nesse momento filmou Luana dormindo de lado, estava vestida, filmou ela toda, depois voltou a filmar a si próprio e foi saindo do quarto). Agora que você viu, deixa eu vir para a sala para não acordar minha princesa. Hoje o sexo não foi tão quente, ela estava titinha, tadinha, então fiz o papel mais romântico, mas daqui a alguns dias, estarei fodendo a bocetinha e o cuzinho dela no quarto de vocês ahahaha. Queria muito estar vendo sua reação agora. Mesmo tendo o prazer de comer a tua mulher na sua frente, nunca fui com a sua cara, sabe? Não sei explicar o motivo, só que, cara, a Luana é demais, mesmo para mim que tenho mulher de sobra, será que estou gostando dela? Pode ser, mas eu costumo enjoar fácil, logo, logo, dou um passa fora nela, mas antes vou emprestá-la para vários amigos meus, deixarem ela bem rodada, será que ela ainda vai manter aquele jeito tão doce de ser? Ah, ia me esquecendo, além de botar pilha pelo whats dizendo que ela merecia um cara melhor que você, eu disse para ela hoje no restaurante que você e eu tínhamos tido uma conversa e que você contou que não era só corno manso, que saía com outras sem ela saber. Esse foi o xeque-mate para a Luana aceitar vir comigo ihihihih. Desculpa aí, corno! Comi tua mulher, estraguei teu casamento e agora vou ficar uns tempos curtindo com ela. E só para não perder o costume aqui ó. (Fez o sinal de foda-se com o dedo e desligou rindo).
Minha vontade foi de quebrar o quarto inteiro, mas não adiantaria nada. Sai com o carro pela noite fria de São Paulo sem rumo, mas com duas certezas: me separaria de Luana com requintes de Maquiavel e mataria Kléber na primeira oportunidade.
Aos que gostaram e estão curiosos com o que ocorrerá, peço que deixem um comentário.
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