Irremediável

Um conto erótico de DerekCosta1
Categoria: Heterossexual
Contém 6019 palavras
Data: 26/04/2022 17:43:13
Última revisão: 16/06/2023 07:55:43

As pessoas diziam que eu estava irreconhecível. Segundo elas, e eu não ouso opinar sobre a questão, o sujeito sempre bacana, simpático, educado e compreensivo com tudo e todos, agora, explodia e era ríspido e sarcástico o tempo inteiro.

Havia seis anos desde que eu começara aquele estilo de vida: um trabalho de chefia em uma unidade de atendimento durante o dia, um trabalho como professor à noite, aulas particulares de reforço escolar para adolescentes, aulas como professor voluntário em um pré-vestibular comunitário e coordenando um outro cursinho também. Sete dias na semana, do acordar ao dormir, sem intervalos. Até a terapeuta recomendou que eu desse uma parada de, no mínimo, um mês!

Eu não sabia o que fazer, não queria parar, não queria desligar e não havia nada no mundo inteiro que me interessasse. Então, lembrei que minha última namorada adorava visitar Itacaré nas férias e que já fôramos juntos duas vezes. Eu odiava praia desde criança. Areia, calor, sujeira... Mas também lembrei que, em algum momento por volta dos doze anos, meus pais levaram a família inteira para férias lá e uma lembrança invadiu meus sentidos.

Eu estava entediado, sentado a uma mesa na areia, ouvindo músicas pop suaves do fim dos anos 80 e início dos anos 90, quando, em um instante exato, olhei para as pedras à direita e começou a tocar “Vento no Litoral” do Legião Urbana. Minha respiração falhou e senti um frio na barriga vendo uma menina da minha idade sentada sozinha nas rochas, cabelo molhado, joelhos dobrados. E o vento fresco fazendo sua magia.

Fiquei me perguntando quem era, de onde vinha, que nome tinha. Que segredos escondia. Aí meu pai fez uma piada e estragou o clima. Mas, de tempos em tempos, aquela imagem voltava a minha memória trazendo de volta as sensações daquele instante.

Resolvi ir a Itacaré. A menina não estaria lá, é claro, mas, sendo uma cidade litorânea de vasta beleza natural e muito pequena, talvez eu conseguisse me isolar e, quem sabe, até relaxar. Preparei a bagagem, separei alguns livros, aluguei uma casa e fui. A ideia era ficar sozinho, ler um pouco, perambular pela praia. Desligar.

Cheguei, arrumei a casa, fiz as compras, saí para caminhar, curti a noite, ouvi música ao vivo, li um livro. Estava me sentindo em outro mundo. Relaxado. Mas ainda estressado. Com certeza explodiria por qualquer motivo.

Fui até uma praia, perambulei pela mata sozinho, andei pelo leito raso de um rio, ouvi pássaros e macacos, assim como escutei, atento, o som da correnteza da água. Então, cheio da paz daquele ambiente, voltei e escolhi uma barraca para sentar. Logo, fiz amizade com um intrépido e talentoso rapaz que me atendia. Desenvolto, sabia exatamente como deixar um cliente à vontade sem parecer ensaiar. Fiz o pedido, conversamos, discutimos a especificidade da música feita no fim dos anos oitenta, o movimento estava baixo e, de repente, ele calou.

Acompanhei o seu olhar e, em um instante exato, olhei para as pedras à direita ao mesmo tempo em que começou a tocar “Vento no Litoral” do Legião Urbana. Minha respiração falhou e senti um frio na barriga viajando no tempo com aquela canção. Lá estava, uma garota da minha idade sentada sozinha nas rochas, cabelo molhado, joelhos dobrados; e o vento fresco fazendo sua magia. A mesma praia, o mesmo ângulo, a mesma música, a mesma brisa. A mesma silhueta. Fiquei emocionado.

— Ela é linda — ele disse.

— Sim, é.

Hipnotizado, levantei e caminhei lentamente rumo a ela. Pés na areia, música nos ouvidos, brisa fresca massageando a pele, olhos vidrados. Boca seca e mãos suando. Não me considero romântico, mas, pela primeira vez, imaginei como seria ver uma sereia. Exatamente assim. Me aproximei, subi as pedras e a admirei. Bela. A coisa mais linda que eu já vi.

— Oi.

Mergulhada em seus próprios pensamentos, demorou para me ouvir.

— Oi. — Ela sorriu tentando ser simpática.

— É... Eu... Bem... Não sei se para você vai parecer estranho, mas... Eu estava ali conversando com um amigo e te vi.

Ela sorriu condescendente.

— Eu sei! Mas... É que...

Contei a ela a história de minha infância e como revivi aquele momento como um déjà vu.

— Isso foi em... — completamos a frase dizendo o ano juntos.

Ao me ver surpreso, ela desarmou e sorriu de verdade. Seus olhos agora pareciam mesmo à vontade e seus braços e músculos, finalmente, relaxaram. Começamos uma conversa e ela me pediu para sentar. Me contou um pouco de como adorava a paisagem e de como tinha certeza de que era a mesma menina de quem eu estava falando e também de como achava difícil se sentir relaxada. A seguir, me perguntou o que eu podia dizer sobre o local, pois o que o guia dizia não soou muito interessante. Respondi contando um pouco da história sobre piratas que eu conhecia e mais um pouco sobre o processo de escoação do cacau no auge daquela cultura. Ela pareceu interessada e continuamos nesse papo de passado e aventura. Depois de um tempo, um menino veio chama-la sob ordem do pai e ela me puxou pela mão para ir até ele.

Era uma família de cinco pessoas. Pai, mãe, irmã do meio e o filho caçula. Ela me apresentou e vi que a mãe estava um pouco apreensiva. Então, notei o ar grave do pai e a existência de uma tensão entre todos nós. Estendi a mão para ele, que hesitou antes de se dar ao trabalho de me cumprimentar.

Minha nova melhor amiga fez questão de me integrar e, com um jeito meio atrevido, convenceu o pai a me aceitar. Eu pensei que devia ir embora, mas, preso à memória, não queria perder essa oportunidade. Estava cheio de curiosidade. Quem ela era, de onde ela vinha, que nome ela tinha; que segredos escondia. Paguei a conta e me despedi do meu amigo, que se despediu com um ar bastante empolgado; estava mesmo exaltado por empatia.

Vendo que eu trazia um livro à mão, o pai perguntou:

— Você lê Rilke?

— Humrum — confirmei. — Quando posso...

Ele riu um pouco mais satisfeito.

Ler Rilke não me torna nem um pouco erudito. Na verdade, penso que Rilke é até bastante pop (à sua maneira). E era “Cartas a um jovem poeta”; pouca coisa é tão pop quanto isso. Mas... entendi que se tratava de um pai preocupado com a filha. Era nítido que existia um mal-estar entre eles.

O garoto e a menina me fizeram muitas perguntas e eu as respondi com educação e sem ser infantil. Eles gostaram. Na hora de ir embora, eu me recusei a entrar no carro deles e fui a pé, mas marcamos um encontro à noite.

Encontrei a família inteira na praça principal da cidade, onde tinha um aparato de apresentações ao vivo; uma garota quase da minha idade tocava violão para o público. A certa altura, minha amiga quis dar um passeio a sós. Senti o pai resistente, mas a mãe o convenceu.

— Ele parece um bom rapaz. — Ouvi dizer.

Caminhamos, conversamos, sorrimos e ela quis ver onde eu estava hospedado.

— Você tem sorte! — ela falou olhando a casa curiosa.

— Por que? Porque estou só?

Ela mordeu o lábio assentindo.

— Sim. — E me beijou.

Era um beijo ardoroso, mas também foi uma forma de evitar me responder.

Tudo aquilo, para mim, era uma bonita coincidência que eu queria aproveitar ao máximo, da qual eu desejava adquirir conhecimento e guardar em minha memória para sempre, mas muita gente acredita em algo parecido com “destino” e, com tantas coisas repetidas, era fácil ver que ela estava encantada com a situação. Havia algo de curiosidade, porém também havia de expectativa romântica; como se fosse uma orquestração de força superior. Esperança.

Ela se empolgou.

— Calma! Calma! Calma!

— O que? — ela soava ofendida. — Não quer?

— Temos que voltar pro teu pai.

Ela fez uma careta.

— Eu sou adulta! Temos a mesma idade.

— Por isso mesmo!

— Meu pai é um saco! Você tá com medo dele. Ele te assustou. Mas, olha, eu tenho idade demais para me preocupar com ele.

Fiz uma expressão confusa.

— O que? Tá dizendo que o capricho de meu pai é mais importante do que o que eu decido?

— Eu... Acho que sexo é que é capricho e um pai preocupado é bem mais valioso. — Peguei as chaves. — E eu detesto quando alguém me dá um bolo ou me faz esperar. Vamos!

Ela bufou revoltada. Na rua, ela provocou.

— Não achei que “o amor da minha vida” fosse tão covarde!

Sorri.

— E responsável? Você acha que “o amor da tua vida” deve ser um sujeito responsável?

— Você nem me conhece! Por que me protege?

— Se eu pudesse, protegia todo mundo... — deixei escapar num murmúrio.

Ela ficou quieta. Às vezes me olhava. Voltamos e nos unimos à família. O pai ficou até sorridente. Chegamos a rir juntos, ele e eu, quando um cara da banda que tocava agarrou uma loira passante e levou um fora.

— Vai pra onde, gata?

— Pra cama dormir!

No dia seguinte, fizemos um programa juntos (os seis) de novo. O pai e os menores foram dar uma volta de lancha e minha sereia estava conversando em inglês fluente com uma mochileira israelense que era idêntica à Mary Elizabeth Winstead na época de Sky High (que sempre foi um crush meu). A mãe aproveitou essa oportunidade e se aproximou.

— Quando você vai embora?

— Tenho mais um mês aqui.

— Sério? Legal! Ela gosta muito de você.

Sorri.

— Ela me conheceu ontem.

— É, mas ela gosta. Você transmite muita sinceridade e ela confia em você. Ela é muito difícil! Nunca a vi confiar em ninguém nessa vida. Mas ela confia em você!

Fiquei olhando a mãe com interesse e simpatia.

— E eu também.

Sorri de novo.

— Meu marido é desconfiado. Eles são iguais, por isso vivem se bicando. Mas ele gostou que você não se aproveitou ontem.

— Eu não queria deixa-lo preocupado.

— Eu sei. Ele gostou disso. E eu também. Mas ela ficou mordida! Até jogou umas coisas!

A mulher sorria como quem conta um segredo e percebi que não era uma fofoca, havia uma intenção. Seria esperança?

Depois nos reunimos e seguimos o programa. Quando ficamos sozinhos, minha paquera perguntou:

— O que minha mãe te disse?

— Que você é problema.

— Que ótimo! “Obrigada, mãe!”

— Acho que ela fez de propósito.

— Como?

— Não foi fofoca.

— Acha que ela quer nos juntar? “Um amor de verão”?

— Não sei... Acho que ela tem esperança.

— De que?

— Não sei... Você tá doente?

Ela gargalhou.

— Não! Eu não vou morrer. “Nicholas Sparks”!

— “Linda Nichols”.

Riu mais.

— Você é um marceneiro?

— Não. Não faço ideia de como usar uma ferramenta, já vou avisando.

— Ah! Que decepção!

Depois de um silêncio, retomou.

— Você tava com Rilke ontem e hoje faz referência a Sparks e Nichols... Não tem medo de que as pessoas julguem teu gosto literário?

— Não. Sou muito ocupado, não tenho tempo para esse tipo de medo.

— Que resposta mais estranha!

Sorri.

— É que eu trabalho muito mesmo, não tenho tempo. Leio de tudo, ouço de tudo, assisto de tudo; até o que não gosto.

— Por que?

— Tento me surpreender.

— E consegue?

— Quase nunca.

— Não é muito esforço?

— Não... Eu sempre aprendo mais um pouco.

— Queria ser igual a você. — ela murmurou.

— O que? Como?

— Você é livre.

— E você, não?

— Não.

— Por que depende do teu pai?

— Você faz o que quer por que quer. Sim, é. Porque dependo do meu pai.

— E você... sabe o que quer?

— Eu quero ir embora. Sair do país. Já morei fora, sabe, mas meu pai me trouxe de volta por que “tava com saudade”. Argh! Isso é um inferno! Desculpa! Você nem me conhece.

— Vocês não se entendem?

— Não...

— E quando você vai? É isso que quer?

— Assim que essa viagem acabar. Ele me trouxe à força para tentar me convencer a ficar. Não vejo a hora de ir.

Pensamos um pouco.

— E você? Qual teu sonho?

— Eu não tenho sonhos.

— Que besteira! Todo mundo tem sonhos.

— Eu não.

Fiquei um pouco alheio depois daquela conversa. Foi como voltar ao mundo depois de seis anos fora. Crise familiar, desejos e caprichos, insatisfação com a vida. Sonhos. Há quanto tempo não pensava nisso? Sonhos... Eu tenho?

À noite, caminhando sozinhos, ela perguntou:

— Você está bem?

— Por que?

— Parece distante. Até meu pai notou.

— Ele perguntou?

— Ficou preocupado.

— Ele é sempre assim?

— Está sempre resolvendo problemas. Não aceita que haja nada errado.

— Como eu.

Ela riu.

— E o que tá te deixando preocupado? Qual problema você está tentando resolver? Fala!

— Deixa pra lá.

— Foi depois que eu perguntei sobre teus sonhos. Não foi? É isso? Te deixei em crise? Desculpa! É que eu...

— O que?

Ela me olhou curiosa.

— Qual é teu sonho, afinal?

— Não tenho sonhos, já disse.

— Todo mundo tem! Conta, vai! Quero saber! E, já que você gosta de ajudar... isso pode me ajudar a me resolver!

Sorri.

— Conta, vai!

Suspirei.

— Ok... Bem... Deixa eu ver... Não sei se conta, mas não tenho sonhos em um sentido convencional, sabe, tipo “o que você vai ser quando crescer”, nem nada parecido com um plano exequível. É mais como... um desejo. Tipo “gênio da lâmpada”. E são três, inclusive.

— Sei. Entendi.

— Eu... queria não me preocupar com dinheiro. Não apenas ter o bastante para fazer o que quiser, mas não me preocupar mesmo! Nem me ocupar. Que fosse possível que todas as minhas questões financeiras fossem resolvidas no automático sem eu ter que pagar as contas nem calcular nada. Sem pensar no assunto. É isso.

— Certo. Interessante. Continua.

— Também gostaria de ser útil de alguma forma. De saber como ajudar as pessoas. Tornar o mundo um bom lugar. Essas coisas.

— Você não é professor e coordenador voluntário?

— Sim. Sou. Mas não é isso. O que eu faço é ajudar algumas pessoas a fazer coisas pequenas. Pequenos passos, como ensinar uma profissão para depois a pessoa se virar.

— Isso.

— O que eu queria mesmo era um modo de resolver as coisas. De consertar o que puder ser consertado e, de fato, tornar o mundo um lugar melhor. Não apenas ajudar algumas pessoas a passar melhor por ele.

— Ah... Saquei. Que fofo!

— E impossível.

— E qual o terceiro?

Respirei fundo.

— Sexo. Eu queria poder ser tão bom nisso que as mulheres topassem, alegremente, me dividir umas com as outras.

— Acho que cê ficou vermelho!

— Claro. Mas eu não queria um arremedo de patriarcado, não é isso. Eu gosto de ter o controle. É erótico. Mas eu quero dominar pelo prazer. Dar tanto prazer que as garotas fiquem... Sei lá... Gratas? E acabem concordando com tudo que eu digo.

— E assim você pode usá-las como bem entender. Corajoso de tua parte dizer isso bem antes de fazer sexo comigo!

— Não. Não é assim. O que eu quero não é ficar dando ordens. É mais... A ideia de que elas queiram tudo isso. O prazer, a gratidão, a concordância, a abnegação... e a devoção.

— Uau! Que intenso! Tudo isso é muito interessante e muito complexo.

— Pra isso eu faço terapia.

Ela riu.

— Você está tentando me seduzir! Mas eu sei que você só quer me usar!

— E você? Quer o que de mim? Casamento?

Ela afastou o pensamento.

— Você quer se apaixonar?

— Eu não me apaixono. Eu só transo. Por isso meu pai tem nojo de mim.

— Nojo? Mas você quer se apaixonar?

Ela me encarou em silêncio.

— Você não sabe só transar, não é?

Sorri de novo.

— Sei... Mas... Quer dizer...

— O que? É segredo? Conta!

— Eu não consigo fazer sexo sem intimidade. Sem... Sei lá! Não funciono assim. Não fico... excitado.

— Você brocha? Você disse que trabalha sem parar. Não dá pra ter intimidade desse jeito nem quando se é casado. Você não transa?

— Transo.

— Verdade?

Suspirei.

— Tá escondendo alguma coisa... É segredo! Você é virgem?

Gargalhei.

— Não. Não mesmo!

— Então o que? Já sei! Você é fetichista! É isso! Acertei! Você é fetichista!

Suspirei pesado.

— É. Eu sou fetichista. Quando se passa todo o tempo trabalhando, não temos tempo de criar vínculos, então eu uso meu fetiche.

— Por isso não transou comigo ontem?

— Ontem foi por causa do teu pai. Por respeito a ele. Por respeito à espera dele.

— Hum! Não tô acreditando!

— Vem. Vou te mostrar.

Ela ficou empolgada. Fomos até a casa e mostrei em minha bagagem uma mala só de apetrechos eróticos.

— Uau! Você trouxe isso! Esperava conhecer uma doida?

— Ha-ha! Eu sempre uso isso quando preciso. Não planejei nada, mas trouxe, caso precisasse usar. Igual camisinha.

— Você quer usar em mim?

— Você é sempre assim?

— Assim como?

— Sempre muda a conversa para não falar de sentimentos?

— Sim! Por que? Você fala muito de sentimentos enquanto trabalha o tempo todo?

Dei de ombros.

— Eu quero transar! Se não for contigo, vai ser com qualquer outro. Mas...! Como fui com a tua cara... vou fazer um fetiche para você: se você me dominar, eu falo de sentimentos pra você.

Estranhei.

— É assim: você “faz sexo” comigo e, se você conseguir me fazer sentir... derretida, embevecida, apaixonada... enfim, se criar intimidade, eu conto meus sentimentos pra você. Não é isso que você quer ouvir?

— Apaixonada?

— Sim.

— No sexo?

— Sim.

Achei graça sem achar.

— Desafio aceito? — Ela estendeu a mão pra mim.

Afastei a mão dela com um “quase tapa”.

— Tá bom! Mas eu conduzo! Não quero que você trapaceie e salte sobre mim embotando qualquer tipo de sentimento.

— Ok! Ok! Eu me rendo!

Sem esperar que ela ficasse a postos, a agarrei pela cintura e puxei pra perto de mim. Surpresa e ligeiramente assustada, ela ficou muda e me encarou. Eu movi a cabeça ao redor dela, como quem está cheirando (e eu estava), tentando criar expectativa, tensão e excitação. Os pelos do pescoço dela estavam eriçados sob o toque de minha respiração. Senti o seu peito encher e esvaziar mais forte. Deu certo. Abri a boca para que a sua pele sentisse meu hálito, aproximei o queixo e o nariz para quase roçar nela. Suspirou pesado. Mordeu o lábio. Engoliu em seco. Agora que eu tinha capturado sua atenção, comecei a tirar a roupa dela. Lentamente. Peça por peça. Tirava algo, olhava nos olhos dela, beijava uma parte do seu corpo, provocava com meu ar ou um quase toque e tirava outra.

Blusa... Calça... Sandália... Sandália... Sutiã... Calcinha...

Beijei o monte de Vênus (minha parte favorita do corpo). Ela estremeceu com força e gemeu.

Eu a conduzi lentamente, olhando nos olhos, para a cama e a fiz deitar. Percorri todo seu corpo provocando com meus suspiros, sopros leves, beijos e quase toques. Ouvi a boca dela estalar. Beijei, provoquei, mordisquei. Testa, bochechas, orelhas. Pescoço, ombros, peito, seios, mamilos. Barriga, cintura, umbigo, quadris. Virilha, coxas, joelhos, pernas, pés. Dedos. Monte de Vênus de novo. Comecei devagar, de leve, e fui aumentando, pouco a pouco, a pressão dos meus lábios. Separei lentamente suas camadas protetoras e a abri com delicadeza. Beijei. Ela estremeceu gemendo alto. Brinquei brevemente de beijar e lambi. A reação foi intensa. Lambi bem devagar com carinho e com cuidado entre os grandes lábios, antes dos pequenos, entre os pequenos, acima e abaixo. Suguei.

— Ah! — ela gritou de prazer.

Continuei minha brincadeira enquanto seu quadril mexia pra cima e pra baixo, pra frente e pra trás cada vez mais rápido. Quando tive a impressão de que ela ia chegar, parei. Subi pelo corpo dela, peguei a algema, passei pela cabeceira da cama (que, felizmente, tinha hastes de modelo antigo) e prendi seus pulsos.

— O que você tá fazendo? — perguntou com voz rouca.

— Conduzindo.

— Eu não... — Interrompi com um dedo em seus lábios.

— A aposta foi tua. Agora você está rendida. Eu não vou te machucar.

Ela silenciou aceitando.

Desci e tornei a me ocupar de provocar o seu corpo (um pouco mais rápido). Voltei ao meu lugar. Quando minha boca tocou sua vulva, foi como se ela ficasse eletrizada. Meu beijo em seu membro a fez, em pouco tempo, reencontrar a sensação interrompida. Eu fui provocando; beijando, lambendo, sugando, estimulando. Lábios, língua e dedos, todos me ajudavam. Ela chegava perto e eu mudava, ia para outro lugar. Ela ficou indo e voltando; chegando perto e eu negando. A certa altura, rosnou alto sacudindo o corpo.

— O que foi? — perguntei indiferente.

— Hum... — ela choramingou.

— O que?

— Por favor...! — pediu manhosa.

— “Por favor”, o que?

— Por favor... me deixa gozar!

— Tá bem. Só por que pediu direitinho.

Voltei a beijar. Brinquei com a língua em seus lábios, bolinei com os dedos, fingi que penetraria, provocando, depois penetrei só um pouco (por um instante). Ela foi aquecendo, excitando, debatendo, arqueando; até que gozou. Gozou bem alto, um orgasmo libertador, e eu mantive minha provocação. Beijando, lambendo, dedilhando, sugando. Então, parei.

Fiquei admirando o resultado, deitei um pouco ao lado dela e a acariciei. Depois, deitei sobre o corpo dela, tentando não colocar muito peso, só um pouco para que me sentisse perto, pressionando. Dei uns beijinhos no rosto, na testa e no pescoço. E saí.

Peguei um separador de pernas e prendi nos tornozelos. Trouxe uma mordaça e levei até a boca dela, que apenas me olhou.

— Abre.

Ela ficou em silêncio, como se decidisse o que fazer ou esperasse eu me explicar, mas, se eu o fizesse, não estaria no controle. Toquei sua vagina e a dedilhei. Ela arfou. Estimulei e provoquei mais um pouco e, enfim, massageei seu clítoris, o que a fez ranger os dentes. Então, prendi o grelinho entre dois dedos e movimentei de um lado pro outro num vai-e-vem. Ela arreganhou a boca gemendo alto e eu, delicadamente e sem pressa, pus a bola em sua boca. Ela me olhou surpresa e assustada, mas eu repeti o vai-e-vem em seu grelo e ela se rendeu e relaxou. Travei a mordaça na nuca.

Depois peguei uma venda e um abafador para os ouvidos. Ela ficou assustada de novo.

— Não se preocupe. Você vai gozar.

Ela relaxou um pouco. Pus a venda e deixei seus cabelos soltos de novo. Fui até seu ouvido.

— Tem certeza que nunca se apaixonou? Vou derreter teu gelo. E você vai ser minha. — Dei um beijo na bochecha e tapei sua audição.

Sua respiração estava rápida e pesada. Gastei um tempo acariciando seu corpo e dando beijos curtos com a intenção de acalmá-la. Mas também para sensibilizá-la e deixar seu corpo mais vulnerável. Depois que suguei os mamilos e beijei e acariciei sua vagina, ela pareceu abrandar.

Fui até a cozinha e pus em um copo um pedaço de gelo, voltei e peguei um vibrador de penetração e outro de massagear clítoris e passei a brincar com o corpo dela outra vez. Só que dessa vez, alternando entre beijos, toques, sopros, mordiscadas e lambidas com os vibradores. Quando ela estava bastante excitada, daquele jeito que molha a cama, penetrei sua abertura com o consolo e fiquei brincando de empurra e puxa enquanto o girava entre os dedos. Seu gemido entre a mordaça foi gutural. Me diverti bastante vendo as reações intensas daquele corpo indefeso ante meus ataques calculados e, finalmente, apliquei o “massageador”. Foi mais intenso ainda. Foi explosivo.

— Ugh!

Ela gemeu com a mordaça quase no mesmo volume de antes e seu corpo saltou na cama. Continuei massageando a vagina, os lábios, a virilha, o monte de Vênus e o clítoris e ela saltando, tentando se debater. Manipulando, ao mesmo tempo, os dois vibradores enquanto também mordiscava e beijava ao redor, eu vi que ela estava quase lá e me preparei. Lambi e suguei seu clítoris por um tempo e pus o massageador de volta em cima. Foi o bastante para que ela não aguentasse e seu corpo arqueou, retesou e esticou. Até que ela gozou.

Permaneci movimentando os objetos no corpo dela por uns segundos, então, rápido, mas com calma, os tirei e passei, de leve, o gelo por sua vagina. Ela saltou mais alto. Do capô do grelo, passando por fora dos grandes lábios até o períneo, eu deslizei por cada pedaço com frieza e cuidado.

Foi interessante observar o resultado. Sempre é interessante observar esse resultado. A voz dela sumiu e o corpo convulsionava aos poucos; tremores fortes, mas descontínuos se repetiam. Pus a mão e massageei um pouco para aliviar, caso ela fosse demasiadamente sensível a tanto estímulo. Levou um longo tempo até tudo isso acalmar e ela desmaiar.

Fiquei namorando aquele corpo pacífico após tanto alvoroço. Quando ela mexeu a cabeça com mais vigor, entendi que estava acordada e tirei o abafador, a venda e a mordaça.

— Cuidado com os olhos.

Ela esperou se acostumar à luminosidade de novo, me encarou com ar de contemplação e admiração e questionou com voz quase nula:

— O que foi isso?

— Gelo. — respondi mostrando o copo.

Ela sorriu afetuosa. Toquei na vagina úmida e fria dela fazendo-a estremecer de tão sensível.

— Ainda não acabei. Tem mais pra derreter.

Ela sorriu com carinho.

— Tem?

— Tem. Eu só vou parar quando você se apaixonar. Quando for... irremediável. — Sorri e pisquei.

Levantei e, me vestindo, expliquei:

— Agora, eu vou sair, dar uma volta, ter umas ideias. Talvez ler um capítulo de um novo livro. Já terminei Rilke. E você vai ficar aí, deitadinha e amarrada, curtindo mais alguns orgasmos.

Ela me olhava com olhos arregalados. Passei a mão em sua bochecha. Sorrindo tranquilo, peguei a mordaça e levei a sua boca. Ela olhou pro objeto e olhou pra mim.

— Você vai me deixar aqui sozinha? Desse jeito?

Sorri tranquilo.

— Você está segura. Abre a boca.

Ela olhou a mordaça, ao redor, para mim e meneou a cabeça.

— Prefere que eu te boline de novo até você abrir?

Ela abriu. Sorri aprovando.

— Boa menina.

Depois pus a venda e fui ao seu ouvido.

— Você vai ficar gozando pra mim. Não vai?

Ela silenciou. Acariciei um mamilo fazendo-a estremecer novamente.

— Não vai?

— Humrum — confirmou dengosa.

— Excelente. Continue assim.

Pus o abafador e, em seguida, trouxe um terceiro vibrador, com massageador de clítoris. Precisei estimulá-la um pouco, ela estava muito sensível ainda e precisava lubrifica-la, mas, para atingir a meta, era necessário continuar. Ela umedeceu rápido quando eu a estimulei com a boca e os dedos, porém, para encharcar, eu tive que provocar com minha respiração perto do seu sexo; funcionou como um botão. Conectei, lentamente, o vibrador, posicionei o massageador clitoriano e liguei. A respiração, que já estava pesada, aumentou e ela soltou mais um gemido. Beijei seu corpo em vários lugares por um tempo e saí.

Perambulei, distraí, vi o mar, relembrei os passos que se dá nessas ocasiões, calculei os próximos movimentos detalhadamente e voltei – a passos lentos. Levei pouco mais de meia hora nisso tudo. Entrei, tirei a roupa, a admirei gemendo e, com cuidado, me aproximei.

Toquei em sua cabeça levemente para avisar minha presença. Levantei um pouco o abafador para confirmar que era a minha voz e pus de volta. Deixei o massageador “varinha de condão” e um copo de gelo perto e, mais uma vez, me ocupei do corpo dela beijando, soprando, mordiscando, tocando. A respiração dela ficava cada vez mais forte. Fui descendo aos poucos para lubrifica-la de novo e poder tirar o vibrador com um mínimo de incômodo. Depois de percorrer todo seu corpo, vi que estava bem lubrificada e desliguei o brinquedo. Retirei devagarinho e fiz carinho na região em seguida. Provoquei com os dedos e ela encharcou. Pus a ponta da glande em sua entrada e instiguei fingindo que a penetraria e subindo e descendo entre os seus lábios vaginais. A respiração dela ficou mais intensa, rápida e violenta do que nunca. Continuei e ela ergueu os quadris para me engolir; não deixei. Persisti atiçando e ela forçou mais, mas não conseguiu. Gemeu e rosnou de frustração. Entrei.

Ela ficou sem fôlego. O corpo arqueou de novo. Veio uma pausa. E ela estremeceu gemendo. Comecei um vai-e-vem demorado. Ela estava ensopada. Mantive o movimento e permaneci assim tomando posse deixando-a estimulada. Quanto mais eu mexia, mais ela molhava. E ela estava bastante sensível, com o corpo esticando e as pernas tremendo. Peguei o massageador de clítoris vibratório e o pus pra trabalhar (nela). Dessa vez, não fiz cerimônia, mantive o brinquedo sobre o grelo, apenas movendo um pouco mais para um lado e depois para o outro, sem cortar o contato, enquanto continuava o movimento de empurrar e puxar com o pênis.

O pênis indo e vindo, a vulva encharcada por dentro (e por fora) e o massageador em seu grelo. Ela gozou. Arqueou, retesou, esticou. E eu indo e vindo. Apanhei o copo, tirei o gelo e fiz de novo. Só que com o pênis dentro. Ela soltou um grito inacabado e eu continuei mexendo e passei o gelo por todo o monte de Vênus e virilhas. Quando percebi que a respiração ficou confusa, parei. Ela relaxou.

Saí dela, afastei os objetos e fui liberá-la. Depois que tirei as algemas e, por fim, o separador, ela se virou de lado e descansou. Ar cansado. Relaxado. Olhos vidrados. Acariciei seu corpo, enquanto a aguardava se recuperar.

— O que você fez?

— Conduzi.

— O que você fez comigo?

— Te conduzi.

— Pra onde?

Sorri.

— É assim que você faz sexo?

— Sempre.

— Sempre?

— Sempre.

— Uau! E acabou?

— Não.

— O que você vai fazer comigo?

Passei a mão por suas nádegas com carinho e levei um dedo pra brincar em seu furinho. Ela me olhou divertida.

— Você já fez isso?

— Já.

— Ótimo.

De repente, ela sentou.

— Mas nunca foi com você.

Ela ficou me encarando bem perto, então eu toquei sua vagina e manipulei, fazendo-a engasgar e estremecer

— Tem algo a me dizer?

Ela curtiu a sensação e engoliu em seco sem conseguir elaborar.

— Diz depois. Vai pra beira da cama, fica de quatro e com a cabeça no colchão.

— Sim, senhor... — ela disse baixinho.

Aprontei tudo, passei bastante lubrificante em mim e nela, fiz carinho, massageei o clítoris com meus dedos e, enfim, entrei devagarinho. Primeiro a glande e parei. Ela gemeu. Depois fui empurrando o resto e ouvindo-a gemer. Parei. Puxei um pouquinho até quase tirar e parei. Repeti esse processo, lentamente, três vezes. Então, saí.

— Ahn? O que foi?

Peguei uma coleira fina e mostrei pra ela. Ela sorriu, separou o cabelo e ofereceu o pescoço. Travei a coleira, mostrei no espelho e deitei de costas. Passei mais lubrificante em mim e a chamei.

Ela entendeu rápido, posicionou-se de cócoras de costas pra mim e eu a lubrifiquei outra vez. Então, ela subiu e desceu daquele jeito no próprio ritmo e no próprio tempo. Quando ficou um pouco mais rápido e ela inclinou em minha direção, comecei a acariciar os seios dela e depois os mamilos. Enfim, desci pela cintura e alcancei sua vagina. Fiquei, com calma e cuidado, manipulando seu órgão genital, penetrando com os dedos, massageando os lábios, bolinando o clítoris. Os gemidos dela foram ficando mais altos à medida que eu acariciava até que ela gritou, estremeceu e gozou.

Nesse ponto, após recuperar o fôlego, ela desengatou, deitou com metade do corpo sobre o meu e se aninhou com a cabeça em meu peito encaixada sob o pescoço. Tudo isso gemendo suavemente como se fosse uma gatinha.

— Você não gozou.

— Eu não preciso.

— Por que não?

— Eu gosto de ter o controle.

Ela ficou quieta um pouco.

— Sabe aquele sonho?

— O que?

— Não sei sobre os outros dois, mas o do sexo.

— Humrum.

— Você é capaz de realizar.

Ela levantou e me encarou.

— Alguém que goste tanto do que você fez que queira e até faça questão de te dividir com outras mulheres?

— Sim.

— Que concorde com tudo que você diz, qualquer coisa, sem questionar?

— Sim.

— Que te obedeça, sempre, sem hesitar?

— Isso.

— Sobre quem você tem total controle?

— Exato.

— Eu.

Fiquei a admirando. A coisa mais linda que eu já vi.

— Eu quero tudo isso: o prazer, a gratidão, a concordância, a abnegação e a devoção. Você pode me usar como bem entender.

Ela veio bem perto do meu rosto, quase um beijo, e falou:

— Eu não me dou bem com meu pai, porque nunca sei o que quero. Só sei que não suporto ficar perto dele e me sentir um fracasso por não saber o que quero. Mas você... Eu quero obedecer você. Estou embevecida, derretida e apaixonada. Você conseguiu. Você ganhou a aposta. Você me ganhou. Estou me entregando a você. Eu me rendo. — Então, mordeu e umedeceu os lábios. — É irremediável. Você me aceita?

Sentei e olhei “no fundo” dos olhos dela. Antes que eu perguntasse, ela disse:

— Eu faço o que você disser.

Fiquei em silêncio pensando e ela perguntou:

— Qual a coisa que você mais gosta?

— No sexo?

— Sim. Que a mulher faça.

— Eu gosto de duas coisas. Primeiro, que a garota me faça sexo oral sem esperar, querer ou desejar que eu goze, apenas o prazer de estar fazendo esse serviço, agradando, obedecendo. Segundo, eu gosto de ficar observando ou manipulando o corpo feminino; deixa-la em uma posição que eu possa ficar admirando por um longo tempo, ou então que eu possa ir dando prazer até ela não aguentar mais.

— O segundo você já fez.

— É.

Ela mudou a expressão para algo mais sensual, como uma garotinha pedindo doce.

— Eu posso chupar você, meu dono?

Esbocei um sorriso.

— Por favor! Eu quero muito agradar esse lindo com a minha boca!

— À vontade.

— Obrigada! Meu dono.

Ela ficou ali me agradando sem tempo para término. Sua cabeça subindo e descendo; uma imagem linda de se ver. Apenas usando a boca para fazer carinho.

E virou hábito. Ela disse que era a parte que mais gostava.

Ela não apenas obedeceu a cada pedido impertinente que eu fiz pelo resto do mês, como escolher as roupas (ou a falta delas) e os lugares inusitados para transar, como tomou a iniciativa de perguntar se podia me agradar. Também providenciei uma coleira discreta, dessas que parecem adornos, para que o pai dela não se ofendesse, e pus em seu pescoço, que nunca mais tirou. Estava escrito “Irremediável”. Claro que ela, atrevida e provocadora, queria usar a que tinha escrito “domada”, mas não deixei (ao menos não perto da família). Mas na mata, em casa e nos rios? Não havia pudor.

Outras meninas passaram pelo mesmo ritual e dividiram as nossas aventuras. A garota que tocava voz e violão ao vivo, a loira que deu fora no músico da banda e a israelense mochileira foram apenas três das que se somaram. O ritual era sempre parecido. A imobilização, a privação sensorial, as provocações, a negação do prazer, a criação de ansiedade e expectativas, os brinquedos, a boca na vagina, os dedos, o gelo pós orgasmo, a contemplação dos corpos satisfeitos e cansados, o sexo anal afetuoso. Uma surfista, uma garçonete, uma funcionária de hotel, uma artista local, duas militantes feministas, uma pescadora, a jovem dona de um bar, uma guia turística... escolhi um exemplar de cada função social.

— Mesmo que eu quisesse te desobedecer, é como se você tivesse posto um botão em mim. Ou uma chave. Sabe aquelas chaves de dar corda? Então, eu sou uma boneca de corda. Gosta de tua boneca de corda, meu senhor?

— Você é uma boneca muito linda. E é muito divertido ver o que acontece quando eu dou corda. Um presente mágico considerando tudo desde que te vi naquela pedra.

— Ainda bem que você me encontrou! Só de pensar nessa história já fico excitada!

— Então você é um brinquedo?

Ela se apertou contra mim.

— Humrum! Teu! Me usa! Brinca comigo! Dá corda em mim! Eu faço tudo que você disser, senhor.

Depois, conversamos com os pais dela.

— Pai, eu me apaixonei por ele. Perdidamente. — E olhando para mim com um sorriso apaixonado. — É irremediável.

Eles ficaram aliviados com a decisão e até me ofereceram um emprego em uma das empresas da família, o que eu recusei. Então, me perguntaram se eu ficaria ofendido se mandassem para ela uma mesada e eu aceitei. Todos ficaram emocionados e o pai dela me agradeceu, pois ela estava bem melhor, mais afetuosa, mais compreensiva, mais ativa, mais participativa; só qualidades.

Finalmente, voltei pra casa, reinventei minha rotina, comprei uma residência maior e, quando meu brinquedo de corda chegou, montei minha coleção.

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Comentários

Foto de perfil de J67

Texto diferente, gostei de como foi narrado. Parabéns

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Foto de perfil de Yumi Submissa

Seu texto é simplesmente mágico, sedução S&M de um jeito romântico e sutil. Jugo leve, sofrimento por prazer. Adorei seu estilo de narração. Você elogiou minha escrita lá nos meus contos, mas sendo sincera contigo, meu jeito de escrever não é exatamente "meu", envolve uma técnica que me foi ensinada. Por exemplo, já estou com os primeiros 12 capítulos concluídos e escritos, mas seguindo o método que me propus a usar, não posso publicá-los rapidamente, para "decantar" as impressões iniciais. Confesso que tenho gostado do resultado, sendo que na primeira vez que escrevi aquela história, somente pelo "instinto" não ficou muito bom.

Já o seu jeito de escrever, que me parece ser pura inspiração, algo emanado dos seus sentimentos, seja por fantasia ou por retratação rebuscada da realidade vivida.

Gostei e voltarei para ler os outros.

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Foto de perfil de DerekCosta1

Oi, Yumi! Fico contente que você tenha gostado! Curti também esse método como você apresentou (embora eu não tenha a disciplina ou tempo livre para tanto). - Sobre o tempo livre, eu me refiro a tempo para escrever vários capítulos de um enredo longo.

Sim, este texto, em particular, foi uma situação súbita: eu li o desafio e lembrei da história, então só precisei encontrar as palavras adequadas.

Aguardo os teus capítulos!

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Foto de perfil de Beto Liberal

Li novamente, com outros olhos, e mais uma vez fiquei fascinado, e envolvido de tal forma como se de fato tivesse eu sido dominado.

Precisei comentar de novo.

Parabéns é pouco para a admiração que sinto nesse momento.

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Foto de perfil de DerekCosta1

Mais uma vez, eu te agradeço, Beto!

Acho que há o que melhorar neste texto, mas tomara que você continue gostando dos seguintes!

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Foto de perfil de Dyh

Li primeiro seu outro conto, da aquisição hostil, que eu já tinha gostado, mas esse é PERFEITO! É muito interessante ver a dominação dessa forma, muda a perspectiva do conceito e também as sensações esperadas ou então possíveis a partir dessa visão

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Foto de perfil de DerekCosta1

Que bom que gostou, Dyh! Fico contente!

Não sei por que tanta gente gostou desse conto, mas suspeito que tenha a ver com o aparente "acaso" do encontro... Lá em "Aquisição", o que acontece é a cumulação de um plano calculado e perpetrado lentamente por anos. Enfim, talvez seja isso.

Fico mesmo feliz que você tenha visto algo interessante aqui, pois, para mim, esse ponto sempre foi natural (já que não sou sádico) e nunca encontrei produto parecido com esse meu gosto.

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Foto de perfil de Dyh

Sim, tem essa diferença e também a abordagem maior sentimento dela, relações familiares… mas ambos os contos são ótimos 👏🏻

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Foto de perfil genérica

Nada mais posso além de dizer que sinto-me honrada por poder partilhar dos sentimentos que vocês transmitem através da suas histórias, sinto-me honrada, ainda mais, por poder partilhar desse sentimento, que vocês me permitiram sentir,que história fascinante. Parabéns e que a imaginação nunca lhes falte.

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Este comentário não está disponível
Foto de perfil de Morfeus Negro

Olá THCF! Uma história de D/s sem nenhum tipo de coerção, abuso fisico, subjugação psicológica conseguida através do temor, sem castigos. Toda a servidão é conseguida da submissa através do prazer, initerrupto praticamente, até ela se render e compreender que não pode mais viver sem sentir aquela imensidão de luxúria e orgasmos que se apoderaram dela.

Essa é a primeira história BDSM que leio com tais caracteristicas.

Seu texto é excelente, e demora para a história entrar de fato na fantasia, no fetiche de submeter a novata ao seu mundo de controle, de total controle.

Boa surpresa o seu perfil.

Meus Parabéns pelo conto surpreendente!

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Parabéns, amei o conto!! Meche com a imaginação de qualquer pessoa!

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Este comentário não está disponível
Foto de perfil de P.G.Wolff

Excelente!!! Achei muito interessante a evolução do conto, chegando a um ponto inusitado,eu não imaginaria que viria a ser um relacionamento BDSM.Muito criativo!

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Caramba, que texto bom! É longo sem ser pesado. É pervertido sem deixar de ser romântico.A construção da história vai criando um envolvimento crescente entre os personagens e a gente só fica querendo ler mais.

Espero ler mais coisas suas por aqui. Fiquei muito na vontade de ler como aquelas mulheres entraram na vida desse casal.

Meus parabéns!!!

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Parabéns pela conto, muito bem escrito! A narrativa é detalhista, sem ser monótono e isntigante, não conseguimos parar de ler, pensando no que vai acontecer e nos surpreendendo. Tem um toque de mistério, sedução é só seguir o autor que a imaginação flui. Esperando os próximos!

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Gostei muito da construção da história e da escrita.

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Foto de perfil de Beto Liberal

Que coisa louca e fantástica, de tirar o fôlego.

Da vontade de entregar minha mulher para ser dominada e receber prazeres nessa intensidade, ou de ser mulher é se entregar a esse domínio.

Virei fã

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Foto de perfil de Max Al-Harbi

Que estréia, hein?

3 estrelas com louvor.

O amigo Leon já disse tudo abaixo.

Parabéns!

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Foto de perfil de Leon-Medrado

Belo conto, muito bem escrito, excelentes diálogos não óbvios, tem poesia e ritmo, tem fantasia e delírios de prazer, tem o jogo da sedução e a força das fábulas impossíveis. Uma história de Grimm com toques de Marquês de Sade. Gostei muito. O nível alto da escrita e narrativa está acima da média do site. E fora do padrão vigente. Excelente, seja muito bem vindo ou vinda. OTHC(tetra-hidrocarbinol), composto da família dos fenóis, é o principal componente da planta da maconha, sendo responsável por seus efeitos alucinógenos. Ela é encontrada em todas as partes da planta, mas especialmente nas flores e resina das plantas fêmeas. Estrelado ao máximo.

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Listas em que este conto está presente

Desafio 1: A viagem
Lista com os contos participantes do primeiro desafio de escrita da Casa dos Contos.
J67
Esposa satisfeita