[...]
Me abraçou forte e chorou sentido, mas eu não sabia se de tristeza ou alegria por ainda ver uma chance de continuarmos juntos. Quando olhei de relance para o doutor Galeano, ele nos olhava e balançava positivamente a cabeça. Após ela se acalmar e se recompor, despedimo-nos dele, marcando uma nova consulta para a próxima semana, afinal havia arestas para serem aparadas e também os resultados dos exames dela. Voltamos para casa. Apesar de tudo, estávamos mais leves. Ainda teríamos dias difíceis, mas talvez juntos teríamos condição de superá-los. De qualquer forma, eu ainda tinha uma questão principal para resolver e, dessa solução, ela não precisaria fazer parte.
Chegamos em casa em menos de 1:00. Por incrível que pareça viemos conversando amenidades de uma forma que me lembrava o início de nosso relacionamento. Eu até gostei disso porque talvez assim poderíamos encontrar um meio de nos reconectarmos:
- Nanda, vou para o escritório resolver alguns serviços que acabaram se acumulando e volto logo. Eu pego as meninas ou você faz isso? - Perguntei.
- Eu vou. Pode deixar. - Respondeu tranquilamente, apesar dos olhos inchados.
- Mesmo com esses olhos inchados? - Ainda brinquei.
- Ah, Mark, sabe… É que eu tive uma terrível crise de alergia hoje. Atchim! - Me respondeu, rindo.
- Tá bom. Tá certo. Agora falando sério: você vai ficar bem?
Ela não respondeu, mas me deu um lindo sorriso que valeu mais que qualquer resposta. Antes de eu sair ela ainda gritou:
- Mark, traz pizza? - Pediu desenhando um imenso círculo com os braços e enchendo suas bochechas para indicar que queria a mais grande e recheada possível.
É impressionante como essas pequenas brincadeiras tornam nosso dia a dia mais leve. Saí dali rindo e cheguei sorrindo no meu escritório. Entrei, lamentando um imprevisto imenso para minha secretária e recebendo um resumo das ligações do dia. Fui então para minha sala, não sem antes dizer que iria fazer uma ligação importante e não queria ser incomodado. Era hora de ligar para Agenor. Retornei sua ligação e o telefone tocou uma, duas, três, várias vezes e a chamada caiu:
- Caramba, Agenor! Atende essa porra aí! - Falei para mim mesmo.
Nova tentativa e nada, tocava até cair a chamada. “Ligo depois”, pensei e comecei a elaborar a petição de um processo. Realmente me distrai no trabalho e 1:00 depois recebo uma chamada. Vejo na tela e o nome surgiu providencial “Agenor - Cliente”:
- Alô? Agenor? - Perguntei.
- Fala, doutor. Como é que o senhor está? Melhorou do mata leão?
- Foi você que me apagou, Agenor?
- Desculpa! Mas se eu não faço aquilo, o senhor matava o Brunão… Tô ligando pra saber se não exagerei com o senhor.
- Não. Eu estou bem, Agenor. Agora eu sei porque fiquei com torcicolo no dia seguinte. Da próxima vez, não te dou desconto nos meus serviços.
Ele riu do outro lado da linha:
- Mas me fala e aquele filho da puta, como está? Ainda vivo?
- Tá sim, doutor. Todo arrebentado, mas ainda vivo. Ele só voltou aqui no bar hoje. Tá todo roxo, com nariz quebrado, sem dente, todo fodido. Até demorei pra te atender, porque eu tava falando com ele. Mas agora a gente pode falar tranquilo.
- Apareceu polícia aí, Agenor? - Perguntei porque precisava saber se eu teria que me preparar para um contra-ataque.
- Polícia? De jeito nenhum, doutor. Ele tem horror a polícia, foge que nem o diabo da cruz…
- Ah, sério? Mas por que isso, Agenor?
- Sei não. Parece que ele teve uns rolos no passado. Sei lá.
- Entendi… - Já comecei a me interessar pela história, porque ele poderia ter alguma situação mal resolvida no passado que eu poderia explorar.
- Doutor, posso perguntar uma coisa?
- Fala, meu amigo.
- O que que foi tudo aquilo? Nunca te vi bravo daquele jeito. Nem se fosse minha mulher, eu acho que ficaria bravo como o senhor ficou.
- Pois é… - Mal sabia ele que ela é a minha mulher: - Aquela moça é uma grande amiga minha e ela havia me pedido para ficar com ela naquela noite. Queria curtir, mas de uma forma segura. E acabei falhando com ela.
- Nossa, doutor, eu queria ter umas amigas gostosas e safadas que nem aquela…
Tive que engolir a seco para não mandá-lo à merda, afinal ele poderia ser uma peça chave nos meus futuros planos:
- E não é, Agenor!? Uma delícia de mulher. Mas eu a conheço e sei que ela não teria feito nada daquilo se não tivesse sido drogada… - Joguei um verde.
- Pois é…
- Pois é, o quê, Agenor?
- Não é a primeira vez que isso acontece, de uma mulher ficar muito louca e perder a linha nas farras do escritório do Brunão. Já teve vez da gente ter que chamar médico para dar uma “sarada”, porque a moça ficou acabada.
- Acabada de droga?
- De droga e de “fodida” mesmo.
- Mas que cara filho da puta, Agenor! Ele não tem bala pra pegar mulher na lábia e mete droga nelas?
- Então, doutor. É que fiquei sabendo que a “bala” dele tá mais pra “drops”. Se é que o senhor me entende? - Disse e riu gostoso.
Não aguentei e acabei rindo junto:
- Então tá explicado. Ele faz isso pra mulher não ver a merda em que entrou.
- Deve ser, doutor.
Parei um pouco pensando e resolvi arriscar:
- Ô, Agenor, eu estava aqui pensando se você não me faria um favor...
- Ué! Fala aí, doutor. Se precisar que eu termine o serviço nele, a gente combina.
- Como é que é? - Perguntei tentando confirmar o que havia ouvido.
- É brincadeira, doutor. - Disse e riu: - Mas eu tô saindo do bar mesmo. Não gostei do que ele faz com as mulheres aqui. Então, dependendo do que for o "favor", dou um jeito.
“Peixinho pegou o anzol com linha e tudo”, pensei:
- É o seguinte, Agenor, coisa simples, queria que você me levantasse o nome completo do Brunão, CPF, RG, endereço daí, cidade de onde ele veio, etc. Enfim, tudo para eu conhecer melhor esse carinha aí.
- Difícil, hein, doutor. Ele nunca fala nada pra ninguém. Até parece que está fugindo de alguém…
Agora é que eu precisaria dessas informações mesmo. Com certeza aquele filho da puta tinha um passado sujo e eu queria meter a mão naquela merda para fazer feder:
- Uai, Agenor, não é difícil, não. - Comecei a instruí-lo: - A documentação do bar deve ter quase todos esses dados, o resto é só assuntar de leve com seus colegas.
- Tem não, doutor. Já recebi encomenda aqui e o bar tá no nome de uma menina que trabalha do barzinho daqui de dentro. Tem nada no nome dele.
- Caramba, hein!? Você não consegue pegar cópia de CPF, RG, alguma conta no nome dele? No escritório dele aí deve ter alguma coisa… - Continuei.
- Tem não. Pro senhor ter uma ideia, nem no hospital ele foi. Quem cuidou dele foi o médico que aparece aqui pra “sarar” as meninas quando precisa. - Daí me perguntou: - Mas, doutor, pra que que o senhor quer isso? O senhor já deu uma baita surra nele. Te garanto que ele vai ficar um tempão sem aprontar outra dessas.
- Talvez, mas quando o cara é filho da puta, mas cedo ou mais tarde ele vai voltar a fazer “filhadaputice”, Agenor. Agora, se ele é tão arisco assim, alguma coisa ele já aprontou. Só quero verificar e talvez dar umas férias para ele no xilindró.
- É, mas é difícil porque ele se faz de gostosão, de dono da noite, mas morre de medo de sair na rua de dia.
Agora é que eu precisava saber dele. Já estava até pensando em cobrar alguns favores que fiz para uns policiais:
- Pô, Agenor. Nem uma multa, nem nada? Ele não tem carro? Não mora de aluguel? Nada mesmo? - Já estava desistindo.
- Ô, multa tem. Até ele me pediu para levar cópia dela e da carteira dele num despachante para fazer um recurso.
- Fala pra mim que você tem cópia disso. - Pedi, quase implorando.
- Cópia, não; mas foto eu tenho. Já vou te mandar. Esse seu número é zap-zap?
- É sim, Agenor.
Segundos depois uma notificação surgia em meu celular. Abri o WhatsApp e logo identifiquei uma mensagem do Agenor, e nela uma imagem, a CNH do Brunão. Gelei de ódio na hora, mas um sorriso se abriu em meu rosto. Agora eu já tinha como começar a trabalhar:
- Valeu, Agenor. Já recebi aqui. - Disse: - Se você puder me fazer o favor de tentar descobrir mais alguma coisa do passado dele, eu te agradeço. Posso até te dar uma gratificação.
- Doutor, eu vou tentar, mas não te prometo nada. E se ele não me pagar, talvez eu precise do senhor para processar ele também. Aposto que ele vai adorar te rever.
- Eu também, Agenor. Eu também…
Nos despedimos e eu já tinha uma cópia da CNH do Brunão impressa em minhas mãos. Agora bastava utilizar algumas ferramentas eletrônicas e tentar descobrir se ele tinha alguma dívida com a Justiça. Talvez cobrar alguns favores, mas ainda precisava de maiores informações e sabia onde buscá-las.
[...]
Eu juro que tive a impressão de ver o Mark sorrindo enquanto saía com o carro e isso me fez um bem danado. Apesar de tudo o que falamos um para o outro hoje, eu me sentia mais leve e acho que ele também:
- A gente vai conseguir consertar as coisas! - Falei para mim mesma, afinal uma mentalidade positiva é meio caminho para a realização.
Cuidei de minhas coisinhas e depois de um tempo me lembrei que precisava buscar as meninas. Fui me arrumar e fiquei me olhando no espelho. Apesar da idade, eu ainda dava pro gasto, pelo menos o Mark nunca reclamou. Mas e se eu desse uma repaginada? Sei lá, mudar o corte e cor do cabelo, voltar pra academia, tomar um bronzeado porque sei que ele adora aquelas marquinhas de biquíni:
- Voltar pra academia: isso eu posso fazer já! Bom, amanhã. - Falei decidida para mim mesma.
Olhei para meu rosto e até já não estava tão inchado. Prendi meu cabelo de um jeito e não ficou legal. Coque, também não. Rabo de cavalo, eca!
- É. Corte de cabelo, urgente! - Fiz um apontamento mental em voz alta: - Depois da academia.
Mas o Mark nunca gostou de cabelo curto e eu não tinha como fazê-lo crescer a força:
- Foda-se! Ele vai ter que se acostumar com uma nova “eu” e de cabelo curto. Talvez eu só não mude a cor para ele não surtar. - Falei triunfante e rindo.
Decidi molhar meu cabelo, passando um gel fixador e o prendi baixo. Ficou quase um estilo “joãozinho”, mas foi o que deu para fazer. Bati um pó no rosto, bem de leve, passei um batom e saí para buscar as meninas na escola. Cinco minutos depois eu estava estacionando em frente ao colégio e fiquei distraída aguardando a saída delas, mexendo no meu celular:
- Oi, sumida?
Me assustei com a abordagem, mas quando olho para o lado quem eu vejo? Laura. Toda sorridente, ela me explicou que estava aguardando a saída de seu sobrinho, filho de seu irmão, quando me viu estacionar:
- E aí? O que aconteceu? Pensei que a gente fosse tomar um chope naquele dia. - Ela perguntou.
Lógico que eu não iria falar para ela tudo o que havíamos passado, mas também não precisava ser indelicada, afinal realmente havíamos aproveitado gostoso naquele dia, os três:
- Não aconteceu nada, Laura. Só tivemos um imprevisto, mas nada sério, e acabamos não conseguindo sair. Mas eu tenho seu número, ó. - Mostrei seu telefone em minha agenda.
- Ah, que legal! Pensei que pudesse ter ficado uma situação estranha, chata, e tudo que eu não queria era sacanear com o relacionamento de vocês. Mas vamos ver se a gente combina alguma coisa para esse final de semana. Que tal?
- É. Quem sabe!? Vou conversar com o Mark e te aviso. Pode ser?
- Claro! Fico aguardando tua ligação.
Nisso ela abaixou e enfiou a cabeça pela janela do meu carro e quase me beijou a boca:
- Laura. Tá louca? - Perguntei, a afastando.
- É que eu adorei aquela noite. Acho que fiquei com saudades de vocês.
- É. Mas aqui não. Se alguém vê a gente, estamos fodidas.
- Tá bom. Ah, meu sobrinho vem vindo. Aguardo tua ligação, Nanda. Manda um beijo bem gostoso na boca do Mark.
- Tá bom. Eu mando…
“Mas que biscate!. Mando coisa nenhuma. Safada!”, pensei e depois ri. Pouco depois vejo minhas filhas vindo em minha direção com um sorrisão em seus rostos, afinal normalmente quem as busca é o pai. “Eu vou salvar meu casamento. Ah, se vou!”, prometi para mim mesma.
[...]
Minha busca eletrônica com base no CPF do Brunão não deu em nada. Fora alguns protestos e uns processos civis em fase de execução, nada de anormal apareceu. Eu já estava achando que não conseguiria aprontar nenhuma para ele. Olhei no relógio do computador e marcava 17:50. Nanda já devia ter pegado as meninas. Então me restava comprar uma pizza e voltar para casa.
Desliguei meu computador e pedi para a secretária fechar e trancar tudo. Quando estou saindo, ouço um grito do outro lado da rua:
- Pai! Espera aí!
Olho em direção ao grito e vejo minhas filhas correndo em minha direção, com a Nanda logo atrás. Estavam todas sorridentes, até minha primogênita que é mais séria, controlada, meu “xerox de saia”, sorria feliz. “Sim. Vale a pena lutar pelo meu casamento!”, pensei. Elas se aproximaram e dei um beijo na bochecha de cada uma delas. Nanda nos olhava feliz, com um tímido sorriso no rosto. Eu a encarei:
- Que foi? - Me perguntou.
Não disse nada. Apenas a puxei e dei um beijo em sua boca:
- Mark. Ainda não podemos. - Tentou dizer, mas pelo contato de nossas bocas o som saiu abafado.
- Eca!! - Gritou a caçula.
Rimos e eu perguntei:
- O que você fez no cabelo?
- Cabelo!? Não fiz nada. Só penteei diferente. Deu vontade. - Me respondeu.
- É. Acho… É. Eu gostei. Ficou legal. Bem diferente.
Ganhei outro sorriso dela pelo inesperado elogio. Ela então desviou o olhar para as meninas e perguntou:
- Vocês não iam pedir algo para seu pai?
- Pizza! - Gritou a caçula.
- Não. Lasanha! - Falou a mais velha.
- Não. Pizza! - Insistiu a caçula.
E assim, novamente, começava uma discussão entre as duas. A altura das vozes já começava a se alterar e eu tive que intervir:
- Parem as duas! - Me impus e continuei após elas se acalmarem: - Já ensinei que não se ganha nada no grito. Usem argumentos ou nem comecem uma conversa.
- Nós já comemos pizza no domingo, pai. - Falou a mais velha.
- É mais foi ela que escolheu o sabor. - Disse a caçula.
- Você concordou com o sabor que ela propôs no dia, não concordou? - Perguntei.
- Sim. - Respondeu.
- Então seu argumento não convence, concorda? - Insisti.
- Sim. Ah, pai… - Disse a caçula e pensou um pouco antes de continuar: - Então eu vou escolher o sabor!
- Isso é justo.
- Pai… - Quis reclamar a mais velha.
- Você escolheu o prato. Ela escolhe o sabor. É justo!
- Tá bom. - Acabou se resignando.
- Muito bem e quem vai com quem? - Perguntou Nanda.
- Eu vou com o pai. - Já disse a caçula.
- Eu também. - Respondeu a outra.
- Então, todo mundo vem comigo e depois a gente passa aqui para pegar o carro da sua mãe. - Finalizei.
Fomos todos ao supermercado e pessoalmente acho que aquelas lasanhas prontas não despertam o menor apetite. Compramos os ingredientes básicos e decidimos fazer uma em casa. Além disso, um vinho tinto suave e refrigerante, completavam o necessário. Voltamos e coloquei as meninas para montar o prato, sempre supervisionando. Nanda às vezes passava na cozinha e brincava com elas, às vezes só nos observava. Acho que ela estava curtindo, afinal são esses pequenos e simples momentos que fazem tudo valer a pena.
Prato pronto, forno aquecido, coloquei-o e me sentei para aguardar o preparo. Enquanto isso, Nanda mandou a caçula para o banho. Minha primogênita se encostou em mim por trás e disse:
- Eu não falei que você resolvia!?
Sorri para ela e ela sorriu de volta, saindo em direção a sala. “Danada!”, pensei. Bem, resolvido não estava, mas já estava encaminhado. Eu acreditava em nossa superação, mas ainda tinha que resolver o Bruno e os amigos dele.
Após o banho e um jantar divertido em família, as meninas foram assistir um pouco de TV e eu fiquei bebendo meu vinho na cozinha enquanto Nanda recolhia os pratos e talheres na lavadoura de louças. Estava distraído em meus pensamentos quando a ouço chamar:
- Está pensando em tudo o que aconteceu hoje, não é?
- Não tenho como não pensar. Foi tudo muito pesado.
- Se arrependeu da sua decisão? A gente ainda pode ser amigos depois do divórcio.
- Nanda, para com isso! Você não viu o que aconteceu aqui esta noite? O que aconteceu naquele dia foi horrível, sem dúvida, mas foi uma exceção em nossas vidas; o que importa realmente é isso aqui, eu, você, nossas filhas. Não acho justo a gente se punir ou se divorciar pelo erro daquele filho da puta.
Ela sorriu para mim e, sentada ao meu lado, inclinou sua cabeça para deitar em meu ombro e perguntou:
- Sou complicada, né?
- Nossa! Se é!... - Respondi, rindo.
Ela começou a rir também. Virei para beijá-la, mas quando me aproximei de sua boca, ela colocou seus dedos médio e indicador entre a gente e falou:
- Mark, para! Deixa os resultados dos exames ficarem prontos. Eu não quero correr o risco de te passar alguma doença.
- Nanda, para com isso! É bobeira da sua cabeça. Você não pegou nada.
- É só uns dias, por favor…
- A médica te falou alguma coisa? Você está me escondendo algo? Está doente? Fala comigo. Pode me contar.
- Não. Ela acha que eu não peguei nada, mas certeza mesmo só depois dos resultados chegarem. - Pegou minha taça de vinho e ia bebendo, mas desistiu: - Eu não sei se posso…
- Pode o quê? Tomar vinho? - Perguntei sem entender.
- Eu não te contei, mas ela me deu um tipo de coquetel de remédios depois que retornamos da clínica, para cortar eventuais infecções e iniciar um tratamento profilático. Vou ter que tomar um tanto de remédio por um bom tempo.
- Só até saírem os resultados… - Disse pegando a taça das mãos dela.
- Na verdade, vou ter que repetir vários dos exames por até seis meses. Então, acho que até lá a gente vai ter que dar uma “controlada”. - Disse claramente chateada.
Eu não sabia o que responder e acabei ficando calado. Depois de um tempo em silêncio ela me perguntou:
- Se eu tiver sido infectada… - Respirou fundo e continuou: - Você já pensou em nós? Como ficaríamos?
- Nanda… Uma coisa que aprendi na advocacia é que não devemos nos preocupar com os problemas até eles serem reais. Ficar pensando em tudo o que pode dar errado nos tira o foco sobre o que efetivamente está dando certo. Não acho que você deva ficar pensando nisso agora… - Ela estava agora de cabeça baixa, então tentei animá-la, mas errei na mão: - Além do mais, há tratamento para tudo hoje em dia.
- Até para AIDS? - Perguntou com os olhos cheios de lágrimas.
- Por favor, não faça isso com você! - Disse e a abracei: - Estou aqui e vou te ajudar.
- Você está certo. Não posso chorar. - Disse, enxugando uma lágrima: - Mas você me fez prometer pensar e ser honesta com você. Então, já estou te avisando que se eu tiver pegado AIDS, vou querer o divórcio. Você não merece uma mulher pela metade.
- Para! Esse assunto já deu. Não quero que você sofra por antecipação. Deixe os resultados ficarem prontos e decidiremos juntos qual o melhor caminho a seguir. Agora não é hora.
Ficamos ali mais um tempo em silêncio, apenas fazendo companhia um ao outro. Ela depois se levantou dizendo que iria colocar as meninas na cama e se recolher, porque estava cansada das emoções daquele dia. Eu disse que iria logo mais e fui para a sala. Como não é a minha área de atuação, fui pesquisar sobre as possíveis doenças que ela poderia contrair. De todas, somente a AIDS não tem cura; as demais tem tratamento, então não seriam problemas. “Não é possível que ela tenha pegado AIDS!”, pensei.
Relembrei então que ela havia me contado que o tal Bruno usou camisinha. Como bom marginal que é, se é que existe marginal bom, ele devia usar camisinha para evitar uma contaminação própria e para não deixar prova de seus crimes. Então, era um risco a menos. O problema, seria o sexo oral que ela fez. Passei a pesquisar sobre o tema e, apesar de o risco ser muito pequeno, havia risco de contaminação. Dependeria de o barbudo estar contaminado, dela ter alguma ferida na mucosa oral, do momento em si, ou seja, “n” fatores poderiam influenciar no contágio.
Aquilo me corroeu por dentro, porque o temor dela era justificável, mas não poderia deixar me abater. Agora eu teria que apoiá-la. Acabei dormindo no sofá e só fui acordado no dia seguinte pela minha caçula que se deitava no outro lado do sofá e ligava a TV. Me levantei e fui para cozinha fazer um café e logo Nanda chegou:
- Mark… Se você não quiser dormir comigo, não há problema. Eu fico aqui no sofá e você dorme na cama.
- Não. Não é nada disso. Eu só acho que bebi um pouco a mais ontem e acabei dormindo. Pode ficar tranquila.
- Mesmo?
- Sim. Pode ficar tranquila. - Insisti, enquanto lhe dava um beijo na bochecha.
Os dias transcorreram sem novidades, a não ser que ela voltou para a academia e mudou o corte do cabelo. Mudou para um corte acima do ombro e fez algumas mechas. Ficou diferente, mas muito bonito. Eu pessoalmente nunca gostei de mulheres com cabelos curtos, mas ficou bem nela. No terceiro ou quarto dia, eu já não me aguentava mais. Eu precisava dar “umazinha“ com a patroa. Me insinuei para ela o dia todo, esfregava nela quando tinha chance, a prensava na pia ou no tanque de lavar, roupas, fungava em seu cangote, tudo o que pude eu fiz, e eu sei que ela também estava a fim, porque sempre se arrepiava ao meu toque.
À noite, na cama, com a porta do quarto fechada, parti para uma abordagem mais direta. Passei a acariciá-la e beijar seu pescoço, mas ela não estava muito receptiva. Apesar de se arrepiar, não queria ceder. Passei a tocar seus seios, apertá-los, massageá-los, beliscar o mamilo, mas quando toquei sua boceta, ela deu um pulo e ficou de pé ao lado da cama:
- Mark, não! Vai lavar a mão, agora! - Disse, toda autoritária.
- Que que é isso, Nanda? Só encostei em você.
- Eu sei. Você não tem culpa de nada, mas enquanto os exames não ficarem prontos, eu não quero te colocar em risco.
- Eu uso camisinha. Para de bobeira.
- Não. Camisinha também pode rasgar. Eu não quero te passar nada.
- Pô, Nanda. Olha como você me deixa. - Disse apontando meu pau duríssimo: - Não tem perigo algum. Vem aqui e relaxa.
- Para, Mark! Ou eu vou dormir no quarto das meninas… - Enfatizou e vi que não estava brincando.
- Tá bem. Tá bem. Desencana então... - Disse enquanto vestia minha cueca e bermuda.
- Vai lavar a mão.
- Já vou. - Fui realmente e voltei em seguida.
O tesão continuava elevado e a tentação deitada bem ao meu lado. Não consegui me segurar e fui me chegando nela novamente. Ela deixou, afinal dormir de conchinha era algo normal. Me aconcheguei nela e aquele cheirinho de mulher começou a me deixar excitado novamente. Foi eu tocar em seus seios que ela já me repreende:
- Para, Mark! Por favor…
Deitei-me de costas e respirei fundo. Ali e agora eu não ia conseguir dormir. Me levantei e fui para a sala com meu celular. Liguei a TV para me fazer companhia. Comecei a navegar pela internet. Estava chateado também, não com ela, mas com toda a situação. Excitado e chateado. Pensei até em “bater uma” para me aliviar e a internet tem uns videozinhos legais pra isso. Nem tive tempo de nada e Nanda apareceu, se sentou no sofá e falou:
- Você está bravo comigo…
- Estou chateado com a situação, Nanda. Só isso. Sei que você não tem culpa. Fica tranquila. - Respondi sem nem olhar para ela, me mantendo fixo no celular.
Ela me olhou por um segundo, como que me analisando e perguntou se eu estava assistindo a TV. Nem respondi, apenas joguei o controle do seu lado. Ela passou a fazer uma busca nos canais disponíveis. Se levantou e foi para a região dos quartos, voltando em seguida. Voltou a navegar pelos canais e parou num canal de sexo explícito, silenciando o som do aparelho:
- Você tá de brincadeira, né!? - Falei, injuriado.
Ela não respondeu nada. Somente veio subindo pelas minhas pernas, acariciando-as com a ponta de suas unhas, e o simples contato dela comigo já fez meu pau endurecer na hora. Ela notou o volume e com um sorriso me disse:
- E seu eu te fazer gozar gostoso?
Eu nem respondi. Só coloquei meu celular de lado e fiquei olhando o que ela iria fazer. Ela chegou na altura de meu pau e passou a acariciá-lo por cima da roupa:
- Vou sujar as roupas se você não parar com isso. - A adverti.
- É mesmo! - Concordou, abaixando minha bermuda.
Voltou para cima e quando seu rosto estava de frente com meu pau, ela passou a correr a língua por toda sua extensão, ainda por cima da cueca. Eu me segurei no sofá:
- Nanda… - Gemi.
- Ah, a cueca. Desculpe. - Disse, também a retirando.
Voltou a correr sua língua em meu pau e a cada passada, recebia uma pulsada de volta. O pegou e começou uma punheta suave que me fez fechar os olhos e aproveitar. Mas logo depois parou e, ao abrir meus olhos, vi que ela estava tirando a parte de cima de seu baby doll. Quando me viu olhando para ela, fez uma cara de safada e mandou:
- Senta com as pernas para fora.
Fiz o que ela mandou e logo ela se ajoelhou na minha frente. Voltou a me punhetar e a lamber meu pau, mas evitava chupá-lo. Me puxou para fora do sofá de forma que meu pau ficasse bem rente ao limite do assento e o colocou no meio de seus seios, subindo e descendo, fazendo uma típica “espanhola”. Eu gemia sem parar e ela, excitada, não se aguentou e o enfiou todo em sua boca, até o fundo, mas ficou pouco tempo e voltou a espanhola. Só me restava agarrar no sofá, fungar e gemer. Ela me vendo ficar cada vez mais excitado, começou a alternar a espanhola com uma punheta rápida e chupadas fortes até que anunciei que iria gozar e ela disse:
- Goza no meu rosto e peitos. Goza tudo.
Não aguentei e despejei tudo o que estava acumulado. Ela levou os dois primeiros jatos no rosto, para depois colocá-lo na boca, somente para se divertir, porque fez questão de deixar escorrer pelos seus seios. Quando meu pau parou de pulsar ela ainda fez questão de colocá-lo na boca e sugar com o máximo de força que pode, parecendo querer me puxar para dentro dela. Depois ficou me punhetando com uma mão enquanto usava a outra para espalhar a porra pelos seus seios e direcionar a que havia no rosto para sua boca:
- Tá mais tranquilo? - Me perguntou sorrindo: - Olha quanto leitinho você despejou…
Eu só fiz um “joinha” para ela enquanto ainda tentava me recuperar. Ela foi até o banheiro se limpar, sorrindo, e eu dei uma ajeitada na sujeira que ficara no chão. Me vesti e logo ela voltava também vestida:
- E aí? Gostou? - Sorria ainda mais.
- Preciso responder?
- Não sei. Às vezes não foi bom para você… - Simulou estar chateada: - Mas e aí? Gostou ou não?
- Claro que sim! Com quem você aprendeu a fazer isso? - Perguntei rindo.
- Internet, meu caro. Internet. - Disse piscando para mim: - Já que o prato principal não pode ser servido, vou tentar variar o cardápio.
Sorri para ela e ficamos os dois ali, iguais bobos, sorrindo um para o outro. Voltamos felizes e satisfeitos para a cama e dormimos agarradinhos naquela noite. Por mais que tenha sido bom, eu não sei se somente aquilo seria suficiente para acalmar meus nervos na cama, mas era bom saber que ela estava buscando aprender coisas novas. Curti e fiquei imaginando o que ela aprontaria da próxima vez.