[...]
Aquelas palavras me atingiram em cheio e eu engoli em seco. Agora eu entendi exatamente o que se passava pela cabeça dele. Ele estava perdendo ou já havia perdido a confiança em mim. Aquilo me baqueou e ele notou, tanto que acariciou a minha mão e pediu licença para ir buscar as meninas, dizendo que elas precisavam passar protetor solar. Fiquei ali sem reação vendo ele se afastar e temi, de verdade, ter arruinado meu casamento. Me perdi olhando para uma lata de cerveja e Bia chegou antes deles. Me vendo praticamente paralisada, foi perguntado:
- Credo, Nanda! O que aconteceu? Brigaram novamente?
Só consegui balançar negativamente minha cabeça para ela, sem nem mesmo encará-la. Pouco depois, ela insistiu comigo:
- Nanda, fala comigo. Desembucha!
- Ele perdeu a confiança em mim, Bia. Meu casamento acabou!
Ela se surpreendeu com aquela minha conclusão e se sentou do meu lado. Só então consegui encará-la e estava a ponto de desmanchar em lágrimas:
- Para, Nanda! Não faz isso. Engole o choro. - Disse e já me pegou pela mão, praticamente me arrastando: - Vamos pro banheiro conversar com calma.
- Bia, ele já vai voltar com as meninas daqui a pouco. Tenho que passar protetor solar nelas. - Pedi, choramingando.
- Desse jeito? Você não vai mesmo. Ele se vira.
Me deixei levar e em poucos minutos entrávamos no banheiro e de lá no vestiário feminino. Nos sentamos num banco e contei para ela tudo o que tinha acabado de conversar com o Mark. Ela me olhava e tentava buscar palavras, mas também não as encontrava. Estava numa sinuca de bico e já não sabia mais o que fazer:
- A gente vai achar uma solução. - Disse Bia, com a mão em meu ombro: - Mas você não pode se deixar abalar agora. Tem que se mostrar forte, mãezona mesmo, e aproveitar o dia com suas filhas e seu marido.
- Que marido, Bia!? Você não escutou o que eu acabei de te contar?
- Escutei, Nanda. Claro que escutei. Só que você não pode se abalar agora. Caramba, menina. Pensa: ele te conheceu quando você estudava e trabalhava, era meio que independente, queria ser alguém na vida. Cadê aquela mulher forte, determinada e sonhadora? Foi ela que conquistou ele. Vai à luta!
- Tá. Eu vou tentar. - Falei, enxugando uma lágrima.
- Vai tentar nada. Vai fazer. Vou estar do seu lado e vou te ajudar, mas você também tem que colaborar, ok!?
- Tá bom, Bia. Vamos lá.
[...]
Eu até acho que exagerei na forma de falar com a Nanda, mas ela tinha que entender de uma vez que eu fiquei sem chão quando descobri sua mentira. Como eu poderia confiar nela depois de saber de tudo aquilo e ainda mais agora, porque aquela história de não saber se havia sido penetrada estava muito estranha. Quem me garante que ela não chegou a transar com ele e estava com medo de assumir!? Por mais que eu a amasse, já não sabia se conseguiria continuar num casamento sem confiança.
Cheguei à piscina infantil e a Bia parecia uma criança com minhas filhas. Até mesmo Maryeva, sempre mais comedida e séria, brincava como há muito eu não via. Assim que me viram, minhas filhas vieram correndo me puxar para a farra e me deixei levar. Bia, por sua vez, saiu, dizendo que iria até a Nanda tomar uma cervejinha para hidratar. Brinquei um pouco com elas e disse que também deveríamos voltar para que elas passassem o protetor solar, combinando de voltarmos depois para brincar nos “escorregas” infantis.
Quando estávamos voltando, vi a Bia passando ligeira agarrada a Nanda a caminho do banheiro feminino. Não entendi a princípio, mas depois imaginei ser resultado de nossa conversa há pouco. Chegamos até nossa mesa e comecei a besuntar as meninas com o protetor solar. Para variar, Mirian conseguiu fazer a maior farra até nessa hora, se maquiando como uma palhaça com o próprio protetor. Depois de protegidas, me convidaram para voltarmos à piscina infantil, mas pedi que esperassem o retorno da mãe para não deixarmos nossas coisas desprotegidas. Pediram então para brincar na borda da piscina praiana e, por ser perto, concordei. Peguei uma lata de cerveja que estava esquentando em cima da mesma e passei a beber tranquilamente:
- Não é sempre que se vê isso… - Alguém falou, chamando minha atenção.
Olho para o lado e uma mulata já se avizinhava numa mesa ao lado da nossa e agora me encarava através de seus óculos escuros. Aliás, que mulata: alta, simpática, seios de pequenos para médios e uma bela bunda. Seu sorriso me cativou de cara, ao ponto de fazer com que me perdesse ante sua presença:
- Ah, oi! Desculpe, eu não entendi. - Falei.
- “Isso!” Um homem cuidando sozinho de duas meninas sem vergonha alguma. - Se sentou de frente para mim: - Vocês são naturalmente meio imaturos, bobos mesmo.
- Generalizar traz sempre um risco de errar feio.
- Sem dúvida! Mas gostei mesmo de ver seu carinho com elas. Agora só falta você dizer que está divorciado para ficar perfeito. - Disse com um sorrisão, mas ela própria se corrigiu na sequência: - Uma aliança. Vejo que dancei.
Eu sorri para ela, confirmando o óbvio e levantei minha mão esquerda:
- Prazer, sou Fernanda. - Me estendeu sua mão.
- Prazer, Fernanda. Sou o Mark. - Comecei a rir com a coincidência.
- O que foi? - Me encarou, estranhando minha reação.
- Nada, não! É que minha esposa também se chama Fernanda.
- Tadinho de você, então! Ela deve te dar uma canseira, né!? - Me olhou por sobre os óculos: - Em todos os sentidos, quero dizer…
Ri de seu comentário, mas preferi não responder o óbvio. Ofereci uma lata de cerveja que ela aceitou e ficamos papeando amenidades. Ela me contou que morava em São Paulo e estava de férias na região com dois irmãos adolescentes, que estavam jogando futebol em um dos campos do parque. Ela era bem falante e descontraída. Imaginei que, com sua abordagem, ou ela era liberal ou uma safada de marca maior. Preferi não me aprofundar porque tudo o que eu não precisava era de mais um problema em minha vida. Me distrai com ela e, logo, Nanda e Bia chegaram em nossa mesa:
- Ah, Fernanda, está é a Nanda e a Bia. Meninas, esta é a Fernanda. - As apresentei.
- As duas são suas esposas!? Danadinho, hein? Um trisal eu não esperava… - Disse e riu.
Acabei rindo junto, enquanto Nanda e Bia me encaravam com um sorriso amarelo, sem entender quase nada. Obviamente, desfiz o mal entendido:
- Não, Fernanda. Nada a ver. Minha esposa é a Nanda. A Bia é só uma amiga.
Nanda me encarou surpresa com a afirmativa de ser “minha esposa” e Bia a cutucou sutilmente com o cotovelo, mas eu vi e também o seu sorrisinho sarcástico para ela como quem diz “Tá vendo!?”. Elas se sentaram e começaram a papear com a Fernanda. Logo, lhes pedi licença e disse que tinha uma promessa a cumprir com minhas filhas. Saí da mesa e, logo com minhas filhas a tiracolo, fomos para a piscina infantil farrear um bocado.
[...]
- Amiga, desculpe a liberdade, mas achei lindo seu marido cuidando das filhas. Difícil de achar homem assim, viu!? - Fernanda falou para a gente.
- Pois é… - Respondi sem muito o que falar.
- Estão brigados, não é? - Ela insistiu.
- Meio que isso…
- Relaxa, menina. Homem quando não quer mais, sai de casa. O bicho é arruaceiro por criação.
- É! - Respondi, abaixando a cabeça: - Pois é…
- Porra, meu! Ele saiu, não saiu?
Só balancei positivamente a cabeça e ela se tocou que a situação era mais séria que o que aparentava. Por não ter muita intimidade com ela, também não quis me alongar no assunto ou entrar em maiores detalhes. Ela, entretanto, parecia interessada na história e continuou:
- Tem alguma coisa que eu possa fazer para ajudar? - Perguntou, cruzando suas pernas e vi que usava uma tornozeleira de pimentinha na perna direita.
- Olha, Fernanda… - A encarei, em dúvida: - Me desculpe, mas eu não quero falar sobre isso. É algo muito íntimo e eu ainda não sei bem como resolver…
- Entendo… Está tudo bem. Só vou te dar um conselho de amiga: se você quer reconquistá-lo, use o que você tinha quando o conquistou. - Falou Fernanda enquanto acomodava alguns objetos numa bolsa, se levantando em seguida para exibir um corpão de parar o trânsito: - Ele gosta de você. Dá pra ver no olhar.
- Eu queria ter essa certeza…
- Pois tenha! - Frisou: - E digo mais: se você é a mãe das filhas dele, ocupe o seu lugar! Não deixe espaço para outra se aproximar.
Disse e nos deu um beijinho na face de cada uma de nós, se despedindo e se foi. Eu olhei para Bia que me retornou o olhar, mas sem nada comentar. “Errada ela não está!”, pensei. Ficamos em silêncio por um momento e me levantei:
- Onde você vai, Nanda? - Me perguntou Bia.
- Volto logo, Bia. - Disse e saí em direção à piscina infantil, pois mesmo que não fosse a mulher perfeita para o Mark, ainda era a melhor mãe para minhas filhas e isso ele não poderia negar.
[...]
Estávamos os três brincando já há um tempo na piscina infantil, descendo os toboáguas infantis quando Nanda chegou e se sentou na borda da piscina, nos encarando com um sorriso no rosto. Não entendi o porquê do sorriso, mas não tinha porque me incomodar. Passado um tempinho, ela entrou na piscina e veio em nossa direção, pegando a caçula pelas mãos e indo em direção ao toboágua. Logo, desciam a toda em direção a piscina. Nanda sendo Nanda conseguiu a proeza de perder a parte superior de seu biquíni, me obrigando a subir no topo para descer o toboágua para encontrá-lo enquanto me esperava cobrindo seus seios com as mãos, naturalmente chamando a atenção de todos. Cheguei com o biquíni nas mãos e as meninas tiravam sarro dela. Não tive como evitar e também caí na gargalhada, enquanto ajudava ela a se vestir novamente. Aliás, nem ela própria se aguentou e riu à beça.
Vestida, se voltou para mim com aquele sorriso que sabe me cativar e quase bambeei quando nossos olhares se cruzaram. Ela deve ter notado, pois senti que quis se aproximar um pouco mais de mim, mas eu recuei a tempo. Se descontraiu e ficamos curtindo as meninas, juntos. Depois de um bom tempo e com o sol a pino, decidimos sair para comer alguma coisa. Voltamos até nossa mesa e Bia secava ao sol igual café no terreiro, mas, atenta, nos viu chegando juntos e sorriu. A convidamos para ir até o bar-restaurante comer alguma coisa e ela topou na hora.
Lá chegando, a turba de homens em volta da mesa de bilhar parou de repente e olhou em nossa direção, disfarçando em seguida por eu tê-los encarado. Sentamos em uma mesa e fui pegar um cardápio no balcão do bar para decidirmos o prato. Decidido o prato e as bebidas, voltei até o balcão do bar para encomendá-la e me distraí com o jogo de bilhar, sendo cumprimentado com um meneio de cabeça por um dos jogadores, que eu correspondi. Comemos, nos divertimos e, enquanto isso, a turba se diluía em algumas mesas próximas, ficando apenas dois carinhas na mesa, mas que também se retiraram logo após. Minhas filhas foram até lá e começaram a se divertir com os tacos e bolinhas, e Nanda as seguiu:
- Bom ver vocês juntos assim novamente, Mark. - Bia interrompeu meus pensamentos.
- Não adianta vir com indiretas para cima de mim, Bia. Eu tenho consciência de que não estamos em nosso melhor momento, mas…
- Mas o quê, homem!? - Me interrompeu: - Olha tuas filhas, olha tua mulher, como estão felizes. Isso não vale a pena?
- Claro que sim! Mas mentira é algo que eu nunca pensei que teria que enfrentar.
- Mark, foi uma mentirinha de nada. Uma bobeira dela. - Insistiu: - E já faz tanto tempo…
- Não interessa o tamanho da mentira, mas a mentira em si. Ela não confiou em mim e mentiu. - Respondi: - Talvez se ela tivesse me contado depois, tivesse doído, mas eu teria condição de perdoar porque a verdade teria partido dela; o problema foi eu ter sabido por um terceiro. Isso foi imperdoável.
- Ô Mark! Que é isso, cara? Imperdoável é muito forte.
- Forte foi eu saber que um simples beijo na verdade foi um triplo, com um boquete e até penetração, e sem camisinha! - Agora frisei: - Por sorte, ela não pegou uma doença e passou para mim. Já pensou nisso?
- Já! Graças a Deus que nada disso aconteceu.
- Mas podia ter acontecido.
- Podia.
Olhei para as três e elas davam altas risadas com suas jogadas fracassadas. Eu continuei:
- Agora, fala para mim: como eu posso confiar cem por cento nela novamente? Agora sempre vai ficar aquela duvidazinha se ela me contou tudo ou se escondeu alguma coisa por um motivo ou outro… - Falei.
- Credo, Mark! Ela não é uma dissimulada. Você sabe disso.
- Dissimulada, talvez não; mas quem mente uma vez, pode mentir duas, ou já ter mentido, Bia. Quem me garante que ela pode não estar escondendo alguma coisa ainda.
Bia se calou porque entendeu que não conseguiria me convencer naquele momento e talvez eu mesmo ainda não estivesse pronto para ser convencido. Apesar delas estarem se divertindo, me cansei de vê-las tentando encaçapar as bolinhas e me juntei à mesa. Comecei a lhes dar algumas lições básicas, me posicionando atrás delas e segurando nas mãos das meninas para posicionar o taco. Surtiu efeito e começaram a acertar as caçapas. Nanda me encarou:
- Só vai ensinar elas? - Me encarou com aquele olhar de sedução.
Sem nem mesmo responder, mas entendendo a insinuação, me posicionei atrás dela e fiz o mesmo procedimento que ajudou as meninas. Ela errou, ou errava por querer continuar naquela posição:
- Você está errando por querer. - Falei para ela.
- Será!?
- Nanda, qual é?
- Maryeva, Mirian, sorvete!? - Gritou Bia, mostrando uma imensa Banana Split sobre a mesa, fazendo com que minhas filhas esquecessem o jogo imediatamente.
- Bem… Hora do sorvete. - Disse já colocando o taco sobre a mesa.
- Joga comigo. - Nanda me pediu, segurando minha mão.
- Você não acertou uma até agora…
- Então, você não corre o risco de perder.
- Então, tá… - Disse e já fui posicionar as quatorze bolas numa das pontas da mesa: - Pode começar.
- Se eu ganhar, quero um beijo na boca. - Ela me desafiou, vindo para meu lado: - E nada de selinho!
- Nanda! Qual é!? - Protestei, me levantando para encará-la.
- Credo, Mor. Sou eu, sua mulher. Não se fecha pra mim…
Pensei em desistir, porque eu, por mais que quisesse estar de bem com ela, não queria que soasse de uma forma artificial. Independentemente disso, para não criar uma situação mais constrangedora, acabei aceitando a aposta, porque eu dificilmente perderia para ela. Aliás, seria mais fácil perder para minha caçula que para ela:
- E se eu ganhar? - Perguntei.
- Pede o que quiser. - Me encarou novamente e complementou, com uma piscadinha: - O que você quiser!
- Pois bem. Vamos jogar, então. Pode começar. - Posicionei o bolão branco na outra extremidade e ela se posicionou para a tacada inicial.
Rolou o bolão com vontade e, com uma sorte inacreditável, três bolas ímpares caíram de uma vez. Eu a encarei e ela me encarou de volta com um sorriso no rosto. Se posicionou novamente e errou a próxima tacada, mas conseguiu posicionar muito bem a bola cinco na boca da caçapa. Dei minha primeira tacada e derrubei a bola oito. Na segunda, posicionei a quatro na caçapa. Ela continuou e derrubou o bola cinco que havia posicionado e, no ricochete do bolão, tocou na bola três e a derrubou também. Eu olhei aquilo inconformado e ela riu alto da minha cara:
- Ah, qual é! Vá ter sorte assim lá longe. - Falei enquanto ela se acabava de rir apoiada na mesa.
Ela deu uma nova tacada, vergonhosamente errada na bola um, mas acabou tirando a minha bola quatro da caçapa e me lançou um olhar zombeteiro. Voltei a jogar e encaçapei duas em sequência e voltei a colocar a bola quatro perto da caçapa. Ela só tinha mais duas e conseguiu posicionar uma delas perto da caçapa em que a minha estava. O jogo rolou mais umas rodadas sem nada de importante acontecesse até que eu, num ricochete do bolão, acabei derrubando sua bola. Na jogada seguinte ela aproximou a sua da caçapa e, na sua próxima vez, ela acabou a derrubando. Já me encarou e veio quente em minha direção para cobrar seu prêmio. Quando fechou seus olhos e aproximou sua boca da minha, levantei a bola quinze e ela a beijou, abrindo os olhos surpresa, assustada mesmo:
- Que é isso!? - Perguntou.
- A última bola. A partida ainda não acabou. - Respondi, também rindo.
Ela me olhou inconformada enquanto eu posicionava a última bola e lhe dava o direito de acertá-la. Brava, nem a bolinha acertou. Eu ainda tinha três bolas e poucas chances de ganhar, mas continuei jogando. Encaçapei duas bolas em uma única jogada. Eu ainda tinha as bolas sete e quinze. Ela, não sei se querendo ou não, posicionou a bola quinze na boca da caçapa, à frente da minha bola sete. Bati forte na bola sete e ela voltou, mas o bolão ficou estrategicamente posicionado para a vitória dela que não perdeu a chance e ganhou a partida. Eu olhava para a mesa, inconformado:
- Melhor de três? - Propus.
- Nada disso. Quero meu prêmio agora e depois a gente até pode jogar mais…
- Nanda. A gente não está voltando, você sabe, não é? Será que não vamos confundir a cabeça das meninas? - Disse enquanto ela já se posicionava à minha frente.
Ela as olhou por um momento e, apesar de estar distraídas com o sorvetão, entendeu meu ponto de vista:
- Garanto que elas iriam adorar… - Disse me encarando: - Mas tá bom. Fica me devendo.
Voltamos para a mesa e elas estavam quase terminando o sorvete. Bia, a babá da vez, as convidou para conhecerem o parquinho infantil do lado oposto do bar e eu fui para o banheiro do outro lado da piscina. Quando saí do banheiro e voltava em direção ao bar, vi que Nanda já se encontrava sentada na borda da piscina, sozinha, pensativa e balançando os pezinhos na água. Ao ver que me aproximava, ela me convidou para sentar ao seu lado e aceitei:
- Porque é tão difícil me perdoar? - Perguntou.
- Não sei.
- Sabe sim! Só não quer me falar… Eu te conheço o suficiente para saber que você não faz nada sem um motivo.
- Se eu falar, só vou repetir o que já te disse antes…
- Só promete que não vai se fechar pra mim? Deixa, pelo menos, eu tentar te reconquistar…
- Se eu tivesse fechado para você, nem teria te convidado para virmos aqui hoje. - Falei enquanto entrava na piscina.
- Posso ir com você? - Nanda me pediu, quase implorando contato.
Nem respondi. A peguei pela cintura e a trouxe para junto de mim, colando seu corpo junto do meu. Sem que ela me pedisse, a prendi na borda da piscina e lhe paguei o beijo ganho, com vontade, força e intensidade. Quase esqueci que estávamos separados e meu pau mais ainda, porque, ousado, quis subir rápido, fazendo com ela me encarasse e sorrisse feliz. Ficamos abraçados ali um tempo e aquele contato realmente nos fazia muito bem. Depois a peguei pela mão e fomos andando pela piscina até uma espécie de chafariz que ficava no meio dela.
Ela me olhava como querendo outro beijo, mas não ousava se aproximar, afinal a aposta já havia sido paga. Eu a puxei novamente para mim e a beijei com vontade, firmeza e paixão. Ficamos nos curtindo ali por um tempo e, após nos separarmos, ela me perguntou:
- Por que isso agora?
- Agora eu tive vontade. - Pisquei e, na sequência, brinquei: - Fica como pagamento para a próxima partida que eu perder…
Ela sorriu, enlaçou meu pescoço com seus braços e falou no meu ouvido:
- Ah, Mark, me perdoa. Volta pra mim, pra gente…
- Vamos dar tempo ao tempo, Nanda. - Dei-lhe um beijo no rosto: - Pelo menos, a gente anda combina…
- Não quero só combinar. Quero te amar do jeito que você merece.
- Aposto que você também tá querendo usar o meu corpinho. Eu te conheço... - Falei e ri.
- Uai!? Isso também tá incluído no pacote. - Ela rebateu, rindo junto.
Nos beijamos novamente e, pouco depois, vi Bia voltando com as meninas para a mesa. Nossas pequenas não chegaram a nos notar no meio da piscina, mas Bia nos viu abraçados e sorriu, saltitante. Ela era a mais infantil das três. Convidei Nanda e voltamos à mesa, de mãos dadas, inclusive. Brincamos o restante do dia, nos divertimos muito e acabamos ficando até parte da noite, pois haveria uma espécie de luau perto do parque infantil, numa área gramada. Comemos e bebemos mais um tanto. Voltamos altas horas da noite com a Nanda dirigindo porque eu havia bebido um bom tanto. Ao chegar na casa dela e, pelo horário, sugeri que Bia pernoitasse e fosse embora na manhã seguinte:
- Fica também, pai… - Falou Mirian.
- Não há necessidade, Morzico. Moro aqui pertinho. - Respondi.
- A gente tem espaço de sobra, Mor. - Nanda insistiu.
- Fica, pai! Para de frescura. Você fica no meu quarto, se quiser… - Maryeva insistiu.
Acabei aceitando, mas para dormir na sala. Não achei justo tirá-la do quarto. Pedi para tomar uma ducha e Nanda me levou até nossa antiga suíte. Como ainda tinha alguma roupa minha em casa, foi fácil. As meninas tomaram uma ducha rápido e me pediram para colocá-las para dormir, o que fiz com muito prazer. Bia se recolheu logo após, não sem antes soltar um “Juízo crianças!” para mim e Nanda. Fui então para o sofá da sala e me deitei tranquilamente. Pouco depois, Nanda surgiu vestindo uma camisola de cetim vermelha:
- Deita na cama comigo. Tem espaço de sobra, você sabe… - Me propôs.
- Melhor eu ficar aqui mesmo, Nanda.
- Para, Mark! A cama é grande. A gente dorme “de amigos”, bunda com bunda. - Insistiu, já me pegando pela mão.
Acabei cedendo. Nos deitamos e ela realmente cumpriu sua promessa, me desejando boa noite e se virando para o lado oposto da cama. “Melhor assim!”, pensei e dormi pouco depois. Acordei de madrugada com ela se aninhando em meu peito, mas como ronronava alto, imaginei que fosse um ato inconsciente e voltei a dormir.
Por volta das seis da manhã, acordei com um balançar da cama e vi que a Nanda estava em cima de mim, sentada sobre meu pau, me olhando como que em dúvida se poderia continuar ou não, enquanto amontoava a barra da camisola com a mão. A maldita carne é fraca e, quando me vi, já estava com as mãos sobre suas coxas, como que hipnotizado por aquela mulher. Ela tirou a camisola num movimento e se exibiu nua para mim. Meu estado hipnótico só aumentava e meu pau já dava mostras de que não adiantaria eu falar algo contra aquele momento. Ela se deitou sobre mim e, ainda em dúvida, falou próximo de meu ouvido:
- Só não me rejeita, por favor…
Me arrepiei na hora com aquela voz e fiz o que deveria ser feito. Nos rolei para o lado e saí de cima dela, me sentando na cama para admirá-la. Ela me olhou decepcionada ou triste, certamente imaginando que eu fosse rejeitá-la, mas desfiz esses sentimentos ruins ao retirar minha camisa, bermuda e cueca rapidamente. Ela deu um lindo sorriso e ficou ainda mais feliz quando me deitei sobre ela, beijando sua boca com vontade. Por mais que eu ainda estivesse decepcionado com ela, eu ainda a amava e nossos corpos careciam um do outro.
Mais que sexo, eu queria curtir aquele momento. Estávamos afastados há algum tempo e, já que havíamos chegado ali, eu queria aproveitar cada momento. A beijei como há muito não fazia e ela correspondeu com muito mais vontade que o esperado. Beijei seu pescoço, senti seu cheiro e quando dei sinal de que iria me abaixar para lhe dar um merecido sexo oral, porque também sentia falta daquele cheirinho especial, ela me segurou:
- Não! Não faz. Eu quero você comigo, olho no olho. Faz amor comigo, não sexo. - Me pediu, aliás, seus olhos suplicavam.
Sorri e concordei, balançando a cabeça. Passei a esfregar meu pau em seu clítoris e ela começou a gemer baixinho. Quando encostei a cabeça na entrada daquela grutinha, sua umidade praticamente me fez escorregá-lo para dentro e ela me recebeu com um gemido rouco e feliz. Nossos corpos se movimentavam sozinhos, mas mais que isso, nós queríamos estar ali, juntos e nos beijávamos muito, apaixonadamente. Perdi a noção do tempo em que ficamos ali, mas quando eu a informei que não aguentaria muito mais, ela me pediu para ir por cima e eu concordei. Mudamos de posição e ela na primeira rebolada gozou, tremendo no meu colo:
- Desculpa. Não aguentei… - Falou, suspirando fundo: - Vou fazer um boquetinho do jeito que sei que você adora.
Quando ela tentou se levantar, foi minha vez de segurá-la:
- Não! Olho no olho. - Falei.
Ela sorriu e eu levantei um pouco sua bunda de minha cintura, mas só o suficiente para eu ter espaço para bombá-la, de cima para baixo, e foi o que fiz. Ela gemia e, como era cada vez mais alto, decidiu afogar seus gemidos em novos beijos. Eu também já estava no limite e pouco depois, gozei deliciosamente dentro dela. Após os espasmos e de controlarmos nossa respiração, ela se deixou escorregar e ficou deitada sobre mim:
- Ai, que delícia! - Me falou: - Eu estava com uma saudade de você…
- Foi muito, muito bom mesmo.
- Vamos buscar suas coisas agora ou depois?
- Que coisas?
- Roupas, tudo, Mor…
- Nanda, eu não falei que ia voltar.
Ela deu um pulo e se sentou ao meu lado, me encarando nada satisfeita com aquela revelação:
- Como é que é? Eu pensei que você tivesse me perdoado e que a gente fosse voltar a ser uma família, Mor… - Insistiu: - A gente acabou de fazer amor e, de uma forma como não fazíamos desde… Sei lá… Nossa Lua de Mel!?
- Eu sei. Realmente foi muito bom. Também adorei. - Falei enquanto me sentava na cama também: - Só que nunca te falei que ia voltar. Se dei a entender isso, eu te peço desculpas, mas não te prometi nada.
- Mark, sai daqui. Sai da minha cama. Por favor…
- Nanda…
- Só sai! Por favor… - Me interrompeu, enquanto se encolhia na cabeceira.
Procurei não insistir e me vesti, saindo do quarto. Ela fez questão de não me encarar. Todas as demais ainda dormiam e saí da casa sem maior demora. Fui até minha kitnet, tomei um café forte, me vesti e fui para meu escritório. Cheguei antes de todos e meti a cara no trabalho. Quase na hora do almoço, recebo uma ligação da Denise:
- Alô. Mark? - Me chamou com aquela voz inesquecível.
- Oi, Denise. Tudo bem contigo? - Falei.
- Vou bem, só com saudades e você?
- Estou bem.
- Está mesmo? - Ela insistiu.
- Estou sim. Por que?
- Sua voz está estranha… - De repente, a ligação caiu.
Voltei a trabalhar enquanto aguardava nova chamada dela e minha secretária me interfonou, dizendo que uma cliente gostaria de saber se eu poderia atendê-la. Concordei e logo a vejo abrindo a porta de minha sala e Denise entrando por ela. Me surpreendi e fui recebê-la, fechando a porta atrás dela:
- O que você está fazendo aqui, Denise? - Perguntei na hora.
- Credo! Pensei que fosse ficar feliz em me reencontrar. Pelo jeito não ficou… - Disse, sorrindo ironicamente.
- Não! Claro que estou feliz... - E frisei: - E surpreso também.
- Na verdade, vim aqui hoje para te fazer uma proposta. Me escuta antes de negar.
- Proposta?
- É. Meu pai tem planos de expansão para o escritório dele e um dos primeiros passos é abrir escritórios regionais. Aqui em MG não temos ninguém ainda, então pensei imediatamente em você e depois da forma ética como você me tratou no processo do divórcio, me pareceu uma escolha sensata apresentar seu nome.
- Denise, até parece ser uma proposta tentadora, mas eu não sei se conseguiria conciliar as responsabilidades por ambos os escritórios.
- Conheça primeiro os planos do meu pai. Ouça o que ele tem a te propor e depois você decide com todos os dados em mãos.
- Posso até fazer isso, mas não estou te prometendo nada.
- Posso fazer uma chamada de vídeo para ele, então?
- Agora!?
- Sim. Ele tem uma certa urgência em resolver essa questão.
Ainda que meio relutante pela imprevisão daquela proposta, resolvi aceitar e ativei um sistema de espelhamento de seu celular em meu computador. Ela se sentou ao meu lado e logo o pai dela surgia na chamada. Chamou minha atenção seu escritório, com um móvel de madeira muito bonito ao fundo, cheio de livros, bem como sua presença em tela, vestido formalmente e utilizando uma linguagem correta e trabalhada, denotando toda uma experiência de vida no trato com clientes e contrapartes.
Passamos a conversar e ele foi bastante objetivo, indo direto ao ponto: precisava de alguém para gerenciar o núcleo mineiro de seu escritório, em um sistema de associação do advogado com o escritório e que, após Denise ter lhe falado da forma como conduzi imparcialmente seu processo de divórcio, ele se interessou por me conhecer. Além disso e sem que eu esperasse, me apresentou também a possibilidade de assumir a coordenação da área trabalhista de seu escritório, em um nível nacional, pois o responsável pela área estava se desligando para criar o seu próprio. O único problema foi a condição que ele me impôs para qualquer das possibilidades: eu teria que concordar que meu escritório fosse absorvido pelo dele, ou seja, eu teria que passar toda a minha cartela de clientes e processos para ele, tornando-me mais que um mero associado, mas ainda assim um associado sem muitas garantias.
Denise ouvia tudo ao meu lado e pouco participou da conversa. Apenas nos observava atentamente. Depois de explicado seu plano, as propostas e condições, passou a conversar amenidades para tentar desviar o foco principal, uma tática de resfriamento, de mudança de foco que eu próprio utilizava por vezes. Disse que pensaria em suas propostas e lhe pedi até o final de semana para respondê-las, com o que concordou. Nos despedimos e desligamos. Nessa hora encarei Denise e ela estava praticamente com o rosto colado ao meu:
- E aí? Vamos trabalhar juntos? - Me perguntou animada.
- Não sei, Denise. Tenho que pensar a respeito, mas a princípio, acho tudo muito difícil.
- Não tenho intenção de me desfazer de meu escritório ou minha clientela para me tornar associado ao escritório de seu pai. Trocar a minha certeza por uma incerteza seria bastante imprudente de minha parte. Se ele ainda tivesse me oferecido alguma forma de sociedade, eu poderia cogitar; mas uma simples associação sem garantias é algo que não me agrada.
- Mark, é claro que você não seria um simples associado. Eu vou trabalhar no escritório também e te garanto que não há a menor chance de você ser desligado ou prejudicado de qualquer forma.
- Denise, o escritório é de seu pai, não seu. Será seu no futuro, mas não hoje. Você, por mais bem intencionada que esteja, não pode me dar garantia alguma. - Frisei: - Não duvido de você, mas não posso correr riscos porque é daqui que tiro o sustento de minhas filhas.
- Poxa, Mark…
- Relaxa! Eu ainda não disse não. Ele me deu até o final de semana para dar uma resposta. Então vou pensar e você será a primeira a saber. Te prometo isso.
Só aí me atentei para o horário e a convidei para almoçarmos juntos. Ela topou na hora e quando estávamos saindo, dou de cara com a Nanda sentada na sala de espera, me aguardando. Ela parecia bem disposta e feliz, mas quando viu a Denise saindo logo atrás de mim, se entristeceu imediatamente, mas manteve a pose. Aliás, ela se levantou firme e decidida e veio cumprimentá-la amistosamente:
- Mor, vim te convidar para almoçarmos fora hoje. Que tal? - Nanda me falou.
- Coincidentemente, eu acabei de convidar a Denise para almoçar, Nanda. - Respondi, já emendando uma pergunta mais que óbvia: - Mas, e as meninas?
- As meninas estão com a mamãe. - Nanda insistiu: - E quanto a você tê-la convidado, qual o problema? Ele vem com a gente.
- Que tal, Denise?
- Claro! Vamos sim.
Saímos os três e Nanda gentilmente mostrou que o lugar de Denise era no banco de trás do carro, inclusive, abriu a porta para ela. Eu só observava tudo e entendi sua intenção em mostrar quem era a “alfa” entre as duas quando nossos olhares se cruzaram e ela deu uma franzida na testa para mim. Dentro do carro, perguntei:
- Muito bem, dona Nanda, para onde, então?
- Está tendo feijoada completa naquele restaurante na beira da rodovia que você gosta.
- Hummm. Feijoada completa. Boa. Topa, Denise?
- Não sou muito fã de feijoada, Mark. - Falou, mas já se corrigiu na sequência para não ser descortês: - Mas fiquem à vontade, por favor. Eu como de tudo.
Não pude deixar de notar um sorrisinho de satisfação no rosto da Nanda ao ver que a loira não era tão “dada” assim, mas resolvi insistir com ela que me confirmou que estava muito afim de comer uma boa feijoada com joelho de porco, orelha, rabinho, toucinho e tudo mais que tinha direito. Pelo retrovisor vi que Denise até franziu a testa, reprovando a descrição do prato, mas resolvi aceitar a sugestão porque eu também curtia uma boa feijoada.
Em minutos chegamos ao restaurante que não passava de um antigo curral que fora transformado em um barracão e depois em restaurante. Denise achou tudo muito original e exótico, só não havia entendido o porquê das fotos de bois e vacas enfeitando as paredes até Nanda lhe explicar que ali fora um curral, quando vi que ela torceu o nariz novamente. Depois que ela deu uma volta pelo ambiente e viu que tudo estava muito bem organizado e limpo, relaxou, e mais ainda depois que viu um grande “banho maria” onde havia vários pratos regionais, pois sorriu satisfeita para a gente. Nos sentamos numa mesa, Nanda ao meu lado e ela de frente para a gente. Denise se levantou e foi se servir primeiro:
- Você fez isso de propósito, não fez!? - Perguntei, sorrindo: - Quis constranger a patricinha, né!?
- Eeeeeeu!? Imagina? Só estava afim de comer uma boa feijoada. - Respondeu e começou a rir: - Você viu a cara dela?
Ficamos rindo um pouco e logo ela ficou séria, me encarou e, colocando sua mão sobre a minha, me perguntou:
- Eu sei que não tenho direito de te cobrar nada, mas você está tendo um caso com a Denise?
- Claro que não, Nanda. De onde você tirou isso?
- Ela mora em São Paulo, mas tá aqui, Mark. Quer que eu pense o quê?
- Não temos nada mesmo. Ela veio me trazer uma proposta de trabalho do pai dela. - Disse e lhe resumi toda a conversa que tive com ela e com o pai dela.
Nanda me olhou preocupada e acredito que tenha imaginado um risco sério de eu aceitar a proposta e até acabar me mudando de cidade, porque ficou branca e muda por um tempo. Nem tive tempo de pensar em socorrê-la e ela mesma reagiu, voltando a ficar corada e falando em seguida:
- Por favor, Mor, me dá uma chance de te reconquistar. Ela quer você, eu sei e você também sabe, mas eu não quero te perder.
Não tive tempo de responder e Denise chegou em nossa mesa com um baita prato e um torresmo na boca, quebrando toda aquela imagem de patricinha delicada e filhinha de papai que tínhamos dela. Nanda a olhou surpresa e, confesso, eu também. Acho que Denise se tocou e, tirando o torresmo da boca, perguntou:
- Que foi?
Acabei rindo dela e Nanda também não se aguentou, rindo uma risada nervosa, e logo depois pediu desculpas, licença e foi fazer o seu prato. Acabei explicando que não imaginava que ela, uma moça educada da cidade grande, curtisse comer um pratão daqueles, ainda mais degustando um torresmão caipira:
- Só não bebo pinga, porque não tem. - Ela retrucou com uma piscadinha e um sorriso.
- Quem disse? - Falei já levantando minha mão e pedindo duas doses da “mardita” para um garçom: - Cê tá em Minas, Denise.
Nanda voltou à mesa juntamente com o garçom e se surpreendeu quando Denise deu uma talagada seca na “mardita”, sem nem fazer cara feia. Eu devo ter ficado boquiaberto com aquilo, pois a Nanda me cutucou ao se sentar. Sorrindo, me levantei para me servir e, ainda sorrindo, voltei com um prato de feijoada, arroz e acompanhamento. Nanda, séria, ora me encarava, ora encarava Denise. Ficamos conversando e foi impossível não relembrarmos o evento do final de semana em que ficamos juntos:
- E o Marcos, Denise, já se encontraram depois daquilo? - Nanda perguntou.
- Você acredita que ele me procurou, Nanda. Veio com um papinho de que aprendeu a lição, que estava muito arrependido por todo o sofrimento que me causou e que achava que nós devíamos nos dar uma chance novamente. - Ela falou e riu: - Deve me achar com cara de idiota…
- Aposto que deve ter nos xingado pra valer, não? - Perguntei.
- Xingar até que não, mas disse que não merecia ter passado por aquilo. Bem, resumindo, tentou se fazer de vítima da situação.
- Era só o que faltava! - Nanda falou inconformada: - Eu acho até que fizemos pouco…
Ficamos papeando mais um pouco e Nanda me lembrou que precisávamos levar as meninas para a escola, com o que concordei. Já havíamos terminado de almoçar e levei Denise de volta ao meu escritório, pois seu carro estava estacionado perto e nos despedimos dela. Fomos até a casa de minha sogra, ou ex, e Nanda estava calada. Pegamos as meninas e, em casa, elas foram se aprontar. Enquanto isso, me servi de um café na ilha da cozinha e Nanda continuava calada, me encarando. Sem qualquer aviso, ela pegou seu celular e discou para alguém:
- Alô. Denise? - Ela falou ao aparelho: - Só queria te avisar que não vou desistir do meu marido sem lutar.