[...]
- Só você tem mais duas primas com esse nome, Mark. - Respondi, sorrindo: - Mas se o convite tiver sido para mim, eu aceito. Se não for te incomodar…
- Não. Tá tudo bem. Passo aí por volta das dez, ok?
- Tá. Vou esperar vocês.
- Beijão na boca pra você. Boa noite, meu amor!
- Boa noite, Nanda.
Por mais que eu tenha ficado surpresa e feliz com aquele convite, aquela despedida seca mostrava que eu ainda teria muito trabalho para reconquistá-lo.
Bia ouviu tudo em silêncio e ficou feliz com o desenrolar da conversa. Assim que desligamos, ela me acariciou o braço e falou:
- Tá vendo? Se você não tivesse ligado, não teria ganhado esse convite.
- É! Estou até surpresa.
- Ele te ama, Nanda. Só está bravo, chateado. Aproveita a chance e mostra pra ele que você está arrependida, mas eu não sei se seria uma boa você contar da história da penetração. Talvez seja uma boa você esquecer disso…
- Eu estaria errando novamente, Bia. Se ele descobrir no futuro que eu omiti essa parte, meu casamento acaba e não tem volta.
- Você é que sabe! Eu não contaria… - Resignou-se Bia: - Nanda como vocês se conheceram exatamente? Foi você que o conquistou ou ele que conquistou você? Me conta tudo.
- Pra que isso, Bia?
- Para eu entender o que uniu vocês. Quem sabe a gente não encontra um motivo bom o suficiente para você convencê-lo a continuar, não é?
- Não sei, não…
- O que custa você me contar? Às vezes, não é…
[...]
No final da década de 90, eu era uma adolescente ainda. Eu sempre fui alta, mas me achava magra demais. Peito eu quase nunca tive, mas eu até que tinha uma bundinha legal e sempre me orgulhei de ter pernas e pés bonitos. Meus amigos, especialmente um que não vou citar o nome, sempre elogiava meus pés e adorava ficar massageando-os na época em que eu estudava no colegial. Eu, claro, curtia.
Como toda mulher, a gente aprende desde cedo a valorizar o que mais nos agrada e o que mais agrada o sexo oposto. Então, eu caprichava nos shorts, bermudas e saias. Adorava uma mini saia e sabia que os garotos mais ainda. Meu pai sempre foi um ogro, dominador e opressivo: nunca me deixou usar roupas mais insinuantes, odiava quando eu saía para baladinhas, bailes e festas, e nunca, nunca mesmo, me deixou ter amizades masculinas.
Claro que eu saía para minhas baladinhas e sob a proteção de um tio que amo muito e que se comprometia em me “vigiar”. Então, eu ia para a casa deles me aprontar e me vestia muito bem, nada vulgar, um insinuante chique. Eles literalmente me soltavam nas baladas e bailes da vida: me levavam, curtiam entre si e com os amigos, e me traziam para casa depois. Nunca voltei para casa com um paquera ou namorado, senão meu pai me mataria.
Meu primeiro beijo veio até que tarde: eu tinha uns dezesseis anos. Tudo aconteceu num baile preparatório para o rodeio de nossa cidade e acho que só rolou por pressão de minhas amigas que não acreditavam eu ainda ser uma “BV” (boca virgem). Nesse baile, um grupo de amigas me apresentou para um peão e acabou rolando meu primeiro beijo, mas só isso. Um outro grupo de amigas me apresentou depois para um outro carinha e rolou outro beijo, já com um amasso mais gostoso. Depois que elas se reuniram e souberam que eu tinha ficado com dois na mesma noite, passaram a brincar que eu já era a mais “saidinha” da turma.
Um tempo passou e conheci Francisco, filho de um conhecido do meu pai. Ele, a muito contragosto e depois de um pedido do pai dele, me deixou namorar. Ele não era nem de longe o modelo de homem que eu procurava. Era muito machista, dominador e achava que lugar de mulher era em casa, cuidando da família. Além disso, apesar de a gente sair bastante, não passávamos dos beijos. Comecei a desconfiar dele e minhas desconfianças aumentaram num dia que fui na casa dele, antes de sairmos para uma baladinha, e vi que em sua cama havia uma bela colcha rendada cor de rosa com babadinhos. Na minha cama ficaria linda, na dele ficou suspeita. Algumas amigas já vinham me alertando sobre um “jeitinho” estranho dele. Decidi colocá-lo à prova. Num dia, enquanto namorávamos, coloquei suas mãos em minha bunda e ele as levantou como se tivesse tocado numa panela fervente e deu um passo para trás assustado. Terminei com ele no mesmo dia.
Já estávamos em 2001, não me lembro exatamente o mês, quando Marta, uma ex-colega de trabalho na escola em que eu trabalhava na época, me chamou na secretaria. Lá chegando, estavam ela e um moço que ela queria que eu conhecesse: foi a primeira vez que me vi frente a frente com o Mark! Minhas pernas bambearam na mesma hora e fiz o que toda moça “de bem” com seus dezoito ou dezenove anos faria: saí correndo pelo corredor da escola e me tranquei no banheiro. Só saí tempos depois que ele já havia ido embora. Foi o primeiro fora que dei nele, no meu futuro marido.
A Marta queria me matar. Ela o enchia de elogios e insistia que eu devia conhecê-lo. Dizia que ele era uma belezinha, sério, trabalhador, que inclusive tinha trabalhado no CPD da escola antes de mim, na mesma época em que ele fazia faculdade de direito. Mal sabia ela que eu já o conhecia de tempos, mas só de vista, pois ele morava perto da casa da minha avó, com quem eu costumava ficar por ser sua “xodó”, e nós sempre o víamos indo e vindo do trabalho, ou indo para a faculdade. Quantas vezes me imaginei namorando com ele enquanto estava na minha cama. Estranho que a minha avó sempre gostou dele e o enchia de elogios, e isso sem nem conhecê-lo ainda. Depois que o conheceu, então, se apaixonou. Dava e ainda dá mais valor a ele que a muitos de seus netos.
Marta continuava infernizando a minha vida para conhecê-lo. Só apertar a mão, conversar, etc, etc. Isso foi não sei quanto tempo, até que aceitei. Semanas depois, lá veio ele novamente, convidado para um café com os funcionários e professores que praticamente conhecia a todos. Ela me apresentou e apertei sua mão pela primeira vez. A dele estava quentinha, a minha parecia ter saído de um freezer. Ele inclusive juntou suas duas mãos em volta da minha para aquecê-la. Eu tremia e quando ele me beijou a face, pensei que fosse ter um “treco”. Marta e ele conversavam como grandes amigos, brincando entre si enquanto lembravam de seu tempo na escola e eu assistia a tudo sem saber o que falar. Ela precisou dar uma saidinha, ou fez isso de caso pensado, e ele tentou conversar comigo, mas eu mal respondia para ele, vergonhosa que só. Estava travada mesmo. Por mais que tenha sido um péssimo primeiro contato para ele, eu gostei muito de seu jeitinho. Tanto que quando ele se despediu e estava saindo pelo corredor da escola, sem querer eu o fui acompanhando até onde minhas vistas alcançaram e só depois vi que Marta me observava. Virei motivo de piada para ela por um bom tempo.
Ela quis porque quis marcar um encontro entre a gente. Se propôs até a fazer um jantar na própria casa com a desculpa de nos convidar, mas eu já tinha feito um papelão na escola e não precisava fazer em sua casa também. Ela foi desanimando comigo e como o Mark também não demonstrou muito interesse, demos por encerrado o assunto.
Tempos depois fiquei com Roberto. Um loirinho bonitinho que estudou na escola e que inclusive é um pouco mais baixo que eu. Fisicamente, ele nem tinha tantos atrativos assim, mas ele era um carinha super divertido e gostava mesmo de uma balada. Nos divertíamos horrores quando saíamos juntos. Todos que nos viam, imaginavam que tínhamos uma grande química. Inclusive, uma irmã dele veio me falar que ele estava de quatro por mim e não era paixão, mas amor mesmo. Havia dois problemas, entretanto: primeiro, eu não o amava, nem apaixonada estava, apenas gostava muito da sua companhia e, segundo, ele bebia como um gambá, absurdamente muito, de ficar largado mesmo. Embora só fizesse isso longe de mim, eu ficava sabendo e acabamos terminando depois de uma vez que eu soube que ele chegou a beber álcool combustível. Não sei se foi verdade, mas ele nunca negou. Ele ficou muito triste e a sua irmã chegou a me propor que continuasse com ele, que a família o internaria para ele se curar, com o que ele inclusive havia concordado, desde que eu estivesse ao seu lado. Pode parecer maldade, mas eu recusei. Não achei justo ficar com ele por piedade. Até cheguei a conversar com ele, que se comprometeu a mudar para depois me conquistar. Não lhe dei esperanças, mas também não neguei.
Mas quando o destino quer… Certa vez fui em um baile de um clube social de nossa cidade e, de longe, vi o Mark conversando e bebendo com dois ou três amigos. Lembrei-me do Roberto na hora e já o “cancelei” para mim mesma: não queria outro alcoólatra em minha vida. Ainda assim, diferente do Roberto, ele se mantinha firme, sorridente e brincalhão com os amigos e com algumas “amigas” que também se aproximavam e brincavam ou paqueravam ele, sei lá. Naturalmente, não gostei daquela “facilidade de acesso” que ele dava às meninas. Só não entendia o porquê de não gostar já que ele não era nada meu. Ali, no interior, é normal nesses bailes os grupinhos ficarem zanzando pelo salão e se paquerando. Resolvi testá-lo e peguei duas amigas para passar na frente dele: ele me ignorou ou não viu!
[...]
- Eu lembro! - Gritou Bia aos risos.
- Oi!? - Perguntei, assustada.
- Eu tava lá, Nanda! Agora me lembro de onde eu conhecia ele. Foi do baile. Lembro de você resmungando porque ele não te dava bola, nem olhava para você. - Ria de se acabar: - E você fazendo biquinho, inconformada…
- Juro que não lembrava de você, Bia! - Respondi rindo e continuei.
[...]
Eu já havia desistido de chamar sua atenção e já curtia com minhas amigas. Lembro também que, a certa altura da madrugada, começou a tocar um remix com as melhores do “É o Tchan!” e nós começamos a dançar entre a gente, rebolando e até o chão. Até que senti estar sendo observada e quando olho para trás, quem estava me encarando rebolando de cócoras no chão? Sim, o Mark! Fiquei roxa e ele veio me abordar. Até aí tudo bem, podia rolar, porque não!? Mas um problema surgiu: ele estava bem alto, quase bêbado! Ele até articulava bem as palavras, mas o cheiro da bebida aliado às lembranças que eu tinha do Roberto, não me deixaram dúvidas: o dispensei! Foi meu segundo fora nele.
[...]
- Também me lembro disso! - Falou Bia novamente.
- Lembra também que sumiram e me deixaram sozinha com ele?
- Claro! Pensei que ia rolar, ué!? Querer você queria. Vai me dizer que não!?
- Então… Até acho que sim, mas bêbado não. Credo, Bia!
- Eu lembro dele, todo certinho, bonitinho… E sabe que eu não lembro dele no meio de nossas farras. Pelo menos, eu acho que nunca fiquei com ele.
- É, né!? Espero que não, dona Bia. Espero que não! Olha lá, hein? Ai, ai, ai!
[...]
Tempos depois conheci o Edson. Na verdade, ele já me conhecia da escola. Era um pouco mais novo que eu e se declarou para mim sem medo de ser feliz. Eu estava sem ninguém e aceitei dar uma chance para ele. Começamos a sair, mesmo sem meu pai saber. Depois que soube, também não se opôs, porque o pai dele era consideravelmente rico. Na verdade, ele era um grande agiota na cidade. Já cansada de errar com homens nem tão homens assim, numa noite nem sei se me insinuei para ele, mas ele veio para cima de mim e foi o primeiro homem a tocar e mamar meus seios. Aliás, foi o primeiro pau que eu conheci, porque ele o colocou para fora e me fez tocá-lo. Me assustei na hora e fugi dele naquela noite. Ainda assim, semanas depois, ele me procurou novamente, pedindo desculpas e continuamos a nos encontrar. Safado como era, certamente ele teria sido meu primeiro homem, se o destino e alguns amigos em comum não tivessem conspirado a favor do Mark.
O rodeio de nossa cidade se aproximava. A Marta e outro amigo da escola, o Augusto, se uniram na tentativa de me aproximar outra vez do Mark. Eu estava trabalhando tranquilamente em minha sala, quando Augusto me chamou na dele. Fui inocentemente lá e ele me passou o telefone, dizendo que era para mim. Atendi e era o Mark no outro lado da linha. Joguei o telefone longe e saí correndo de lá. Teria sido meu terceiro fora nele se a Marta não tivesse me pegado pelo braço e praticamente obrigado a conversar com ele. Ele de cara disse que entendia meu constrangimento e que não queria forçar nada, mas que adoraria conversar comigo e me convidou para irmos em um evento de inverno que se realizava no clube social de nossa cidade. Aceitei e combinamos de nos encontrar lá. Ele até quis me buscar em casa, mas eu, conhecendo meu pai, recusei.
À noite, fui para o clube e me encontrei com um ex-aluno da escola, também mais novo que eu, que sempre tentou me paquerar e ficamos conversando numa escada enquanto os eventos não começavam. Ele estava dando em cima de mim descaradamente: alisava minha mão, conversava animadamente, alisava meu cabelo, sorria e se insinuava para mim. O Mark chegou, me viu ali conversando com ele e passou reto, sem nem me cumprimentar. Até entendi o porquê de sua reação, mas deixei quieto. Depois de dispensar o menino que já estava grudento demais, fui assistir a uma partida de futebol society que estava sendo realizada e me sentei na arquibancada. Vi que o Mark estava há alguns metros de mim, de pé ao meu lado direito, mas ainda não havia me visto. Passado mais um tempo, ele me viu e nossos olhares se cruzaram. Ele se sentou ao meu lado e a primeira coisa que ele fez foi se desculpar por ter me convidado, pois não sabia que eu estava de paquera e eu expliquei que era só um mal entendido, pois o menino era apenas um ex aluno da escola. Pela primeira vez, o vi sorrindo e tivemos uma boa e longa conversa. Não ficamos nessa noite, mas curti muito sua companhia porque ele não me pressionou a nada. Ele quis me levar para casa e depois de insistir concordei, mas pedi que me deixasse perto, inventando uma desculpa qualquer, pois não queria correr o risco do meu pai dar um vexame.
No outro dia, ele ligou na escola e Marta me chamou. Quando ela me disse que era ele, o atendi sem medo ou vergonha. Ele queria agradecer a minha companhia e dizer que gostaria de me encontrar novamente. Lembro da Marta brincando comigo como uma criança “Está namorando! Está namorando!” e eu respondi bem decidida “Namorando eu não sei, mas a gente está se conhecendo.”. Ela ficou boquiaberta, enquanto eu saía de sua sala rindo. Nos encontramos novamente numa lanchonete e conversamos novamente a noite toda. Nossos gostos nem combinavam tanto, mas eu adorava sua companhia e acho que ele a minha, tanto que me convidou para ir com ele no rodeio que começaria na próxima semana. Só havia um problema: eu havia participado do concurso para Rainha do Rodeio e tinha sido eleita como a quarta princesa. Depois de um concurso muito criticado porque eu era a forte candidata ao título principal e de muito bá-fá-fá, uma das princesas foi desclassificada porque “descobriram”, como se não soubessem, que ela era de outra cidade e vieram atrás de mim para substituí-la. Surgiu o dilema: aceitar o convite do Mark ou servir de estepe para o concurso. Perguntei se o concurso seria novamente realizado do zero, com novos jurados e chances iguais para todas e o organizador negou, dizendo que não queria mais escândalo. Mas eu sabia que ele queria manter o resultado porque uma sobrinha dele havia ganhado como sido escolhida como primeira princesa. Perguntei então se, por acaso eu aceitasse, poderia estar acompanhada por meu namorado no evento e ele negou, pois teríamos que estar a disposição dos organizadores a todo o momento para fotos com patrocinadores, cantores, bandas, etc. Então, o agradeci e mandei o concurso à merda!
Nessa época, o rodeio de nossa cidade era realizado em dois finais de semana, às sextas, sábados e domingos. Na quinta-feira anterior ao rodeio, o Mark me disse que não poderia ir na sexta-feira porque teria um evento de um partido político do qual ele disse que era o presidente do diretório municipal. Eu, calejada de homem falso, pensei que ele estivesse arrumando uma desculpa para me dar um fora e fui com algumas amigas na primeira noite do rodeio. Lá eu fiquei com um rapaz, um loirinho bem bonito e que tinha uma pegada gostosa. Beijei e dancei a noite toda com ele. No sábado, esse rapaz me ligou convidando para irmos outra vez e eu disse que a gente poderia se encontrar lá no recinto. Coincidentemente, o Edson me ligou, perguntando se eu não gostaria de ir no rodeio com ele. Não neguei, mas também não dei esperanças, dizendo que poderíamos nos encontrar no recinto e ver o que aconteceria.
[...]
- Mas você não estava namorando o Edinho nessa época? - Bia me interrompeu.
- Namorando!? Não, Bia! Era só um rolo. Pelo menos, para mim era só um rolo. Se ele entendeu de outra forma, aí o problema já era dele.
- Mas e aquela história da boca no peito, mão no pau, não foi da época em que vocês estavam namorando?
- A gente estava saindo, mas não era namoro. Ele foi precipitado e abusado mesmo. Eu nunca dei a entender que ele podia avançar tanto assim, principalmente porque a gente não tinha nada sério.
- Mas ele gostava de você, né!?
- Ah, eu acho que sim, porque ele continuou correndo atrás de mim por um tempão. Ele até arrumou uma namorada para tentar me fazer ciúmes, mas como eu já estava saindo com o Mark e nem dei bola, acho que ele se tocou que o negócio entre a gente era mais sério do que ele pensava e desistiu.
[...]
E se não bastasse os dois querendo sair comigo, o Mark também me ligou e perguntou que horas poderia me pegar para irmos ao rodeio. Me senti mal por ter ido e ficado com outro na sexta-feira, mas já tinha feito e, afinal, não estávamos namorando, ele não poderia me cobrar nada. Combinei de me encontrar com ele, no mesmo lugar em que ele havia me deixado próximo da minha casa e fomos. Não cruzei com o ficante da sexta, mas vi o Edson de longe, meio emburrado. Logo esqueci de todos eles, porque a noite foi boa demais: aproveitei como nunca aquela festa de peão. Eu e Mark realmente nos dávamos muito bem, tínhamos uma química incrível: conversamos muito, assistimos aos shows, cantamos, dançamos no baile até quase o dia amanhecer, já brincávamos e tirávamos sarro um do outro e no final da madrugada de sábado trocamos nosso primeiro beijo. Gostei mesmo muito dele e, sem nem notar, já me esforçava para ele também gostar de mim.
Na outra semana, Edson me ligou e pediu uma chance para nos encontrarmos porque ele queria muito conversar comigo. Eu recusei e falei que estava conhecendo uma pessoa. Daí ele me disse que gostava muito de mim e queria que eu desse uma chance para ele se mostrar melhor porque o que ele sentia por mim era muito forte e verdadeiro. Agradeci seu interesse, mas recusei novamente. Eu e o Mark passamos a nos ver praticamente todo dia. Sempre que tínhamos uma chance, a gente se encontrava. Eu já estava ficando apaixonada por ele e decidi ser honesta, contando que tinha ficado com outro na sexta-feira da primeira semana do rodeio, porque tinha pensado que a história do evento do partido fosse uma desculpa para ele não me ver. Ele ficou claramente chateado, mas, como um cavalheiro, não me cobrou nada. Foi o meu terceiro fora nele e sem querer.
Nessa mesma semana, fiquei sabendo que ele fora fazer algum trabalho numa cidade vizinha e dera carona a uma menina que claramente tinha interesse nele. Uma loira muito bonita por sinal e cuja família depois fiquei sabendo que era amiga da família dele. Eu sabia do interesse dela porque a gente já havia se encontrado com ela antes e ela me olhou como se quisesse a minha morte. Me estressei e briguei feio, mesmo ele me dizendo que fora só uma carona e eu não podia cobrar nada dele porque não éramos namorados. Realmente não éramos, mas já estávamos nos vendo diariamente e eu me achei no direito. Fiquei brava, falei que não queria vê-lo mais e desci de seu carro, sem olhar para trás. Bem nesse dia, o Edson me ligou novamente e até chegou a ir na escola me procurar. Marta já sabia que eu estava me envolvendo com o Mark, mas também conhecia e gostava do Edson e sabia que ele gostava muito de mim. Ela acabou me convencendo a conversar com ele. Conversamos e ele se abriu mesmo, dizendo que estava apaixonado e que só queria uma chance para mostrar que podia ser “merecedor do meu amor”. Eu o agradeci e disse que já estava gostando de alguém e estava mesmo: tanto que no outro dia liguei para pedir desculpas para o Mark. Nos encontramos, eu com cara “de tacho” e ele sorrindo com minha braveza de um dia só, caçoando de mim. Comecei a me irritar novamente e ele me amansou com um abraço e um beijo de tirar o fôlego. Quando me soltou e eu recuperei o ar, ele disse que só via uma solução para o nosso caso e me pediu em namoro. Era uma fria tarde de 23 de julho de 2003. Perdi o fôlego de vez porque, daí em diante, fui eu que o beijei com vontade.
[...]
- Ai, Nanda. Que lindo! Dá pra fazer uma novela. - Disse Bia, me encarando com um sorrisinho no rosto.
- Para, Bia! - Comecei a rir da cara dela: - Deixa eu continuar.
[...]
Tinha agora um homem legal comigo e outro complicado dentro de casa: meu pai. Não sabia como contar para ele que eu estava namorando e acabei deixando o destino se encarregar. Tive um final de semana delicioso com o Mark, aproveitamos muito o rodeio e quanto mais eu ficava com ele, mais eu queria ficar com ele. No domingo, haveria um desfile de cavaleiros e amazonas na parte da tarde, de encerramento do rodeio. Antes do evento, o aconselhei a deixar o carro perto da casa de meus pais e irmos a pé ao desfile. Vendo uma muvuca perto do local em que ele estacionou, decidi me arriscar e pedi que estacionasse na frente da minha casa que ficava numa rua sem saída e bem mais segura. Quando o carro estacionou, minha mãe saiu para ver quem era e quando viu que eu saía de dentro, perguntou quem era e eu contei para ela. Ela o olhou e ele acenou, então pediu que eu o convidasse para entrar, mas a lembrei do meu pai e ela ficou do meu lado. Decidi então que era hora de enfrentar meu pai: se ele o destratasse, eu brigaria com ele e ela me apoiaria. O Mark entrou comigo, de mãos dadas, e eu o apresentei para eles. Para minha surpresa, eles já o conheciam e meu pai disse que conhecia também o pai e grande parte da família dele. Saí de casa rindo e ele sem entender nada. Quando contei para ele sobre meu pai dominador e extremamente ciumento, ele me encarou, rindo nervoso e agradecendo muito “por tê-lo preparado bem antes de jogá-lo aos leões”.
[...]
- Nanda, para! Para… - Bia me pediu, rindo à beça e eu nem entendi o porquê: - Banheiro! Preciso fazer xixi.
- Vai, Bia. Vai, então. - Respondi, rindo também.
Aproveitei para encher nossas taças de vinho novamente e fiquei alisando a minha, esperando seu retorno. Logo, ela voltava, ajeitando a calça e fechando o zíper:
- Fala. Continua vai. Essa história está boa demais. - Me pediu.
- Qual é, Bia!? É minha história.
- Eu sei. - Me deu uma piscadinha, já rindo: - Mas é ótima demais!
[...]
Nosso namoro ficava mais sério a cada dia. Lembro que quando completamos aproximadamente duas semanas, namorando dentro de seu carro na frente da casa de meus pais, o clima esquentou e quando dei por mim, ele havia desabotoado meu soutien e já tocava meus seios. Briguei com ele, desci do carro e entrei em casa sem nem me despedir, e nem sei o porquê pois estava muito bom. Eu tinha tudo o que queria: um homem gentil, um homem carinhoso, um homem inteligente e um homem “homem”. Ele ficou ainda ali um tempo, parado e olhando para minha casa, perdido. Foi embora e voltou no outro dia cedo, me pedindo desculpas por ter me ofendido, mas querendo entender o que ele tinha feito de tão errado. Foi aí que confessei para ele que eu era virgem. Ele se assustou e ficou sem saber o que falar.
[...]
- Virgem, Nanda!? Quantos anos você tinha, criatura de Deus? - Me interrompeu, Bia, após quase afogar com seu vinho.
- Vinte e um anos, Bia… - Respondi, constrangida.
- Vinte e um!? Porra! Com essa idade, eu já tinha dado pra uma galera.
- Ha-ha-ha. Palhaça! - Resmunguei: - Eu demorei mesmo. Não foi por falta de oportunidade. Talvez por falta de alguém que me passasse confiança como ele.
- Tá… E daí? E daí!? - Insistiu Bia.
[...]
Eu tive a impressão de ver os olhos dele marejarem quando contei isso e nem entendi porquê. Talvez constrangimento por ter ido rápido demais, sei lá. Lembro que o peguei pela mão e fomos conversar no seu carro, onde expliquei que ele não tinha feito nada de errado e que eu é que não soube lidar com aquilo. Pedi desculpas por tê-lo rejeitado e pedi para que ele tivesse paciência comigo porque estava gostando muito dele. Aliás, eu não queria estragar nosso relacionamento de forma alguma e, nesse dia, foi a primeira vez que lhe disse um “Eu te amo!”. Ele se assustou na hora. Aliás, eu não entendo esse medo que os homens têm dessa expressão. Ele ficou em silêncio e, pouco depois, foi honesto comigo, dizendo que gostava muito de minha companhia, mas que ainda não sabia se era amor, porque nunca tinha sentido algo tão forte assim por outra. Acabei aceitando essa explicação como um “Eu te amo sem ter coragem de dizer!”. Voltamos a ficar de bem.
Ele realmente me respeitou mais daí por diante, pelo menos por uma semana. Entretanto, o sangue dele é quente e o meu fervia quando estava com ele. Nossos abraços eram cada vez mais gostosos e nossos beijos mais intensos e eu acabei cedendo ao seu contato. Ele ficou receoso em avançar comigo novamente, até que eu própria tirei meu sutiã um dia e disse que ele merecia aquela demonstração de amor. A partir daí, com quase um mês de namoro mais ou menos, meu sutiã fugia dele, bastava ele me tocar que ele desabotoava sozinho.
[...]
- Ai, que delícia! E ele chupa gostoso, Nanda?
- Que pergunta é essa, Bia?
- Só curiosidade, mulher. Quero ele, não! Poxa…
- Maravilhosamente bem, Bia. - Me surpreendi com minha resposta: - Mas porque?
Ela caiu na risada.
[...]
Mais uns dias e sua mão já desbravava o caminho até minha bocetinha. Na primeira vez que ele me tocou, pensei que já tinha deixado de ser virgem e ele veio me explicar didaticamente a morfologia de uma vagina. Eu parecia ter voltado ao colegial tendo uma aula de biologia. Fiquei mais tranquila e aquilo já se tornou parte de nosso namoro. Os toques dele me deixavam louca. Uns dias depois e minha boceta começou a disputar com minha boca o posto de preferida da boca dele. Foi a primeira vez que alguém fez sexo oral em mim e me assustei com as sensações. Quando eu fechava os olhos, sentia como se meu corpo flutuasse. Na segunda vez que ele fez oral em mim, eu gozei sem nem saber o que era isso. Acabei me viciando…
[...]
- Mas já devia imaginar, né? - Disse, Bia.
- Imaginar, como?
- Ué! Se ele chupa gostoso um peitinho, também deveria chupar gostoso uma bocetinha. - Ela me encarava com uma cara de safada: - É “fodamática” pura…
- Bia, você não presta!...
- Porque? Porque gosto de sexo? Para de puritanismo besta, né, Nanda! É isso que acaba com casamento: um homem querer e a mulher regular. - Filosofou: - É o ditado: “ser dama para a sociedade e uma puta entre quatro paredes”.
Caí na risada com seu comentário.
[...]
Não sei quantos dias depois, sentada no colo do Mark e sentido seu pau duríssimo embaixo de mim, eu decidi conhecê-lo pessoalmente e desabotoei sua calça, tirando-o para fora. Eu parecia uma criança vendo um brinquedo novo pela primeira vez. Me abaixei na frente dele e fiquei admirando aquele pedaço de carne duro como uma barra de ferro. Toquei, acariciei e descobri o que uma punhetinha pode fazer com um homem. Ele gozou na minha mão pela primeira vez.
Uns dias depois, descobri algo muito melhor que um sorvete para chupar e pela primeira experimentei uma gozada na boca, rosto, roupa, estofamento e carro todo. Minha inexperiência custou caro para ele: uma lavagem completa. Pior foi eu ter que esconder da minha mãe minha roupa esporrada e lavá-la no dia seguinte de manhãzinha, antes que ela pudesse ver o que tinha acontecido.
[...]
- Nossa! Tanto assim!? - Perguntou Bia, babando de inveja.
- Bia, a gente já vinha se esfregando há tempo, aquilo ali estava acumulando, quando saiu, menina… - Ri das lembranças: - Foi uma sujeirada só!
- Ai, Nanda. Tô ficando com saudade do Bê…
- Para, Bia! - Voltei a rir alto.
[...]
Nossa intimidade vinha crescendo exponencialmente. Eu uma estudante de administração, queria perder minha virgindade em grande estilo, motel, vinho, champanhe, rosas, etc., tudo o que uma princesa da Disney nos ensinou merecer. Ele, apesar de querer fazer em grande estilo, dizia que sexo gostoso é aquele em que se deixa a espontaneidade comandar. Resultado: com pouco mais de dois meses perdi a virgindade, dentro de seu carro, na frente da casa dos meus pais e no meio da rua. Não foi nada como eu imaginava que seria, nem foi bom e eu fui franca com ele. Nossa segunda vez, entretanto, já foi muito gostosa e na terceira eu já gozava feito louca no pau dele.
Daí por diante, transávamos sempre que tínhamos chance. No carro, na frente da casa de meus pais, eu adorava cavalgá-lo. No estacionamento da minha faculdade, no carro, eu adorava cavalgá-lo. No estacionamento dos eventos, no carro, eu adorava cavalgá-lo. Acabei viciando em cavalgá-lo e faço isso com muito gosto até hoje. Ele me ensinou tudo o que eu sei e acho que fui uma boa aluna, porque me esforçava para aprender tudo e depois tirava a prova com ele. Enfim, nossa intimidade cresceu cada vez mais e hoje estamos casados.
[...]
- Ah, Nanda. Que delícia de história! - Bia me falou.
- Pois é… E agora eu faço uma cagada dessa e ele perde a confiança em mim.
- Relaxa, menina! Ele já te convidou, não está te evitando. Conversa com ele, mostra arrependimento, que sente a falta dele e vai trazendo ele pro seu lado devagarinho. Tenho certeza que vocês vão se acertar. A história de vocês é linda, pena que não tem como dar um replay.
- Replay?
- É. Pensou se desse para viver tudo isso de novo? Seria muito legal…
- Bia, que ótima ideia! - Sorri e lhe dei um selinho.
Ela me olhou surpresa e perguntou:
- Nossa! Se eu soubesse teria caprichado mais na ideia para ganhar uma linguada na xereca. - Começou a rir gostoso: - Mas de que ideia você está falando?
- A sua!
- Continuo sem saber que ideia eu tive…
- Refazer com ele os passos que ele deu para me conquistar.
- Ah… - Ela respondeu sem entender nada ainda: - E como vai fazer isso?
- Ainda não sei, mas eu vou! Só tenho que fazer antes da Denise saber que nós estamos separados, senão ela vai cair matando sobre ele.
- Quem é Denise?
- A barbie gostosona e boqueteira que te contei da história do final de semana.
- A loira apaixonada!? Ela já está sabendo?
- Acho que não. Espero que não…
- Bom, Nanda. Vamos dar uma organizada na bagunça aqui e dormir, porque amanhã temos que te arrumar para abalar as estruturas do seu marido. - Disse Bia após olhar a hora na tela de seu celular.
- Sim, mas sem exageros. Foi conquistá-lo pelas pequenas coisas, não pelo excesso. Do jeitinho que ele fez comigo…
preparei um quarto para ela dormir. Fui para o meu em seguida e apaguei, embalada pela esperança de ter encontrado uma forma de reconquistar meu marido e pelas sei lá quantas taças de vinho consumidas. A abertura que o Mark me deu, querendo ou não, poderia significar tudo para reatarmos e eu não iria perdê-la.
[...]
O final de semana com minhas filhas era uma farra só. Na sexta-feira, piquenique na sala com direito a muitas rodadas de “Uno”. No sábado, rodízio de pizza, comprei duas meio a meio de vários sabores e nos esbaldamos. Depois Maryeva descobriu que o aparelhinho da minha televisão era um “skygato” e ficamos assistindo uma animação que elas já queriam ter ido assistir no cinema. Depois que foram dormir e eu me despedi da Nanda, fiquei pensando se teria sido certo o convite que lhe fizera para nos acompanhar no almoço, mas convite feito…
No dia seguinte, logo de manhãzinha, Mirian propôs trocarmos o pesqueiro por um parque aquático numa cidade vizinha. O tempo colaborava, o sol já brilhava forte, intenso e anunciava que o dia seria quente. Eu disse que até concordava, mas que teríamos que conversar com a Nanda, porque ela também iria ao almoço conosco. Elas se surpreenderam, mas gostaram da novidade. Liguei e Nanda atendeu no primeiro toque:
- Alô? - Ela falou.
- Nanda, sou eu. Mudança de planos…
- Oi, Mor. Já se arrependeu de me convidar?
- Não, nada disso! As meninas querem ir no parque aquático, ao invés do pesqueiro. Então, quero saber se está tudo bem para você?
- Vocês três?
- Os quatro, Nanda. Você também não ia ao pesqueiro? Então... Quero saber se você topa ir no parque aquático?
- Uai! Pode ser. Porque não?
- Jóia, então! Passo aí no mesmo horário.
- Tá bom. Fico esperando vocês. Beijo. Te amo.
- Beijo, Nanda.
Desliguei e peguei as meninas para tomarmos um café da manhã numa padaria próxima. Topei com a Laura que, sorridente, veio nos cumprimentar. Após os beijinhos de costume em todas e em mim, por último e mais caprichado, Laura perguntou:
- Uai! Cadê a Nanda, Mark?
- Tá em casa. O pai separou dela. - Mirian se adiantou.
Eu e Maryeva a encaramos por um momento e ela, na sua inocência, só levantou os ombrinhos e, com um biscoitão de polvilho na boca, perguntou:
- Que foi?
Rimos de seu comentário e me voltei para Laura:
- Não nos separamos, exatamente, Laura. Só estamos dando um tempo. Ela lá e eu cá.
- Ah, tá. - Disse, surpresa, mas com um sorrisinho nos lábios: - E você ficou com a guarda das meninas?
- Não. Estamos bem resolvidos quanto a isso. Final de semana elas ficam comigo e eu as vejo sempre durante a semana.
- Entendi… Bem, se você precisar conversar, bater um papo, etc. - Frisou bem o “etc: - É só me ligar. Moro não muito longe daqui.
- Tá bom, Laura. Ligo sim. Obrigado.
Nos despedimos e ela se foi. Maryeva me encarou com olhar fiscalizador em prol da mãe, afinal estávamos casados e minha pequena estava certa. De qualquer forma, para evitar um mal entendido, contei que Laura era uma amiga em comum minha e da mãe dela e que ela poderia contar tranquilamente que a Nanda confirmaria. Depois de tomarmos um café reforçado, voltamos para minha kitnet e organizamos a bagagem delas, indo para nossa casa, digo, delas.
Lá chegando, fomos recebidos pela Nanda, vestida com um robe de seda vermelho e com cara de que acordara há pouco tempo. Pediu para entrarmos enquanto ela terminava de se arrumar e já foi dando um beijo em cada uma das meninas. Quando chegou em mim, não sabia se beijava ou não e eu me adiantei lhe dando um beijo na bochecha. Me encarou um pouco triste e segurou meu rosto para me dar um selinho caprichado:
- Me desculpe, mas é meu direito! - Falou depois, ao me encarar, sorrindo.
- É, né… - Respondi sem a mesma animação.
Ela me pegou pelas mãos e me trouxe até a ilha da cozinha, já me servindo um café que havia acabado de passar. Pouco depois, Bia apareceu com a cara mais lambida imaginável, vindo da área reservada dos quartos:
- Oi, nervosinho. - Bia já chegou brincando.
- Diga, puxa saco. Tudo bem contigo? - Brinquei de volta.
- Estou, mas a Nanda não, né!? - Encarou a Nanda e ela sorriu, sem graça.
- Não entra nessa história, Bia. Hoje eu só quero aproveitar um belo dia de sol com as meninas. Só isso.
- Com as meninas e a Nanda, não é?
- Claro. Ela já está convidada. Se quiser vir também é só pegar um biquíni e nos acompanhar.
- “Ulha”! Porque não, hein!? Fico de babá e os pombinhos podem voar tranquilos pra arrulhar… - Falou rindo.
Não era esse o meu plano e balancei instintivamente minha cabeça de forma negativa. Nanda se tocou que a Bia já estava extrapolando e desviou o assunto, falando:
- Vamos, Bia? Vai ser legal.
- O convite é sério mesmo? Olha que eu vou, hein!
- Se o Bernardo não se incomodar, não vejo problema algum. - Eu falei.
- Tem biquíni aí para me emprestar, Nanda?
- Claro. Vamos lá dentro.
Foram-se as duas e Maryeva chegou segurando os peitinhos pré-adolescentes cobertos pela parte superior de seu biquíni, me pedindo para amarrá-los em suas costas. Fiz e logo veio a caçula pedindo o mesmo e também lhe ajudei. Voltaram para os quartos e fiquei curtindo meu cafézinho, perdido em meus pensamentos, até que sinto um toque em meu ombro e, ao me voltar, vejo Nanda com um sorriso envergonhado, igualzinho de quando começamos a nos relacionar:
- Não esquenta com a Bia. Você sabe que ela é meio louquinha. - Me pediu.
- Estou tranquilo, Nanda.
Tomei um gole do meu café, olhando alguma coisa na tela do meu celular e senti sua mão envolver a minha, na tentativa de pegar a xícara para também tomar um gole. Olhei para nossas mãos e depois para seus olhos e ela me encarava. Tentei tirar minhas mãos, mas ela insistiu no contato e disse:
- Estou com saudade de você, da gente…
- Eu sei e te entendo, Nanda.
- Então, porque é tão difícil você me perdoar?
- O perdão é fácil demais eu te dar. Acho até que já perdoei ou não estaria aqui. - Preferi desviar o olhar: - Mas voltar não está sendo fácil…
- Poxa, Mark… Nunca menti pra você. Juro por Deus que esse era meu único segredo. Não pensei que fosse significar tanto para você porque, pra mim, não significou nada.
- Nanda, eu transei com a Denise logo depois do divórcio dela e ela está grávida de um filho meu. - Disse a encarando.
- Como é que é, Mark!? - Ela me encarou, pálida e quase gritando.
- É só uma mentira. - Ele respondeu, dando um sorriso amarelo: - Mas você viu como uma mentira dói quando vem de nosso parceiro?
Ela baixou os olhos e se retraiu, denunciando ter entendido em cheio minha proposição. Logo, as meninas voltaram e depois a Bia:
- Vamos ficar em paz e aproveitar um dia gostoso com as meninas. Só quero isso. Paz.
Ela acenou positivamente com a cabeça e, com as bagagens próprias para um dia de sol, entramos em meu carro e saímos em direção ao parque aquático. Bia quis ir no dela para voltar antes, se eventualmente se cansasse. Em trinta minutos, chegamos no local e, depois de aprovados na portaria, fomos até a piscina principal.
As meninas já chegaram animadas e logo foram para a beirada da piscina praiana, sob minha supervisão atenta mesmo que à distância. Bia tirou seu vestido e exibiu um belo corpo com um biquíni azul asa delta da Nanda. Ela não era tão alta quanto ela, mas tinha curvas bem acentuadas e uma cor mais curtida no sol. Não deixava nada a desejar. Nanda retirou sua canga e exibiu seu corpo com um biquíni vermelho fio dental de cortina, já chamando a atenção de uns poucos homens que já se encontravam na piscina. Desviei meu olhar para não dar bandeira, porque realmente ela chamava a atenção, inclusive, a minha. Preferi me distrair com as meninas e, então, tirei minha bermuda, ficando só de sunga e fui em sua direção, tentando ignorar a tentação vermelha.
[...]
- Corpão, hein, Nanda! - Bia me falou.
- Obrigada, Bia. - A encarei por um momento: - Está falando de quem?
- O seu também, mas eu estava falando do Mark.
- É. Ele pode não ser nenhum mister universo, mas é tudo o que eu preciso.
- Ele estava te olhando…
- Eu vi. Daí disfarçou e saiu quase correndo de perto de mim. Ele só me convidou por educação. Ele poderia muito bem ter vindo só com as meninas. Ele não é homem de se apertar por ter filhas mulheres.
- Ainda assim. As filhas não são suas também? Vai lá brincar com elas também, oras! - Olhando para o lado, me indicou a direção do bar: - Porque não leva sorvete para as meninas e uma cervejinha gelada para ele?
- Boa ideia. Vou mesmo!
Me levantei e fui lépida e faceira para o bar da piscina, onde um grupo de homens já se reunia em volta de uma mesa de bilhar. “Taí algo em que ele gosta de brincar.”, pensei comigo mesma, olhando para a mesa até ser interrompida por um negão:
- Gosta de jogar, morena?
- Já até tentei, mas não levo jeito. - Ele sorriu para mim, mas antes que continuasse com os gracejos, cortei apontando para o Mark: - Mas meu marido, curte bastante.
- Ôxe! Chama ele lá pra curtir com a galera, então. - E me deu uma piscadinha: - Ou, se ocê quiser, posso te dar uma dicas para você jogar com ele depois. De boa!
Eu já estava começando a ouvir um burburinho naquele meio e aparentemente o foco era uma morena de biquini vermelho que conversava simpaticamente com um homem desconhecido, ou seja, eu. Então, decidi cortar de vez a conversa:
- Obrigada, mas acho que não. Quem sabe depois eu até jogue uma partida com ele. Só pra tentar…
- Se mudar de ideia, te dou umas boas dicas…
- Obrigada mesmo, mas não! - Disse e fui em direção ao bar.
Comprei dois picolés de chocolate e quatro latas de cerveja bem geladas. O problema agora era levá-los até meu guarda-sol. Eu não tinha mãos suficientes para isso e o atendente não tinha nada para me ajudar. Estava saindo quando um morenão que estava na mesa de bilhar se dispôs a me ajudar e acabei aceitando. Os demais começaram a tirar sarro do negão por ele ter investido tempo na conversa e o amigo ter colhido os resultados. Não pude deixar de dar uma risada também e aí eles se acharam no direito de mexer comigo, mas o morenão os conteve. Eu também os ignorei e fui para meu guarda-sol com o morenão a tira-colo, aliás, sempre atrás de mim. Agradeci pela ajuda e ele voltou para a mesa de bilhar. Bia me encarava, brava:
- Pô, Nanda, mas você parece uma biscate. - Se esforçava em falar baixo: - Veio para tentar reconquistar o marido e fica dando bola pra tudo que é homem no caminho.
- Não fiz nada, Bia! O cara que tentou se insinuar para mim e eu o cortei. Daí um amigo dele se ofereceu para me ajudar e eu aceitei. Só isso. - Rebati.
- Sei! Só espero que o Mark entenda assim também, porque ele te seguiu com os olhos na ida e na volta.
- E isso não é bom? Significa que ele se preocupa comigo.
- Sim, claro. Isso é ótimo para um casal que está dando um tempo em casas separadas. - Ironizou, com um sorrisinho nos lábios: - Quero ver se você vai pensar assim quando ele for buscar alguma coisa e alguma mulher der em cima dele.
Claro que ela tinha uma certa razão, mas eu realmente não havia feito nada. Estava com a consciência tranquila. Então, dei uma cerveja para a Bia, abri outra e tomei um gole, levando comigo junto os dois picolés em direção ao Mark e as meninas. Elas gostaram do mimo e ele também não recusou a cervejinha. Me sentei ao lado deles e ficamos papeando. Pensando no que a Bia havia falado, resolvi me adiantar:
- Não aconteceu nada! Só fui comprar picolés e umas cervejas, e um dos caras tentou se insinuar para mim, mas eu o cortei.
- Não estou te cobrando nada, Nanda, nem sei se tenho esse direito mais…
- Para, Mark! Você é meu marido e tem todo o direito de me cobrar. Só quis deixar claro que não fiz nada.
- Eu sei que não. Fica tranquila, Nanda. Eu te conheço e sei que não faria nada desse tipo com suas filhas por perto.
- Fazer o quê? - Perguntou Mirian.
- Escolher uma porção sem a gente decidir juntos. - Mark despistou, rápido.
Ela se deu por satisfeita com a explicação e Maryeva nem era risco, porque estava distraída vendo uma galera descer num toboágua. Fiquei meio sem jeito com ele, mas logo ele me deu um toque de ombro com ombro e sorriu. Vi que ele estava tranquilo e também fiquei. Pouco depois a Bia veio e as convidou para irem à piscina infantil, dizendo que tinha medo de piscina funda e não queria ir sozinha. Maryeva olhou para ela e depois para o Mark com cara de quem dizia “Tá de brincadeira, né!?”. Rimos e lá se foram elas acompanhando a Bia. Mark continuava calado e o silêncio entre a gente, acostumados a brincar um com o outro, era ruim demais. Eu tive que puxar conversa:
- Você já passou protetor solar?
- Sabe que nem pensei nisso. Esqueci até mesmo das meninas. Vou na lojinha comprar um e já volto.
- Não. Eu tenho na bolsa. Vem que vou passar em você e depois chamamos elas.
Ele me olhou desconfiado, certamente não querendo contato, mas eu fui enfática:
- Não adianta me olhar com cara feia. Você não alcança o meio das suas costas, alcança? Então, deixe que eu passo.
- Tá bom.
Passei o protetor em suas costas, enquanto ele passava na frente e aproveitei aquele contato o máximo possível, inclusive descendo por sua bunda e perna. Depois pedi que passasse bronzeador em mim e tive que praticamente implorar para ele passar nas minhas pernas e bunda:
- Deixa eu espalhar melhor no seu rosto. - Pedi.
Nesse momento o encarei frente a frente. Passei a acariciar seu rosto suavemente, cada contorno, cada voltinha, cada ruguinha que já denunciava sua experiência de vida, sua carequinha. Quando terminei vi que ele também me encarava e parecia querer me beijar, mas ao mesmo tempo lutava contra esse desejo. Eu avancei e lhe dei um selinho demorado. Ele não recusou, mas depois baixou os olhos e me pediu desculpas, se virando para sair em encontro às meninas. O segurei pelas mãos e pedi:
- Fica. Eu preciso te contar uma coisa. Quero muito o seu perdão, mas tem que saber de tudo antes de tomar qualquer decisão.
- Tem mais coisa ainda, Nanda?
- Eu não sei. Talvez…
- Como “talvez”? Tem ou não tem?
- Então… Senta. - Pedi e ele se sentou numa cadeira: - Naquele dia no camarim, depois que eu usei o banheiro, o Cadú me prensou na parede e me deu um beijo…
- Eu já sei disso, Nanda. Porque você está repetindo? - Me interrompeu.
- Escuta! Durante o beijo ele tirou o pau para fora e enfiou no vão das minhas pernas. - Ele me ouvia triste, mas eu tinha que e iria contar tudo de uma vez: - Eu não sei se foi impressão minha, mas acho que ele chegou a me penetrar naquele dia. Como eu estava meio bêbada me assustei e recuei. Depois o resto você já sabe: nos beijamos, eu o masturbei e etc, etc. Só que ele gozou na minha mão. Isso eu tenho certeza…
- Você não sabe se ele te comeu ou não?
- Juro que não sei! Tive a impressão que ele me penetrou e, naquela movimentação, pode ter acontecido, mas foi sem querer e eu parei tudo rápido.
- Nem tudo, né!?
- Eu sei. Eu errei! Mas pensa assim: você não tinha me liberado? Vamos considerar que eu tivesse transado, teria algum problema?
- Eu não fiquei bravo com o sexo em si, se rolou ou não... O que me chateou foi você não ter me sustentado a verdade naquela hora, não ter confiado em mim. Isso que me dói. - Falou agora me encarando: - Poxa… Você tinha contado uma história parecida para mim no dia, depois que saímos do camarim. Eu tinha aceitado numa boa. Tá certo que eu queria assistir a farra, mas se tivesse rolado, eu já curtiria se você tivesse aproveitado e me contando depois os detalhes… Só que depois você veio e me disse que era uma brincadeira que só descobri ser uma mentira sua através dele próprio! Aí é foda, né!
- Mark, me desculpa, de coração. Eu te amo demais! Juro que não existe mais nenhum segredo. Me dá mais uma chance. É só o que eu te peço. Prometo que vou fazer de tudo para nos fazer feliz pelo resto de nossas vidas. Só confia em mim.
- Confiar como, Nanda? Talvez o problema seja justamente esse. - Nessa hora, desviou o olhar para a piscina: - Infelizmente, eu descobri que meu porto seguro não é tão seguro assim.
Aquelas palavras me atingiram em cheio e eu engoli em seco. Agora eu entendi exatamente o que se passava pela cabeça dele. Ele estava perdendo ou já havia perdido a confiança em mim. Aquilo me baqueou e ele notou, tanto que acariciou a minha mão e pediu licença para ir buscar as meninas, dizendo que elas precisavam passar protetor solar. Fiquei ali sem reação vendo ele se afastar e temi, de verdade, ter arruinado meu casamento. Me perdi olhando para uma lata de cerveja e Bia chegou antes deles. Me vendo praticamente paralisada, foi perguntado:
- Credo, Nanda! O que aconteceu? Brigaram novamente?
Só consegui balançar negativamente minha cabeça para ela, sem nem mesmo encará-la. Pouco depois, ela insistiu comigo:
- Nanda, fala comigo. Desembucha!
- Ele perdeu a confiança em mim, Bia. Meu casamento acabou!