Sheila e Andréa foram buscar paz em Angra dos Reis, na casa de Aline. Renato continuava na moita, mas agora, Augusto tinha a intenção de confrontá-lo e descobrir de vez os planos dele e de Andréa.
Continuando…
Augusto seguiu o conselho de Alencar e tratou de fazer uma visita ao seu barbeiro. Como sempre, a barbearia estava movimentada. Em cidades do interior, a ida ao barbeiro é quase como uma ida ao bar. A barbearia também é o local onde os amigos se reúnem para conversar. Vendo a movimentação, Augusto começou a pensar se valia mesmo a pena encarar aquela gente fofoqueira. Mas ele lembrou também que toda essa situação que destruía o seu casamento o fez relaxar nos cuidados com a aparência. Precisava mesmo cortar o cabelo. Detestava cabelo grande. Fora ensinado desde pequeno que homem usa cabelo curto e penteado. Sem frescuras.
Por fim, criou coragem, desligou o motor e saiu de dentro da velha picape. Caminhou de cabeça erguida até a barbearia. Ninguém naquela cidadezinha era louco o suficiente para zombar dele pessoalmente. De repente, se lembrou do apelido de infância: Augusto, o touro. Para a sua infelicidade, o apelido que o destacava como um homem forte, agora podia ser usado de forma pejorativa. Entrou na barbearia.
Para a sua enorme surpresa, todos o trataram da forma cordial de sempre. Seu Juca, seu barbeiro desde a infância, o recebeu com um abraço carinhoso:
- Achei que tinha me trocado por um desses salões modernos com mesa de sinuca da capital - o velho brincou.
Augusto sorriu para ele:
- Jamais, seu Juca. Enquanto for vivo, só o senhor corta esse cabelo.
Senhor Juca deu uma olhada para a cabeleira rebelde do cliente:
- Realmente, pelo estado, você só estava mesmo ocupado.
Augusto sempre gostou de bater papo com o velho, mas dessa vez, preferiu ficar calado enquanto o homem fazia o seu trabalho. Aos poucos, os clientes iam saindo. Deixando por fim, Augusto e Seu Juca sozinhos. O velho disse:
- Me desculpe invadir a sua intimidade, mas fiquei sabendo do que aconteceu.
Augusto não queria falar sobre Sheila e principalmente, sobre a traição. Seu Juca o surpreendeu:
- Linda atitude da sua esposa e da doutora salvando a vida daquele garoto. Dê os meus cumprimentos a elas.
Augusto não sabia o que dizer:
- Pode deixar. Vou dar sim.
Vendo que Augusto estava surpreso, seu Juca, sempre um homem inteligente, completou:
- Quanto ao resto, não é da conta de ninguém. Saiba que eu não admito esse tipo de fofoca maldosa aqui dentro.
Augusto, percebendo que os dois estavam sozinhos, decidiu desabafar. Sabia que seu Juca era um homem de caráter e bom conselheiro. Ele disse:
- Confesso ao senhor que essa situação tem acabado comigo. Não sei o que fazer.
O velho entendeu o pedido de ajuda, mas antes brincou:
- Pelo menos você aliviou as frustrações na cara daquele sonso. Que família de insuportáveis. Queria estar lá para ver. Dizem que foi um belo cruzado. - O velho ria, orgulhoso dele.
Aquilo ajudou a fazer o Augusto sorrir. Conseguindo quebrar o gelo, seu Juca falou sério:
- Não tenho nada a ver com tudo isso, mas creio que você merece ouvir o que eu acho. Eu sei que você deve estar se sentindo humilhado. Mas saiba que o sonho de nove entre dez homens traídos, é saber que foram traídos por outra mulher. Sheila não é má pessoa, ela só errou. Todos erramos. Você precisa parar de ouvir os outros e seguir o seu coração. Vocês dois já sofreram demais. Será que essa culpa é só dela?
Augusto pensava no que acabara de ouvir, quando o velho concluiu:
- Eu já lhe disse uma vez que essa cidade é pequena demais para dois jovens tão inteligentes como você e Sheila. Pense nisso.
O velho terminou o corte do cabelo e enquanto o barbeava, Augusto pensava nas palavras que acabara de ouvir. Terminado o serviço, ele pagou e agradeceu:
- Obrigado Seu Juca. Agradeço muito a sua sinceridade e amizade. Tenho andado confuso.
Se sentia mais leve ao desabafar. Uma visão de fora era tudo o que ele precisava. Conversou mais um pouco com o velho, até que recebeu uma mensagem de Alencar, o chamando de volta ao mesmo local de antes, a padaria próxima à delegacia. Augusto se despediu do barbeiro, entrou na velha picape e em poucos minutos chegou ao local. Alencar estava sorridente.
Augusto estacionou e foi de encontro ao amigo. Ele disse:
- Pela cara, são boas as notícias.
Alencar não perdeu tempo:
- Deixe o carro aí e venha comigo. Seu amigo está escondido em uma chácara de parentes.
Os dois entraram no carro de Alencar e ele logo arrancou.
.
Se Augusto estava prestes a confrontar Renato, em Angra dos Reis, na ensolarada Costa Verde fluminense, uma ansiosa Andréa buzinava em frente à casa da antiga amante. Ela saiu do carro e encarou Aline que vinha ao seu encontro. O abraço entre as duas foi cheio de saudade e também um pouco de ressentimento da anfitriã. Aline disse:
- Depois de anos, lembrou que eu existo?
Andréa foi direta:
- Eu não vim aqui só para me esconder. Eu vim para dizer que você tinha razão em tudo.
Aline, a interrompendo, brincou:
- Antes tarde do que nunca…
Sabendo que devia uma explicação, Andréa não se omitiu:
- Você me perdoa? Eu acabei me deixando levar e Renato quase conseguiu seu objetivo. Depois que eu saí daquele transe destrutivo, comecei a ver as coisas com mais clareza. Você foi a pessoa que eu mais magoei no processo.
Aline tinha muito a falar, mas estava muito curiosa sobre Sheila. Ela voltou a brincar:
- Vai deixar a garota assando debaixo desse sol? Fala para ela sair do carro.
Percebendo que Aline queria mudar o assunto, Andréa se resignou. Voltou ao carro e chamou Sheila. Ao sair, ela olhou diretamente para Aline que a recebia com um sorriso no rosto:
- Venha, querida! Lá dentro é mais fresco. Ainda mais para quem está grávida.
Sheila fuzilou Andréa com o olhar. Ela se explicou:
- Eu disse que Aline era obstetra, lembra?
Aline pegou no braço de Sheila e a trouxe para dentro da casa. Andréa voltou ao carro e estacionou na garagem da casa. Depois foi ao encontro das duas.
Sheila estava maravilhada com tudo que seus olhos viam. Uma casa litorânea de piso único. Um grande ambiente aberto com uma linda sala, ricamente decorada. Uma cozinha que parecia o reduto de um chef profissional e uma parede toda de vidro com uma linda visão do oceano. A apenas dois metros da varanda traseira, estavam as areias da praia. Poucos metros à frente, o oceano azul do litoral do Rio de Janeiro. Era uma cena de documentário sobre a natureza.
Ao entrarem, Aline foi direta:
- Então, quem vai me contar a verdade? Por que vocês estão aqui?
Sheila olhou para Andréa e ela logo percebeu que teria que falar a verdade. Sheila cobrava apenas com o olhar. Aline as chamou à cozinha e enquanto Andréa começava a falar, ela passava um café fresco.
Andrea contou tudo, nos mínimos detalhes, sem omitir nenhuma informação. Era a primeira vez que Sheila sentia que ela poderia ser confiável. Mas ainda não era o suficiente. Ela estava ali para descobrir de vez as intenções de Andréa. Ia dar tempo para as duas se entenderem e depois iria usar Aline para descobrir mais sobre o passado de Andréa e o tempo que ela ficou longe. Pelo menos, Andréa já havia feito algumas confissões. Sentiu que era Aline a chave para saber toda a verdade.
Precisava ser inteligente. Mesmo que Augusto não quisesse falar com ela, tinha que arriscar. Perguntou a Aline onde ficava o banheiro e assim que ela mostrou, deixou as duas à vontade para fazer o que precisava. Entrou no banheiro e trancou a porta. Abriu o aplicativo de mensagens, buscou o contato do marido e até pensou em mandar um áudio. Por fim, preferiu escrever:
"Sei que você ainda está muito machucado e magoado comigo, mas eu preciso alertá-lo: tome cuidado com o Renato, ele é o cabeça de tudo o que aconteceu. Sei que Andréa não é nenhuma santa e eu não estou aqui para defendê-la. Sei também, que eu não tenho o direito de lhe pedir nada, mas eu estou próxima de conseguir algumas respostas. Se ainda houver uma chance para nós, peço que tenha cuidado por aí. Mesmo que você não acredite, eu sempre te amei. Mais uma vez, me desculpe!"
.
Se Sheila começava a acordar para a vida, tentando ser a senhora do seu destino, Augusto e Alencar, após quase uma hora de estradas de terra, chegavam ao local que buscavam.
Augusto saiu do carro e abriu a porteira. Alencar passou, ele fechou e voltou ao carro. Rodaram mais uns três minutos e avistaram a casa principal da propriedade. Era o sítio de Danilo, primo de Renato. Alencar pediu:
- Espere aqui. Se ele vê você, pode ser que não queira falar conosco. Espere ele sair e só então saia do carro.
Aquele era o trabalho do amigo e Augusto preferiu seguir as instruções. Alencar foi até a porta e chamou. Logo Danilo veio ao seu encontro, recebendo Alencar com um abraço. Cidade pequena, todos conhecem todos. Augusto acompanhava o que acontecia protegido pelo insulfilme escuro dos vidros. Alencar disse alguma coisa e Danilo se virou para a casa e chamou alguém.
Renato, cheio de si e ainda com alguns hematomas no rosto, saiu e cumprimentou o policial. Era a deixa de Augusto. Ao vê-lo sair do carro, um forte receio tomou conta de Renato. Alencar o acalmou:
- Relaxa! Augusto não veio terminar o serviço. Mas você precisa nos dar algumas explicações.
Renato sabia que vários de seus primos estavam na propriedade. Ele cresceu:
- Eu não tenho que dizer nada. Isso é coação. Além de tudo, ele deveria estar preso por agressão.
Alencar, calmo e paciente, tirou um bloquinho de anotações do bolso e o colocou no devido lugar:
- Vejamos: de acordo com o código penal e com a lei, no artigo 218-C, é crime divulgar ou compartilhar imagens e vídeos que façam apologia ao estupro, ou repassar fotos e vídeos com cenas de sexo, nudez e pornografia sem o consentimento da vítima.
Renato olhava para ele sem entender. Ele continuou:
- O direito de imagem é considerado um bem jurídico indisponível e inviolável, pois está previsto como garantia fundamental no art. 5º, inciso X da Constituição Federal. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
Renato estava sem saída. Para deixá-lo ainda mais suscetível a colaborar, Alencar deu o xeque mate:
- E ainda temos chantagem, assédio, conduta imprópria no local de trabalho… tem certeza que prefere o Alencar policial? Podemos resolver como civis. A decisão é sua.
Renato se sentia ainda mais humilhado. A surra de Augusto não foi nada perto do que ele sentia agora. Sem alternativas, ele disse:
- O que vocês querem saber? Vamos acabar logo com isso?
Alencar fez sinal para Augusto continuar. Apesar da raiva que tivera, ele não tinha a intenção de tripudiar sobre Renato. Via que ele já estava entregue e sem meios de se safar. Queria terminar logo e nunca mais ter que olhar para a cara do falso amigo. Ele perguntou:
- O que você pretendia? Por que todo esse ódio contra Sheila e eu?
Renato o olhou com raiva:
- Você é incrivelmente ridículo. Você nunca se importou com ninguém, além de si. Sempre usou as pessoas e nunca enxergou o mal que fez. Desde a adolescência. Sempre primeiro o Augusto e os outros que se contentem com as sobras.
Augusto o olhava sem o reconhecer mais. Ao mesmo tempo ficava impactado com aquele depoimento. Nunca lhe haviam falado daquela forma. Renato continuou:
- Sua primeira namorada? O que você fez com Andrea, lembra? Depois que conseguiu o que queria, nunca mais quis saber dela. A descartou como um guardanapo usado. E com seu pai? Ele errou e o que aconteceu? Você o destruiu.
Augusto, mesmo sentindo ainda uma revolta, começava a entender o ódio acumulado. Mas Renato tinha mais a dizer:
- E eu? Seu melhor amigo que pediu sua ajuda, lembra? Você me fez uma promessa e na primeira oportunidade me passou a perna. Você só pensa em você. E julga as pessoas do seu pedestal e esquece que é o menos virtuoso de todos nós. Você pega o que quer das pessoas e as descarta. Você pensa que é um exemplo, mas não vale nada.
Augusto se sentia mal, o gosto de fel veio à sua boca, por segundos pensou em agredir Renato, mas fez um esforço enorme para se controlar. Naquele depoimento do Renato havia uma forte carga de respostas às suas dúvidas e precisava saber tudo de uma vez. Ele perguntou:
- Tudo isso por causa de uma rixa adolescente? Você parou no tempo, isso aconteceu há onze anos atrás.
Renato, inconformado, o confrontou:
- Para você, tudo é fácil. Onde não dói você não sente. Você pisa nas pessoas, acha que elas vieram ao mundo para fazer a sua vontade. Andréa, seu pai, eu, Sheila… me diga? Por que sua esposa precisou procurar fora se você é o melhor de todos?
Augusto estava cansado das provocações. Seu controle chegara ao limite. Cerrou os punhos com força e chegou a encher os pulmões de ar para reagir. Mas Alencar percebeu sua reação e interferiu enérgico:
— Mantenha o controle Augusto. Não faça besteira.
Augusto disparou:
- Você que é ridículo, só está enrolando.
Renato resolveu despejar de vez toda a verdade:
- Sheila deveria ter sido minha. Você trapaceou, e a roubou de mim. Usou o pretexto do meu pedido para se aproximar dela. Você na verdade nunca se importou comigo. Me passou a perna e ainda achou que não era nada demais. Você criou esse sentimento de ódio em mim, esse desejo de vingança que me transformou em uma pessoa amarga.
Augusto não ia suportar muito tempo aquelas acusações. Para não perder o controle virou-se para Alencar:
- Para mim já deu. Ele vai ficar nessa enrolação. Vamos embora, não vale a pena.
Renato, tentando desestabilizar Augusto, o provocou:
- Cuidado com Andréa, ela é bem pior do que eu.
Alencar puxou Augusto pelo braço. Ele sabia que se continuassem ali talvez não conseguisse impedir a explosão de fúria do amigo. Augusto e Alencar entraram no carro e voltaram à cidade. Seguiam calados, ainda impactados pelas declarações de Renato. No caminho, o celular de Augusto vibrou. Ele viu que era uma mensagem de Sheila, mas resolveu deixar para ler em casa. Alencar o deixou em frente à padaria e se despediu.
.
Enquanto Augusto tentava entender melhor o furacão que atingiu a sua vida, Sheila estava decidida a descobrir de uma vez por todas, a verdade e as intenções de Andréa.
Ela deu descarga para justificar a ida ao banheiro e voltou para junto das duas. Sabia que precisava agir de forma natural. Queria deixá-las à vontade para que não a tratassem como uma intrusa. Fascinada com o mar à sua frente, ela pediu:
- Posso ir até a praia? Como é lindo aqui.
Andréa, se dando conta da beleza natural em frente a elas, perguntou:
- Quer que eu pegue a sua mala?
Sheila se lembrou:
- Eu não trouxe biquíni. Acho que vou assim mesmo, só sentar um pouco na areia.
Aline, encantada com a beleza e a simplicidade dela, ofereceu:
- Venha comigo! Eu tenho várias peças que nunca usei e nosso corpo parece ter as mesmas medidas.
Sheila a seguiu até o quarto. Novamente, ela ficou maravilhada. Parecia uma foto de revista. Uma cama imensa, uma poltrona branca que parecia ser bem confortável com um abajur na lateral. Uma estação de maquiagem com dezenas de produtos das melhores marcas, uma cômoda de madeira com um trabalho artesanal belíssimo… Aline entrou no closet e a chamou novamente. Sheila nunca havia visto tanta roupa para uma só pessoa na vida. Vestidos simples e de luxo, calças, saias, terninhos…. Os sapatos então, dezenas de modelos. Saltos, botas, escarpins… das mais variadas cores e para todos os gostos. Frascos de perfumes importados, joias em destaque em seus mostradores. Aline a tirou do transe:
- Nessa gaveta, todas as peças são novas, nunca usadas. Escolha à vontade.
Sheila, indecisa com a quantidade de peças, escolheu um biquíni azul clarinho mais comportado. Aline saiu do closet, dando privacidade para ela se trocar. Após alguns minutos, Sheila também saiu.
Aline não pôde deixar de sentir comichões em sua xoxota ao ver aquela morena tão linda e com um corpo tão espetacular. Sheila era a verdadeira brasileira. Uma morena de seios pequenos, bunda avantajada e curvas impecáveis. Aline a achou linda. Começava a entender o porquê da mudança em Andréa. Sheila realmente mexia naturalmente com a libido de uma mulher bissexual. Ela sabia, era automático, acontecia aquela conexão que despertava o desejo.
Aline voltou ao closet e pegou uma saída de praia de crochê também azul clara e entregou a Sheila. Após vestir, ela ficou irresistível. As duas voltaram para a sala. Os olhos de Andréa brilharam ao vê-la tão sensual naquele biquíni. Ela disse:
- Acho que vou à praia também.
Sheila estava tão atraída pelo mar, esteve tão poucas vezes na praia durante a vida, que nem esperou as duas, abriu as portas do fundo e foi saindo rumo à praia.
Andréa voltou ao carro, retirou as malas e as trouxe para dentro. Aline mostrou a ela o quarto que ocuparia e também foi colocar um biquíni.
As duas se reencontraram no corredor. Aline não resistiu:
- O tempo foi generoso com você. Continua tão bela quanto há quatro anos atrás, na última vez que nos vimos.
Andréa aproveitou o momento, também sentia saudade. Ela segurou na cintura de Aline e puxou o corpo dela de encontro ao seu. As duas ficaram se esfregando e sentindo o corpo uma da outra. Andréa levou as mãos ao rosto dela e a encarando, disse:
- Eu jamais esqueci de você.
Aline a provocou:
- Vendo Sheila ao seu lado, não parece.
Andréa não desanimou:
- Você é importante para mim. Desculpa se eu fui uma idiota. Você não merecia.
Sentindo sua resistência indo embora, Aline se deixou levar:
- Podíamos estar juntas, mas você foi burra. Deixou aquele cafajeste entrar na sua mente.
Sabendo que Aline tinha razão, Andréa apenas concordou. Estar com Aline de novo, trazia de volta as recordações da época mais feliz de sua vida. Ela a abraçou mais forte, deu um beijo carinhoso em seu pescoço e disse:
- É tarde demais para nós?
Aline não respondeu, somente a beijou. Um beijo de saudade, de um amor jamais esquecido. Andréa sempre foi o grande amor da vida dela. Pensava nela todos os dias e não se conformava com o jeito que as coisas aconteceram. Ela disse:
- Que saudade dessa boca. Venha! Teremos tempo. Vamos ver a Sheila.
Andréa deu mais um beijo intenso na antiga amante. Antes de saírem da casa, Aline perguntou:
- Você vai mesmo cuidar dessa garota, né? Eu não vou deixar que ela sofra mais. Eu sei a dor de perder alguém que se ama. Você promete?
- Eu farei de tudo ao meu alcance para que ela volte com o marido.
Aline tinha uma última dúvida:
- Como foi rever Augusto?
Sem ter porquê mentir, Andréa foi completamente honesta:
- Eu fui uma idiota. Perdi você à toa. Não sinto mais nada por Augusto. Quando eu vi o que estava fazendo com Sheila, não consegui ir em frente. Eu errei, pois a seduzi, mas não foi por vingança, foi por tesão mesmo. Ela é linda.
Aline não tinha como discordar. Ficou impressionada ao ver Sheila de biquíni. Achou o corpo dela espetacular. Uma vênus de Milo moderna.
As duas saíram de casa e foram ao encontro de Sheila. Ficaram na praia até um pouco depois do anoitecer. Sheila se mantinha firme nos seus propósitos, deixando as duas pensarem que ela era ingênua. Como era uma praia particular, a privacidade estava garantida. Podiam falar bobagens à vontade. No fundo, Sheila estava se divertindo e descansando a mente. Precisava dar corda e deixar as duas se sentirem donas da situação, só assim poderia tirar alguma coisa de duas mulheres tão inteligentes.
Com a viagem longa e cansativa, somada às várias horas de mergulhos e conversas à beira-mar, Aline resolveu pedir pizza para o jantar, uma refeição rápida e que todas gostavam. As três voltaram para a casa e jantaram mantendo o bate papo descontraído. Aline mostrou à Sheila o quarto que ela ocuparia e lhe deu toalhas. Sheila foi a primeira a tomar banho e se deitar. Com as mudanças pelas quais seu corpo passava, estava realmente exausta.
Andréa ainda tinha energia, mas seu tom de pele muito branco, foi castigado pelo sol forte da tarde.
Ela também tomou um banho refrescante que ajudou a acalmar a ardência na pele. Se sentou nua na cama e começou a passar um creme calmante para minimizar os efeitos do sol. Ouviu três leves batidas em sua porta. Como sabia que Sheila já estava apagada, só podia ser Aline:
- Entra.
Aline entrou e ao vê-la nua após tantos anos, não pode deixar de dar uma leve mordidinha nos lábios. Ela tentou ser educada:
- Eu volto depois.
Andréa riu:
- E o que tem aqui que você nunca viu? Venha, me ajude. Estou toda ardida.
Aline sentou-se atrás dela, pegou o frasco de suas mãos e começou a massagear delicadamente as costas de Andréa, espalhando o creme de forma uniforme. Suas mãos deslizando suavemente pela pele arrancavam leves suspiros da antiga amante. Andréa curtia as carícias de olhos fechados. Aline continuava o ritual. Costas, lateral do corpo, ombros, pescoço… sem pensar demais, sendo guiada apenas pela saudade e pelo desejo, ela despejou mais um pouco do creme refrescante nas mãos e começou a massagear carinhosamente os seios de Andréa. Ela gemeu manhosa:
- Que delícia… Hummm… saudade dessas mãos.
Somente uma mulher que gosta das carícias de outra sabe a sensualidade daqueles toques sutis carregados de energia. Andréa virou a cabeça e as bocas se encontraram em mais um beijo intenso. Aline, sem parar de beijá-la, acariciava os bicos bem tesos e já intumescidos pelo tesão. A saudade era imensa e o beijo ganhava cada vez mais intensidade.
Andréa se virou e tirou o frasco de creme das mãos dela. Voltou a beijá-la, forçando seu corpo sobre o de Aline, a fazendo deitar. Ondas de saudade e choque percorriam o corpo das duas. Para Aline, o amor que ela precisou manter escondido, voltava com força. Andréa, apesar de ter sido manipulada, jamais esqueceu da mulher da sua vida.
Aline alisou as coxas de Andréa e afastou suas pernas, ela sorriu para a amante, feliz e pedindo com o olhar para que ela continuasse. Aline foi passando as mãos pela parte interna das coxas até chegar na bocetinha que já estava começando a mostrar toda a saudade que sentia de sua verdadeira dona.
Aline deu um beijo de língua delicioso em Andrea e foi descendo pelo pescoço, dando leves mordidinhas e beijos carinhosos:
- Aaahhhh… como você é boa nisso. A melhor…
Sugou com carinho e muito desejo os seios pequenos, durinhos, com a pele já toda arrepiada. Ela mordia levemente os mamilos, e depois sugava com movimentos de língua habilidosos. Andréa estava entregue:
- Hummm… delícia… ahhhhhhh…. Assimmm..
Aline voltou a explorar o corpo esbelto e todo avermelhado pelo sol com cuidado. Dando beijos leves e pressionando com carinho. Andréa gemia cada vez mais:
- Ahhhh… aiiiii… isso…. Que saudade…
Aline também não estava mais conseguindo segurar a vontade. Desceu a boca rapidamente de encontro a xaninha de Andréa, seu cheiro estava a deixando louca. Deu uma primeira sugada forte no grelo e depois tilintou o clitóris com os dedos. Andréa delirou:
- Cacete… Hummm… só você sabe me deixar doida desse jeito…
Mais uma sugada forte, seguida de uma masturbação rápida:
- Puta que pariu! Aaahhhhh… isso…. Hummm…
Aline passou a chupá-la com maestria, brincando com a língua no grelinho, fazendo Andréa gemer alto:
- Isso… Ahhh… Hummm…. Não para!
Ela enfiava a língua fundo naquela xoxota, lambia o grelo e para aumentar de vez o tesão, penetrou dois dedos, fazendo movimentos rápidos, indo e vindo, sem parar de chupar de forma intensa o clitóris. Andréa delirava e se debatia:
- Agora, vai… vou gozar, meu amor! Ahhh… Hummm… aahhhhhh…
Aline a fez gozar em sua boca. Andréa estava maravilhada, sentia muita falta da sua amante. O sexo entre as duas era incrível, sempre foi. Por mais que Sheila fosse uma mulher linda e muito atraente, foi com Aline que viveu os melhores anos de sua vida. Ela começava a entender que talvez essa teimosia em querer ajudar Sheila a reconquistar o marido, poderia acabar fazendo mais mal do que bem.
Andréa estava realmente muito confusa. Estar com Aline outra vez era muito mais do que ela merecia depois de tantas coisas erradas. Magoou a pessoa que mais cuidou dela, destruiu um casamento sem ter motivos para tal e se deixou levar por um falso amigo que nunca quis o seu bem, só quis se aproveitar da sua influência.
Por mais que fosse tentador poder colocar a culpa de tudo em Renato, Andréa era uma mulher adulta e inteligente. Se quisesse reconquistar pelo menos, a amizade de Aline e Sheila, precisava ser correta e assumir a sua parcela de culpa. Sabia que um pedido de desculpas honesto e feito de coração, era só o que Aline queria dela. E Sheila também parecia disposta a perdoá-la se ela mostrasse que não era igual ao Renato.
Andréa e Aline passaram a noite revivendo os velhos tempos. A cumplicidade e o sentimento entre elas estava ali. Andréa estava decidida a pedir a ajuda e o perdão dela para sair daquela situação em que se encontrava. Era a única capaz de fazer com que ela enxergasse os erros e recolocasse a vida nos eixos. Antes de adormecer, Andréa pediu:
- Preciso de você! Você me ajuda a encontrar o caminho certo outra vez?
Aline, feliz por ver a melhor versão de Andréa de volta, disse:
- Lógico, meu amor! Eu faço qualquer coisa por você.
Felizes, as duas se entregaram ao sono.
.
Andrea começava a enxergar uma luz no fim do túnel e Augusto, já em casa, a sua própria casa com Sheila, começava a pensar em tudo com mais clareza.
Ele tomou um banho e olhou triste para a cama que dividia com a esposa. Ele pensou:
"Acho que as coisas poderiam ter sido diferentes. Será que eu estou sendo mesmo correto? Por mais que me doa dizer, Andréa, Oscar, Fátima e até mesmo aquele filho da puta do Renato tem razão em algumas coisas. Será que eu também não sou culpado pelo rumo das coisas?"
Ele terminou de se enxugar e vestiu o short do pijama. Foi até a sala e ligou a televisão. Estava mesmo com saudade de sua casa. Por mais que sentisse falta de Sheila, ela merecia pagar pelo que fez. Pensar nela o lembrou da mensagem. Ele pegou o celular e leu. Novamente, se estressou. Estava na hora de os dois pararem de ouvir os outros e resolverem a própria vida. Abriu o aplicativo de mensagens e respondeu:
"Volta para casa. Está na hora da gente conversar e resolver a nossa vida. Chega de deixar os outros falarem por nós."
Continua…
É PROIBIDO CÓPIA, REPRODUÇÃO OU QUALQUER USO DESTE CONTO SEM AUTORIZAÇÃO – DIREITOS RESERVADOS – PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM OUTROS BLOGS OU SITES. PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA NA CASA DOS CONTOS ERÓTICOS.