Atenna
Não me recordo de ter vindo ao escritório do meu pai desde que tive 12 anos e precisei de sua permissão para uma incursão da escola. Hoje eu estou bem tensa, sinto que algo estranho está prestes a acontecer, e essa história de conversa me deixa assustada demais. Sabe quando chega naquela parte do filme de terror em que a gente sabe que o monstro está atrás da porta e mesmo assim abre? É assim que me sinto. Não, meu pai não é o monstro, mais a conversa sim. Estou diante da enorme porta escura de sua sala e dou duas batidas leves.
— Pode entrar, filha - passo pela porta e aguardo em pé a sua frente - pode sentar meu bem. Como você está?
— Eu estou bem Papi, e o Senhor?
— Está tudo ótimo, meu bem. Exceto que o meu bebê cresceu rápido demais
— A papai isso tinha que acontecer um dia, mas isso não significa que eu deixe de ser o seu bebê.
— Eu realmente espero que nada te faça deixar de ser minha menina - ele parece emocionado e o meu estômago começa a embrulhar.
— Estou começando a me assustar com essa conversa pai.
— Não se assuste, vai ficar tudo bem. Pegue a pasta verde que esta á sua frente. Quero que leia esse documento com atenção antes de continuar a conversa.
— Tudo bem — estendo a mão e pego a pasta verde, que eu ainda não havia notado sobre a escrivania, ao abri a primeira página percebo que se trata de um contrato antigo com data do ano em que nasci. Começo a ler e identifico ser um contrato de empréstimo com garantia. No entanto, quando chego a parte de garantia percebo algo muito estranho, tem meu nome escrito nele — papai porque meu nome está aqui?
— Explico quando você acabar a leitura.
Meu coração começa a ficar descompassado quando os meus olhos começam a passar pela palavra casamento. Aquele documento me dá em garantia para um empréstimo de milhões feito ao meu pai. Eu terei que me casar com ele, para cumprir a promessa de casamento que meu pai fez, desço os meus olhos para a data do contrato e percebo que foi assinado pouco após eu completar 6 meses de vida. Olho para o meu pai, o homem que acreditava até minutos atrás, que nunca me faria mal algum e, na verdade, parece que ele já fez. Tento me concentrar na cláusula seguinte, segurando minha vontade de chorar e me deparo com a palavra BDSM. Jogo o contrato sobre a mesa e olho angustiada para meu pai, pedindo aos deuses do olimpo que ele tenha uma explicação válida e coerente.
— Me explica por favor, eu realmente não quero começar a achar que o meu pai me vendeu para um desconhecido - ele respirou fundo.
— Atenna, para tudo que faço nessa vida existe uma lógica, um sentido. Logo após você nascer o escritório de advocacia ficou atolado em dívidas e não conseguia quitar de nenhum jeito. Se eu não pagasse, iriamos parar na rua e apesar de o Antonio ser meu melhor amigo, ele não podia me dar o valor sem nenhuma garantia. Fizemos esse acordo e ele prevê que você e o filho dele se casem. O Fernando tem esperado por você por anos.
— Quem é Fernando? Porque tem uma cláusula que prevê práticas BDSM desde que eu as aceite?
— Você o conhecerá amanhã. O contrato original te obrigava a aceitar essas práticas, modificado porque ele pediu, não queria ter de te obrigar a isso. Nada garantiria que você sentiria interesse. Ele tem mais honra do que eu filha.
— Pai mais porque não me dar a oportunidade de optar por não casar? O contrato não perderia seu efeito caso o Senhor quitasse a dívida?
— Sim, mas nem comecei a pagar ainda. A garantia não teria efeito até você completar a maior idade, Antonio me emprestou o dinheiro com garantia e pagamento a posteriori.
— Papai, o que tinha na sua cabeça? Não, pensou em mim por nenhum segundo? - as lágrimas começavam a fluir por meu rosto.
— Filha, se eu não conseguisse o empréstimo hoje, não teríamos essa vida luxuosa, não teria estudado nas melhores escolas e tudo acesso aos melhores médicos. Deus, talvez nem tivesse sobrevivido a pneumonia.
Eu levanto e ando em círculos pelo escritório, meus instintos não falharam, as vésperas do meu aniversário meu mundo virou de cabeça para baixo. Eu tento organizar as minhas ideias, procuro respirar devagar e controlar o choro. O que teria feito diante de uma situação como a que o meu pai passou? Eu deixaria o negócio da família se perder? Não faço a menor ideia porque não sou mãe, não sei o que é estar a frente de um lar sendo provedor da casa. Na verdade, desconheço o desconforto e a ausência de paz e harmonia. E nunca precisei passar por mudanças drásticas, tudo sempre esteve tão certo para mim, isso tudo me deixa completamente confusa. Olho para o meu pai que se mantêm em silêncio, aguardando que eu manifeste alguma reação.
— Pai, eu te amo, estou chateada por descobrir isso desse jeito e ainda mais as vésperas de um noivado com um desconhecido. Entenda por favor que isso não é natural, ninguém acorda esperando descobrir ser a garantia de um contrato de empréstimo. Eu o preciso absorver isso de alguma forma e ainda não sei como. Não falharei em cumprir o papel que está sendo me dado, só espero que esse tal de Fernando seja de fato alguém honrado e que cumpre suas palavra - enxugo as lágrimas do meu rosto e acrescento — Posso ir embora agora? Sei lá, preciso de ar fresco e da minha melhor amiga.
— Vá, fico feliz que tenha aceitado filha. Por favor, tente me perdoar um dia.
— Eu não o odeio papai, apenas é tudo muito estranho para mim, se eu pudesse voltaria no tempo e sopraria no seu ouvido uma alternativa a essa situação.
Zeus
Meu coração quase se partiu ao vê-la chorar daquela forma, ela saiu do meu escritório com o rosto manchado das lágrimas e parecia tentar aparentar força. Ela é mesmo uma menina diferente das demais, não é boba, mas é inocente de um jeito só dela. Sei que fará o que está nesse contrato apenas por obediência e respeito a mim, mas eu torço para que no fim ela acabe por gostar do Fernando. Ele é um homem de princípios firmes, se não foi pela criação que recebeu do Antônio, adquiriu e estabeleceu cada uma das suas leis. Eu acompanhei de perto o treinamento e evolução dele como dominado, porém ele tomou atitudes bem diferentes dos demais em relação a tudo. O que eu suspeito tenha gerado estranheza entre os outros alunos e deixar claro que ele era meu protegido não ajudou muito. No fundo, com ou sem contrato, o Fernando é o homem que eu escolheria para ser o esposo da minha filha. Preciso me preocupar agora em como ela está, já são 21h13 e tenho certeza que a Louise ainda não foi dormir, vou pedir para ficar ela com Zennit essa noite. Pego o celular e disco seu nome, suspeito que ela atenderá no primeiro toque.
— Senhor?
— Preciso que fique com Atenna essa noite, ela não absorveu bem a notícia e tenho certeza que precisa de você.
— Sim, meu Senhor. Eu vou ficar com ela, mas preciso de uma justificativa para dar a minha mãe.
— Eu cuido disso, apenas faça o que eu mandei. Você sabe o que acontece quando não faz o que eu quero em? - digo num tom de brincadeira.
— Sim, meu Senhor. Eu sei bem, não que eu fosse reclamar...
— Comporte-se menina - desligo o telefone ciente de que ela não falharia em me obedecer, é a melhor amiga da minha filha e uma cadela excepcional. Oh não! Não estou traindo minha mulher, ela gosta disso tanto quanto eu e se eu deixar não fica muito da Louise para mim.
A Louise se tornou nossa putinha depois que pegamos ela se tocando enquanto nos observava por uma pequena brecha na porta do nosso quarto. Ainda lembro da cara de surpresa dela quando abri a porta do quarto e ela rolou para dentro dele, a pequena gaguejava como louca tentando dar uma explicação e foi muito divertido de assistir. Ela demonstrou interesse em ser submissa e como já era um desejo antigo de minha esposa, não precisei de muito para me envolver e lapidá-la para o que é hoje. Difícil mesmo foi explicar e fazer com que entendesse a necessidade de sigilo daquilo, sendo ela unha e carne com minha filha. O que facilitará muito para que eu tenha certeza que Atena está bem. Agora vou deixar meu escritório, pois tenho que cuidar da minha escrava favorita que já deve estar de joelho aguardando por mim e pelo peso de minhas mãos .....