Ah... A praia de Iracema, em Fortaleza; Ceará com certeza é um lugar maravilhoso, as compridas ondas de tons azuis, esverdeados, com aquela aresta perolada, espumosa; rasgando o Horizonte, o ar aquecido da maresia sob aqueles montes de areia ondulados, turvando conforme fundem-se com aquela fúria interminável das marés; os velhos coqueiros, palmeiras sendo penteados infinitamente pelo sopro árido da Natureza.
E é bem óbvio que eu, Rafael, um rapaz gay versátil na casa dos 30 anos, dono de um dos comércios beira-mar da região, tiro o máximo proveito - tanto financeiro quanto erótico - daquela beleza da Natureza, hahaha.
Sou bem-resolvido com minha sexualidade, ou seja, não é segredo para ninguém que adentra meu negócio que sou gay, tanto que já fiquei com numerosos rapazes da região ao decorrer da minha vida adulta. Possuo vários fetiches, mas o que mais enlouquece-me é um bom BDSM... Uns bons tapas é sempre essencial, haha.
Quanto à minha aparência, sou considerado um dos mais belos das redondezas; uns 1,95 de altura envoltos por um bronzeado intenso, refinado pelas horas e horas usadas para atender todos os pedidos, limpar assim como organizar os coquetéis naqueles cocos roliços, limpar o piso de madeira do Recanto do Tritão; o meu ganha-pão a numerosos tempos. Não me é estranho também usar aquelas roupas floridas, curtas; típicas da praia, dando destaque ao meu peitoral sutilmente peludo, minhas pernas musculosas e rabão durinho. Quando atendo os fregueses, nunca falta-me aquele sorrisão radiante,de lábios avermelhados grandes, sombreado por meu nariz levemente curvado, entre uma coleção de sardas, pintas nos arredores de um par de olhos amendoados, azuis como as próprias ondas que escondem-se atrás de minha alta, imponente silhueta. O Sol do Nordeste é um tanto exagerado às vezes, e por isso sempre aglutino minhas longas mechas lisas, acastanhadas em um bagunçado coque; escapando um fio ou outro sob a touca de serviço enfeitada por fileiras de conchinhas.
Porém, não é apenas de serviço que um macho vive... também tenho meus desejos eróticos, minhas fodas - sempre à Noite, tendo a misteriosa Lua no topo das marés como minha espiã - com os mais variados gostosos da região, ora sendo algum dos gostosos que atendo cujas mãos deslizam um bilhetinho após uma conta paga; ora por intermédio dos apps de pegação Tinder e afins.
Foi em uma noite de Lua-cheia de um sábado que tive uma foda gostosa no mirante arbóreo - de frente ao mar - da minha própria casa, um tanto distante do meu restaurante; porém também sobre aquele solo pedregoso, arenoso. Recordo-me até hoje - meu pau dá leves fisgadas toda vez que a memória floresce - de todos os detalhes, todos os cheiros, gostos, sensações que tive com aquele surfista marrento, o João Paulo...
O dia começou como mais qualquer outro, acordei de manhã cedo para iniciar os afazeres no restaurante, aquele cheiro característico, calmante de maresia inundando o meu quarto enquanto o alarme de meu celular disparava com um toque praiano qualquer. Deslizo minha mão até o criado-mudo de mármore, derrubando uma caneta e um papel de contas com meu braço peludo, as veias grossas verde-água esticando no bronze praiano.
Meu pau com aquela dureza matinal - sem cueca, como sempre durmo - roçando gentilmente no colchão, as velhas molas abaixo respondendo; minha bunda durinha empinada, a malha do pijama tensionada nas laterais - soltando um fio aqui e ali - e na costura central.
"Caralho... Já são 6 da manhã" - Pondero, olhando - com um conjunto de remelas e olheiras preenchendo meu rosto - para fora da janela, uma brisa vindo do Horizonte, enquanto o Sol surgia distante, tons púrpuras, alaranjados com uma aresta delgada escura desaparecendo mostrando o início do dia.
Levanto-me lentamente, um bocejo escapando da minha boca, aquele amassado do travesseiro no corpo, colocando a coberta de lado; meus pézões 44 caçando meu par de Havaianas em algumas das tábuas de madeira...
Vou até o banheiro, abro as janelas, deixo aquele ar abafado dissipar. Escovo os dentes enquanto corro os olhos pelo espelho em formato de estrela-do-mar; um lembrete escrito às pressas em uma das extremidades.
"Não esqueça de lavar o restaurante hoje" - Minha própria caligrafia dizia.
Peguei uns produtos de acne e dei uma lavada no meu rosto, penteei os cabelos para trás - como de costume - e troquei as roupas com uma certa pressa, o conjunto de chinelos, bermuda e camiseta customizados do meu Negócio; um broche com detalhes marítimos e a logo pendurados na gola azul-esverdeada.
"Melhor eu ir logo, quero tratar de deixar tudo impecável; afinal tenho um longo dia de trabalho vindo aí" - Minha mente me cobra ao passo que minha casa vai diminuindo no turvor, as volumosas camadas arenosas tomando conta de até onde meus olhos conseguiam identificar formas; a espuma com aquele som borbulhante arrastando-se...
A distância até o restaurante não era muito longa, tanto que por isso sempre chego lá em uns quinze, vinte minutos. O mar recém-despertado beijava meus pés, em vai-e-vem preguiçoso. As plantas rasteiras, os imponentes coqueiros dançavam na brisa salgada, fazendo um farfalhar ecoante distante.
Cheguei próximo das 7, o Sol já com aquela potência amarelada inundando a porta de madeira, os vasos de granito com cactos floridos arestando todo o retângulo.
Girei a chave e adentrei, aquele aroma distante de comida característico penetrando em minhas narinas, as tábuas do assoalho - salpicadas de grãos de areia - rangendo enquanto caminho de um lado à outro; abrindo as janelas e pegando um esfregão e uns panos nos fundos.
Meus braços faziam movimentos fortes, empurrando para longe toda aquela sujeira enquanto jogo um lustrador aqui e ali. O esforço me deixa um tanto suado, e por isso tiro minha camiseta e jogo-a em umas das cadeiras; meu peitão cabeludo, largo; tensionando conforme limpo, organizo tudo aquilo que precisa antes que os clientes começem a chegar.
Acabo tudo em uma meia-hora, todo o lugar agora com ares lustrosos, quentes, confortantes. Seco a camada aquosa em minha pele com uma toalha surrada, os músculos do meu abdômen aumentando e diminuindo consoante o ritmo de minha respiração. Reorganizo meus cabelos na touca, jogo uma água da pia no rosto e deixo a entrada aberta; a água cristalina jorrando das fontes a frente, as cerca-vivas - lotadas de flores rosas, amarelas, laranjas - mostrando o caminho.
Atender pedidos, correr para a cozinha com os pratos, listar as contas, passar cartão, lavar a louça. O relógio - cujo ponteiro das horas era uma moça-de-mármore praiana - indicava que já eram umas 7, o Sol agora quase inexistente nos Céus, a imponente Lua erguendo-se do outro extremo e trazendo consigo um emaranhado de nuvens azuladas, estrelas a tremeluzir naquele preto infinito.
Lá na extremidade direita, na última mesa, havia um moço ainda sentado; as mechas cacheadas, pretas serpenteando na brisa estrelada, um drink de coco quase-vazio ao centro da mesa, umas velas verdes, delgadas escorrendo ao prato decorativo do centro; iluminando rigorosamente aquele semblante amadurecido, rondando certamente os últimos anos da casa dosCom licença, senhor - Iniciei, um tom grave um tanto oscilante, as lâmpadas arredondadas do lustre acima de nós dois diferenciando do restante obscuro, turvo - Deseja finalizar tua conta? - Finalizei, correndo os olhos disfarçadamente - pelo menos, era o que eu imaginava - por aquele corpo bronzeado, torneado, peludo de surcista, aquele tostado-avermelhado intríseco naquelas bochechas, queixo.
- Ah, claro - Um cigarro já ao fim dançando entre os dedos, a fumaça hipnotizante rodopiando até fundir com a Noite - Irei pagar com dinheiro mesmo - Completou entre os dentes, a puxada final saindo pelo canto daqueles lábios avermelhados, carnudos, brilhosos.
Senti um leve arrepio se ramificar rapidamente na minha coluna, pois aquele gostoso estava enraizando na minha cabeça... o fato de estarmos sozinhos - à Noite, em meu restaurante, próximos de minha casa - aumentou ainda mais as fantasias que martelavam minha mente...
Uma leve, ecoante garoa começou a cair, enchendo de gotículas os botões florais dos arredores, o som da fonte da entrada ao fundo, borbulhante e abafado.
Ele deslizou a mão pelos bolsos à procura da grana, aqueles ombros largos - moldados pelo esforço do surfe - esticando e voltando, uma cicatriz bem marcada, violenta desenhada em um dos antebraços. Coloquei minha prancheta à frente de minha pelve para eclipsar meu pau crescendo, pulsante, fervente.
- Aqui - A palma extensa dele agrupando as moedas, notas amassadas passando de dedo em dedo - Certinho, né? - Os olhos dele também deslizando pelo meu corpo, dos pézões a meu rosto, uma entrelinha erótica perceptível.
- Claro... - Concordei, minhas mãos pegando tudo, o toque com ele sendo um pouco mais... alongado que o usual para uma relação puramente comercial - Tudo certo.
Ele se levantou e deu uma leve espreguiçada, as costas mostrando - em grafia chamativa, de forma - "Samuel" na porção inferior, a aresta curvada pela bundona redondinha dele, aquele short branco-azulado curtinho, recheado de contornos de hibiscos; o volume em meio às pernas balançando consoante os movimentos.
- Pois bem... - Nós dois penetramos os olhares às penumbras, um de frente ao outro, sem toque físico; porém emanando uma energia sensual, tensa, impaciente que apenas a Lua estava a testemunhar. Como se ele tivesse decifrado meus mais profundos pensamentos, a mão dele aproximou-se e rolou pela minha bochecha, o polegar deslizando no meu lábio. Meu rosto lotou de chamas, aquela sensação ardente na pele dele.
- Aaaah - soltei involuntariamente, a outra mão dele agora serpenteando minhas costas até agarrar minha bunda, aqueles cinco dígitos pressionados com força, malícia - É isso que você queria, né? - Sussurou em meu ouvido, os meus pelos arrepiando um-por-um, meus braços agora deslizando aos ombros dourados dele, macios como seda - É mesmo, eu queria s... - O nosso beijo agora ondulando como sombras alaranjadas nas paredes de barro; nossos corpos andando juntos para trás até ficarmos contra a bancada de granito mais próxima; uma mão minha na nuca dele, a outra agora agarrando o pescoço, bagunçando aqueles cabelos sedosos, o gosto distante do cigarro dissolvendo ao passo que o sabor de nossas salivas tomava o lugar.
O colar trançado com um pingente de dente-de-tubarão fazia um movimento de pêndulo no meu peito, as nossas roupas todas meio-amassadas com as pegadas. Nossos lábios deslizavam um sobre o outro, aquela sensação fria do granito fazia um arrepio percorrer minha espinha... Samuel de vez em quando dava uns tapas fortes na minha bunda, ao mesmo tempo que corria meu pescoço com chupões, lambidas, beijos fugazes... Nossos volumes na virilha pareavam e tangenciavam enquanto espalhávamos na mesa, os gemidos escapando enquanto Samuel me dominava com uma pegada que não deixava dúvidas do poder dele sobre mim.
- Oooooh... - Gemi lentamente, o indicador dele selando meus lábios - Calado, eu sabia que era isso que tu queria desde o começo - Samuel entrelaçou as mãos deles com as minhas, o suor de nós dois virando um só - Tu me olhava de um jeito que já deixava na cara... Agora você é meu - O sorriso dele com um tom de deboche.
- Sim, eu sou seu - Suspirei, o corpo dele voltando a agarrar-me e trancando minha boca aos lábios dele, o som das ondas espumando, ricocheteando na areia ao fundo; o farfalhar das palmeiras virando apenas um som quase indistinguível.