Continuação:
Vê-lo naquele estado me cortava o coração, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Jéssica deixara de ser um problema meu desde o dia que saí daquele motel e decidi seguir com a minha vida. O carinho que eu sentia pelos seus pais não me dava o direito de expor uma coisa tão pessoal. Era ela quem deveria contar a verdade a eles, nos termos que achasse melhor. Se ela me traiu ou não, se me enganou, ou se tudo não passou de um mal-entendido, nada daquilo me faria melhor ou pior, meus valores não eram tão frágeis para que eu me entregasse a um sentimento vazio de vingança.
Para não dar chances, preferi voltar para dentro de casa. Subi à suíte de Ester e a informei do final do serviço. Vendo que eu não estava bem, ela perguntou:
- Por que você estava conversando reservadamente com o marceneiro? Você o conhece?
Fui honesto:
- Sim! Namorei com a filha dele.
Ester parecia surpresa:
- Nossa! Pela janela, parecia que ele estava chorando…
Preferi cortar logo o assunto, já que não era da conta dela:
- Não foi um término muito legal. Mas isso é uma longa história, não estou a fim de relembrar.
Toda a situação com o Sr. Sérgio me deixou inquieto. Não sei bem o porquê, mas acabei ficando preocupado com a Jéssica. Estávamos afastados, é verdade, mas eu sempre desejei a felicidade dela. Saber que ela não estava bem, que tinha até desistido da faculdade, não era uma coisa a se comemorar. Pessoas erram, ninguém é perfeito. Uma vida inteira não pode ser definida por uma escolha errada. O perdão diz mais sobre quem o concede do que sobre quem o pede. Perdoar não é aceitar, não é um atestado de impunidade e nem obriga ninguém a ser refém do outro. Perdoar é apenas seguir em frente, desapegado do sofrimento vivido.
Já passava das treze horas e eu só queria ir embora:
- Fiz o que você me pediu, acho que vou indo. Minha mãe já deve estar preocupada.
Ester tentou me segurar:
- Fica mais um pouco, vou pedir comida. Almoça comigo pelo menos.
Preferi não prolongar a despedida:
- Fica para a próxima. Prometi à minha irmã que a levaria ao shopping durante a tarde.
Não era verdade, mas Ester acabou aceitando a minha desculpa. Tentando minimizar o que sentia por dentro, a abracei e lhe dei um longo beijo. Ela não queria me soltar:
- Sinto que você não está sendo completamente honesto comigo. - Como eu havia imaginado, ela não iria ceder tão facilmente.
Sendo carinhoso, mas me impondo, disse:
- Isso já passou, mas a gente acaba se preocupando com quem fez parte da nossa vida, é inevitável.
Ester me olhou com empatia:
- Você tem um coração gigante, não é? Ainda se preocupa com a família da ex.
Dei mais um beijo carinhoso nela e me despedi. Eu mesmo pedi um carro pelo aplicativo e enquanto seguíamos viagem, meus pensamentos sempre voltavam à situação de Jessica. Não demorei a chegar em casa.
Ao entrar, minha mãe batia a massa de um bolo na cozinha, rodeada pelos meus irmãos. Ao me ver, parecia aliviada por me ter finalmente em casa:
- A farra foi boa, moço? Pelo menos não parece que bebeu.
Ela veio me dar um beijo:
- Espero que não adquira esse hábito maldito.
Eu brinquei:
- Fique tranquila, dona Maria! Eu agora sou um homem respeitável.
Não conseguimos segurar o riso. Sentei na cozinha e fiquei ali junto com eles por mais algum tempo. Vendo minha família tão descontraída, decidi contar a novidade. Assim que ela colocou o bolo no forno, pedi que se sentasse ao meu lado e contei sobre o crescimento na empresa, a melhora do salário e principalmente, sobre a oportunidade de estudar direito. Ela me olhava com aqueles olhinhos gentis, orgulhosos, acariciando a minha mão:
- Eu sempre soube que você seria alguém na vida. Você nunca me deu trabalho, sempre foi uma criança comportada…
Meu irmão do meio, arteiro como só ele, derrubou o copo de suco na mesa. Minha mãe não resistiu:
- Diferente dessa pestinha… ah, moleque! Pode limpar. Tá pensando que eu sou sua empregada? Quero ver o dia que eu não estiver mais aqui, o que vai ser de vocês…
Todos nós rimos, e quando ela ameaçou pegar o chinelo, meu irmão rapidamente tratou de limpar a sujeira.
Ela voltou a me olhar:
- Eu sei que você vai tomar a decisão certa. De tudo o que fiz na vida, você é o meu maior acerto.
Precisei me levantar e lhe dar o meu melhor abraço. Mas, como sexto sentido de mãe não falha, ela sabia que eu não estava tão bem como tentava aparentar. Ela não fez rodeios:
- Agora me diz: por que essa carinha abatida? O que aconteceu?
Tentei desconversar, enrolar:
- Nada não! Algumas coisas que fiquei sabendo, mas que não me dizem mais respeito…
Ela foi direto na ferida:
- Algumas coisas que respondem pelo nome de Jéssica?
Olhei para ela admirado:
- Fala sério, virou vidente?
Ela me olhava divertida:
- Não! Se fosse, eu ia preferir saber os números da mega-sena.
Ela, então, me encarou séria:
- Encontrei com a mãe dela no mercado e fiquei preocupada com o que ela me contou.
Ela me olhava direto nos olhos, avaliando minhas reações:
- Eu nunca me meti, mas por que vocês terminaram? Parece que até hoje a Jéssica não esqueceu você. A mãe dela disse que ela está com depressão, tomando até remédios.
Naquele momento, a ficha caiu. Toda a tristeza do Sr. Sérgio começava a fazer sentido. O choro, as perguntas… talvez, entendendo o que motivou a nossa separação, ele pudesse ajudar a filha a superar.
Minha mãe notou a mudança no meu semblante:
- Vocês eram tão amigos, não se desgrudavam. Pareciam ser o casal perfeito.
Fui honesto com minha mãe:
- Esse foi o problema: Éramos muito amigos, confundimos as coisas. Nunca fomos realmente namorados…
Eu sabia que podia confiar na minha mãe:
- Jéssica estava indecisa, não sabendo se gostava de homem ou de mulher. - mas para manter o carinho dela por Jéssica, omiti uma parte da história. - Eu não achei justo comigo e terminei tudo.
Minha mãe estava completamente surpresa, de queixo caído:
- Nossa, filho… que barra deve ter sido.
Minha mãe, apesar do pouco estudo, era uma pessoa extremamente inteligente e altruísta:
- Você já parou pra pensar em como deve ter sido para ela?
Eu não entendi nada:
- Para ela? Mas e eu? Como aceitar uma situação daquela?
Minha mãe era mesmo diferenciada:
- Vocês, jovens, acham que sabem tudo, que tem todas as soluções, mas no fundo, são apenas crianças ainda.
Novamente, aquela cara séria, de quem sabe que tem razão:
- Tadinha, imagina o conflito dentro dela, o medo de perder você, do julgamento dos outros… você a abandonou quando ela mais precisava do melhor amigo.
Se eu já estava mal com tudo aquilo, as palavras da minha mãe me derrubaram de vez. Eu me sentia um lixo, um babaca egoísta, mas também, como eu poderia saber de tudo o que a minha mãe apontou? Ela tinha mesmo razão, dependendo da situação, somos apenas crianças sem controle de nada, idiotas egocêntricos que não tem a capacidade de entender o sofrimento do outro. Eu me sentia derrotado.
Mas como toda mãe, ela sempre tinha o melhor conselho a dar:
- Quem sabe uma conversa franca, definitiva, não ajude a Jéssica? Não estou dizendo que você deve voltar a namorar com ela ou coisa do tipo, mas a amizade que existia entre vocês não era uma coisa superficial, que morre de uma hora para outra. Eu acho que ela precisa muito do… como era mesmo que vocês diziam? Do Naruto para a Hinata dela. É isso?
Não consegui segurar a risada. Realmente, Jéssica e eu éramos apaixonados por Naruto. Enquanto tirava o bolo, muito cheiroso, do forno, ela disse:
- Vou na Solange (minha tia, irmã dela). Como é sábado, só volto mais tarde. Vou levar seus irmãos, aproveite a paz e pense no que eu disse.
Ela cortou o bolo e separou uma grande parte para levar, deixando alguns pedaços para mim e um café recém passado. Ela tomou um banho e todos saíram, deixando a casa no mais absoluto silêncio.
Tomei um banho também e ainda no chuveiro comecei a refletir sobre tudo o que havia acontecido. Sobre a separação tão mal-explicada entre Jéssica e eu, sobre a falta que eu sempre senti da sua amizade. Mas de uma coisa eu tinha certeza: eu não a amei a ponto de voltar a pensar nela como uma possível namorada novamente.
Comecei a avaliar a minha vida: "Eu era muito feliz solteiro. Ester era uma amante maravilhosa e eu ainda tinha as fodas deliciosas com a minha putinha loira. Fora os encontros casuais com outras mulheres, todas deliciosas e que me viam como um homem de verdade. Por outro lado, todas essas relações eram vazias de sentimento. Mas com apenas dezenove anos, eu estava na idade de curtir, não de me apegar."
A verdade era uma só: eu realmente sentia falta da Jéssica. Da amiga, pois namorada e companheira, ela nunca foi. Talvez, sendo honesto e jogando limpo desde o começo, nossa amizade poderia ser benéfica aos dois. Mas amizade apenas, somente isso. Era importante deixar bem claro desde o começo. Se ela me traiu ou não, aquilo já não tinha mais sentido. Remoer um sentimento tão ruim não me faria bem. Acho que, no fundo, tirando o fato de me sentir enganado, eu nunca dei tanta importância ao que aconteceu, acho que foi a desculpa que eu usei para pôr um fim naquela relação esquisita. Sem querer, acabei manipulando a situação para me sentir ofendido e ter a desculpa ideal para sair daquela situação estranha. Jéssica pode não ter sido uma namorada normal, mas eu também nunca fiz nada para mudar aquela situação. Até me beneficiei com ela, já que de nerd e insignificante, comecei a ser visto como o namorado da gostosinha popular.
Desliguei o chuveiro, me enxuguei e coloquei a bermuda. Deitei um pouco para descansar no sofá da sala e liguei a televisão num canal qualquer, sem prestar muita atenção. Acabei cochilando e tendo sonhos estranhos e excitantes, parecendo até ser saudade de tudo que eu não vivi:
"Jéssica, linda como sempre, me acordava de manhã:
- Bom dia, amor! Você não disse que precisa estar cedo no fórum?
Me levantei apressado, correndo para o chuveiro. Mal entrei e Jéssica veio atrás, se despindo e revelando aquele corpinho delicioso:
- Temos tempo para uma rapidinha, eu te acordei meia hora mais cedo.
Olhei para ela já com o pau dando um tranco:
- Vem aqui sua safadinha gostosa, seu marido vai lhe dar a melhor rapidinha da sua vida.
Ela já entrou no box se ajoelhando e segurando firme na pica:
- Deixa eu começar então, depois você cumpre com a sua palavra.
Sua boquinha quente engoliu a cabeça do pau, numa mamada muito gostosa:
- Ah, caralho! Que putinha mais tesuda, adora mamar uma rola, né?
Ela tirou o pau da boca e bateu com ele no rosto:
- Adoro! Mas só a sua. A pica do meu macho é única.
Ela voltava a dar beijinhos carinhosos e lambidinhas na cabeça do pau:
- Parece uma bezerrinha… mama gostosa, mama.
Jéssica me punhetou por um tempo e começou a esfregar o pau entre os seios, aproveitando o movimento de subida para voltar a chupar a cabeça da pica:
- Vai dar leitinho pra sua putinha safada? Eu quero…
Puxei-a para cima, fazendo ela se levantar e dei um beijo demorado naquela boca gostosa, que me chupava de forma magistral:
- Vou encher essa xaninha de leite, adoro foder essa bocetinha.
Virei Jéssica de encontro ao vidro do box e fiz ela arrebitar a bunda. Pincelei o pau na entrada da xoxota e brinquei com os dedos no grelinho:
- Olha a hora, amor! Me come logo, ou vai se atrasar.
Provoquei:
- Isso é vontade de rola ou de se ver livre de mim?
Jéssica mesmo pegou na pica e apontou pra xoxota, forçando a bunda para trás, iniciando a penetração:
- Vontade de pica, lógico! Você adora me torturar, brincar comigo… sente como estou querendo, mesmo na água entrou fácil.
Ela levou minha mãos até os seios, os biquinhos estavam bem durinhos:
- Sente como eles estão latejando, é você que me deixa assim.
Comecei a socar firme naquela bocetinha apertada que eu amava foder. Jéssica gemia manhosa:
- Ai, amor… que delícia! Mete na sua esposinha putinha…
Eu sabia que ela gostava de ouvir safadezas:
- É minha putinha, é? Gosta de ser fodida por seu macho, gosta?
Minhas estocadas já eram mais rápidas. Ela virava o rosto, tentando me beijar:
- Sou… só sua… fode, meu macho! Fode essa boceta.
Mesmo sendo uma rapidinha, nem precisei estimular seu clitóris, pois o gozo veio rápido, seguido de espasmos e tremedeira nas pernas. Até precisei segurá-la firme, a prensando contra o box. Aproveitei o embalo e gozei também…"
Acordei assustado, com uma mancha enorme na bermuda. Ainda bem que estava sozinho em casa ainda.
"Que loucura! Uma gozada involuntária em um sonho erótico com a pessoa mais improvável. Será que aquilo tinha algum significado? Meu lado animal me dizia que era uma frustração: a mulher que mais tempo passei ao lado, para o qual eu dediquei uma boa parte da minha jovem vida e não comi. Sua virgindade deveria ter sido minha. Será que era uma espécie de presságio? Os deuses da safadeza dizendo que eu deveria tentar, por orgulho, foder aquela mulher que me teve e não me quis? Ou quis e eu perdi a chance? Ou seria um profecia? Alguma mensagem paranormal me mostrando o futuro?" Enquanto me limpava no banheiro, aproveitando para lavar a bermuda, comecei a rir sozinho daqueles pensamentos. No fundo, eu ainda era um moleque bobo e idiota. Homem é tudo igual mesmo, não presta. Só pensa bobagem.
Ouvi a notificação de mensagem no celular, coloquei uma outra bermuda e pendurei a que acabara de lavar no varal para secar. Voltei à sala e vi que era uma mensagem de Marcela:
"Vem pra cá, está rolando uma festinha da galera da faculdade de direito. Quem sabe, você conhecendo o pessoal, acaba se animando e decidindo de vez a sua vida." Em uma segunda mensagem ela enviou sua localização.
Pensei bem se aquilo seria uma boa ideia. Com a cabeça cheia, frustrado e preocupado, não sei se eu seria uma boa companhia naquela noite. Mas eu ainda era um jovem de apenas dezenove anos e quase não saía de casa. Eu sentia falta de normalidade, de ter amigos e me divertir com eles. Já era o terceiro ou quarto convite que Marcela me fazia em duas semanas. Quem sabe se a falta que eu sentia da Jéssica fosse apenas por não ter outros bons amigos? Marcela era uma séria candidata a preencher aquele vazio. "Se eu não der o primeiro passo, jamais terei como saber." Pensei enquanto caminhava para o quarto.
Abri o guarda-roupa e comecei a analisar minhas opções: "calça, camisa social e sapato eram para o trabalho. seria estranho me vestir daquela forma para uma festa de faculdade. Calça jeans, tênis e camiseta? Acho que tem mais a ver. Ou uma bermuda no lugar da calça? Parece que a festa é em uma chácara e a noite vai ser quente. Bingo! Os escolhidos foram vocês." Ri sozinho da minha infantilidade.
Vesti a roupa escolhida e me olhei no espelho. Eu parecia uma garotinha buscando aprovação. Ri novamente. A bermuda era a escolha certa. Calcei o tênis, mandei uma mensagem para a minha mãe e pedi um carro no aplicativo. Ela respondeu:
"Vai dormir fora outra vez? Juízo, hein!"
Digitei:
"Não! Mas não sei que horas volto. Qualquer coisa, só chamar."
Ela respondeu com uma figurinha de um chimpanzé mandando beijos. Minha mãe estava viciada naquelas figurinhas, uma legítima "tia do zap."
Em poucos minutos o motorista chegou e eu mandei uma mensagem à Marcela, dizendo que estava a caminho e o tempo da corrida. Ela respondeu:
"Até que enfim! Acho que vai chover, já vejo nuvens carregadas no horizonte." E vários emojis de risada.
A corrida não demorou, mas o curto trajeto pela estradinha de terra foi feito com cautela pelo motorista. Ao chegar, Marcela me esperava na entrada da chácara, acompanhada por duas outras meninas, tão bonitas quanto ela. Uma loira esbelta, de olhos verdes como esmeraldas e uma mulata de encher os olhos.
Mas a surpresa mesmo, foi ver Marcela fora do escritório e vestida apenas com um short bem curtinho e a parte de cima de um biquíni. Ela era simplesmente espetacular. Que corpo lindo: Seios médios de biquinhos salientes, marcando o tecido fino do biquíni. Barriga lisinha, chapada e cintura fina. As coxas bem torneadas, de pelinhos dourados quase imperceptíveis. Por mais que as outras meninas fossem muito bonitas, Marcela era hors concours.
Ela veio sorridente me receber:
- Nem acredito que você veio mesmo. Já estava pensando seriamente em desistir.
As duas garotas me olhavam curiosas. Ela nos apresentou:
- Meninas, esse é o João.
As duas foram muito amistosas comigo. Marcela se enganchou ao meu braço, nos levando para dentro. Consegui ouvir o cochicho entre as duas que nos seguiam:
- Ele é bem gatinho. Marcela de boba não tem nada.
Seguiu-se, então, uma verdadeira marcha de apresentações. Acho que acabei cumprimentando e sendo apresentado para umas trinta pessoas. E quanta gente bonita. Marcela parecia triunfante por eu ter aceitado o convite.
A chácara era um local muito agradável. Na parte mais alta, um grande salão onde as pessoas bebiam e conversavam. De um lado, muito parecido com um bar, era servido churrasco e bebidas variadas. Eu até perguntei à Marcela:
- É uma festa paga?
Ela desconversou:
- Relaxa, já está tudo certo.
Do outro, um DJ fazia o seu show, mas o volume não era ensurdecedor. Era possível conversar e entender o que era falado.
Na outra extremidade, após um belo gramado bem aparado, ficava a área da piscina. Não era uma piscina grande, mas era o suficiente para aquele número de pessoas se divertirem. E a grande maioria preferia aquela área.
Marcela e eu conversamos durante horas, bebendo e comendo, sempre rodando entre os grupos formados. Ela era muito popular e todos pareciam ter um carinho especial com ela. Sempre tinha alguém se aproximando, abraçando, pegando nela… e ela era cordial com todos. Até os mais abusados, os inconvenientes, eram cortados de forma educada. Mas eu percebi que ela já estava passando um pouco do limite com a bebida, começando a falar enrolado e se insinuando para mim.
Por ser o irmão mais velho de uma adolescente, e também, de uma caçulinha, entrei no modo protetor, não deixando que ninguém se aproveitasse da situação. Era impossível não me sentir responsável. Marcela me convidou e ficou o tempo todo ao meu lado. As amigas já estavam tão bêbadas quanto ela e o meu trabalho começou a ficar complicado. Os homens estavam à caça e as mulheres, sem condições de resistir. Ali eu percebi que álcool e sexo são combinações irresistíveis, depois que o primeiro entra o segundo se torna fácil.
Não foi difícil convencer as três de que era a hora de ir embora. A mulata perdeu de vez a inibição, se jogando para cima de mim, tentando me beijar, se esfregando quando conseguia. A loira estava pra lá de Bagdá, dormindo sentada em um banco. Marcela olhava irritada para a mulata, chamando a sua atenção, parecendo irritada por ela não respeitar algum tipo de combinado entre elas, mas sem conseguir concluir as frases adequadamente. Pela fala enrolada, acho que comecei a imaginar coisas, pois Marcela parecia muito interessada em mim. "Não, né? É a bebida falando" Pensei, imaginando que estava confundindo as coisas.
Para completar a minha desgraça, eis que surge Daniel, o babaca-mor, querendo assumir a responsabilidade sobre as três, dizendo que estudam juntos e que ele as levaria para casa. Eu não sabia que ele estava na festa, em momento nenhum o vi.
Ele já chegou tentando puxar Marcela:
- Deixa comigo! Você nem tem carro.
Marcela o empurrou:
- Para! Saí daqui… você é chato, cara!
Meu sangue começava a ferver. Ele insistiu:
- Você nem conhece esse cara, sabe lá quais são as intenções dele…
Marcela, mesmo bêbada, estava constrangida:
- Eu sei muito bem qual é a sua intenção. Me solta! Eu quero ir com o João.
A mulata, mal se aguentando em pé, tentou ajudá-la a se livrar do babaca insistente:
- Para, cara! Ela já cansou de dizer que não quer nada com você. Vai insistir até quando?
Não consegui me segurar, já era o suficiente. Avancei sobre ele, tirando Marcela do seu abraço forçado e o empurrando:
- Saí daqui! Não é não. Eu vou chamar a segurança.
Um pouco alto pela bebida, ele balançou, mas se segurou:
- Quem você pensa que é para colocar a mão em mim? Você sabe quem é o meu pai? Eu acabo com a sua vida dando apenas um telefonema.
Uma voz atrás de nós falou grosso:
- Tinha que ser o Daniel! Sempre você, né? Toda festa é a mesma coisa, se você não arruma confusão com alguém, não vai embora feliz. E sempre usando o nome do papai delegado para intimidar.
Continua.