Continuação:
Eu não conhecia aquela voz grossa e ao me virar, vejo um cara alto, no mínimo 1,90m de altura. Ele parecia um tanque de tão largo que seus ombros eram. Apenas um braço dele deveria ser maior do que as minhas duas coxas juntas. Com um sorriso debochado, ele encarava o Daniel:
- Até quando você vai ficar nessa de intimidar os outros?
Marcela se soltou dos meus braços e foi, aos trancos e barrancos, até ele:
- Irmão! Você disse que estava ocupado, que não conseguiria vir.
Ele a abraçou e deu um beijo carinhoso em sua testa:
- Eu imaginei que esse bosta voltaria a lhe assediar.
"Irmão? Caralho! Com um irmão assim, só sendo louco para assediar essa garota." Pensei e acabei rindo sozinho. Ele percebeu:
- Qual é a graça?
Tentei me recompor:
- Nada, não! Fomos salvos pelo gongo. Eu já estava preocupado com o que poderia acontecer.
Ele voltou a encarar o Daniel:
- Eu tinha avisado e você preferiu ignorar. A conversa agora vai ser direto com o seu pai. Esteja preparado para as consequências.
Daniel nem pensou duas vezes, aproveitando o momento para sair apressado, com o rabo entre as pernas.
A montanha de músculos voltou sua atenção para mim:
- Eu vi o que aconteceu. Obrigado por defender minha irmã e suas amigas. Então você é o famoso João?
Pela atitude cortês, achei que o pior já tinha passado e brinquei:
- O famoso eu não sei, mas sim, eu sou o João. - Estendi a mão para cumprimentá-lo.
- Prazer! Eu sou o Marcel, irmão mais velho da Marcela.
Não tinha como não rir:
- Sério? Marcel e Marcela? - E como sempre, eu falava sem pensar. - Será que é tão difícil dar nomes aos filhos?
Ele me encarava de cara fechada, mas logo começou a rir também:
- Poderia ser bem pior. Meu pai, corintiano doente, queria me chamar de Rivelino. Ainda bem que a minha mãe não deixou. Gosto do meu nome.
Depois da mancada, criticando os pais deles, preferi ficar quieto para não falar outra bobagem. Ele nos fez sinal para segui-lo:
- Venham! Eu levo vocês.
Ele pegou a loira no colo e eu fui apoiando a mulata. Marcela continuou agarrada ao irmão. Chegamos ao carro, uma Hilux cabine dupla, e ele ajeitou a loira no banco traseiro. Marcela e a mulata também se acomodaram atrás. Ele tomou o seu lugar na direção e eu no banco do carona. Ele perguntou:
- Vamos deixar as meninas primeiro, as três moram juntas. Depois eu levo você, é caminho. - Ele acelerou e começamos a rodar.
Meu tinido aranha entrou em ação: "Como esse cara pode saber onde eu moro? Eu nunca o vi na vida. Tem coisa aí!" Pensei e o encarei preocupado. Ele também me encarava. Resolvi ser direto:
- Como você sabe o meu endereço? Nem a Marcela sabe.
Ele esperou que as três estivessem dormindo no banco de trás para dizer:
- Eu sou investigador particular, João! Sei que você nunca me viu, mas nós somos colegas de trabalho. Trabalho para o Dr. Mathias também.
Eu sabia o que era um investigador particular. Como um amante de séries, eles sempre estão presentes em séries policiais ou de advogados. Não achei necessário fazer mais nenhuma pergunta. Mas tive um estalo:
- Então é por isso que o patrão sabia tudo sobre mim?
Ele sorriu satisfeito:
- Exatamente! Mas essa aproximação da Marcela também é minha culpa. Quando leu o meu arquivo sobre você, ela ficou fascinada com a sua história.
Eu não entendi muito bem:
- Leu o meu arquivo? Que arquivo?
Saímos da estradinha de terra e entramos novamente na cidade. Marcel explicou:
- Eu tinha acabado de terminar a minha investigação sobre a sua vida e fui jantar na casa dos meus pais. Marcela é muito curiosa e mexeu na minha pasta. Geralmente, ele apenas lê os nomes, mas como havia uma marcação de urgência, de pedido pessoal do Dr. Mathias, a curiosidade falou mais alto. Ela também estava para começar o estágio…
Curioso, eu o interrompi:
- Mas isso não é errado? O patrão eu entendo, mas uma colega de trabalho?
Ele não tinha muito o que dizer:
- Se você não contar, eu também não conto.
Eu não gostei muito da resposta, mas Marcela era uma boa pessoa, correta, não acredito que ela iria espalhar o que leu. Marcel concluiu:
- Ela me ajudava antes do estágio. Organizava as informações, revisava o documento… essas coisas. Por isso a curiosidade.
Uma coisa era estranha para mim:
- Mas você é um homem bem grande para passar despercebido. Como conseguiu me espionar sem que eu percebesse?
Marcel deu uma risada gostosa:
- A sua geração facilitou muito o nosso trabalho. A vida de vocês é toda online. Onde vão, o que fazem, com quem fazem… tudo vira check-in no Facebook e selfie no Instagram.
Sabendo que era um pedido direto do dono da firma, eu relaxei. É claro que ele não daria oportunidades a uma pessoa qualquer. Sua investigação sobre mim era justa. Eu tinha uma outra dúvida:
- E essa situação com o Daniel? Não terei problemas na firma? Pelo jeito, ele é alguém que não se deve confrontar.
Ele me acalmou:
- Não esquenta! Você é o novo queridinho do homem. Aquele lá tem um olho único para descobrir talentos. Daniel é um babaca, mas não é burro. A batata dele já está assando.
Vendo que ele estava descontraído, falador, aproveitei a oportunidade:
- E essa situação dele com a sua irmã? Pelo que você disse lá na festa, não é a primeira vez.
Marcel explicou:
- Meu pai, o Dr. Mathias e o pai do Daniel são amigos de infância, cresceram juntos. O meu é juiz e o do Daniel delegado da PF. Nos conhecemos desde sempre, ele e Marcela cresceram juntos, inclusive. Mas desde o segundo grau ele criou essa cisma com ela. Essa paixonite. Eles até tiveram um rolinho de adolescente, mas ela logo caiu fora. Ele até resolveu estudar direito só para poder ficar perto dela.
Eu apenas ouvia, sem interromper:
- De um ano para cá, piorou. E sem saber, o Dr. Mathias acabou colocando os dois para trabalharem juntos, achando que ainda eram amigos.
Eu não consegui me segurar:
- Mas por que ninguém avisou ao homem da situação? É tão simples.
Marcel, descontraído até então, ficou tenso:
- Não tem nada de simples. Trabalhar com o Dr. Mathias é o sonho de qualquer estagiário de direito. Levar até ele essa picuinha pessoal seria o mesmo que abusar da sorte. Esse estágio foi conseguido pela amizade entre nossos pais.
De qualquer forma, nada daquilo era um problema meu. Resolvi me calar, ficar na minha. Mas ele ainda tinha uma última revelação a fazer:
- E as coisas ainda vão piorar. Luiza está voltando ao Brasil. Ela era apaixonada pelo Daniel, mas por causa dessa obsessão com a Marcela, ele nunca deu uma chance a ela.
"Mais uma? Quem será essa?" Pensei e não consegui me conter:
- Luiza? Quem é essa?
O tiro de canhão veio no meio do peito:
- Luiza é a filha do Dr. Mathias com a Dra. Ester, sua ex-mulher. Ela foi estudar fora. Deve chegar no meio dessa semana.
"Puta que pariu! Era só o que me faltava. Estou comendo a ex-mulher do meu patrão. Como eu nunca soube disso? Se ele souber, sua admiração por mim acaba na mesma hora."
Meus pensamentos me torturavam. Marcel me olhava com um sorriso debochado. É claro que ele sabia. Se não soubesse, seria um péssimo investigador. Com a voz trêmula, quase em pânico, perguntei
- Você sabe, né?
Ele não aguentou mais se segurar. Sua gargalhada foi forte. Marcela, despertando do cochilo por causa da gargalhada dele, perguntou:
- Sabe o que? Do que vocês estavam falando?
Marcel estacionou o carro:
- Nada não, maninha! Chegamos. Conseguem subir sozinhas?
Eu me ofereci:
- Precisa de ajuda? Eu acompanho vocês.
Marcel, debochado, implicou com a irmã:
- Elas são universitárias, amigo. Se não estão no trabalho, ou estudando, estão em alguma festa ou boteco bebendo. Isso quando não vão direto da balada para o trabalho.
Marcela deu um tapinha no ombro dele:
- Para, seu bobo! Eu tenho me comportado.
Marcela tentava acordar as amigas, mas a loira estava realmente numa condição deplorável. Marcel saiu do carro e novamente a pegou no colo:
- Eu levo ela lá pra cima. A outra está bem? Toma conta do carro, João. Volto já.
Vendo que o irmão se afastou, já entrando pela portaria, Marcela disse:
- Achei que teríamos mais tempo juntos. Se o meu irmão não estivesse aqui…
Eu entendi muito bem as intenções dela, mas depois de ouvir sobre Ester e o Dr. Mathias, e me lembrar que eu ainda tinha o assunto Jéssica como prioridade, achei melhor não dar esperanças. Minha vida estava tomando um rumo muito complicado. Tentei ser direto:
- Me desculpe, Marcela! Você é uma garota incrível, mas a minha vida está muito enrolada no momento. Seria errado deixar você criar expectativas e depois se decepcionar.
Era difícil dizer não para uma mulher tão linda. Me surpreendendo, ela me colocou em uma sinuca de bico:
- É por causa da Dra. Ester? Você está apaixonado por ela?
Eu não esperava aquilo. Marcela, minimizando uma situação tão complexa e que poderia ser a minha ruína, disse:
- Não se apegue. Aquela lá é uma papa-anjo, uma Maria Mucilon. Você não é o primeiro e nem será o último novinho com quem ela se diverte. Até meu irmão já caiu nos encantos dela.
Marcela me deu um selinho carinhoso nos lábios antes de entrar para o prédio e eu fiquei ali, sem saber o que pensar, imaginando o motivo de Marcel ter me revelado tanta coisa: "Será que ele tinha sentimentos por Ester e estava puto comigo? Mas se sim, porque ele me contou aquelas coisas rindo, como se não fossem importantes? Será que a intenção era me deixar com medo, para que eu mesmo desse um fim na relação com Ester?"
Fui tirado dos meus pensamentos pela volta de Marcel:
- Vamos, vou te deixar em casa agora.
Entramos no carro e eu me mantive calado. Ele disse:
- Ainda é cedo, não quer tomar a saideira em algum lugar?
Minha cabeça estava a milhão: "se eu negar, ele pode achar que estou escondendo alguma coisa. Aceitando, posso entrar no jogo dele e deixar que ele continue falando. Eu já tenho a certeza de que ele tem alguma intenção com tudo isso."
Resolvi aceitar:
- Eu não bebo, mas se você quiser, posso acompanhá-lo.
Ele percebeu que eu estava na defensiva:
- Olha só, sobre a Dra. Ester, relaxa! Ela e o Dr. Mathias são amigos, apesar do divórcio. Nenhum dos dois se mete nos assuntos do outro. Se não fosse você, seria outro qualquer do escritório. Ela adora um novinho.
Pensei alto de novo:
- Você sabe bem, né?
Marcel gargalhou novamente:
- Maldita Marcela! Boca aberta do caralho.
Após se recompor, ele voltou a falar:
- Minha irmã está muito interessada em você. Por favor, não a trate como uma qualquer. Ela tem aquele jeito de independente, de mulher madura, mas no fundo, ela é sensível, carente…
Eu fui honesto:
- Sua irmã é uma mulher incrível, mas eu não posso entrar em um relacionamento agora. Não seria justo, eu não estaria inteiro. Tenho coisas a resolver…
Ele me interrompeu:
- Está falando da Ester?
Era minha chance de tentar dar menos importância a relação com Ester, tirar o alvo imaginário que eu criei das minhas costas:
- Ester é o menor dos meus problemas. Não vou mentir, pois ela merece todo o meu respeito, mas é uma relação casual, sem compromisso. Ela mesmo deixa isso claro sempre que tem a chance.
Marcel completou:
- Então é a ex. Ex é foda, mesmo separados, elas sempre mantém uma sombra pairando sobre nós.
É claro que ele sabia disso também. Fiquei quieto, não queria responder. Ele entendeu e não me pressionou.
Marcel parecia gostar de mim verdadeiramente. Se fosse uma encenação, ele deveria ser ator profissional. Pensando bem nas palavras, ele disse:
- Agora eu vejo o mesmo que o Dr. Mathias viu em você. Eu esperava encontrar um moleque deslumbrado, mas você é o oposto. Nem parece ter só dezenove anos.
Marcel ligou o rádio, mudando de sério para divertido em segundos:
- Já que você está solteiro e conseguiu resistir a minha irmã, eu conheço um barzinho ótimo, cheio de safadinhas. Eles servem comida também, já que nenhum de nós dois é fã de bebida.
Ouvindo a música que tocava, ele aumentou o rádio e se empolgou:
- Caralho! Nothing's Gonna Stop Us Now, do Starship.
E começou a cantar junto o refrão. Desafinado, mas dando o seu melhor:
"And we can build this dream together
Standing strong forever
Nothing's gonna stop us now
And if this world runs out of lovers
We'll still have each other
Nothing's gonna stop us
Nothing's gonna stop us now"
E eu também começava a admirar aquele brutamontes tão gente boa:
- Se você me deixar em casa depois, tô dentro.
Ele olhou para o relógio e brincou comigo:
- Meia-noite e um, ainda não viramos abóbora. Partiu!
No meu primeiro sábado de vida social plena, vivendo como um jovem adulto deveria viver a sua vida, indo a festas, conhecendo pessoas, esticando a noite sem roteiro definido, meus problemas começavam a se acumular. Falei para mim mesmo: "quer saber? Foda-se! Se eu não começar a viver, talvez eu passe pela vida como espectador." Lulu Santos disse: "Tolice é viver a vida assim, sem aventura." Quem sou eu para discordar?
Acabei entrando na mesma sintonia de Marcel e cantando músicas que eu nem conhecia junto com ele. Chegamos ao local sem demora.
O bar não era grande, mas o movimento era intenso. Jovens da minha idade, da idade do Marcel - uns cinco anos mais velho do que eu - mulheres lindas desfilando pela avenida, homens quase quebrando o pescoço para acompanhar a passagem delas…era um bairro que eu conhecia bem, vizinho ao meu.
Marcel era conhecido, pois fomos abordados e cumprimentados por diversos homens e mulheres. Acabamos por nos juntar a um grupo de amigos dele, dois rapazes e três moças. Pareciam ser grandes amigos, pois nos receberam com sorrisos e muita gentileza. A conversa era agradável e pouco tempo depois, os dois rapazes e uma das moças, decidiram ir embora. Parecia até combinação.
Eu participava da conversa, me mantendo atento aos sinais e ouvindo mais do que falando. Como eu previ, uma das garotas se sentou bem ao meu lado e começou a se insinuar para mim, enquanto a outra fez o mesmo com Marcel.
O roteiro era o mesmo de sempre: primeiro ela ri de qualquer coisa que a gente diz. Depois, ajeita o cabelo nos encarando, está sempre buscando contato, sua postura corporal é de entrega… confesso que eu estava quase cedendo e dando um beijo bem gostoso na boca daquela morena tão cheirosa, mas como nada na minha vida acontece naturalmente, e tudo acaba se transformando em situações esquisitas e totalmente anormais, uma voz histérica atrás de mim, quase aos berros, disse:
- Tá de sacanagem? JB, é você?
Me virei, mais assustado do que curioso, e minha putinha loira, de R$250,00 a hora, me encarava com um sorriso de orelha a orelha e braços abertos, à espera de um abraço.
Sei que já a descrevi, mas naquela noite ela estava especialmente deliciosa. Um vestido de uma manga só, descendo em diagonal para o seio direito, não tão colado ao corpo, o que valorizava suas curvas tão perfeitas. Abaixo da cintura, uma fenda lateral que nos provoca, se abrindo ao caminhar, quase chegando à virilha, voltando a cobrir a coxa no último momento. O cabelo, em tom loiro acobreado, preso em uma trança apoiada no ombro, como se fosse uma verdadeira Valquíria da mitologia nórdica. A maquiagem leve a fazia parecer ainda mais jovem. Onde cabia tanta beleza e sensualidade numa mulher tão pequena e delicada?
Me levantei e aceitei o seu abraço, falando baixinho ao seu ouvido:
- Não sei se te chamo pelo nome verdadeiro ou pelo profissional. Me ajuda.
Ela me deu um beijo carinhoso no pescoço, aproveitando para responder, também ao meu ouvido:
- Estou trabalhando, use o nome de guerra. O verdadeiro poucos sabem, só os especiais como você.
Nos separamos, e eu a apresentei ao pessoal da mesa:
- Pessoal, essa é a Natasha, uma grande amiga.
As duas mulheres não gostaram muito da intromissão dela, principalmente a que sentava ao meu lado. Mas Marcel fez questão de levantar para cumprimentá-la, se envergando inteiro para conseguir dar os tradicionais beijinhos no rosto:
- Prazer, eu sou o Marcel. Trabalho com o João.
A reação de Natasha arrancou risadas de todos ao redor:
- Eita porra! Tu és um homem ou um minotauro? Vai ser grande assim lá na…
Levando na esportiva, Marcel a provocou:
- Assim você me quebra. Minotauro tem chifre, pô!
Natasha riu debochada:
- Foi mal! Não era essa a minha intenção.
Marcel não perdeu a oportunidade e logo soltou uma cantada barata:
- Mas por você eu nem me importaria com os chifres. Seria egoísmo o monopólio de um homem só sobre você.
Na minha ingenuidade, engoli a seco naquele momento. Será que Marcel percebeu que ela é puta? Se bem que ela estava tão diferente, tão bem vestida. Era de longe a mulher mais bonita daquele bar.
Natasha deu um sorriso enigmático para ele, que retribuiu na mesma vibração. Ela se despediu de todos e voltou a falar comigo:
- Posso falar com você? Quero perguntar uma coisa.
Marcel ouviu e fez um sinal de joinha para mim. Eu pedi licença às duas moças que estavam na mesa com a gente e acompanhei Natasha.
Saímos do meio da muvuca, atravessando a rua para conversar sem ouvidos próximos. Minha surpresa estava apenas começando, pois o que ela tinha para falar era surreal:
- Está vendo aquele homem sozinho na mesa do canto? - Ela apontou para um senhor muito bem vestido, com mais ou menos uns cinquenta anos.
Eu olhei na direção apontada:
- Sim! O que tem ele?
Ela começou a explicar:
- Então, ele é um cliente importante, que eu atendo desde o começo. Um dos primeiros, na verdade.
Minha curiosidade aumentava. Ela continuou:
- Ele só me contrata junto com um outro rapaz. Ele é um fetichista. Não gosta apenas do sexo, para ele o mais importante é a encenação.
Eu não estava entendendo onde aquela conversa iria chegar, mas continuei ouvindo:
- Meu parceiro me deixou na mão hoje. Eu preciso de alguém confiável para me ajudar.
Para mim, Natasha era mais do que uma puta. Afinal de contas, ela era a responsável pela minha alfabetização no beabá do sexo. Me ofereci:
- Se o fetiche dele não for comer o meu cu, o que eu posso fazer para ajudar?
Primeiro, Natasha riu de se acabar. Precisou de alguns minutos para recuperar o fôlego. Já recuperada, ela disse:
- Calma aí! A fantasia dele é foder mulheres casadas. Resumindo: você seria o meu maridinho corno.
Eu olhava para ela sem acreditar:
- Cê tá falando sério?
Natasha me olhava tentando segurar a risada:
- Sim! Muito sério. Esse programa é mais caro. Beeeeem mais caro. E se você topar me ajudar, eu vou pagar o seu cachê, lógico!
Eu pensava naquilo seriamente. Primeiro, eu não era o marido de Natasha, não tinha motivo para me sentir constrangido. E outra, assistir uma mulher linda como ela transando, não era nenhum sacrifício. No mínimo, a punheta estava garantida, e no máximo, talvez o velho me tratasse realmente como o marido e me chamasse para dividir aquela delícia com ele.
A parte cruel veio do nada, como uma piada de mau gosto. Meio constrangida, ela disse:
- O problema é que o fetiche dele é humilhar o marido. Ele se transforma, entra fundo no personagem. Vai te xingar e falar um monte de sacanagem.
Aquele era o momento mais bizarro da minha vida que já não era muito normal. Eu não sabia o que responder. Fiquei quieto por um tempo pensando e ela, ansiosa, disse:
- Eu não quero deixar você sem graça e nem quero que se sinta obrigado a me ajudar. Aconteceu tudo de repente, meu parceiro de trabalho furou e eu acabei vendo você ali.
Ela respirou fundo, talvez desistindo, mas fez um último esforço:
- Eu tenho confiança em você, sei que é um cara do bem e que não vai sair falando sobre o meu cliente. Pode não parecer, mas eu tenho você como um amigo.
Eu continuava sem reação. Ela se resignou:
- Eu entendo… mesmo assim, obrigada! Espero que continue indo me ver. Não queria assustá-lo.
Ela se virou para sair, mas em uma atitude que nem eu mesmo entendi, segurei em seu braço:
- Espera!
Aquele sorrisão voltava ao seu rosto. Eu pensei por alguns instantes e arrisquei uma contraproposta:
- Eu não quero dinheiro. Mas, vou querer um dia com você.
Natasha me olhou sem entender e eu expliquei:
- Relaxa! Não será um dia de sexo. Quero um dia para a gente sair como pessoas normais da nossa idade. O que acha de um dia no parque aquático? Eu sempre quis ir, mas nunca consegui.
Natasha se agarrou ao meu pescoço, num abraço muito gostoso:
- Obrigada! Eu sabia que podia contar com você. Mas nosso combinado continua valendo, ok?
Eu estranhei:
- Que combinado, garota?
Ela, se soltando de mim, disse:
- Você não pode se apaixonar, lembra disso.
Eu respondi na mesma moeda:
- Se me lembro bem, nem você.
Sorrimos um para o outro e ela logo voltou aos negócios:
- Vamos? Preciso apresentar meu marido corno manso para o meu comedor.
Lembrando de Marcel, pedi que ela esperasse um pouco:
- Preciso avisar o Marcel. E também, me despedir dele e das meninas.
Natasha me olhou assustada:
- Nossa! Eu atrapalhei alguma coisa? Você estava de rolo com aquela lá?
Eu a acalmei:
- Que nada! Ela não é o meu tipo.
Voltei até Marcel e pela minha cara, ele logo se adiantou:
- Vai tranquilo! E se precisar de ajuda, não esqueça dos amigos.
Eu me desculpei com as garotas e elas nem se dignaram a responder. Antes de sair, Marcel pediu:
- Anota meu número pessoal, assim podemos nos falar sempre.
Trocamos os números de telefone e eu voltei para Natasha. O cliente dela me recebeu com um sorriso no rosto e um aperto de mão forte:
- Prazer, eu sou o Aurélio!
Retribuí com a mesma intensidade, já entrando no personagem:
- Prazer, Aurélio! Eu sou o John, marido da Natasha. - Aproveitando o momento, me abaixei e tasquei um beijo na boca dela.
Natasha, entre admirada com a minha atitude e surpresa pelo que eu fiz, segurou na minha mão e se enganchou em meu braço, como se fossemos realmente um casal.
Marcel passou por nós rindo e me dando uma piscadela de olho, em direção ao seu carro. As duas garotas estavam com ele. "Será que ele vai encarar as duas?" Pensei, mas logo voltei minha atenção para minha "esposa" e seu "amante."
O Senhor, muito educado por sinal, aproveitou o embalo e começou a viver o seu fetiche:
- Estamos combinados, então? Vai me deixar foder essa sua esposa putinha, safada e gostosa, corninho?
Segurando com todas as minhas forças a vontade de rir, lembrando de um vídeo pornô do marido que gravava a esposa com o amante, entrei de vez na brincadeira. Que chances eu teria de viver uma aventura como aquela novamente? Olhando direto nos olhos dele, eu disse:
- E o que você pretende fazer com a mulher que eu amo? Vai tratá-la bem?
O homem, visivelmente animado, com os olhos brilhando de excitação, começou a mostrar sua verdadeira face:
- Pode acreditar. Essa putinha vai adorar a forma que eu vou tratá-la. Vou arrombar essa bocetinha pequena e deixar esse rostinho todo melado de porra.
Eu dei corda, fazendo Natasha me olhar com admiração:
- Ela adora leitinho, vai esporrar a cara dela inteira? Vai estapear a bunda e usar o cabelo de arreio? Essa putinha é uma potranca, adora uma cavalgada.
O homem chegava a ficar vermelho pela excitação. Ele chamou o garçom e pediu a conta, olhando para Natasha com uma expressão de puro prazer:
- Esse sim é um maridinho manso de respeito… onde você estava escondendo ele?
Natasha não sabia se me agradecia ou se respondia ao homem. Ela me deu um beijo de língua de tirar o fôlego, se insinuando para o "comedor." Assim que o garçom recebeu o pagamento e saiu, ela disse:
- Eu não disse que ele ia dar conta? Eu te falei que ele era especial.
Fiquei lisonjeado com os elogios, mas eu também já estava explodindo de curiosidade e excitação. Aurélio me jogou as chaves do seu carro e disse:
- Você dirige, eu já vou me aproveitando da sua esposinha no banco de trás.
Aquilo poderia ser um balde de água fria, mas antes de negar, eu já dei a solução:
- Eu ainda não dirijo, mas minha esposa pode ir na frente com você. Tenho certeza que ela vai adorar ser bolinada pelo caminho.
Acertei em cheio, pois o homem se levantou nos apressando:
- Motel ou minha casa? O que vocês preferem.
Deixei a escolha para Natasha, afinal, o cliente era dela. Ela foi rápida na resposta:
- Motel, lógico! Eu sou uma mulher casada, meu marido não ia se sentir bem na casa do comedor da esposa.
Sem perceber que ela estava brincando com o fetiche dele, estranhei, quando num tom autoritário, ele ordenou:
- O corno não tem autoridade aqui, quem manda sou eu. Será na minha casa.
Natasha percebeu a minha confusão e me fez sinal para entrar na onda, não falar nada. Entramos no carro estacionado bem a nossa frente, um Mercedes último modelo, e partimos para a casa dele.
Com uma mulher tão gostosa ao lado, com as pernas entreabertas e o vestido levantado, revelando a calcinha de renda bem fininha, eu não sabia como aquele homem conseguiria se concentrar na direção.
Ele levou a mão ao meio das pernas dela e ficou alisando a xoxotinha, por cima do tecido. Eu já estava de pau duro assistindo a cena. Ele não me esqueceu:
- Você é um corninho de sorte, tem essa delícia todo dia à sua disposição. Obrigado por me emprestar.
Eu já estava gostando da brincadeira:
- Quem olha para essa mulher sabe que um macho só é pouco. Eu que agradeço pela ajuda.
Ele abaixou o zíper da calça e tirou o pau pra fora:
- Vem aqui, putinha! Mama o seu macho. Seu corninho está doido para assistir.
Natasha punhetou o cacete do homem por alguns segundos, me olhando com cara de safada:
- Você deixa, amor? Sua esposinha pode colocar a boca em outra piroca?
Aurélio estava totalmente imerso no personagem:
- O corno está doido para ver, dá essa alegria para ele. Novinho assim, é bom que vai aprendendo.
Natasha se abaixou e começou a sugar a rola com vontade, justificando o "serviço beeeeem caro." Eu assistia sem piscar, com o pau latejando e começando a me arrepender da escolha. Só olhar é muito frustrante. Minha vontade era de abaixar o banco dela e socar o pau fundo naquela bocetinha tão experiente, mas que ainda mantinha intacta a perfeição dos seus curtos vinte aninhos.
Ela de quatro, mamando com uma vontade que parecia muito mais real do que somente um serviço profissional, com um único fio minúsculo escondendo aquele cuzinho e xoxotinha deliciosos, estava me deixando louco.
Se no carro o negócio já estava pegando fogo, o incêndio completo estava próximo de começar. Aquela noite marcaria a minha graduação na arte do sexo, a aula que eu estava prestes a receber seria um marco na minha jovem vida adulta.
Continua.