– Isso mesma, querer pagar no mesma moeda. Eu e você. É meu única condição. Se aceitar, eu aceita fazer da seu jeito. O que dizer?
O que já estava difícil, se tornou extremamente complicado. Tentei trazê-la de volta à realidade:
– Yelena, nós temos uma suspeita, e por mais óbvia que ela pareça, ainda não podemos afirmar nada. E se estivermos errados?
Yelena foi mais direta do que eu esperava:
– Eu ter certeza. Mulher saber disso. Errada ser eu, acreditar que uma safado como sua pai poder mudar.
No fundo, eu também não duvidava, mas enquanto não tivesse uma prova definitiva, poderia me apegar a ilusão:
– Eu conheço a Mila, prefiro dar a ela o benefício da dúvida …
Ela veio preparada para aquela conversa:
– Ser direito sua, pensar o que acha melhor. Meu mãe diz: esperar a melhor, mas sempre preparar para pior.
Yelena tinha razão, as evidências eram inegáveis. Comemos calados por alguns minutos, mas ela voltou à carga:
– Entau, não me responder ainda. Aceitar meu condiçau?
Eu ainda permaneci quieto, sem saber o que responder, mas ela não estava para brincadeira:
– Eu confiar em você, par isso querer dar troco no mesma moeda, e com você, para elas sentir mesma dor. Engano minha ou a tensau sexual ser forte entre nós?
Encurralado, confuso, incapaz de negar que ela dizia a verdade, me entreguei:
– Você é linda, não vou mentir ou enrolar, pois sinto a mesma tensão … é complicado ficar ao seu lado e não imaginar milhões de coisas.
Yelena confessou:
– Eu estar testando você, desculpe. Você também ser homem lindo, e diferente da sua pai, é carinhosa, preocupada, gentil … uma sonho. Mas eu querer machucar aqueles duas, fazer sentir o mesmo que nós.
Não sei se entendi direito, ou se ela se expressou mal:
– Me testando? Então você tem criado essas situações para saber se eu sou influenciável, se você pode me usar?
Com seu jeito delicado, ela foi honesta:
– Sim e nau … eu pensar em fazer isso, mas saber que não conseguir. Apaixonar por você seria caminho inevitável. Ama sua pai, mas você ser tipo de homem que mulher querer, é impassível nau admirar você.
"Eita porra! Haja coração. Essa mulher é incrível demais. Como não a desejar?". Eu a admirava em pensamento, mas precisava saber mais:
– Como você entrou nessa relação com meu pai? Como se conheceram, por que resolveram se casar? Você sabia onde estava se metendo?
Yelena deu um sorriso enigmático, pensou um pouco e resolveu contar:
– Não pensar mal de mim, mas eu também não ser santinha. Conhecer sua pai em dia muito louca.
Me assustei com aquela revelação, mas ela fazia todo o sentido. Meu pai era um homem dado a festas sem fim, passando às vezes, três ou quatro dias em orgias pelo mundo. Ele jamais conheceria alguém da forma tradicional, do jeito simples. Ela parecia envergonhada e eu tentei não forçar a barra:
– Eu não quero abusar, não se sinta obrigada a me contar nada. Não é justo entrar na intimidade dos outros.
Yelena sorriu:
– Ser adultos, me sentir bem com você, não ter problema falar. Todos ter passado.
Ela pediu mais um suco, arrumou os talheres no prato, sinalizando o final da refeição e disse:
– Eu trabalhar como massagista da resort quando conheci sua pai. O safada me pedir final feliz e eu ficar muita brava.
Ela ria da própria história, como uma menina arteira. Ela continuou:
– No confusau, acabei perdendo emprego. Gerente me acusar de ofender cliente, de mentir.
Eu estava bravo em ouvir aquilo, mas ela se divertia:
– Sua pai foi até gerente e ameaçou processo se nau me devolver emprego. Achei aquilo muita legal.
Eu não conhecia esse lado do meu pai. É claro que não estranhei o fato dele pedir uma punheta ou um boquete para uma massagista, mas defendê-la assim, lutar por ela? Meu pai é o tipo de homem que se acha acima de tudo, inclusive do sentimento e dos valores dos outros. Ele diz que toda pessoa tem um preço. Qual seria o preço pago por Mila? Yelena voltou a contar:
– Naquela mesma dia, eu trabalhar à noite também. Ser hostess num casa de swing.
Eu a encarei curioso:
– Casa de swing, é?
– Eu trabalhar apenas, receber clientes. Nau participar. – Sua risada gostosa era a melhor parte daquela história. – Nau até sua pai chegar …
Eu a provoquei:
– Então o velho conseguiu o tão desejado final feliz…
Ela não resistiu, rindo ainda mais animada:
– Ele chegar forte, não resistir … sua pai ser homem impassível de negar, ele saber nos conquistar.
Senti que ela estava mais do que a fim de me contar uma história, querendo também, mexer comigo. Falando um pouco mais baixo, ela confessou:
– Sua pai me arrastar para banheiro, tirar meu calcinha e fazer sexo oral mais maravilhoso do meu vida. Ficar molinha, entregar completamente pra ele.
Meu pau ganhava volume e dureza, latejando preso na calça. Precisei me acomodar melhor na cadeira, suando de excitação. Ela olhava para algum ponto imaginário, talvez se lembrando das sensações daquele dia. Por sorte, o garçom trouxe a conta, interrompendo qualquer pretensão sedutora de Yelena, não satisfeita com a interrupção.
Sem ter muito mais o que fazer, nos levantamos e esperamos a entrega do carro na frente do restaurante. Yelena avaliava minhas reações. Entramos no carro e eu continuava em silêncio, mas ela não estava mais a fim de esperar:
– Nau vai responder? Meu condiçau ser séria. Se descobrir, querer dar pra você, gravar e esfregar no cara das dois.
Eu não estava mais aguentando aquele jogo. Me sentia cada vez mais tentado a avançar o ponto sem volta. Fui honesto:
– Você acha que é fácil ouvir isso de uma mulher tão gostosa como você? Caralho, Yelena! – Mostrei o pau duro, apontando para a calça. – Olha só como você me deixa, satisfeita?
Ela não desviou o olhar:
– Ser isso que eu querer. Você precisar de prova, eu esperar, mesmo que já ter certeza. – Ela acariciou maliciosamente a minha coxa, bem próximo a virilha.
Eu fui direto:
– E como você pode ter essa certeza toda? O que você sabe que eu não sei?
Ela nem pensou:
– Olhar computador da sua pai, muito coisa suspeita. Eu mostrar se quiser. Muito coisa com senha, trancado … recibos de pagamento muita estranhos.
Aquela afirmação foi um golpe certeiro, o pau amoleceu em segundos. Yelena percebeu minha tristeza:
– Eu vai jogar sua jogo, deixar você ter certeza da óbvio. Prometer que vamos fazer as dois pagar caro? Eu precisar da seu palavra.
Eu não tinha mais motivos para me esquivar da exigência dela:
– Tudo bem, Yelena! Eu aceito a sua condição. Eu prometo que vou até o fim nessa história e se eles estiverem fazendo essa covardia com a gente, vamos dar o troco.
Conseguindo o que queria, notei um certo relaxamento em sua postura. Ela sorriu e falou sem parar durante todo o trajeto até a clínica. Eu ainda tinha mais providências a tomar. A primeira, ir ao banco e informar ao meu gerente todas as mudanças que pensava em fazer, o saque em espécie que eu sabia que não seria liberado rapidamente e toda a transferência dos meus recursos para a Bá. Depois fui para casa conversar com a beneficiária do meu esquema, saber se ela estaria ao meu lado. Cheguei em menos de meia hora e fui até ela:
– Bá, podemos conversar?
Ela me recebeu com um abraço carinhoso:
– Sim! O que precisa?
Fiz sinal para que ela me acompanhasse até a minha casinha. Entramos e eu pedi que se sentasse no sofá. Ela começou a se preocupar, e para não a deixar tensa, fui direto ao assunto. Expliquei todas as minhas suspeitas, o que conversei durante os últimos dias com o detetive e com Yelena e por fim, perguntei:
– Eu sei que você sempre trabalhou para o meu pai, antes até de eu nascer, mas eu preciso de você e da sua lealdade. Posso contar contigo?
Antes dela responder, apelei:
– Mesmo que dê tudo errado, prometo cuidar de você. Eu jamais a abandonaria, você é a única mãe que eu tenho.
Para a minha completa felicidade, ela nem pensou antes de responder:
– É claro que você pode contar comigo. Minha vida foi cuidar de você, eu o amo, você é meu filho, mesmo que não compartilhemos o sangue.
Eu a abracei muito forte, feliz por ela pensar como eu. Peguei o formulário que trouxe do banco, entreguei a ela e disse:
– Estou transferindo a maior parte do meu dinheiro para você …
Ela se espantou:
– Tá doido, moleque?
Eu expliquei:
– Não estou te dando, é apenas uma garantia. Ninguém sabe desse dinheiro. Poupei e investi nos últimos anos. Meu pai e a Mila pensam que vivo do salário da fábrica. Você vai guardar para mim, no caso de a traição ser verdadeira e eles tentarem, de alguma forma, sair por cima.
Ela assinou sem ler, confiando plenamente na minha explicação. Aproveitei para informar:
– Eu nunca te disse, mas você é a única beneficiária do meu seguro de vida. Se eu morrer amanhã, vai ficar rica.
Ela fez o sinal da cruz, e me repreendeu:
– Vira essa boca pra lá, moleque! Riqueza nenhuma vale mais do que você para mim.
Para finalizar aquela conversa, eu disse:
– Preciso que você dê folga a todos os empregados amanhã. Não quero ninguém aqui. A partir de amanhã vou me preparar para a verdade, saber se eu e a Yelena estamos sendo enganados ou não.
Bá, antes de sair, me fez um alerta:
– Tome cuidado, você e a russa estão próximos demais … seu pai é um homem vingativo, não o subestime. Mesmo que ele esteja errado, que ele e a Mila estejam traindo vocês, não o confronte. Dê um fim nessa relação com a Mila e siga sua vida, você ainda é jovem, pode achar alguém adequado … seu pai não gosta de perder.
Com a cabeça cheia, resolvi dar uma corrida para espairecer. Devo ter me exercitado por quase duas horas antes de voltar para casa. O carro da Yelena já estava na garagem. Entrei direto para a minha casa, precisava tomar um banho. Sobre o meu criado mudo, um bilhete da Bá:
"Fiz como pediu, amanhã a casa é toda sua. Me dei folga também, prefiro não estar aqui. Não esqueça de se alimentar."
Tirei aquela roupa suada e entrei na ducha, demorando um pouco. Sai do banheiro nu, me secando, e para a minha surpresa, Yelena estava sentada na minha cama, me esperando. Travei completamente enquanto ela esquadrinhava todo o meu corpo. Ela disse:
– Parabéns! Muita bom. - Ela olhou diretamente para o meu pau. - Puxou sua pai.
Me enrolei rapidamente na toalha, saindo da letargia:
– Que porra é essa, mulher? Vai que alguém vê uma merda dessa …
Sem conseguir segurar a risada, ela me interrompeu:
– Todos embora, só nós duas aqui. Não querer ficar sozinha.
Peguei uma cueca e uma bermuda e voltei ao banheiro para vestir. Ao retornar ao quarto, ela ainda se divertia:
– Ter vergonha da sua corpo? Você ser lindo.
Me senti envaidecido pelo elogio, mas precisava ser correto. Aquele jogo estava ficando perigoso:
– Eu não tenho a mesma falta de pudor do meu pai, nunca fui assim. Não tenho vergonha do meu corpo, mas você ainda é minha madrasta e isso não está certo. Vamos acabar perdendo a razão e o direito de reclamar. Precisamos fazer as coisas direito.
Resolvi parar de pisar em ovos e ser completamente honesto:
– Sem provas, sem ter a certeza, passamos de vítimas a iguais. E eu prometi a você, se for real a traição, darei o que você pediu. Nos seus termos, do jeito que achar melhor.
Ela me encarou com um sorriso muito safado, fingindo se abanar com as mãos:
– Muita quente, vamos piscina?
Aquela era uma boa ideia. Aproveitei que ela saiu e coloquei minha sunga. Enquanto ela foi se trocar, dei meu primeiro mergulho. Ela voltou dez minutos depois, carregando uma garrafa de tequila e limões e veio com tudo, disposta a me torturar.
Seu biquíni branco, um fio dental minúsculo, mal cobria a xoxota. Ao se virar, a bunda ficava toda exposta, pois o fio fora completamente engolido pelas nádegas. A parte de cima era tão fina que mal cobria as aréolas dos seios, estava mais para um risco de tecido. E para completar a minha desgraça, ao se lavar no chuveirão, tudo ficou transparente. Com certeza, era tudo feito de caso pensado.
Tive que dar várias voltas na piscina, fingindo que estava me exercitando, para conseguir me acostumar com aquela visão e poder conversar com ela. Yelena se sentou na borda, com aqueles lindos pezinhos na água, as pernas entreabertas, me dando o vislumbre de sua xoxota. Os seios, por terem aréolas claras, não apareciam tanto. Para evitar ficar encarando sua boceta, me debrucei na borda, bem ao seu lado, impedindo que meus olhos continuassem sendo torturados. Consegui assim, esconder minha ereção também.
Conversávamos normalmente, até ela mudar completamente de assunto, não me dando opção de fugir da conversa:
– Um pergunta: sua pai eu entende, sempre ser safada, eu aceitar casar por amor. Saber que correr risco de traiçau. Mas você e Mila, parecer tau perfeitas juntas. O que acontecer?
Eu não tinha uma resposta para aquilo, mas estava curioso:
– Se você sabia que corria risco, que meu pai poderia trair, por que se casou?
Ela se levantou e foi até o bar da piscina, começando a preparar uma margarita, enquanto contava:
– Naquele dia da swing, acabar passando noite inteira com sua pai. Foi noite incrível, começar a nos encontrar toda dia.
Ela ligou o liquidificador e deu uma pausa na fala, provou a mistura, colocou mais tequila e tornou a bater. Encheu dois copos e me ofereceu um. Nos sentamos ali mesmo no bar e ela voltou a falar:
– Sua pai ser amante incrível. Naquele noite, ficou comigo e mais dois garotas, mas só convidar eu para viajar com ele. Pedir demissão da resort e seguir sua pai.
Acabei deixando escapar sem querer:
– Ele é tão incrível assim?
Yelena achou que era uma pergunta:
– Ele ser muito safada. Saber nos levar a loucura, nos fazer sentir especial.
Ela contava aquilo com uma carinha de tesão, não tive coragem de interromper:
– Sua pai chupa de jeito só dele. Nos fazer ver estrelas, gozar demais … ele envolve o nosso pepeka com boca e a gente não querer que acabe nunca.
O pau começava a crescer outra vez. Protegido pelo balcão, não me preocupei. Yelena enchia nossos copos, e falava com tanta desenvoltura, que eu não queria interromper, apenas ouvia e me excitava:
– Naquela dia da swing, sua pai me deixar louca. Ele colocar as dois garotas para se divertir e acabar comigo. Ela me foder de quatro, de lado, colocar em cima dele e me deixar montar, beijar eu, chupar uma dos garotas, me fazer chupar elas também … quando eu gozar, ele não parar, querer mais, mais, mais … fazer eu gozar dois ou três vez … achar que ele gozar também, mas pegar a garota e fazer a mesma coisa. Aquilo me deixar maluca, como homem conseguir? Sua pai é safada, mas sabe o que mulher gosta …
Ela não esqueceu da pergunta que me fez:
– Você e Mila nau bem também, poder contar, querer saber.
Eu estava achando Yelena um pouco mais safadinha do que o normal. Até então, suas tentativas de me seduzir eram mais veladas, mas naquele momento, ela usava de sua intimidade com o meu pai para me atiçar o desejo. E estava conseguindo. Resolvi responder:
– Antes das suspeitas, nossa relação tinha dado uma esfriada. Acho que é normal, a rotina da vida a dois. Mesmo assim, continuávamos tentando, não deixando de ter relações. Mas … não estava sendo como antes.
Yelena queria ir mais fundo:
– Como Mila ser? Parece ser mulher de muita desejo.
Eu não tinha porquê mentir, já que Yelena falava abertamente sobre sua vida:
– Mila foi minha primeira e única mulher …
Chocada, Yelena arregalou os olhos:
– Você brincar? só pode …
Eu me senti um pouco julgado, mas continuei:
– Falo sério, não tenho motivos para mentir. Só conheço Mila, ela sempre foi o suficiente para mim.
Yelena deu a volta no balcão e se sentou ao meu lado, enchendo mais uma vez nossos copos:
– Contar, par favor … agora me interessar.
Contei para ela como foi nosso relacionamento até ali, desde a faculdade até os dias atuais e para não dar brecha, vendo que ela voltava a se insinuar, acho que incentivada pela minha experiência e variedade sexual medíocre.
Decidi encerrar aquela noite. Fingi que não percebi sua insatisfação e me despedi, entrando para o meu quarto. Pela janela, vi que ela limpou a sujeira, lavou os copos e entrou também.
Foi difícil conseguir dormir. Yelena não saia da minha cabeça, a suposta traição me assombrava, meu estômago doía pela bebida e o nervoso. Por volta da meia noite, quando vi tudo apagado, fui até a casa grande buscar um antiácido para o estômago. Entrei sem fazer barulho, tentando não acordar Yelena, mas fui surpreendido por gemidos vindos da sala de televisão:
– Assim eu gostar, sua safado … isso mesma, mete no xaninha, mete … fode eu, fode … não parar, vai gozar … Toni, seu gostosa, fode madrasta …
Pé ante pé, caminhei sem fazer barulho pelo corredor e para minha sorte, a porta estava aberta, a sala escura e só a luz fraca da televisão, fazendo o corpo alvo de Yelena brilhar, refletindo as ondas de luz do led da tela LCD, enquanto ela socava um vibrador médio, muito próximo ao tamanho do meu pau na xoxota.
Que visão maravilhosa! Aquela Deusa bolchevique, perfeição soviética, gemia manhosa, chamando meu nome, com aquele jeito de menina fofa, moleca e corpo próprio para o pecado.
Precisei sair dali, me afastar, voltar ao meu quarto e me masturbar freneticamente, duas vezes seguidas, jorrando porra como um chafariz, melando barriga, peito, ombros … eu precisava saber logo se a traição era real, ter a certeza para agir, ou ver que tudo era um engano e me afastar daquela mulher que começava a ficar gravada profundamente no meu imaginário.
Com o pouco de alívio proporcionado pelas punhetas, acabei adormecendo e tendo sonhos eróticos com Yelena e pesadelos com Mila e meu pai. Não foi uma noite fácil. Acordei assustado com o alarme do celular. Meu dia seria cheio.
Me levantei, fiz minha higiene matinal e fui até a cozinha encontrar com Bá, esperando o café fresquinho de todos os dias, mas quem estava passando o café era Yelena, que me recebeu com um sorriso safado, vestida com aquele mesmo baby-doll de duas noites atrás. Foi impossível não lembrar da cena da noite anterior. Pelo jeito que me encarava, parecia até que ela sabia que eu a espionei na noite passada. De qualquer forma, ela me tratou com o mesmo carinho de sempre, me servindo um café e dizendo que ia se arrumar para trabalhar. Lembrei que Bá e nenhum dos funcionários viria naquele dia.
Informei a ela o motivo de Bá e dos funcionários não estarem trabalhando e avisei que tinha começado a agir. Ela não falava muito, apenas concordava. Eu pensei: "Que estranho. Poucas palavras e cara de safada? Será que ela percebeu?"
Ainda bem que ela saiu rapidamente, pois eu já estava de pau duro, sentindo seu perfume suave e me segurando para não cair em tentação. Lavei minha xícara, voltei ao quarto, troquei de roupa e saímos quase juntos, ela dois minutos à frente.
Rodei um pouco pela cidade, fazendo hora e depois fui ao banco. Entreguei o formulário assinado por Bá, assinei e autorizei tudo que estava pendente e fui informado que, em no máximo quarenta e oito horas, toda a transação estaria concluída. Em poucos dias Bá poderia vir até a agência, que era a mesma que ela era correntista, para retirar o novo cartão e desbloquear o app do banco no celular. Três quartos do meu patrimônio agora estavam no nome dela, os outros cem mil reais restantes eu poderia retirar em espécie, no dia seguinte.
Pronto! Eu estava preparado. Se Mila estivesse mesmo me traindo, minhas contas estavam zeradas, e mesmo que ela alegasse união estável, eu não tinha nada para dividir. Mal sabia eu, o quanto esse dinheiro seria importante.
Almocei na rua, avaliei meus carros para uma possível venda, que eu ainda não estava querendo, e depois voltei para casa, com tempo de sobra para receber o técnico indicado por Fagundes, o detetive.
Eu continuava a receber mensagens da Mila, mas nada que mereça menção. Apenas coisas simples: te amo, saudade, como foi seu dia, o meu foi corrido, muitas reuniões, te ligo à noite … esse tipo de coisa. Pelo jeito, ela estava cansada do teatro de namoradinha apaixonada. Suas mensagens eram curtas e automáticas, repetitivas até.
O técnico chegou no horário combinado, 14hs, e fez uma inspeção detalhada em toda casa, necessária para bolar um projeto adequado e me passou o orçamento. O valor não era baixo, mas eu concordei. Eu precisava logo descobrir a verdade, voltar a ter paz. Para não haver suspeitas futuras, acabei pagando o valor com o cartão da empresa, pedindo para a nota ser emitida no CNPJ. Se eu estivesse enganado, seria fácil justificar aquele valor em uma compra comercial.
O técnico era um cara gente boa, acostumado a lidar com clientes que suspeitavam da companheira. Ele era baixo e magro, cara de nerd, com óculos quadrado e tudo. A instalação começou pelo local mais óbvio, o escritório do meu pai. Como o cômodo contava com seu próprio banheiro completo, se as coisas aconteciam, aquele era o local. Ali seriam instaladas duas minicâmeras e uma escuta antirruído. Ao abrir o quadro de distribuição e cabeamento do escritório, ele disse:
– Que estranho! Você está me pedindo um serviço que já existe?
Eu não entendi:
– Já existe? Tem certeza?
Ele pediu que eu me aproximasse e apontou para uma central eletrônica cheia de luzes piscando:
– Aqui! É antiga, mas de altíssima qualidade. Não é sua?
Ele já sabia o motivo do meu pedido, só tive que explicar mais detalhadamente. Ele mesmo me consolou:
– Isso é mais comum do que você imagina. Fagundes lida com isso o tempo todo. O que quer que eu faça? Quer trocar por uma mais moderna?
Eu pensei rápido:
– Não! Não podemos mexer aí. – E lembrei de algo muito importante. - Ele está gravando a casa toda?
Ele pensou um pouco e respondeu:
– Eu preciso verificar. – E apontou para a mesa do meu pai. - Aquele é o único computador aqui?
Eu disse que sim e ele ligou a máquina, me mostrando uma segunda CPU abaixo da mesa, bem visível até. Ele disse:
– Seu pai tem uma verdadeira central aqui. Coisa profissional, de nível industrial.
Por quase vinte minutos ele analisou detalhadamente o computador do meu pai. Fechou todas as abas, abriu uma central de monitoramento com câmeras e se virou para mim:
– Sua casa inteira está grampeada. Quartos, banheiros, área da piscina, até a edícula.
Lembrando das conversas que tive nos últimos dias com Yelena e Bá, desde que os dois viajaram, cheguei a ficar enjoado, sentindo a pressão cair. Precisei me sentar. Pensei: " Que filho da puta, desgraçado. Gravando até a minha casa. Deve ter visto Mila e eu transando e ficou excitado, esquecendo que é meu pai e dando em cima da minha namorada. Será que minhas conversas com Bá e Yelena estão gravadas? Quando ele chegar, minha vantagem vai para o espaço, preciso dar um jeito nisso." A raiva começou a me dominar, mas eu precisava me manter são. Perguntei:
– Você consegue acessar as imagens? Preciso apagar os últimos dias, ou sei lá, fazer igual nos filmes, colocando uma imagem estática, como se ninguém estivesse entrando no ambiente.
Tendo a oportunidade, ele resolveu subir o preço:
– O senhor está me pedindo para infringir a lei, isso não vai ser barato…
Desesperado, eu o interrompi:
– Não me importo, pago o que for necessário.
Meu pai tinha razão, todo mundo tem um preço. Ele voltou a mexer no computador, mas algo não estava certo. Ele disse:
– Eu vou precisar levar esse HD para invadir. Podemos fazer o que você pediu e até analisar as imagens. Tem milhares de horas de gravação aí, será preciso uma equipe especializada.
Eu tinha perguntas urgentes que precisavam ser respondidas. Peguei o celular e mostrei a ele fotos do meu pai e da Mila, pedindo:
– São esses dois que eu desconfio que estão tendo um caso, eu consigo descobrir pelas imagens se é verdade?
Ele deu uma risadinha debochada:
– Consegue sim, se elas não foram apagadas. Quem trai, os que gostam de aliciar, sempre guardam imagens para assistir mais tarde. Vídeos de traição estão se tornando comuns, um troféu para quem assedia e um desespero para quem tem muito a perder, como a sua namorada, o elo fraco dessa relação suja. Seu pai parece ter esse fetiche. E muito do trabalho de quem investiga, como o Fagundes, acaba sendo facilitado pelos próprios traidores. Mas é como eu disse, infringir a lei é caro... Quanto tempo eu tenho?
Sem alternativas, e precisando administrar o tempo antes da volta dos dois, respondi:
– Três dias. Inegociáveis.
Ele foi direto:
– Por cinquenta mil, em dinheiro, eu faço.
Eu nem pensei:
– Pode vir buscar amanhã, nesse mesmo horário.
Ele ainda foi legal comigo:
– Como esse serviço foi indicação do Fagundes, vou descontar os quinze mil já pagos. E nem vamos precisar mexer em nada ou fazer qualquer instalação. Vamos usar o que seu pai já tem. Vou criar uma “backdoor” no sistema para te dar acesso. Já devolvo o HD com tudo feito. Onde está o seu modem principal de internet e seu computador pessoal?
Mostrei a ele o modem e fui correndo até minha casa buscar o notebook. Ele estava acabando de fechar o modem:
– Coloquei um dispositivo que vai nos dar acesso a qualquer celular que se conectar ao wifi da casa.
Eu achei aquilo incrível, mas muito invasivo com as outras pessoas. Ele me acalmou:
– Eu vou te dar o controle, fique tranquilo.
Ele instalou um programa no meu notebook e me explicou:
– Aqui você vai controlar tudo o que quiser saber dos celulares. É só ficar ligado em quem se conecta, associar o IP ao aparelho e dar liberdade para quem você não quer vigiar. Todo celular nesse wifi será invadido e os dados roubados. Conversas, fotos, interações, redes sociais, tudo … só cabe a você controlar.
Depois de explicar todo o funcionamento do programa espião por wifi, ele abriu o Google Maps e fez um cadastro específico de usuário. Retirou de uma bolsa alguns dispositivos e me perguntou:
– Quantos rastreadores GPS você vai precisar? Só dois? Um para cada suspeito de traição?
Ele percebeu que eu não entendi nada e explicou:
– Os celulares só servem enquanto estão conectados no wifi. Se o usuário desligar a localização, acabou-se. Esse dispositivo mantém o rastreamento vinte quatro horas, em qualquer lugar, sem a necessidade de conexão. E ainda é uma escuta. Eles saem durante o dia, não é? Então, você precisa saber aonde vão e já adiantamos o serviço do Fagundes, se ele vier a ser necessário. As provas já começam a ser produzidas. Só colocar nos carros. Como eles estão viajando, é fácil.
Com a descoberta da central de monitoramento do meu pai, tudo acabou bem antes do previsto, só restando a espera pelas informações.
Tive uma conversa séria com Yelena naquela noite, pedindo uma trégua das suas tentativas de sedução. Em breve, muito breve, teríamos as respostas para as nossas dúvidas. Conversei também com a Bá no dia seguinte, informando a ela tudo que eu precisava que ela fizesse.
Foram dois dias de espera, dois dias de angústia, tentando me concentrar no trabalho, mas com a cabeça longe. Yelena estava arisca e ansiosa, descontando na bebida suas frustrações. Fiz o possível para tentar acalmá-la e me fazer presente. Foram duas noites mal dormidas também, de longas conversas até a madrugada. Esse tempo serviu para nos conhecermos melhor e estreitar ainda mais nosso laço de amizade e admiração. Mesmo com raiva, consegui atender as chamadas de Mila como um verdadeiro ator. Yelena às vezes atendia meu pai, outras não. Não tinha muito o que eu pudesse fazer. Não podia obrigá-la. Mesmo assim, ela conseguiu fazer o mínimo esforço e passar por toda a espera.
Na sexta-feira à tarde, após o almoço, recebi a ligação derradeira do técnico. Diferente do que eu imaginava, ele disse:
– Já tenho tudo pronto para você, mas eu e o Fagundes gostaríamos de mudar um pouco as condições de entrega.
Eu não entendi, achando que estava sendo extorquido outra vez. Acabei explodindo:
– Porra, tá de sacanagem? Você já cobrou caro, quer mais o quê?
Até minha secretária estranhou, me olhando através de sua mesa, sem entender nada. Fagundes, tentando esclarecer, assumiu a ligação:
– Não, Antônio! Só achamos que não devemos apenas entregar os dados. As coisas que descobrimos são graves. É melhor que você e sua madrasta venham até o escritório, precisamos mostrar pessoalmente. Vou mandar um carro para buscá-los. Esteja pronto em uma hora.
Ele desligou e eu senti minhas pernas tremendo, minha boca secando, a raiva tomando conta de mim. O que poderia ser mais grave do que uma traição da minha namorada com o meu pai?
Pelo tom sério que Fagundes falou, pela urgência em me buscar, eu precisava me preparar para o pior. Lembrei das palavras de Yelena: "Espere o melhor, mas preparado para o pior."
Continua.
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