Parte 4.
Eu seguia em direção à minha casa, dirigindo de forma robótica, numa espécie de piloto automático. Pretendia confrontar minha esposa de uma vez por todas. A minha intenção era terminar o nosso casamento. E todas aquelas lembranças dos últimos 15 dias iam desfilando na minha memória, repassando cada momento, revisando cada situação. O que me deixava revoltado era que desde o início, eu havia identificado os sinais de que a Maraísa e o Geni, estavam já de trela, e na frente do meu nariz. Mas estupidamente, cegamente, ignorei ou negligenciei, não fui capaz de dar um basta naquilo. Me senti manipulado, enganado, e traído, por pessoas que eu sempre tive grande apreço, mais do que isso, amava minha esposa, adorava meu primo, e não conseguia admitir que ela e ele tivessem feito o que tudo indicava que fizeram.
Eu não percebi o caminho que trilhei, quando vi já estava entrando com a Strada no quintal de nossa casa, e estacionando. Fiquei um minuto parado, sentado, com o motor desligado, tentando retomar a minha linha de raciocínio, para saber o que ia dizer e fazer. Seria muito difícil manter o sangue frio e a cabeça no lugar. Eu nunca fui uma pessoa agressiva, ou violenta, e não pensava em perder o limite com a Maraísa, pois ainda amava demais a minha esposa. Só estava destroçado por dentro. Mas quando abri a porta e desci da picape, a sensação era de que eu ia entrar num campo de batalha e nem sabia com que armas lutar e contra qual tipo de inimigo. As únicas coisas que eu sentia muito forte eram, uma tristeza grande, uma frustração brutal, mágoa imensa, e uma boa dose de revolta.
Entrei em casa, e estava tudo silencioso. Aproveitei e me servi de um copo de água na cozinha, para retirar o gosto amargo da minha boca seca. Eu ainda estava com a roupa de trabalho que vestia no dia anterior. Voltar ao ambiente da minha casa me trazia sensações dúbias. Por um lado um ambiente que era meu, e por outro, aguçava as lembranças do que havia acontecido. Não vi movimento na sala, e chamei:
— Olá, alguém em casa?
— Sobe aqui no quarto, querido, estou aqui em cima.
A voz da Maraísa, soava gostosa ao ouvido. Gostava muito do seu timbre ligeiramente grave, ao mesmo tempo, suave, que lhe dava uma sensualidade especial.
Ao mesmo tempo, me deu certa raiva dela. Senti um aperto no coração. Eu estava muito magoado e com raiva do que havia acontecido. Tive que contar até dez, amansar meu sentimento de fúria, antes de subir a escada.
Cada passo que eu dava era como se tivesse pulado uma barreira de uma corrida de obstáculos. Mas cheguei ao topo e fui ao nosso quarto.
Maraísa estava na nossa cama, deitada, recostada nas almofadas, e coberta com um lençol. Achei estranho aquilo, pois ela normalmente era uma pessoa dinâmica que saía cedo da cama e cheia de atividades por fazer. Parei na porta olhando para ela.
Minha esposa estava linda. Havia escovado o cabelo, feito uma maquiagem discreta, mas permanecia deitada. Ela me olhou com expressão serena, mas triste, e pediu:
— Oi, amor, que bom que veio. Temos que conversar.
Eu não acreditei que ela estivesse querendo assumir o controle da conversa, como se eu fosse uma criança pega em flagrante fazendo bobagem. Senti uma sensação de irritação começando a me dominar. Como advogado, havíamos sido treinados para não nos deixarmos levar pelas emoções e por estados de ânimo, que embotam o raciocínio. Fiz um esforço para parecer calmo e pedi:
— Você que deve ter o que dizer. Não desvie. Explique-se.
Ela assentiu com a cabeça e respondeu:
— Tudo bem. Claro. Mas antes, quero perguntar. Você me ama? De verdade?
Não entendi direito o motivo daquilo. Mas para encurtar o assunto confirmei:
— Você tem alguma dúvida? Senão, eu não estaria nem aqui... Mas sinto muita dor também.
Ela me viu ainda de pé, na entrada, e pediu:
— Por favor, relaxe e sente-se aqui. Não me trate como estranha. Somos um casal, Temos muito que conversar.
Eu me aproximei da cama e me sentei na beirada perto do pé da cama.
— Não sei mais se somos ainda um casal.
Senti o cheiro do perfume dela, e uma onda de forte emoção me invadiu. Como eu gostava daquele cheiro...
— Muito bem. – disse Maraísa. — Eu amo você e quero que você raciocine comigo. Durante nosso casamento, fiz alguma coisa que você não aprovasse, ou que não desse provas do meu amor?
Abanei a cabeça negando:
— Não, até recentemente não. Mas... por que isso agora?
Maraísa fez sinal de calma:
— Vamos primeiro analisar um pouco o que temos. Durante todo nosso casamento eu sempre fui fiel, sincera e parceira, não fui?
— Sim, foi, mas...
— Espera. Não acelere. Segue o meu raciocínio.
Maraísa continuava calma. Mas eu notei que havia sinais de que ela havia chorado muito, seus olhos estavam um pouco inchados e vermelhos. Ela prosseguiu:
— Você sempre foi um marido zeloso, trabalhador, honesto, dedicado, e eu o amo demais. Mas já falamos um pouco sobre o processo de solidão e abandono a que eu fui submetida neste último ano. Não foi?
Era verdade, mas eu não agira por mal, ou com descaso, era apenas um período difícil na nossa vida. Falei:
— Foi um tempo de dificuldade, não soube conduzir, eu estava mesmo em baixa.
— Eu sei, eu compreendi, e aguentei firme, embora tenha sofrido muito. Achava que você tinha perdido o interesse em mim, que eu não o atraía mais, que você me desdenhava. Pense o que significa isso para uma mulher de 23 anos, cheia de sonhos e desejos. Frustrada por não ter emprego. Dependente do marido. Então, eu pergunto. Você tem dúvida de que eu o amo demais?
Eu estava começando a ficar irritado com aquele preâmbulo, mas confirmei:
— Não, eu sempre achei que me amava muito. Mas, mesmo assim, você me traiu... Essa é a questão.
Maraísa negou com a cabeça, e depois falou:
— Não é verdade. Eu não traí você. Essa é uma visão equivocada, uma versão que você criou ontem, interpretando erradamente os fatos. Mas cheguemos nisso.
Fiquei invocado e cortei:
— Ah, o que foi aquilo ontem? Aliás, já vinha de antes...
Maraísa fez sinal de calma novamente.
— Espera. Nós vamos chegar lá. Primeiro, vamos recordar a nossa conversa do outro dia. Você se recorda do que eu disse?
Pensei que ia dar mais um tempo ouvindo, e encerrar.
— Sim, eu lembro, e daí?- Eu estava ansioso para ela chegar no ponto.
Maraísa falou:
— Eu estava muito carente, necessitada, e me sentindo totalmente desvalorizada. Aí, você traz o seu primo, bonitão, gostosão, safadão, malandrão, para se hospedar aqui.
Esperou uns segundos e retomou:
— Ele se mostra diferente, muito atencioso, maduro, interessado, e até respeitoso. Começamos uma convivência cotidiana normal, sadia, onde eu passava mais horas com ele do que com você. Foi um divisor de águas. Ele é o lado “pra cima”, estimulador, disponível, se dedicando, me ajudando, e você, ao contrário, o lado para baixo, cortando, abafando, castrando, baseado numa insegurança que não tinha motivo.
Ela deu uma pequena pausa quando percebeu que disse verdades que eu sabia. Mas que eu não gostava de escutar. Prosseguiu:
— Mas, até tinha motivo, porque você sabia que a sua esposa seria presa fácil de um predador, pois você não estava dando atenção e valor a ela. Isso você sabia, e trouxe seu primo.
— Como eu ia negar, “Ma”? – Ensaiei uma resposta mas ela me cortou.
— Por favor, apenas acompanhe o raciocínio. Não sei se lembra, mas eu já lhe disse, eu estava precisando de um macho, viril, potente, precisava muito de sexo, e estava a fim de me entregar a algum. Tinha chegado ao meu limite. Você fingia não ver. E quando vi que o seu primo não representava ameaça ao que eu sentia por você. Comecei a desejá-lo. Achei que ele seria uma espécie de ajuda. Mas eu vou amar você sempre.
— Não representava ameaça? Como não? – Eu não queria deixar que os argumentos dela se completassem.
— Espera! Por favor. – ela me pediu novamente. Emendou:
— O seu primo foi digno, me explicou o que estava acontecendo, ele entendeu logo a nossa situação. No primeiro dia ele viu que eu estava fácil, queria dar de qualquer jeito. Na minha cabeça, não ia trair você, ia apenas satisfazer uma necessidade com alguém que poderíamos confiar. Mas, ele ficou cheio de dedos, para não me ofender e não me rejeitar, causando mais um estrago no meu emocional, soube conduzir a coisa de modo a não deixar que acontecesse o que eu já queria.
Na hora, ouvir aquilo, me doía:
— Você é que queria? Queria dar para ele e me botar chifre?
— Eu queria, amor. Queria mesmo. Não por maldade ou vingança, nem pouca-vergonha, eu estava maluca por sexo. No primeiro dia a gente saiu para correr, e depois batemos um bom papo, o que me fez ver como o Geni havia mudado, e estava amadurecido. Sem falar que ele é um macho muito gostoso. Gostei muito. Ao voltarmos da corrida, para fazermos os exercícios, ele me disse que aquela roupa não era adequada. E me pediu para trocar. Fui ver o que conseguia. Como eu não tinha nada adequado, ele disse que deveria vestir um top e vir apenas de shortinho. Eu me troquei, coloquei um micro short de Lycra e um top e fui fazer os exercícios. Eu queria ficar gostosa para despertar nele a vontade de me pegar. Durante a ginástica eu vi que ele me olhava com muito desejo. E eu também. Notei que ele estava com um volume grande no short e aquilo começou a me deixar em brasa. Ele percebeu e perguntou se eu estava excitada, e com desejo, e eu confirmei. Ele então me alertou do que significava aquilo, que eu estava colocando não somente o meu casamento em risco, como a relação dele com você. Foi muito digno.
Respondi:
— Mas nada adiantou. Acabaram me corneando.
— Calma, por favor, deixe eu continuar. Eu estava um trapo emocionalmente, e diante das colocações dele, de que o nosso casamento estava em risco, eu caí na real, desabei e tive uma crise emocional. Foi quando ele me disse que eu poderia confiar e me abrir. Eu contei a ele tudo o que sentia, e o que se passava com a gente.
— Tudo como, Maraísa? O que disse a ele?
— Disse que estava desesperada, não tinha sexo com você por longos períodos, que você não ligava mais para isso, e mesmo quando a gente tinha sexo, esporádico, eu não me satisfazia, você tinha deixado de ser um amante dedicado, carinhoso, era apressado, pouco envolvente, e não me esperava, gozava muito rápido. Eu fiquei muitas vezes sem ter um orgasmo nas nossas relações. Para uma mulher como eu que adora sexo, foi terrível. Isso foi me destruindo, me abatendo, jogando pra baixo.
— Maraísa, você falou com ele o que nem comigo disse? Por que não falou comigo?
— Amor, várias vezes eu tentei. Você alegava cansaço, trabalho, problemas. Você fugiu do assunto. E na hora, ele me pareceu a pessoa mais confiável e íntima nossa, para eu me abrir. E foi quando ele me falou que desejava nos ajudar. Não queria destruir o nosso casamento, mas precisava fazer algo para tentar salvá-lo.
— Você entrou na lábia dele?
Minha esposa, me olhou francamente, calada, por uns trinta segundos, em silêncio. Depois falou:
— Lú, meu amor, você sabe que não foi lábia. Sabe que é tudo verdade o que estou dizendo. Ele mesmo, outro dia, teve uma conversa séria com você, foi bem esclarecedor, alertou, e explicou o que se passava. Fomos tentando sinalizar para você, o que acontecia.
— Acontecia? O que acontecia? Eu não sei o que acontecia. Só desconfiava.
— Você percebeu o pé em que as coisas estavam, viu que eu e ele nos tornamos mais íntimos, e ficou inseguro. Eu estava alucinada de desejo de dar para o seu primo. Cada dia eu ficava mais tarada. Eu queria, mas não tinha dado. Desde o primeiro dia, quando eu tive a crise de choro, ele me acarinhou. Esperou eu me recuperar. Depois fomos para o banheiro, me deu banho. Tomamos banho juntos. Ele é muito cuidadoso. Amei aquilo. Se ele quisesse me comer, teria comido. Eu pedi para ele me comer, tentei pegar no pau dele, implorei. Mas ele me conteve, ajudou a me segurar, contornar, evitou, controlou, e disse que não podia ser daquele jeito. Eu me masturbei na frente dele, louca de tesão, ele também se masturbou na minha frente, muito tarado, mas não deixou que a gente avançasse o sinal.
Eu fiquei ali abestalhado de ouvir aquilo. Era difícil de acreditar. Sem saber como, mesmo com muita raiva e ciúme, senti meu pau endurecer quando ela contou aquilo. Confessei:
— História difícil de botar fé. Conheço meu primo...
— Não, Lú, não conhece nada. Estou lhe dizendo a verdade. O Geni mudou, cresceu. É um grande amigo seu, amigo nosso, um cara honesto. E não foi sacana em nenhum momento. Ele falou com você. Deu o sinal de que estava rolando algo, e você sabia, deixou seguir ou tentou evitar entender.
Eu ainda me sentia muito indignado, e só não tinha cortado aquele papo porque estava recebendo informações dela que desconhecia. Disse:
— Ah, não foi sacana? No primeiro dia já estava dando banho em você...
— Amor, realiza, ele poderia ter me comido no primeiro dia. Na sala. Eu queria aquilo, precisava, pedi. A ideia do banho juntos foi minha. Mas ele não me comeu. Pelo contrário, fez questão de me mostrar que o certo não era aquilo. Mas avisou que iria chegar a hora, quando não fosse escondido de você.
Tentei desmerecer:
— Ah, “Ma”, o que era o certo? Comer só depois de criar uma historinha?
— Não, amor, não foi isso. Ele mostrou que você me ama, mesmo não sabendo como levar nossa relação, e que eu o amo também, então não era certo fazer algo por trás, escondido, sem que soubéssemos que você estava ciente.
— Ah, agora essa! O certo é fazer como? Fizeram pela frente?
— Tudo às claras, amor. Ele foi me dando uma série de dicas, de sugestões, e eu passei a fazer como ele sugeriu, dando sinais para você de que eu estava ficando mais íntima dele, com cumplicidade, me fazendo de sensual, de provocante, e tudo para causar uma reação em você. Tudo o que nós fizemos, era também com esse objetivo.
— Também? Como assim?
— Vou explicar. O Geni começou a me ensinar muitas coisas. Nos tornamos mesmo bem íntimos. Não éramos amantes, éramos amigos. Nos primeiros dias já tomávamos banho juntos, nos masturbamos um na frente do outro, o tesão explodindo, mas ele não deixou que cruzássemos a fronteira. Ele só queria me ensinar a me soltar, a me empoderar. Então, com a ideia de dar pistas a você do que estava rolando, fazíamos provocações na sua frente, ginástica na sala, ele me provocava, encoxava, me tocava, no sofá ficávamos nos encostando, tudo para testar as suas reações, provocar que você questionasse, para que eu pudesse argumentar. Nossa ideia era de ter uma conversa aberta, que eu queria dar para ele. E notamos que você se excitava de ver aquilo. Mas não reagiu contra, suas reações eram comigo, e meio tímidas, eu confrontava e você assentia. E nem tocou no assunto como a gente esperava.
Eu interrompi. Estava angustiado de ouvir. Tinha um fundo de coerência, eu sabia que tinha culpa naquele processo, mas parecia absurdo justificar o que fizeram com aquela conversa. O pior de tudo, é que, naquele momento, lembrando e ouvindo ela falar, mesmo muito revoltado, aquela narrativa dela me excitava, pois me lembrava de como me sentia na hora. Falei:
— Quer dizer que eu fui vítima, me provocaram e me colocaram como cúmplice. Tudo não passou de um plano, um processo articulado por vocês para alcançar o vosso intento.
Maraísa concordou:
— De certa forma, sim. Durante os primeiros dias, ele respeitou e me manteve sob controle, enquanto me explicava o que ele achava que deveria ser feito. Ele disse que o seu ciúme exacerbado era a insegurança de saber que não estava conseguindo suprir as necessidades da esposa. Você tinha perdido o embalo e me deixou à deriva. E quando o Geni apareceu, e me despertou para viver o que eu quisesse ser, eu tentei estimular você, com a ajuda dele, para que a gente se entendesse. Eu tive que reconhecer que o Geni estava com razão. Você estava broxando por medo de me deixar ser o que eu gostaria de ser. Você ficou fragilizado. E tudo isso, eu amando você e sendo fiel. Então, ele me ensinou muito, e disse que eu deveria fazer coisas que começassem a expor o meu lado extrovertido, a minha vontade, as minhas necessidades e expectativas. Mas você, primeiro, interpretou como confronto e rebeldia.
Eu ouvia Maraísa meio em dúvida. Não me sentia confortável com aquela conversa. Sabia que dali em diante eu tinha consciência do que rolava, mas não fui capaz de interromper ou questionar a sério. Então, tentei resumir:
— Maraísa, vamos trocar isso em miúdos? Você queria dar para o Geni, desde o começo. Essa é a verdade. O Geni queria pegar você, mas não queria parecer o fura-olho. Armaram um jogo de maneira que tivessem um álibi, uma forma de me fazer cúmplice desse negócio. Mas faziam mesmo é pelas costas.
Eu pensava que ela iria contestar. Negar. Mas a Maraísa concordou:
— Acho que também pode ser visto dessa forma. Mas não foi pelas costas. O Geni não queria fazer nada que não fosse com você consciente do que estava rolando. Eu queria, estava louca. Eu achava que ele depois iria embora, eu matava a minha vontade e depois contaria para você. Mas ele não quis assim. Ele disse que não ia enganar. E então, depois daquela noite em que ele conversou com você na sala, e alertou para o que estava para acontecer, ele não se sentiu mais enganando ninguém, você estava ciente.
Tentei negar:
— Nada disso. Uma coisa é ele me alertar para o risco de uma ameaça, e outra coisa é dizer o que estava acontecendo. Ele não disse exatamente.
Maraísa esperou eu falar, deixou que houvesse uma pausa de silêncio, de uns vinte segundos, me observando, e então, falou:
— Acho que você não está sendo verdadeiro. Você desconfiava que havia mais do que amizade entre eu e o Geni, nós demos muitos sinais claros, o Geni cantou a pedra para você, e eu também dei algumas pistas bem diretas. Você sentia, via as nossas brincadeiras. Você ficava excitado em ver a gente, e disfarçava. O Geni falou que você no fundo tinha tesão de ser corno. Eu não entendia isso. Mas essa sua permissividade nos deu o sinal de que poderíamos avançar mais. Eu usava baby-doll, camisolinha transparente, shortinho curto, para mostrar que eu e ele não tínhamos mais nada a esconder. E você sentia ciúme mas não brigava. Naquela noite em que você acordou e nos encontrou dormindo no sofá, se você tivesse esperado acordado, e fosse lá ver, meia hora depois de eu ter descido para a sala, teria me surpreendido com ele, transando.
Eu senti o estômago se apertar na hora que ouvi aquilo. Exclamei:
— Foi naquela noite?
Maraísa fez que sim. E contou:
— Eu queria muito, e como nas nossas conversas eu senti que você tinha noção do que podia rolar, resolvi que era naquela noite. Queria fazer com você sabendo, mas não deu espaço para isso. Eu também não podia dizer “amor, vou ali na sala dar uma trepada com o seu primo”. Então, eu estava muito tarada e ele também. Foi a primeira vez que eu dei para ele naquela noite.
Ouvir aquilo, me deu um choque. Estremeci. Senti um aperto no estômago, e o coração acelerado. Fiquei sem ação por alguns segundos. Maraísa falou:
— Foi incrível. Eu nunca tinha feito sexo daquele jeito, demorado, intenso, forte, maravilhoso. Mas eu não tinha a sensação de estar traindo você. Pensava até que você ia lá ver o que acontecia.
Exclamei:
— Porra, que merda! Foi por pouco, eu espreitei vocês no sofá assistindo um filme. Depois fui para o quarto, e adormeci. Acordei duas horas da madrugada. Vocês tiveram mais de duas horas para se lambuzar.
Maraísa explicou:
— Amor, não foi safadeza. Foi como se eu estivesse recebendo uma aula master, de como fazer sexo. Não via o Geni como meu amante, mas meu amigo, nosso amigo, e meu professor. E ele me comeu e me fez gozar muito, várias vezes. Eu cheguei a gemer forte para ver se você acordava.
A porrada que eu levei ao ouvir ela contar foi muito forte, eu fiquei travado de emoção, e sem pensar, me levantei da cama. Fiquei de pé meio atônito, e então reparei que a Maraísa estava olhando para o volume que se formava sob a minha calça, com o meu pau endurecido e latejando. A excitação ocorreu sem eu ter controle. Fiquei meio embaraçado e caminhei até à janela, para observar o movimento lá de fora, e com isso ocultar da vista dela aquela condição. Olhei para fora sem ver nada, e sem saber o que fazer. Então, senti os braços de minha esposa me abraçando por trás, e me apertando contra seu corpo. Maraísa saíra da cama e viera me abraçar, totalmente nua. Senti o calor do seu corpo e o seu perfume.
A primeira reação que eu tive foi tentar me desvencilhar dos braços dela, mas ela me abraçou forte e pediu:
— Espera, não me machuque, por favor, deixa eu abraçar você um pouco. Estou com muita saudade e já chorei muito pensando se eu magoei você, e se estraguei a nossa relação.
Parei de tentar me soltar, e fiquei parado. Meu pau ainda estava duro. Naquele momento, a descarga de adrenalina somada à emoção, me deixaram totalmente abalado, e senti que estava para ter uma crise de choro. Mas eu não queria chorar naquela situação. Fiquei respirando fundo, enquanto Maraísa continuava agarrada ao meu corpo, colada nas minhas costas. Eu disse:
— Você me arrebentou, estou destroçado.
Maraísa continuou abraçada, e pedia:
— Por favor, me dê uma chance, quero esclarecer tudo com você. Não quero nada que fique oculto ou não dito. Não vou pedir para me perdoar do que fiz, mas vou pedir que deixe explicar tudo muito bem explicado.
Eu tinha apenas uma certeza, queria encerrar aquela etapa, queria ouvir dela o que tinha para dizer, e tomar a minha decisão de separar. Não sabia como seria, mas estava determinado a não voltar mais. Mas era isso que me doía mais, ver destruída a relação tão maravilhosa que eu tive com a mulher que sempre amei. E por erros seguidos. E deixei escapar:
— Tudo bem, diga o que deseja. Eu quero encerrar essa parte de uma vez. Mesmo que eu tenha grande culpa por ter deixado você desatendida e solitária, sem perceber o quanto estava sendo nocivo para nós, eu não consigo aceitar o que você e o Geni fizeram comigo.
Maraísa não contestou, ainda ficou um minuto calada, abraçada, e depois pediu:
— Volta para onde estava. Senta na cama e vamos terminar nossa conversa. Por favor, pelo menos isso.
Eu concordei. Já estava resolvido a terminar e achei que ouvir o que ela tinha para falar, até me ajudaria a ficar com mais raiva. Fui me sentar e ela se sentou à minha frente, totalmente nua. A visão dela nua tornava ainda mais difícil a minha concentração. Ela falou:
— Amor, quando fomos no churrasco da cachoeira, nós já tínhamos dado todas as pistas a você. Na noite da véspera, você me comeu, finalmente, depois de eu trepar muito tempo com o Geni. Eu estava melada, gozada, e você sentiu. Eu quis que você sentisse para saber, e não é possível que não tenha notado. Eu estava alargada, gozada, e você parecia ainda mais tarado por perceber.
Caralho! – Exclamei. Eu fui um otário. Bem que desconfiei.
Maraísa respondeu:
— Não, não foi otário, amor. É como o Geni disse, você foi cúmplice. Vamos falar a verdade. Sabia que a gente ia ficar juntinho na sala, viu como eu estava vestida, e seu primo só de calção. Você deixou acontecer. Depois, ficou tarado quando me viu dormindo no sofá com o Geni, depois de termos trepado de tudo que é jeito, até na cozinha. Eu subi com você e me despi pois eu estava disposta a assumir o que eu havia feito, mas você não perguntou nada. Nossa transa foi maravilhosa, você estava de novo muito tarado. Depois da gente gozar, fomos tomar banho e você me viu toda inchada na xoxota, meus bicos dos peitos vermelhos de serem chupados, e não disse nada. Você não teve coragem de me questionar, mas ficou muito tarado em saber. Ou seja, confirmou que sabia. E finalmente, o churrasco, foi um dia onde eu e o Geni brincamos de nos provocarmos na sua frente o tempo todo, e você ficou excitado de ver, ele me deu um biquíni, você disfarçou e deixou rolar. Puxa, amor, para nós, ficou patente que você estava gostando de ser corno, mas não queria admitir abertamente.
Eu estava ficando desesperado de ouvir aquilo, pois eu sabia que ela tinha razão, eu estava excitado de saber de tudo abertamente, e ao mesmo tempo, continuava com o orgulho ferido. Exclamei:
— Ah, não aguento mais essa conversa. Está me fazendo mal.
Maraísa perguntou:
— Só quero que me confirme. Eu falei alguma inverdade aqui? Só me responde isso.
Suspirei fundo. Estava bem abalado, e ao mesmo tempo, minha ereção permanecia. Disse:
— “Ma”, eu estava desesperado, vendo que tudo aquilo indicava o que de fato acontecia, aquilo me doía, tinha muito medo de encarar a situação e ter que confrontar vocês, mas também estava de acordo com minha promessa de deixar você ser mais solta, autêntica, natural. Eu estava vendo até onde ia aquele jogo de vocês, não sabia que já estavam me traindo.
Maraísa fez que sim, sorriu, e falou:
— Não foi traição. Então, amor, isso confirma o que a gente pensou. Você estava querendo ser corno, nós até brincamos com isso, testando você, e você negava de brincadeira, mas não reagia, acabava deixando rolar. Nós tínhamos certeza de que você estava permitindo. Aí, para finalizar, a volta na picape, no colo do Geni, ele me pegando nos peitos, apalpando a minha xoxota. A nossa chegada, o banho juntos no chuveiro do jardim. Nós já estávamos quase transando ali mesmo, na sua frente. E você aceitando tudo naturalmente. Vai dizer que não foi assim?
Eu fiquei calado. Não queria dar crédito na versão dela. Maraísa continuou:
— Naquela noite o Geni disse que você já tinha a certeza de que a gente estava transando, que você já era corno, e estava deixando rolar sem ter que assumir que sabia. Depois do banho, eu deitei na cama, dormi um pouco, depois saí da nossa cama e fui dormir com ele. Resolvemos que se você acordasse e nos pegasse no quarto dele nós íamos ter uma conversa. Mas não rolou, e na manhã de ontem, quando você saiu para trabalhar, a gente descontraiu totalmente. Não esperávamos a sua volta. Foi quando você pegou a gente.
— Putaquepariu Maraísa! Fiquei muito transtornado! – eu disse com raiva.
O pior de tudo, é que durante todo o tempo daquela conversa com ela, meu pau duro empinava a cueca e a calça, e eu olhava minha mulher, nua, deliciosa, excitada de contar tudo que havia feito.
Eu não aguentei mais, e me levantei. Estava de pau duro, mas queria sair dali urgentemente. Não estava em condições de discutir e aceitar mais nada. Falei:
— Maraísa, eu vou dar um tempo. Quero que o Geni saia desta casa que também é minha. Ele que vá caçar para onde ir. Eu volto a falar com você amanhã para saber se ele foi embora.
— Ele já foi, amor. Foi hoje de manhã. Disse que depois quer falar com você também.
— Não quero nem saber. Vou pegar umas coisas minhas e vou sair. Quero esfriar minha cabeça, pensar como vamos resolver.
— Amor, volta, fica aqui. A gente precisa se acertar. Por favor, não jogue fora o nosso amor.
— Maraísa, você arregaçou o nosso amor na cabeça do caralho do Geni. Agora, está esbagaçado. Por favor. Não vamos mais falar disso agora. Preciso de calma para resolver como será nossa separação.
Maraísa me olhava assustada. Ficou branca como cera, mas nada disse. Travou.
Peguei uma mochila no armário e comecei a colocar coisas que precisava dentro. Necessàire, duas calças, duas camisas, cuecas, meias, um tênis, um calção, peguei mais um terno com uma camisa social limpa e passada, uma gravata, e elevei tudo no cabide. Evitava olhar para minha mulher que permaneceu sentada na cama, assistindo a minha movimentação. Quando estava pronto, me virei e disse:
— Eu vou ligar, para combinar tudo. Por hora não consigo pensar direito. Estou destroçado.
Maraísa começou a chorar, soluçando, mas nada disse. Peguei as coisas e fui saindo. Ouvi Maraísa dizer:
— Amor, eu amo você, por favor, vou esperar para a gente conversar melhor.
Não respondi. Estava mesmo muito destruído. Peguei a Strada e segui para o hotel. Precisava organizar a minha vida. E explicar na empresa o motivo dos meus dois dias sem trabalhar.
Continua ....
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