- Vai logo que eu tô mandando, caralho. - Francisco meio que se alterou, colocando a mão em meu ombro e me forçando em direção ao bar e cochichando: - Honra a tua aposta, mané, ou eu posso me estressar e você não quer isso. Ah, e não esquece de trazer uns belisquetes também.
(CONTINUANDO)
Antes de Leonardo sair, ele conseguiu ver que Francisco voltou a se sentar ao lado de Vivian e novamente passou o braço por seu ombro, puxando-a para si e conversando ao pé do ouvido. Ele saiu rápido à procura de um garçom para conseguir a bebida, mas os que encontrava já estavam ocupados, correndo para atender outros clientes e não puderam atendê-lo. Decidiu então ir ele próprio ao bar e mesmo cobrando agilidade dos atendentes, deve ter demorado não mais que uns dez, quinze minutos no máximo.
Na mesa, após o completo afastamento de Leonardo, condição que foi acompanhada com muito cuidado por Vivian, o assunto parecia ficar estranho:
- Você está louco, Francisco? Para de abusar! Daqui a pouco o Léo vai querer brigar com a gente e acaba com uma noite gostosa.
- Desculpa, mas não consegui resistir. - Ele falou, sorrindo: - E gostosa é você! Aliás, a culpa é sua. Por que tinha que vir tão... tão... assim!
- E queria que eu viesse de que jeito, com uma burca?
- Não, mas é que… - Ele a olhou gulosamente e alisou de leve sua coxa: - Que homem consegue resistir a uma deusa como você?
- Você vai ter que conseguir. Não vou brigar com meu marido por homem algum, nem mesmo por você!
- E se eu convencê-lo, hein? Assim… E se eu conseguir fazer o seu marido aceitar que a gente fique junto?
Vivian riu alto, gargalhou na verdade, falando:
- Tá aí uma coisa que eu duvido. Ele nunca toparia. Conheço o meu marido como ninguém, ele nunca, nunca toparia.
- Conhece é? - Ele perguntou com uma entonação que a deixou cabreira.
- Conheço, ué! Por que?
Ele apenas sorriu ficando em silêncio por longuíssimos dez segundos, o que é uma eternidade para uma mulher ansiosa, e disse:
- Quer apostar sua calcinha que eu consigo te provar que seu marido é mais fútil do que você imagina ao ponto de ter me revelado um segredo íntimo de vocês, talvez o mais íntimo?
- Já ganhei! Aliás, o que eu vou levar se ganhar essa apostinha besta?
- Você escolhe, qualquer coisa, o céu é o limite.
- Ok. Se eu ganhar, você paga toda a despesa da noite e ainda vai me dar uma grana para eu pagar o motel que vou curtir sozinha com o meu marido. Que tal?
- Ok. Concordo. - Disse e esticou sua mão, apertando a dela: - Valendo?
- Valendo!
- Você tem um apelido íntimo que só ele usa, não tem?
- Tenho… Todo mundo que é casado tem. O Leonardo também tem um que só eu conheço.
- Tá, o dele não me interessa, mas eu sei o seu.
- Sabe nada!
- Sei…
- Tá bom. Se sabe, fala qual é?
- Ah, o que é isso, doutora VIVA, duvidando de mim? - Disse e riu, continuando: - Sei até que vocês se casaram em maio/2018, não estou certo?
Viviam ficou branca, inerte, assombrada com a revelação de seu segredo. Não quanto a data do casamento, mas seu apelido íntimo, que apenas Leonardo utilizava quando estavam sós a impressionou muito mesmo:
- Co… Co… Como você sabe disso? Por que o Leonardo te contou?
- Ele não me contou. É que eu li a gravação no interior da aliança dele de casamento. Ó só... - Ele disse e mostrou a aliança para ela.
Vivian então de branca passou para vermelha, fechando a cara e mordendo os dentes, irada em saber que a aliança do marido estava na mão de Francisco, praticamente um estranho para ele. Quando ela se recuperou, após respirar profundamente duas vezes, perguntou:
- O que a aliança dele está fazendo na sua mão?
- A gente fez uma aposta e ele empenhou a aliança comigo, tudo por um Rolex, um relógio, você acredita? - Disse Francisco, zombando e voltando a colocar a aliança de Leonardo em seu mindinho.
Vivian virou sua taça de champanhe e só não tomou mais porque a garrafa já estava vazia, mas Francisco notando que ela precisava da bebida mais que ele, empurrou sua taça suavemente com um dedo na direção dela que não se fez de rogada e a virou de uma só vez. Ele havia conseguido derrubar a guarda dela e não perderia a chance:
- Bom, essa aposta eu ganhei. Vejo na sua cara que não esperava por essa, não é?
Ela o olhou com os olhos vermelhos de raiva, injetados de sangue, e num movimento pouco sensual, levantou a saia de seu vestido e baixou sua calcinha num tranco, quase a rasgando, pouco se importando se Francisco ou qualquer outro conseguiria ver sua intimidade. Depois ajeitou seu vestido novamente e entregou a prenda para Francisco que a esfregou entre o dedão e o indicador, encostando-a no nariz para sentir seu perfume mais íntimo:
- Ah… Adoro esse cheirinho de sabonete. Que fragrância é essa, canela e mel?
- Sei lá. É o que tinha no hotel… - Ela respondeu, ainda chateada com a situação.
Francisco sorriu e chegou a encostar a língua no fino tecido, só para constatar que Vivian já estava até um pouco molhada com toda a brincadeira da noite até ali e isso lhe deu a certeza que poderia se dar bem:
- Quer aumentar a aposta? Quem sabe você não recupera sua calcinha e a dignidade do seu marido? Devolvo até a aliança dele…
Ela já não pensava direito, nem tanto pela bebida, mais pela raiva que estava sentindo de Leonardo naquele momento:
- E o que você quer dessa vez?
- É o seguinte… Quando o “amô” voltar, vou mostrar que ganhei a aposta, lógico, não vou perder essa chance, mas vou fazer mais: vou pegar a sua mão, colocar sobre o meu pau e você irá acariciá-lo, tudo na presença do seu marido. Se ele se opuser de uma forma enfática, discutindo, brigando ou puxando você para ele, a vitória é sua e eu devolvo tudo. Pago até as despesas e o seu vale-motel, ok?
- E se eu perder?... - Ela perguntou, curiosa.
- Se o seu maridinho não fizer nada ou reagir muito pouco, você vai me pagar um boquete, bem aqui, na frente dele e de todo mundo.
- Você está louco, Francisco!? Ele vai te matar se você fizer isso. É perigoso até de rolar polícia.
- Não, não vai. Se ele me agredir, prometo que não faço nada contra ele. - Ele respondeu e como ela ficou em silêncio, ele insistiu: - E aí, topa?
Vivian ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto olhava para a garrafa de champanhe vazia. Depois falou, olhando-o nos olhos:
- Ok, topo! Se ele não me defender, é porque está merecendo mesmo.
Leonardo voltou à mesa pouco depois, tempo em que Francisco e Vivian acertaram mais alguns detalhes do que poderia vir a acontecer naquela noite. Ele trazia a champanhe num balde de gelo, quase como um serviçal de ambos, viu que Vivian estava sentada quase colada ao Francisco, mas quieta, meio emburrada até. Ele sentiu um novo calafrio na espinha e entendeu no ato que algo havia acontecido. Sem se sentar, olhou para ela que abaixou os olhos, envergonhada e ainda ao mesmo tempo irritada. Francisco, então, levantou a mão, como se fosse jogar um Zap numa mesa de Truco e colocou a calcinha dela ali em cima. Atônito, pasmo, Leonardo “ping-pongueou” entre a peça de roupa e os olhos da esposa:
- Ah… - Gemeu alto, como se tivesse tomado um chute no saco: - Vivian!?
- Vivian o quê, Leonardo!? - Ela respondeu, olhando-o com raiva nos olhos: - Você teve coragem de apostar sua aliança de casamento e acha que tem o direito de me cobrar alguma coisa?
- Você ficou doida, Vivian? Apostei porque pensei que fosse vitória certa. Nunca imaginei que você pudesse fazer isso. - Rebateu alterado e ela o encarou também irada.
Leonardo fechou a cara, mas envergonhado e num tom comedido para que ninguém mais notasse o que estava acontecendo, falou:
- Pega suas coisas, sua calcinha, e vamos embora, Vivian. Já!
Nesse momento, Francisco pegou a mão dela e a colocou sobre seu pau que já estufava sua calça, mostrando um volume considerável, visível até de onde Leonardo estava. Ela, ao contrário de tudo o que Leonardo pudesse esperar, começou a acariciá-lo suavemente, numa masturbação tímida. Abismado com toda a situação, Leonardo ficou sem ação por um momento, mas logo se recobrou e insistiu, timidamente:
- Mas que putaria é essa, Vivian!? Ficou louca?
- Não sei o porquê da sua irritação. Você não gosta de apostas? - Ela retrucou, ainda encarando-o com um semblante bravo.
Leonardo sentiu tudo rodar, apoiando suas mãos na mesa, assombrado com aquela cena e se sentou na hora. Vivian viu que ele não estava fingindo e se preocupou a princípio, mas, ao tentar ir em sua direção, Francisco colocou sua mão sobre a dela e balançou negativamente a cabeça, balbuciando a expressão “ele está fingindo”, mantendo-a sobre seu pau. Ela, mesmo duvidando dele, ficou onde estava, apenas olhando seu marido para ter certeza de que ele estava bem. Leonardo respirou profunda e lentamente algumas vezes, tentando organizar as ideias e palavras, reforçando o pedido feito a ela, mas agora de uma forma quase inaudível. Francisco começou a rir e perguntou:
- Doutora Viva, parece que você perdeu novamente a aposta, não é!?
Vivian nem se dignou em responder, apenas balançou afirmativamente a cabeça. Com a confirmação, Francisco voltou sua atenção para Leonardo, sorrindo agora de uma forma maliciosamente assustadora:
- Sinto muito, Leonardo, mas parece que você perdeu sua chance, não é mesmo? - E voltou sua atenção para Vivian: - Agora conta para ele qual era a nossa outra aposta, querida, conta…
Vivian ficou calada e ele insistiu:
- Fala, caralho, eu sei que você quer compartilhar esse momento.
- Nós apostamos que ele colocaria minha mão sobre o pau dele e você não seria homem de brigar por mim. Que, no máximo, só ficaria bravinho… - Ela falou, inconformada.
- Poxa, Vivian… - Falou Leonardo, espantado: - É isso o que você pensa de mim?
- Não, não era! Eu pensei que você fosse, pelo menos, discutir para me defender, sei lá, me puxar, fazer uma cena. Brigar, eu até não esperava, mas um pouco mais de atitude de macho, eu esperava sim! Só que você não fez nada, porra nenhuma! Só fingiu passar mal…
- Isso! - Concordou Francisco, retumbante: - E como ela perdeu, agora vai ter que me pagar um boquete bem gostoso e babado, né não, doutora?
Vivian ficou calada, mas não negou o prêmio da aposta. Então, sempre encarando o marido, mas agora com um olhar melancólico, perguntou:
- Você me apostou mesmo com ele? Por um relógio, Leonardo, uma bosta de um relógio!? É isso que eu valho para você?
- Vivian não é bem assim… Ele me desafiou, me humilhou e como eu confiava plenamente em você, eu... acabei aceitando, mas só porque imaginava que você não fraquejaria. Pelo menos eu pensava assim...
- Então apostou mesmo… - Ela insistiu, como se precisasse ouvir dele a resposta e Leonardo apenas balançou afirmativamente sua cabeça como num modo automático.
Vivian suspirou fundo e balançou negativamente a cabeça, com uma expressão decepcionada. Depois pousou os olhos sobre a mão de Francisco que ainda segurava a sua sobre o seu pau, notando a aliança de Leonardo em seu dedo mindinho. Fechou os olhos por alguns segundos e falou para ele:
- Eu não vou dar a aliança dele para você, Francisco, eu não concordo. Você pode me devolver, por favor?
- Ora, se você cumprir a sua parte…
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