Parte 6
Depois de sair dirigindo em direção ao hotel, a cabeça cheia, um gosto ruim de derrota na boca, bastante abalado e bem puto da vida com as palavras que o Geni havia dito antes de me deixar, a vontade que eu tinha era me desconectar de tudo, ver se abafava aquela sensação de frustração que me acompanhava sem descanso. Ao chegar ao hotelzinho, tomei um banho frio no início, depois liguei a água quente e fiquei alguns minutos sob aquela ducha mais quente, buscando relaxar. A cabeça não se desconectava do problema que me atrapalhava a vida. Não tinha como evitar que as frases do Geni ouvidas há pouco, ainda ressoassem em minha mente:
“Se não fosse eu, iria acontecer com outro. Eu vi que estava para dar merda, e resolvi ser honesto com os dois”.
“Primeiro, a atitude de não querer ver o que está errado de fato, só vai prejudicar os dois, você e a sua esposa”.
“O modo como vocês conduziam a relação, sem diálogo e fugindo de enfrentar ou de enxergar o problema, ia dar merda”.
“Eu apareci e pensei em ajudar, de verdade... Eu quis ajudar, sou da família, gosto de vocês, poderia levar as coisas na surdina, como foi feito, e ninguém ficar sabendo”.
Mesmo sabendo que podia ser verdade, eu também sabia que ele ficou tarado na minha esposa, e louco para comê-la. E ele deu o empurrão.
“O seu casamento que apodreceu sem minha participação”.
“Tentei fazer de um jeito que mostrasse a vocês como mudar tudo”.
“Você sempre foi ruim de cama, nunca foi um bom amante para atender as necessidades de sua esposa, e ficou sempre com medo que ela descobrisse que havia coisa melhor do lado de fora. Por isso escondeu a Maraísa do mundo”.
Aquela fala havia me doído muito.
“Nem o emprego você a ajudou a conseguir, pois era cômoda a situação de ter a esposa em casa esperando”.
“Em vez de evitar, essa sua atitude de isolar a esposa, despertou ainda mais, nela, a necessidade de buscar satisfação”.
“Eu só estava na hora certa, e no lugar certo, como qualquer comedor oportunista. Aconteceu. Não vim para isso e descobri tudo aqui”.
“Não era minha intenção me envolver. Percebi que ia dar merda se eu fizesse como ela queria. E tentei mostrar para você entender o que estava acontecendo”.
“Você “sacou”, mas não teve coragem de assumir, e encarar, ficou se fingindo de besta. Eu dei todas as pistas, agi de forma muito visível, notável, na sua frente, fácil de você me chamar e questionar o que estava rolando”.
Tudo aquilo, rememorado, se tornava mais evidente e me dava ainda mais incômodo. Eu segui recordando.
“Você sabia que o papo ia chegar neste ponto, ela ia dizer o que estava acontecendo com vocês, e eu ia ter que lhe mostrar que, no fundo, você todo o tempo teve um comportamento de Cuckold. Você se excitou em me ver provocar a sua esposa, e ela me provocar e se excitar com isso. Ficou explícito. Não pode negar”.
Era uma verdade cruel. Para mim, não tinha dúvida. Eu não podia negar.
“Aí, eu chamei você para um papo sincero, quase abri o jogo, e você desconversou, achou que ia ficar por isso mesmo”.
“Aí, aconteceu. Confesso que a nossa brincadeira de provocar escapou do nosso controle. Aliás, escapou do meu controle, porque a sua esposa estava desesperada para ser bem fodida e não via a hora”
“Vamos falar a verdade, ela me disse, nunca teve tanto prazer e satisfação em uma foda como a que tivemos na sala da sua casa. Ela precisava disso. E você também precisava. Desculpe. Falo sério. No fundo, você reagia com ciúme, mas também morria de tesão de ver eu e a sua esposa nos provocando”.
“Você teve medo de assumir o seu fetiche de corno. Medo de ter que liberar a sua esposa que é um avião, e precisa voar urgentemente”.
“Inseguro, não foi capaz de entender que eu fiz isso tudo, para ajudar vocês a se resolverem. Não quero tomar a sua mulher. Fica certo disso. Quero que vocês sejam felizes. Mas ela precisava ter uma aula de foda bem dada”.
Todas aquelas frases, além da porrada violenta que me davam, tinham uma grande verdade, que o filho da puta do Geni teve a ousadia de me mostrar. E o pior era que ele parecia coberto de razão. Ele terminou com uma porrada mais forte ainda:
“Você vai se foder de verde e amarelo se continuar com esse orgulho machista babaca.”
“Agora, talvez, se você deixar de lado o orgulho e o medo de assumir, vai lá e aprende a dar o que ela precisa. Fim de papo. Não tenho mais nada para dizer, porque fui sempre muito verdadeiro, e transparente”.
Ele tinha razão. Era a minha esposa, o meu casamento, e eu estava perdido sem rumo. Eu não aceitei na hora em que ele estava me falando, pois, meu orgulho não permitiu, não queria me rebaixar e me entregar à verdade que ele expunha. Mas, ali no banheiro daquele hotelzinho fuleiro, sozinho, sozinho, e bem arrasado, cada uma daquelas fases soavam com uma força ainda maior. Ficaram impressas com ácido na minha memória auditiva, lógica e emocional. No fundo eu tinha que reconhecer que o Geni falou a verdade.
Saber aquilo, não diminuía a raiva que eu sentia, mas agora, nem era tanto, raiva do primo, era principalmente da minha incapacidade e incompetência de resolver aquilo antes que acontecesse.
Saí do banho, me enxuguei e me sentei na cama do quarto, nu, ainda sem saber o que ia fazer. Como era inevitável, me recordei da minha esposa, e percebi que ela, instruída pelo Geni, sempre me deu a chance para assumir que eu sabia de tudo, e que estava deixando acontecer. E ela sabia que eu me excitava com tudo aquilo. No fundo, eu tinha mesmo aquele fetiche de ser corno. Mesmo sem saber como e por que acontecia, eu precisava reconhecer, eu tinha. E foi exatamente por isso que eu deixei tudo acontecer.
No meu esconderijo do hotelzinho, removendo as máscaras do orgulho e da revolta, podia olhar para trás e reconhecer. Me lembrei da última conversa com a Maraísa. Quando ela me perguntou:
“Você me ama? De verdade?”
Me lembrava que tinha sentido o cheiro embriagante do perfume dela, naquela hora, e uma onda de forte emoção havia me invadido. Eu gostava daquele cheiro...
A verdade estava ali. Maraísa também tinha sido sincera comigo. Mesmo tendo transado com meu primo, na nossa casa, ela estava fazendo tudo bem às claras. Eu é que fingia não ver. Me recordei dela dizendo:
“...eu o amo demais. Mas sabe o processo de solidão e abandono a que eu fui submetida neste último ano. Eu achava que você tinha perdido o interesse em mim, que eu não o atraía mais, que você me desdenhava”.
“Pense o que significa isso para uma mulher de 23 anos, cheia de sonhos e desejos. Frustrada por não ter emprego. Dependente do marido”.
“Você tem dúvida de que eu o amo demais?”
Eu sentia que aquelas lembranças me levavam a parecer o principal culpado de tudo o que tinha acontecido. Nas palavras da Maraísa:
“Eu não traí você. Essa é uma visão equivocada, uma versão que você criou ontem, interpretando erradamente os fatos”.
“O Geni se mostrou diferente, muito atencioso, maduro, interessado, e até respeitoso”.
“Eu passava mais horas com ele do que com você”.
“Ele é o lado “pra cima”, estimulador, disponível, se dedicando, me ajudando, e você, ao contrário, o lado para baixo, cortando, abafando, castrando, baseado numa insegurança que não tinha motivo”.
“Você sabia que a sua esposa seria presa fácil de um predador, pois você não estava dando atenção e valor a ela. Eu estava louca por sexo. Isso você sabia, e trouxe seu primo, e me deixou com ele”.
“Eu já havia dito, estava precisando de um macho, viril, potente, precisava muito de sexo, e estava a fim de me entregar a algum. Tinha chegado ao meu limite. Você fingia não ver”.
“Quando vi que o seu primo não representava ameaça ao que eu sentia por você. Comecei a desejá-lo. Achei que ele seria uma espécie de ajuda. Mas eu vou amar você sempre”.
“O seu primo foi digno, me explicou o que estava acontecendo, ele entendeu logo a nossa situação”.
“Na minha cabeça, eu não ia trair você, ia apenas satisfazer uma necessidade com alguém que poderíamos confiar. Mas ele não quis. Ele soube conduzir a coisa de modo a não deixar que acontecesse o que eu já queria”.
“Eu queria fazer sexo, amor. Queria mesmo. Não ia botar chifre por maldade ou vingança, nem pouca-vergonha, eu estava maluca por sexo”.
Revendo o que a Maraísa dissera, corroborava o discurso do primo. Eles até podiam ter combinado, mas, não me parecia ser o caso. Ela explicou:
“Ele me alertou do que significava aquilo, que eu estava colocando não somente o meu casamento em risco, como a relação dele com você. Foi muito digno”.
“Eu me abri com ele e que me falou que desejava nos ajudar. Não queria destruir o nosso casamento, mas precisava fazer algo para tentar salvá-lo. Você sabe que não foi lábia do Geni. Sabe que é tudo verdade o que estou dizendo”.
“Fomos tentando sinalizar para você, o que acontecia. Se ele quisesse me comer, teria comido desde o começo.“Ele me conteve, ajudou a me segurar, contornar, evitou, controlou, e disse que não podia ser daquele jeito”.
A imagem da Maraísa nua, na cama, me dizendo aquilo, me veio à mente. Eu já não estava mais com raiva naquele momento, e minha capacidade de raciocinar aumentara.
“Estou lhe dizendo a verdade. O Geni é um grande amigo seu, amigo nosso, um cara honesto. E não foi sacana em nenhum momento. Ele falou com você. Deu o sinal de que estava rolando algo, e você sabia, deixou seguir ou tentou evitar entender”.
“Ele mostrou que você me ama, mesmo não sabendo como levar nossa relação, e que eu o amo também, então não era certo fazer algo por trás, escondido, sem que soubéssemos que você estava ciente”.
“Fizemos tudo às claras, amor. Eu passei a fazer como ele sugeriu, dando sinais para você... tudo para causar uma reação em você. Fazíamos provocações na sua frente, tudo para testar as suas reações... Nossa ideia era de ter uma conversa aberta, que eu queria dar para ele”.
“Notamos que você se excitou de ver aquilo. Mas não reagiu contra, suas reações eram só comigo, e meio tímidas, eu confrontava e você assentia. E nem tocou no assunto como a gente esperava”.
Novamente, lembrando de tudo aquilo eu estava angustiado. O que ela me dissera tinha um fundo de grande coerência, não sentia mais como inicialmente, que foi manipulação. Eu sabia que a a culpa era principalmente minha naquele processo.
A Maraísa não tinha poupado nada:
“Eu tive que reconhecer que o Geni estava com razão. Você estava broxando por medo de me deixar ser o que eu gostaria de ser. Você ficou fragilizado. E tudo isso, eu amando você e sendo fiel. Ele me ensinou muito...”
Avaliando, reconheci que me sentia muito desconfortável com aquela conversa. Era verdade. Eu tive consciência do que rolava, mas não fui capaz de interromper ou questionar a sério.
Maraísa tinha sido detalhista:
“Acho que não foi feito nada pelas costas. Ele disse que não ia enganar. Só depois daquela noite em que ele conversou com você na sala, e alertou para o que estava para acontecer, ele já não se sentiu mais enganando ninguém, você estava ciente”.
“Você desconfiava... nós demos muitos sinais claros, o Geni cantou a pedra para você, e eu também dei algumas pistas bem diretas. Você sentia, via as nossas brincadeiras. Você ficava excitado em ver a gente, e disfarçava”.
“O Geni me explicou que você no fundo tinha tesão de ser corno. Eu não entendia disso. Mas essa sua permissividade nos deu o sinal de que poderíamos avançar mais”.
“Naquela noite em que você acordou e nos encontrou dormindo no sofá, se você tivesse esperado, e fosse lá ver, meia hora depois de eu ter descido para a sala, teria surpreendido eu e ele transando”.
A imagem dos dois fodendo no sofá da minha sala me assombrava, e o pior de tudo, é que mesmo depois de tudo, eu me excitava com ela. Mais uma vez, lembrando do fato, eu senti o meu estômago se apertar. Era real. Foi naquela noite que ela deu para o primo. Nas palavras dela:
“Eu queria muito, e como nas nossas conversas eu senti que você tinha noção do que podia rolar, resolvi que era naquela noite. Queria fazer tudo com você sabendo, mas você não deu espaço para isso”.
“Eu não podia dizer “amor, vou ali na sala dar uma trepada com o seu primo”.
Eu estava arrepiado ao lembrar. E o mais arrepiante foi quando a Maraísa falou:
“Foi incrível. Eu nunca tinha feito sexo daquele jeito, demorado, intenso, forte, maravilhoso. Mas eu não tinha a sensação de estar traindo você. Pensava até que você ia lá ver o que acontecia”.
“Amor, não foi safadeza. Foi como se eu estivesse recebendo uma aula master, de como fazer sexo. Não via o Geni como meu amante, mas meu amigo, nosso amigo, e meu professor”.
“Ele me comeu gostoso, e me fez gozar muito, várias vezes. Eu cheguei a gemer forte para ver se acordava você”.
A porrada que eu levei ao ouvir ela contar aquilo foi muito forte. Naquela hora, lembrando, reparei que a Maraísa estava olhando para o volume que se formava sob a minha calça, com o meu pau endurecido e latejando. A excitação havia ocorrido sem eu ter controle. Tive vergonha daquilo.
“Não, você não foi otário, amor, você foi cúmplice. Vamos falar a verdade. Não foi traição. Sabia que a gente ia ficar juntinho na sala, viu como eu estava vestida, seu primo só de calção. Você deixou acontecer. Depois, ficou tarado quando me viu dormindo no sofá com o Geni, após termos trepado de tudo que é jeito, até na cozinha”.
“Então, amor, isso confirma o que a gente pensou. Você estava querendo ser corno, nós até brincamos com isso, testando você, e você negava de brincadeira, mas não reagia, acabava deixando rolar. E você aceitando tudo naturalmente. Nós tínhamos certeza de que você estava permitindo. Vai dizer que não foi assim?
Eu me recordava que naquela manhã, não contestei. Fiquei calado. Não queria dar crédito na versão dela. Maraísa continuou:
— Naquela noite o Geni disse que você já tinha a certeza de que a gente estava transando, que você já era corno, e estava deixando rolar sem ter que assumir que sabia.
Aquelas palavras confirmavam que o grande “enganado” na história, não existia, meu primo sabia, minha esposa sabia e eu, de fato, sabia, mas me fazia de enganado. Não tive capacidade de assumir e me abrir com eles. Mas, ao mesmo tempo, eu ainda tinha uma certa mágoa, uma sensação de que saí perdendo naquele jogo, e a solidão daquele pequeno quartinho piorava o meu estado de ânimo. Às vezes eu tinha vontade de ligar para a Maraísa, depois me segurava, e controlava a ansiedade. Resolvi sair e dar uma volta pela cidade, passar pela orla, e me distrair. Fui rodando, sem ter um rumo definido, e quando reparei, estava num trecho da avenida, onde se via algumas garotas de programa na beira do passeio, esperando a abordagem dos clientes. Fui passando devagar, observando, distraído, fazia muito tempo que eu não passava por ali. Logo percebi que algumas me confundiam como sendo um cliente, e acenavam, tentavam chamar a minha atenção. Eu não parava, seguia observando, até que eu vi uma mulher muito elegante. Loira de cabelos compridos lisos, não se trajava de forma vulgar como as demais. Usava um vestido de Lurex cor de areia, bem colado ao corpo, curto mas não muito, na altura do meio da coxa, decote reto e modelo tomara que caia, com os seios médios para grandes, que apertados no vestido, ficavam bem salientes, metade fora do decote. Calçava tamancos de sola de cortiça, salto alto, e apenas duas tiras finas de couro bege na parte superior do pé. Tinha uma bolsa na mão, e não me acenou. Ficou apenas olhando.
Examinei o perfil das formas dela recortadas, contra o fundo mais escuro da rua, e me pareceu muito atraente. Era relativamente alta, devia ter pouco mais de 1,75 m, e à medida em que eu me aproximava, reduzia a velocidade, para poder observar melhor sua fisionomia. Ele achou que eu ia parar, e sorriu, e seu rosto se iluminou com um lindo sorriso de dentes brancos e perfeitamente alinhados. Quando eu estava bem defronte a ela, ouvi sua voz, macia, sedutora:
— Oi, gato. Dá uma paradinha. Vamos conversar?
Eu não tinha nenhuma intenção de ser cliente de prostituta, mas a ideia de conversar me tocou num momento em que eu precisava mesmo, conversar. Estava dirigindo muito próximo do meio-fio do passeio, e apenas parei a picape. Eu curioso e inexperiente, perguntei:
— Conversar? Você cobra para conversar?
Ela deu outro sorriso, e respondeu:
— Conversar é bônus, mas se não gosta de conversar, não precisa. Pagando, eu fico caladinha.
Foi a minha vez de achar graça. Ela era boa de resposta. Simpatizei e perguntei:
— Como é seu nome? E quanto você cobra?
— Suzy, meu nome é Suzy.
Ela deu uma pequena pausa, examinou melhor com quem falava e respondeu.
— Depende, amor. O que você gostar.
— Eu gosto de conversar.
A loira riu de novo:
— Não acredito, você até parece ser um cara bonitão, e gostoso. Mas é você que manda. Para ficar conversando tem que pagar o período completo. Uma hora é duzentos, e duas horas trezentos. Mas se quiser papear a noite inteira, fecho pernoite por quinhentos até amanhã. Você paga o motel e o café da manhã. E o Uber para me levar embora.
Eu achei graça do jeito dela. Na condição de perdido na noite em que me encontrava, achei que ela poderia ser uma companhia divertida. Não ia achar mais ninguém com quem conversar, e eu poderia pagar. Tinha dinheiro que retirei ao sair da empresa. Perguntei:
— Estou hospedado num hotelzinho perto da rodovia. Você aceita ir lá ou tem que ser motel?
Ela deu de ombros:
— Tanto faz, se tiver banheiro para tomar banho, toalha para enxugar, e cama para foder, tá de bom tamanho.
Ela deu um passo para se aproximar mais da janela, e disse:
— Vai ser uma hora, duas, ou mais? Qual é o tamanho do seu papo? – E riu da própria piada.
Eu lembrei de um ditado, que havia aprendido ainda no tempo da faculdade, e falei:
— Vamos fechar e papear a noite toda. O que é um peido para quem já está todo cagado?
Suzy deu uma sonora gargalhada, a danada era bonita, olhos castanhos bem claros, expressivos, e seus longos cabelos loiros muito bem tratados. Pude sentir o seu perfume e era bem gostoso, meio amadeirado, como se fosse um perfume para homem. Ela falou:
— Se estiver cagado eu dou um banho. Gosto de tudo limpinho. E se não se importa, gostaria de receber antes. O que acha?
Eu destranquei a porta do passageiro, e pedi:
— Entre, acabei de tomar banho e estou limpinho. E pagarei metade agora, e metade quando nosso papo acabar pela manhã. O que acha?
— Tudo bem. Gosto dos higiênicos e limpinhos. E você parece ser um bom sujeito. Combinamos assim. – Suzy de perto era ainda mais atraente.
As mãos dela eram bonitas, dedos delicados de unhas muito bem feitas, pintadas com esmalte vermelho.
Suzy entrou e colocou o cinto. Peguei a carteira e entreguei a metade do dinheiro. Ela pegou, agradeceu e guardou na bolsa. Partimos para o hotelzinho.
No trajeto ela esticou a mão e acariciou a minha coxa, com suavidade, e perguntou:
— Você sai sempre para programas?
— Não, não saio, só hoje que estou carente de uma companhia que me tire da fossa. E você me pareceu uma mulher inteligente e de bom humor.
Ela sorriu, como se duvidasse:
— Casado seu sei que você é, estou vendo a aliança na sua mão. Mas deve ter tido um probleminha com a esposa. Relaxa que logo você estará bem e satisfeito.
Eu nada disse. Chegamos ao hotel, e fomos imediatamente para o quarto. A única pessoa que estava na recepção, um rapaz sonolento, que nos viu entrar, mal tirou os olhos da TV que ficava ao lado sobre o balcão. Eu levava as chaves do quarto comigo.
Chegando ao quarto, a Suzi me pediu licença para usar o banheiro e eu falei que ficasse à vontade. Dei a ela uma das toalhas de banho ainda embrulhadas no saco plástico, sem uso. Ela foi e fechou a porta.
Achei que era importante, uma prostituta de rua, tomar cuidados de higiene. Eu me lembrei que não tinha preservativos comigo, mas não tinha mesmo intenções de fazer sexo. Na verdade, precisava apenas melhorar o meu ânimo e me distrair.
Ouvi o barulho da descarga do vaso sanitário, depois o barulho do chuveiro. Uns doze minutos depois Suzy saiu do banheiro e uma onda daquele perfume gostoso que ela usava saiu com ela e invadiu o quarto.
Eu estava recostado em duas almofadas, na cama, ainda vestido. Havia apenas descalçado os sapatênis. Ela estava vestida, como entrou, mas descalça. Depositou sua bolsinha sobre a mesinha do lado da cabeceira da cama, e se sentou ao meu lado. Coloquei uma almofada para ela se encostar, e ela agradeceu. Ela perguntou meu nome e eu disse:
— Lúcio. Esse é meu nome.
Preferi não dizer o nome verdadeiro, mas procurei um muito parecido. Quando eu retirei o telefone celular do bolso, para me sentar na cama, tinha visto que faltava dez minutos para a meia-noite. Perguntei se a Suzy desejava beber alguma coisa, pois tinha água e refrigerantes no frigobar. Ela agradeceu e pediu:
— Um copo d'água, cai bem. Obrigada.
Me levantei e peguei a água, servindo para ela. Quando vi a Suzy tinha se levantado, e me abraçou por trás, segredando no meu ouvido:
— Você é a minha sorte grande hoje. Um homem educado, charmoso, inteligente, cheiroso, e que trata uma mulher com respeito, mesmo que tenha comprado o direito de usá-la para o sexo.
Fiquei sem ação, segurando o copo de água e a garrafa. Ela passava a mão de leve sobre o meu peito, soltava a respiração na minha nuca, e se apertava colando o corpo no meu. Eu senti o calor dela me contagiando e me arrepiei. Ouvi ela sussurrando:
— Lúcio, você jura que quer ficar só na conversa? Eu posso aliviar bastante a sua tensão e lhe dar muito prazer.
Alguma coisa daquela situação mexeu comigo, talvez a mistura do perfume, da suavidade sensual dela, o interesse em me despertar o desejo, tudo misturado, me deixou arrepiado e sentindo o pau querendo crescer. Eu falei:
— Calma, querida. Tome sua água, não tenha pressa. Temos muito tempo.
Suzy relaxou o abraço que me dava por trás, pegou o copo da minha mão, e bebeu um pouco. Eu depositei a garrafa na geladeira, e me virei para ela, no mesmo momento em que ela me abraçava, agora de frente. Eu não queria ser grosseiro e rejeitar o abraço. Como ela era alta, ficávamos numa posição confortável, então, abracei delicadamente os ombros dela, e falei:
— Você é uma mulher muito bela. Difícil resistir.
Eu senti que meu pau tinha ficado mais duro, e ela simplesmente ofereceu os lábios para um beijo. Fiquei receoso de negar, embora não tivesse ainda decidido que queria sexo.
Beijei de leve, ela insistiu. A safada estava me envolvendo, e eu não estava controlando. Começamos a nos beijar, cada vez com mais prazer. Ela beijava deliciosamente, colocava a língua, sugava a minha. Na mesma hora eu estava de pau duro. Então, ela me disse uma coisa que fiquei encucado:
— O maior elogio que um macho pode fazer a uma mulher é mostrar seu pau duro. É o termômetro do seu desejo e da força de atração dela.
Não falei nada. Estava sendo conduzido e gostando, nossos beijos ficavam mais intensos. Ela despiu o vestido, deixando cair no chão e desnudou seios lindos, médios, firmes, com mamilos castanhos bem claros e bicos salientes. Não resisti e comecei a beijar e sugar de leve. Ela gostou, e gemeu como uma gata. Estava apenas com uma tanguinha e seu corpo era espetacular, pele lisa, macia, sem nenhum sinal de celulite. Eu via a imagem nossa, de pé, abraçados, refletida no espelho da porta de correr do armário. A bunda da Suzy era linda, menos generosa do que a da minha mulher, mas perfeita, redondinha, lisinha e sem sinal de celulite alguma.
Aquela visão aumentou ainda mais a minha libido. Meu pau não cabia mais dentro da cueca, e eu despi a calça e a cueca juntas, num mesmo movimento, deixando descer pelas pernas. Suzy, hábil, me ajudou a despir a camiseta, e estávamos os dois colando os corpos e esfregando nossa pele, acariciando e beijando. Eu disse:
— Que delícia! Você é linda!
Suzy gemeu agradecendo e respondeu:
— Você também é um gostoso!
Naqueele momento, eu sabia que minha noite só de conversas estava sendo totalmente alterada, para um delicioso jogo de sexo e prazer. Mas, quando estava no meio de um beijo que quase me fazia gozar, ouvi meu telefone celular tocando. E era o toque exclusivo do telefone da Maraísa.
Parei na mesma hora, me separei do abraço e deixei a Suzy de pé ali ao lado. Atendi o telefone, preocupado.
— Oi, alô? - Nem tive tempo de pensar direito.
A voz de minha esposa estava soando bem triste:
— Oi, amor, desculpe ligar, mas não consegui resistir. Quero muito ouvir a sua voz.
Eu estou aqui sozinha, na maior tristeza.
Eu fiquei travado, sem saber o que dizer. A Suzy estava tão perto que conseguiu ouvir o que a Maraíse disse. Ficou calada me observando.
Respirei fundo e disse:
— “Ma”, por favor. Eu pedi. Não sendo uma emergência, não me ligue.
— Mas é uma emergência amor, estou desesperada, chorei o dia inteiro. Não consigo fazer nada. Fala comigo. – Maraísa estava mesmo chorando forte.
Fiquei desconcertado, e não sabendo lidar com aquilo disse:
— Por favor, amor, hoje não. Estou ainda muito mal. Preciso me recompor. Não quero falar com você. Por favor, não insista.
Ela tentou falar alguma coisa mas eu desliguei, e minhas mãos tremiam de nervoso. Aproveitei e desliguei o aparelho na mesma hora.
Fiquei como um zumbi, parado de pé do lado da cama, segurando o telefone. Suzy se sentou na cama, e me puxou pela mão:
— Vem, senta aqui. Relaxa. Procure ficar calmo.
Minha excitação tinha se evaporado. Me sentei ainda zonzo, sem me concentrar direito, e pedi desculpas:
— Por favor, não leve a mal. Minha esposa. Ex-esposa. Me separei dela ontem.
Suzy não falou nada. Apenas apontou as almofadas na cabeceira da cama, e bateu de leve, indicando que eu deveria me recostar ali. Obedeci, e ela pegou na minha mão e fez um afago:
— Relaxa. Se acalme. Não tem problema. Se quiser conversar, estou aqui.
Naquele momento, me deu muita satisfação de ter ela ali comigo. A dor da separação era enorme, a sensação de falência da nossa relação me doía no peito. E ter a presença dela, serena, silenciosa, ao meu lado, me ajudou.
Olhei para aquela linda mulher de corpo escultural, os cabelos soltos sobre os ombros e os travesseiros, ela apenas de tanguinha pequena. Era como uma sereia deliciosa.
Eu disse:
— De ontem para cá minha vida virou do avesso.
Suzy, calma, acariciava de leve a minha mão, e falou:
— Se quiser falar, eu escuto. Se tiver algo a dizer, eu digo. Já passei por isso.
Eu resumi:
Peguei minha esposa ontem, me traindo com o meu primo e meu melhor amigo desde a infância. Fiquei transtornado...
Suzy abanou a cabeça, num gesto que indicava ter entendido, e falou:
— Não se preocupe. Tenha calma. As coisas sempre se ajeitam. Você ainda gosta dela, não gosta?
Concordei.... Em segundos eu estava contando a ela, tudo o que havia acontecido desde a chegada do meu primo em nossa casa. Ela ouvia bem calma, algumas vezes fazia perguntas para entender melhor, e escutava com atenção.... Com a narrativa fui me acalmando.
Continua ....
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