- Essa é a parte complicada… - Ele falou, fazendo um bico com os lábios e entendi que, se antes não fora fácil, dali em diante, seria uma pauleira total: - “Nunca conseguirá” foi uma péssima expressão, Mark… Olha, acho que para vocês conseguirem derrubar de vez esse muro que foi criado entre vocês, você e somente você terá que superar a sua própria insegurança…
- Insegurança! Mas que raio de insegurança é essa? Insegurança de que?
- De que pode perdê-la para o Rick durante esse processo…
(CONTINUANDO)
Pela primeira vez em toda aquela conversa, senti um calafrio terrível. Minhas mãos chegaram a tremer. Comecei a suar frio e olhava totalmente devastado para o doutor Galeano, sem, entretanto, vê-lo de verdade. Apos algum tempo, respirei fundo:
- Por que estou achando que não vou gostar da conversa daqui em diante, hein, doutor? - Perguntei com uma voz inconformada.
- Porque acho que está certo, meu caro Mark. Você é um homem inteligente e acho.. Não, não! Tenho certeza de que você já sabe onde eu vou chegar.
- Hããã… Bem, eu espero estar errado, sinceramente… Certo, então, doutor, manda a pedrada!
Ele se calou, recostando-se em sua poltrona e permanecendo num breve silêncio apenas me observando, até que:
- Mark, meu amigo Mark… Marido da mineirinha mais legal que eu já conheci… - Respirou profundamente como se procurasse as melhores palavras: - Eu diria que a única forma da Fernanda superar o Rick e demonstrar que merece sua total e plena confiança, seria você permitir que ela vivesse de vez essa história com ele, plenamente, sem obstáculos, sem restrições, ela e ele, apenas os dois, explorando as possibilidades, vivendo os prazeres e agonias de sua paixão, e colhendo os frutos respectivos ou matando a árvore.
Eu devia estar com um semblante horrível, pois eu me sentia muito mal com tudo aquilo. Eu sentia um grande frio, mas suava como um cavalo durante uma corrida. Meu coração palpitava, aliás, dava solavancos no peito. Cheguei a ter uma falta de ar momentânea, mas preocupante suficiente para fazer o doutor Galeano buscar um copo de água e um comprimido qualquer que tomei sem perguntar do que se tratava. Só após bons minutos entanto me controlar é que comecei a me sentir menos pior, não bem, mas menos pior do que me sentira:
- Isso é loucura… - Balbuciei.
- Fica calmo, homem! Você acabou de me dar um baita susto. Você ficou branco, pálido, não me respondia mais. Cheguei a pensar que fosse desmaiar…
- Vaso ruim não quebra fácil, doutor. - Brinquei, mas sem sorrir ou conseguir achar a mínima graça em meu comentário: - O senhor tem noção do que acabou de me propor? E se… se ela decidir ficar com o Rick?
- Ué! Uma saída seria você dividi-la com ele, viverem como um trisal, mas ela já me disse que você não concordaria com isso, correto?
- Claro que não! Eu sempre falei para ela que concordo em dividir o corpo, o sexo, mas nunca o sentimento. - Me toquei de um detalhe em seu comentário e o indaguei: - Espera aí um pouco! Como assim ela já te disse? Ela está sabendo dessa sua proposta? Por acaso, isso foi ideia da Nanda!?
Ele deu uma gostosa risada e me olhou ainda sorrindo na sequência:
- Mark, veja só isso: você já está desconfiando dela novamente, meu amigo. É isso que não pode continuar! A minha proposta, apesar de excêntrica para qualquer um, não deveria ser para vocês, ditos liberais. Pode até ser que ela seja meio extrema, mas, se se permitirem isso e superarem da firma como eu imagino, acredito que seria uma forma de vocês voltarem a ser o casal que eu conheci no início.
- Tá! Mas e se ela…
- "E se ela" se decidir por ele? - Fui interrompido: - Então, meu querido Mark, se isso acontecer, se ela decidir ficar com o Rick, pelo menos você terá sabido que sua linda história com ela teve um fim digno e ambos poderão sair de cabeças levantadas desse relacionamento, sem mais dúvidas, sem mais desconfianças, prontos para simplesmente seguirem seus caminhos. Sei que será doloroso no início e não se engane, sempre é, mas com o tempo as feridas irão se curar e vocês terão paz.
“Paz!? Mas a que custo?”, pensei comigo, enquanto ainda o encarava, inconformado. Aquelas considerações do doutor Galeano me doeram no fundo da alma, como uma faca em brasas enfiada pelas minhas costas. Fiquei em silêncio por um momento, de olhos fechados, como se isso pudesse fazer os problemas desaparecerem, mas logo, o doutor Galeano insistiu:
- Mark!?
- Oi…
- E o que você pensa de tudo isso?
- O que eu penso… O que eu penso… - Respondi num tom zombeteiro a sua pergunta, irado, inconformado, e me justifiquei: - Acabei de descobrir que talvez eu tenha agido errado com a Nanda desde o começo e isso só porque tentei proteger a nossa família e… Eu estou perdido! Eu… Eu preciso pensar, doutor. Realmente, eu preciso pensar... Hoje, o senhor caprichou comigo…
Ele se aproximou e como já tínhamos intimidade suficiente, colocou uma mão sobre o meu joelho, encarando-me de frente, olho no olho:
- Fique à vontade, meu amigo. Leve o tempo que for necessário para pensar a respeito. - Disse e tentou sorrir de uma forma acolhedora: - Ah, e você não agiu errado. Você fez o que tinha que fazer naquele momento e fez bem, afastando a Fernanda do Rick! Só que ninguém poderia imaginar que o laço que os prendia era tão forte assim. Além disso, Mark, como vocês adotaram um estilo de vida liberal, é de se pressupor que vocês sabiam dos riscos que estavam correndo, como uma paixão, não é?
Concordei com um simples meneio de cabeça, respirei fundo novamente:
- Eu não acredito que ela vá simplesmente viver essa “paixão” e termine com ele. E mesmo que eu concorde, quanto tempo essa história irá durar? E como a gente explicaria isso para as meninas? Caramba!...
- Então… Sei que não é fácil. Sei que existem variáveis, várias mesmo, que podem dificultar tudo, mas é um caminho, talvez o único para resolver a situação de vocês. Agora, uma coisa você não pode negar: vivendo como vocês estão, ela de um lado ansiosa e sem saber como te reconquistar, e você de outro desconfiando de tudo o que ela faz e com quem está, quanto tempo acha que o seu casamento irá resistir? Hoje, vocês estão matando o relacionamento de vocês pouco a pouco, Mark. Do jeito que está, é questão de tempo se divorciarem.
- Realmente eu preciso pensar, doutor. Preciso refletir e muito sobre tudo o que conversamos hoje.
- Claro que sim! Nem esperava uma atitude diferente vinda de você. Pense, reflita e me ligue depois. Converse comigo, compartilhe suas dúvidas e conclusões. Deixem-se ajudá-los a tomar a melhor decisão. E se lá na frente, bem lá na frente, vocês decidirem encerrar essa linda história, farei de tudo para ajudá-los a superarem essa passagem, você, ela e suas filhas.
Concordei com um meneio de cabeça, uma dor no coração e um lágrima no olho. Ele deve ter se compadecido de mim:
- Mark, eu não sou o dono da verdade. O que eu te propus é um caminho que eu imaginei após refletir um pouco Quem sabe nesse seu momento de reflexão, você consiga enxergar uma solução diferente. Tudo é possível, meu amigo.
Despedi-me dele e saindo de sua sala recebi uma advertência, afinal, eu havia tomado um calmante e ele me pediu que ficasse, pelo menos, umas horas descansando, inclusive, ofereceu uma sala em sua clínica para tanto. Eu me sentia terrivelmente mal, fraco, abatido, cansado e imaginei que pudesse ser efeito do tal remédio.
Decidi pernoitar num hotel por medida de segurança, mas cometi dois erros: o de não desativar o modo avião em meu celular, ativado para a minha sessão; e, o de me deitar na cama do hotel assim que cheguei apenas para relaxar um pouco. Acabei apagando de imediato e dormi pesado.
[...]
Eu estava mais que ansiosa naquela terça-feira, pouco conseguindo me concentrar em meu trabalho. Mark teria sua sessão com o doutor Galeano e eu não sabia como ele reagiria às ideias malucas do bom velhinho. Enquanto aguardava alguma notícia, ouvi o som de uma mensagem em meu celular e o peguei às pressas, imaginando ser o meu marido, mas que nada: era do Rick. Aliás, eram várias, chegando uma atrás da outra, pipocando sem parar. Após um tempo, apenas a última ficou na tela:
Rick - “Acho que vou ser amigo dele.”
“Amigo dele? Dele, quem, cara pálida?”, pensei, sem querer ler as demais mensagens, mas a curiosidade, sempre ela, me fez acessar o aplicativo e ler uma por uma:
Rick - “Boa tarde, Nanda, está podendo falar?”
Rick - “Esqueci de te contar, mas acredita que liguei para falar com o Mark recentemente e tivemos uma conversa civilizada!?”
Rick - “Chegamos até a brincar um com o outro, meio de leve ainda, mas já foi algo interessante, conseguimos até rir num certo momento.”
Rick - “Acho que vou ser amigo dele.”
“Nossinhora! E mais essa agora!”, pensei, inconformada. O Mark não havia comentado nada comigo e já imaginei que isso também poderia ser a causa de sua tensão mais recente. Respirei fundo para controlar uma vontade de perguntar sobre o que conversaram, mas isso eu poderia saber do Mark, bastaria esperar que voltasse. Acabei dando duas simples respostas protocolares para o Rick:
Eu - “Estou ocupada, no trabalho.”
Eu - “Quando for possível, eu retorno.”
Recebi um simples “Obrigado e desculpa!”. Voltei a trabalhar e as horas não passavam, pelo menos até às 16:00. Daí por diante começaram a se arrastar e nada de notícias do Mark. Minha curiosidade me impulsionou e, por volta das 17:00, liguei, não sendo atendida. Imaginei que a conversa entre os dois havia se prolongado e decidi esperar. No final da tarde, fui buscar nossas filhas e somente as 19:00 comecei a me preocupar realmente, afinal, quatro horas para uma sessão era demais para o meu marido. Liguei e novamente estava desligado ou fora de área. Então, liguei para o doutor Galeano:
- Não, Fernanda, ele já saiu daqui tem tempo. Acho que devia ser umas quatro e pouco da tarde, não mais que quatro e meia…
- Mas onde ele está então? Eu ligo, ligo, ligo e só dá como desligado ou fora de área!
- Não sei. Vou tentar falar com ele também e te retorno, pode ser?
Concordei e desligamos. Eu ligava, mandava mensagem, áudios, e ainda tentava disfarçar meu nervosismo para as meninas que já sentiam a falta do pai também. Logo, o doutor Galeano me ligou e disse que também não estava conseguindo contato, mas que iria insistir:
- Pelo amor de Deus, doutor, o que foi que vocês conversaram para ele ter sumido?
- Fernanda, fica calma. Eu só apresentei para o Mark a minha sugestão e ele reagiu como eu esperava. Agora ele deve estar pensando a respeito para tomar uma decisão. Somente isso…
- Doutor, o meu marido sumiu! Ai se tiver acontecido alguma com ele… Eu nunca vou te perdoar!
- Calma, Fernanda, fica calma. Vou te ajudar a encontrá-lo. Vou ligar para alguns conhecidos meus, inclusive uns policiais, e nós vamos encontrá-lo. Só fica calma.
Eu queria mandá-lo à merda, mas eu não podia me dar ao luxo de desprezar sua ajuda naquele momento. Despedimo-nos e desligamos novamente. Fiz eu mesma meus contatos com conhecidos e insisti com ele também. Para as meninas, inventei uma desculpa de que ele teve que pernoitar fora, mas a Mary me desmentiu:
- E por que eu não consigo falar com ele? - Perguntou, brava, igualzinha o pai.
- Ele deve estar ocupado ainda, querida, por isso, desligou o celular. Vamos aguardar, tudo bem?
Por mais que eu tentasse despistar, eu estava tensa e elas também ficaram. Ninguém conseguia dormir e quando eu as mandei se recolherem, por já passar das 21:30, elas se recusaram. Fomos deitar juntas na minha cama, já passando das 22:30. Ficamos assistindo um filme na televisão e logo a Mi apagou. Mary ainda resistia, atenta a seu celular. Prometia ser uma longa, longuíssima noite…
[...]
Sou acordado por insistentes batidas em meu peito. Imaginei, inclusive, que estivesse a ponto de infartar, mas era apenas a minha ansiedade, retornando forte. Acordei, aturdido e tentando me localizar no tempo e espaço. Peguei meu celular e vi que já passava das 23:30. Minhas filhas deviam ter dormido preocupadas, mas pelo horário, já estavam dormindo e não seria justo acordá-las. Para a Nanda, eu ligaria depois.
Passei a refletir sobre tudo o que o doutor Galeano havia considerado e uma coisa era inegável: eu e Nanda não podíamos continuar vivendo da forma como estávamos. Só me parecia errado entregá-la de bandeja ao inimigo, correndo o risco dele destruir a minha família; mas também não era justo, correto, eu limitá-la, justamente após ter sido eu próprio, quem nos inseriu nesse meio liberal.
Várias dúvidas me corroíam, mas que acabaram se resumindo a apenas duas após uma boa reflexão: Será que a Nanda estaria pronta para ser testada a esse ponto e justamente com o Rick? E eu, será que conseguiria aceitar passivamente que ela vivesse essa “história” justamente com o meu maior rival? Daí surgiram mais duas, tão importantes, senão mais que as duas primeiras: E nossas filhas, como justificar a ausência da mãe em nossa casa? Ou pior, como justificar que ela esteja se relacionando com outro?
De repente, novas batidas chamaram a minha atenção e levei minha mão ao peito. Dessa vez, não era eu. Prestei atenção e notei que vinham da porta do meu quarto. Levantei-me, cambaleando, bêbado de sono e fui abri-la. Defronte a ela, dois homens altos e fortes, vestidos com roupas normais, me aguardavam:
- Doutor Mark Carrara Di’Maghi? - Perguntou-me o mais parrudo deles.
- Sim, sou eu. Algum problema?
- Sim e não, doutor. Sou o investigar Massaranduba e esse é o meu colega, Tavares. Fomos procurados pelo doutor Galeano que teria nos informado que o senhor estaria desaparecido e…
- Desaparecido, eu?
- Isso!
Expliquei que não estava desaparecido e que decidi pernoitar depois do “comprimidinho” que o próprio doutor Galeano me dera. O mesmo policial deu uma risada escrachada e completou:
- Ele já fez isso comigo também! Dormi um dia inteiro…
Convidei-os a entrar e fui até o meu celular. Só então notei que o modo avião ainda estava ativado e o desativei. No mesmo instante, meu celular começou a tremer e bipar, recebendo um número incontável de mensagens e avisos de ligações perdidas. Olhei para os policiais que me olhavam curiosos. A primeira coisa que fiz, antes mesmo de ver as mensagens, foi ligar para a Nanda que me atendeu, aflita:
- Mark, onde você está? Pelo amor de Deus… Você está bem? O que aconteceu?
- Calma, Nanda, calma… Estou bem. O doutor Galeano me deu um “comprimidinho” e acho que me derrubou a pressão, daí decidi pernoitar por aqui. Só que eu inventei de dar uma cochilada e apaguei.
Ela começou a falar sem parar e logo outras vozes, muito conhecidas minhas, começaram a falar juntas. Avisei que iria desligar por um momento, só para liberar os policiais que ainda me olhavam:
- Policiais? - Nanda me perguntou, calando as meninas.
- Isso! Já te ligo. Espera aí!
Conversei mais uns minutos com eles que, notando o equívoco da situação, se despediram e se foram. Fiz uma chamada de vídeo e fui atendido de imediato. Minhas três gatinhas estavam sentadas lado a lado na cama da minha suíte, ansiosas pelo meu contato. Após uma homérica “comida de toco” que tomei de minhas filhas, começamos a conversar e rimos da situação. Com elas já mais calmas, expliquei que não voltaria naquele horário, mas que eu precisava sair para comer alguma coisa. Tentei desligar, mas, obviamente, minha onça branca, que já estava com o bote armado, recusou. Assim que minhas filhas saíram para seus quartos, ela pulou em minha jugular:
- O que você tem na cabeça, Mark!? Como você deixa essa bosta de celular desligado? Vacilão do caralho! Eu estava morrendo de preocupação aqui, aliás, eu não, nós, as três! Liguei para Deus e o mundo para saber notícias suas e nada. Eu já estava considerando ligar até em hospitais, delegacias e até… até… necrotério… - Gritava e seus olhos se marejaram nesse final.
- Você é boba demais mesmo…
- Sou… Sou sim! E você é um idiota, insensível… - Ela retrucou, já secando uma lágrima fujona.
- Acho que é por isso que eu te amo. - Insisti.
Para que fui falar isso? Ela começou a chorar forte, alto, e logo nossas filhas retornaram para ver o que estava acontecendo. A Nanda não respondia nada e elas me perguntaram se havíamos discutido. Sorrindo, rindo mesmo, falei que não, que era apenas uma das bobeira da dona Fernanda Mariana. Elas olharam para a mãe que confirmou com um meneio de cabeça, sem parar de chorar e voltaram para seus quartos, rindo alto da situação:
- Também te amo, seu bobo… - Disse e sorriu, entre lágrimas: - Pensei que tivesse acontecido alguma coisa, seu chato.
- Acontecer, não aconteceu, mas talvez tenha que acontecer algo que já deveria ter acontecido para deixar de acontecer certas situações em nossa vida.
- Hein!? - Ela perguntou, perdida com minhas considerações.
- Conversaremos melhor amanhã, pode ser? Durante o almoço e… Se bem que será melhor à noite, afinal, temos as meninas e…
- Não, eu dou um jeito! A gente conversa durante o almoço, aqui em casa para não sermos interrompidos.
Desligamos e fui procurar um “podrão” para comer um lanche. Comi um X-Tudo raiz, com tudo mesmo, inclusive, gordura e óleo de montão, mas muito saboroso, apesar de ter sido suplementado por uma maionese bastante suspeita. Voltei ao hotel e antes de dormir, fui dar uma “zapeada” nas mensagens recebidas. Como eu já imaginava, várias da Nanda e do doutor Galeano, a quem respondi apenas para dizer que estava bem, num hotel da sua própria cidade. Dado o horário, ele não me respondeu, obviamente. Já as mensagens da Nanda eram justamente o que eu imaginava: primeiramente de curiosidade quanto a minha sessão e depois de preocupação.
Quando eu já me preparava para desovar meu celular sobre o criado mudo, uma nova mensagem dela chegou, na realidade, um curto vídeo. Abro o arquivo e dou de cara com uma buceta depilada que eu conhecia bem, com dois dedos correndo por toda a sua extensão, entrando e saindo pela racha, junto de um comentário em áudio, bem sugestivo:
- Se você estivesse aqui, né?
Fiz uma chamada de vídeo no mesmo instante, sendo atendido de imediato:
- Sacanagem isso, hein!
- É!? Poxa, pensei que você fosse gostar… - Retrucou toda manhosa, enquanto olhava para a tela do celular, baixando-o em seguida para focalizar um seio, sendo apertado por sua outra mão: - Queria estar com as mãos livres, mas…
- Hummm… Faz tempo que a gente não faz um sexo virtual, não acha?
- É, num é!? Só que eu queria algo mais real, mais pele com pele… - Resmungou com uma voz rouca, sensual ao extremo, que me arrepiava todo do outro lado: - Tô tão carente de um pau duro, sabia? E…
Nesse momento, ela me encarou como se tivesse se lembrado de algo e sorriu, maliciosamente. Depois deu uma risada gostosa:
- Espera aí, mor, deixa eu ver um negócio.
Antes que eu pudesse responder, ela soltou o celular e sumiu. Ouvi alguns barulhos que já intuí serem de portas de nosso guarda roupas. Pouco depois, ela retornou, mas agora estava interessada em algo, lendo alguma coisa que eu não consegui distinguir o que era. Após um tempinho, ela pegou seu aparelho e sorriu novamente para mim:
- Mor, pega aí o seu aparelho e tenta baixar o programa do link que estou te enviando…
- Programa? Que programa!?
- Só faz. Você vai adorar. Eu, pelo menos, vou… - Falava sem tirar o sorriso do rosto.
Acessei o link que ela havia me mandado pelo ZAP e logo meu celular baixava um programa. Assim que foi instalado, pediu um número de série e de PIN que ela me passou assim que a avisei. Depois, pediu a criação de um nome de usuário e senha para login. Li brevemente um contrato relacionado ao aplicativo e me dei conta do que se tratava, dando uma gostosa gargalhada. Terminei o procedimento e o programa foi aberto, dando acesso a um sistema bastante intuitivo ao toque. Quando olhei para a Nanda, ela estava eufórica, encarando a tela do celular:
- Cê já entendeu o que é, né? - Perguntou, mordendo a parte inferior do lábio.
- Acho que já. - Falei, sorrindo maliciosamente.
Então, dividi a tela do meu celular para ter sua imagem e o programa funcionando em conjunto. Ativei alguns comandos e toquei a tela:
- Uh-uh-uh… Uiiiiii! - Ouvi ela dando uma gemida fina.
- Caralho! - Falei eu, dando uma gargalhada.
- Vai devagar, mor…
- Devagar o cacete… Gostei desse brinquedinho! Agora, você está fodida na minha mão, literalmente…
Voltei a pressionar e alisar o meu celular vendo as reações causadas na Nanda e eram as mais variadas e divertidas possíveis. Como eu não cessava, nem mesmo a pedido dela, ela acabou cortado a minha diversão, retirando de dentro da sua buceta um vibrador wi-fi:
- Ah… Sua filha da puta! Agora que eu estava me divertindo…
- Ah digo eu, mor. Vai devagar com isso caralho! Teve uma hora que esse negócio parecia que estava dando coice dentro de mim, seu grosso. - Falou e gargalhou.
- Coloca ele na frente da tela, quero ver o bichinho pular. - Pedi.
Ela colocou um vibrador que parecia ter uma espécie de mola e logo entendi o porquê. Conforme eu dava os comandos ele se agitava, para cima e para baixo, como se fizesse penetrações, ou para os lados, ou mesmo dançando feito uma cobra. Além disso, ele tinha uma espécie de pinça que eu já imaginei que deveria ficar em contato com seu clítoris. Fora isso, o tamanho me impressionou:
- Mas nem é tão grande assim! - Retruquei.
- Não! Mas ele é potente, rápido e dá para usar com calcinha…
- Oi!? Ahh… - Resmunguei e sorri maliciosamente, imaginando um monte de possibilidades para assim que eu retornasse: - Quer brincar mais um pouquinho?
- Quero, mas vai devagar, ok?
- Deixa comigo!
Ela voltou a se penetrar com o brinquedo e me mostrou na sequência que já estava apenas aguardando os meus comandos. Comecei acionando a tal pinça, vendo ela suspirar e requebrar levemente na cama. Passei a aumentar e diminuir a velocidade, e a Nanda praticamente aumentava e diminuía junto, ao sabor da minha vontade. Eu me sentia um “gamer” e considerando que a Nanda é a Nanda, fazê-la gozar teria o mesmo sabor que derrotar o chefão da última fase. Ativei o modo penetração e notei que ela gostou, mas não se empolgou tanto. O modo de batidinhas laterais não a tinha agradado mesmo, pois sua cara não seguiu a minha empolgação. Agora, quando ativei o modo cobrinha, ela arregalou os olhos e fechou as pernas, gemendo no mesmo momento. Então, combinei esse com o de penetração e em minutos vi a minha onça branca ranger os dentes e enfiar a cara num travesseiro para não acordar nossas filhas.
Deixei o brinquedo na velocidade mínima de penetração, apenas para não desestimulá-la ou estimulá-la demais, enquanto ela se recuperava. Quando vi que ela já respirava com mais tranquilidade, coloquei a velocidade máxima da tal cobrinha e ela teve uma espécie de tremelique, sem saber o que fazia para se controlar e sumiu da imagem ao mesmo tempo em que ouvi um estampido de queda. Daí eu parei tudo e a chamei:
- Tô aqui! Ai… - Falou, gemendo e rindo de si mesma: - Cachorro! Cê me paga…
- O que aconteceu? - Perguntei, sorrindo.
- Eu… Ai! Caí da cama! Acho que eu quebrei esse negócio. - Ela resmungou, rindo, enquanto pegava o celular para me encarar: - Eu caí sentada sobre ele…
- Será?
Ativei a velocidade máxima da cobrinha e ouvi um gemido rouco novamente dela:
- Não… Para! Tá funcionando, tá funcionando! - Falou com os olhos fechados, boca aberta e tremendo a mão que segurava o celular.
Parei tudo e ela me encarou:
- Eu vou te matar quando te encontrar.
- Óóóóó! - Falei e dei uma leve dedada no programa, aumentando e diminuindo a velocidade do brinquedo duas vezes, enquanto ela me encarava com olhos arregalados e gemia.
Por fim, dei-me por satisfeito, apesar de não ter batido uma punhetinha sequer, o que acabou deixando a Nanda inconformada, mas, sinceramente, acho que nunca me diverti tanto fazendo a danada gozar. Após isso, despedimo-nos e aí sim, tomado por aquelas gostosas lembranças, rendi gostosas homenagens a minha onça branca, dormindo após.
[...]
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NAO SER MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.