Eu encarei a Andressa que parecia estar dopada, tomada por uma indignação que não parecia ter tamanho com aquela proposta bizarra. Após alguns segundos em que a Adriana começou a organizar o formato da brincadeira, ela falou:
- Cê tá louca, Adriana!? Que porra de ideia de merda é essa de me leiloar, cara? Esquece disso ou a gente vai se desentender, e feio!
[CONTINUA]
- Mas… Mas…
- Não vou ser leiloada e ponto final! Esquece isso! Que palhaçada, pô! - Disse, agora me encarando.
- É só uma brincadeira, Dre, nem precisa dar o dinheiro para o bebê, fica para você. Só achei que seria divertido ver o interesse deles em você e saber quem pagaria mais.
- Dinheiro!? Você acha que eu estou preocupada com o dinheiro!? Eu tenho certeza que o Tulio me arremataria fácil. Não é essa a questão e... e... Ah, quer saber? Você me respeita! Sou sua amiga; não seu brinquedo!
- Credo, mas você não topa nada mesmo, hein!?
- Você só pode ter perdido o juízo, Adriana… Nem eu, nem o Túlio... Escuta bem! Nem eu, nem o meu marido, decidimos se queremos entrar de cabeça nesse... no meio liberal! Se eu soubesse que seria obrigada a decidir, juro que não teria vindo! Pensei que tivéssemos sido convidados apenas para nos divertir, conhecer as pessoas, as histórias, enfim, o seu estilo de vida. E olha que antes de virmos, nós dois, eu e ele… - Fez questão de frisar com o dedo em riste: - Nós estipulamos algumas regras para podermos brincar com um pouco mais de liberdade. Agora... ser leiloada!? Ah, faça um favor, né!? Isso é o cúmulo do absurdo! Não... aceito... mesmo!
A Adriana até então surpresa, talvez inconformada, fechou a cara de vez, encarando a Andressa com sangue nos olhos. Depois de algum tempo em silêncio, acabou falando:
- Numa boa!? Eu já não sei quem é mais travado, se você ou se o Túlio? Aliás, eu até acho que sei: VOCÊ! - Apontou o dedo para a Andressa: - Ele já até te liberou antes, tem participado de tudo numa boa, é um cara de um coração imenso, super generoso... e mesmo assim você fica aí emperrada! E agora ainda me vem com essa, pagando de boa moça... Acho que a louca aqui é você, Andressa, isso sim!
Pela primeira vez na nossa vida em comum, vi a minha esposa ficar realmente irada com alguém. A Andressa sempre foi uma pessoa cordial e nas situações que mais lhe desagradaram, pedia que eu resolvesse, preferindo se poupar a enfrentar de frente a situação, mas ali, naquele momento, não sei se movida pela bebida, pela raiva de ter sido subjulgada ou pelo medo de estragar o nosso relacionamento, ela demonstrava estar disposta a partir para a briga com a Adriana:
- NÃO CONCORDO E PONTO! Não sou um objeto para ser vendido! Se um dia eu decidir dar para alguém, eu darei, mas nunca vou desrespeitar o meu marido, nem a minha própria vontade! Nunca… eu disse NUNCA… você ou qualquer outro irá decidir por mim. NUNCA! - Virou-se então na minha direção e pegou a minha mão: - Vem, amor, essa festa para mim acabou. Tinha tudo para ser muito legal, inesquecível, mas acabou virando um fiasco.
- Andressa, calma… - Pedi.
- Quero ir embora, amor, agora! Por favor… - Falou, apertando a minha mão e me arrastando porta adentro da casa.
Nem sei como chegamos ao nosso quarto. Eu apenas fui rebocado por ela através de portas e corredores até entrarmos nele. Lá dentro, ela nos trancou e começou a juntar todas as nossas coisas, jogando-as de qualquer jeito dentro das malas, irada e bufando igual um bicho por tudo o que havia acontecido. Preferi me calar e ajudá-la a organizar minimamente as nossas coisas, pois ela estava com os nervos à flor da pele e qualquer coisa que eu dissesse poderia ser mal interpretada. Depois de alguns minutos, ouvimos alguém bater na porta e a voz do Alvarenga chamando o nosso nome. Abri e ele pediu para entrar, o que foi permitido pela Andressa após eu a encará-la:
- Por favor, gente… Andressa, querida, perdoe a Riana. Ela só está meio altinha pela bebida.
- E nem deveria estar bebendo, né, Alvarenga!? Ela não está grávida? É muita irresponsabilidade… - Bufou a Andressa, sem parar de fazer o que fazia.
- Eu sei, querida, eu sei... Hoje, seria a sua despedida dos bacanais. Sei que não é certo, mas… é a última, né?
- Isso não justifica nada! Mas é ela quem decide, afinal, o filho é de vocês. - Bufou a Andressa antes de encará-lo pela primeira vez: - Você viu o que ela fez lá fora comigo? Me leiloar!? Qual é? Quem ela pensa que é, aliás, quem ela pensa que eu sou?
- Querida, calma… escuta! - Pediu, colocando uma mão sobre a dela: - Você está coberta de razão. Não vim te convencer do contrário. Só estou aqui para tentar evitar que uma amizade tão linda como a nossa termine por causa de uma brincadeira sem graça da Riana, aliás, nem foi ela que sugeriu, mas… Tudo bem! Ela errou ao ter aceitado. Olha… Ela está lá fora agora chorando desesperada por achar que perdeu a sua amizade. Por favor, respira fundo e tenta relevar mais essa cagada que a Riana fez.
A Andressa espalmou as mãos sobre as roupas que vinha amarrotando e encarou a parede em silêncio, respirando fundo, várias vezes. Depois me encarou com uma cara triste e olhou novamente para o Alvarenga que aguardava assim como eu ela tomar uma decisão:
- Quero conversar com o Túlio a sós, amigo. Depois, eu desço lá e aviso o que decidimos. De qualquer forma, mesmo que a gente vá embora, a gente irá passar lá para se despedir de todos, até mesmo daquela maluca.
Ele agradeceu e insistiu nos seus argumentos mais uma vez, saindo em seguida. Assim que fechou a porta, ela me encarou:
- Eu queria ir embora…
- Tá bom. Então, faremos como você disse. Arrumamos as nossas coisas, nos arrumamos e descemos lá para nos despedirmos.
- Vai ficar muito feito para a gente, não vai?
- Você não fez nada de errado, Andressa. A ideia do leilão foi péssima! Mesmo que fosse uma brincadeira, deveria ter sido combinada bem antes com você justamente para não causar nenhum mal estar como acabou causando.
- Eu sei, mas aquela idiota é… é bem o estilo dela mesmo. Como pode ser tão… tão burra desse jeito?
- Vamos arrumar as nossas coisas? Depois descemos lá e nos despedimos, mas com calma e respeito a todos. Pode ser?
Voltei a ajudá-la, mas assim que dobramos mais algumas peças em silêncio, ela falou:
- Vamos ficar?...
- Você está me perguntando se eu quero ficar ou você está decidindo?
- Quero a sua opinião, amor! O que você acha que devemos fazer?
- Se quiser ficar, desde que não se sinta mal, nós ficamos.
- Acho que acabei com a noite de todo mundo…
- Vou falar novamente: você não fez nada! Se ela tivesse nos avisado discretamente, você teria recusado discretamente e nada disso teria acontecido. O erro foi de quem deu a ideia e dela depois, não seu.
Ela ficou alguns segundos acariciando o tecido de sua camisola e disse:
- Vamos ficar. Não posso ser responsável por aquela cabeça oca passar mal, ainda mais agora, grávida…
Descemos para o quintal de mãos dadas, mas já na saída da porta da cozinha, embaixo da área em frente, encontramos a uma roda vida de pessoas que tentavam acalmar a Adriana que agora estava aos prantos, lamentando a merda que tinha feito. A Andressa foi pedindo passagem até chegar na Adriana que sequer a viu chegar e lhe acarinhar o ombro:
- Para de chorar, Adriana, a sua maquiagem está horrível! - Disse a Andressa.
Nesse momento, a Adriana a encarou, surpresa e a abraçou forte. Ficaram as duas grudadas ali por sei lá quanto tempo, mas o suficiente para que a Adriana se acalmasse. Elas acabaram fazendo as pazes e a Andressa a levou para dentro, com a desculpa de retocar sua maquiagem. Demoraram bons minutos e quando voltaram, apesar de um sorriso triste no rosto, a Adriana parecia mais tranquila. A festa prosseguiu, apesar de algum tempo necessário para derrubar um constrangimento que ficou no ar. Todos voltaram às boas com muita conversa, dança e bebida. Apesar de eu ter diminuído o volume das bebidas, de uma hora para a outra, após ter tomado um copo oferecido por um dos solteiros, fiquei meio grogue. Foi a partir daí que as coisas começaram a desandar.
Apesar de eu não estar muito bem, fiz-me de forte e permaneci no ambiente, sentado numa mesa lateral. Logo, um dos solteiros, o próprio Valderrama veio convidar a Andressa para dançar. Ela me encarou com uma raiva no olhar e disse:
- Queria mesmo conversar com você. Vamos dançar sim!
Eles foram para a beirada da pista e pela forma como a Andressa falava, notei que devia estar dando uma dura nele, principalmente porque ele não só não retrucava como concordava com tudo o que ela dizia, balançando a cabeça afirmativamente mas com um semblante conformado. Logo, os parceiros começaram a se alternar e vi que ela voltou a beber, mesmo que pouco, nos copos que lhe eram oferecidos pelos parceiros. Pode ser impressão minha, mas notei que a Andressa estava ficando mais ousada na forma como se esfregava nos homens conforme trocava de parceiros na pista. Teve um momento em que juro ter tido a impressão dela ter alisado a jiboia do Celão, mas como estavam dançando no meio de vários, poderia ter sido apenas impressão minha.
Olhei para o meu relógio de pulso e já passava da meia noite quando uma sonolência violenta me atingiu. Bebi um pouco de água, mas ao invés de ajudar, piorou a minha situação. Não sei quando, como ou de onde a Andressa surgiu, perguntando se eu estava bem e eu disse que achava que a minha pressão tinha caído, pois estava com um pouco de sono. Ela chamou o Riva que passava próximo que, após uma rápida olhadela, deu o seu diagnóstico técnico em latim: “ebrius somnus” ou o bom e velho “sono de pileque”!
Logo, surgiu o Celão querendo saber se eu estava bem e ao ver o meu estado, primeiro gargalhou e me chacoalhou, depois se ofereceu para me carregar, mas eu lembro de ter recusado, dizendo que tinha medo de ser mordido por sua cobra de estimação. Não sei quem ou como, mas me levaram para dentro da casa e me colocaram deitado em algum lugar, apagando a luz em seguida. Por fim, uma voz masculina disse: “Durma bem! Cuidarei muito bem da Andressa.”
Daí por diante apenas sonhos confusos, entrecortados, de corpos nus dançando, outros fazendo sexo, tudo envolvido em muita música e gemidos tornaram o meu descanso um tormento sem igual. Eu tentava acordar, mas simplesmente não conseguia. Tentava levantar, mas o meu corpo não respondia. Eu parecia entorpecido e o máximo que consegui fazer foi balbuciar, ou pelo menos eu achava isso, chamando a Andressa, quando ouvia risadas em resposta. Assim, após algum tempo lutando em vão, adormeci.
Acordei como se estivesse no fundo de um liquidificador, tudo rodava, tudo... Eu estava deitado numa cama em um quarto escuro e isso só dificultava a minha localização. Após alguns segundos, notei uma tênue luz entrando por baixo de uma porta e fui naquela direção, mas ela estava trancada pelo lado de fora:
- ANDRESSAAAA!? Tem alguém aí? GENTE! A porta está trancada... - Falei, em vão.
Eu conseguia ouvir sons de música vindo do lado de fora, certamente da área de lazer da casa e temia que o pior tivesse acontecido. Meus olhos já haviam se acostumado à escuridão daquele ambiente e consegui localizar a janela do quarto que, por sorte, estava destrancada. Apesar de ser uma casa de dois andares, ficando os quartos na parte superior, havia uma espécie de telhado de queda leve a partir de meio metro abaixo da linha da janela. Então, fui me arrastando pelo telhado na intenção de chegar até a beirada e pular para o gramado em frente.
Quando estava chegando à beirada, mudei de ideia e segui por sobre o telhado até onde eu pudesse enxergar o rancho da churrasqueira, provável local de onde vinha o som. Após algumas boas passadas titubeantes, afinal andar sobre o telhado já não é fácil e bêbado fica muito mais difícil, cheguei até o limite do telhado, mas não precisei me esforçar para encontrá-la, pois bem a minha frente, dançando no quintal, praticamente nua, estava a minha esposa, Andressa, ensanduichada por aqueles dois. O fato deles estarem pelados, eu até esperava, mas ela estar só com uma meia calça sete oitavos e uma minúscula calcinha, rendada e transparente, ambas vermelhas, me surpreendeu. A surpresa virou irritação quando notei que ela estava sendo bolinada pelas mãos e bocas deles, deixando-se levar de olhos fechados, num balançar hipnótico, sendo que o tal Celão manipulava sua buceta, certamente tendo colocado aquele minúsculo paninho de lado. Por um instante, fiquei tão perdido que minha voz sumiu, mas quando retornou veio potente, travestida num grito de inconformismo:
- ANDRESSA!
Imediatamente eles pararam e começaram a olhar para todas as direções, enquanto ela tampava os seios com um braço e tentava ajeitar a calcinha com a outra, como se isso fosse esconder alguma coisa. De repente, o Valentim me encarou em cima do telhado e apontou com uma mão, chamando a atenção dos demais. Quando o olhar da Andressa cruzou com o meu, ela deve ter se dado conta da situação, pois ficou branca, pálida e baixou o rosto, levando a mão que tampava a frente da sua calcinha à boca. De olhos arregalados ainda, ela olhou para dentro do ranchinho e logo surgiram a Adriana e o Alvarenga, igualmente surpresos. Ele, aliás, foi o primeiro a dizer algo sobre tomar cuidado que eu ignorei sumariamente, insistindo:
- MAS QUE… QUE PORRA É ESSA!? A GENTE JÁ NÃO TINHA CONVERSADO? TINHA, NÃO TINHA? VOCÊ… VOCÊ…
Eu gritava e gaguejava, e irado, levantei-me sem saber para onde ir. De repente, senti o telhado ceder e o meu chão sumiu. Só me lembro de cair no vazio e de um estampido seco, mais nada. Quando acordei, estava deitado numa maca de hospital com a cabeça e o braço direito enfaixados e uma perna engessada, sem contar uma dor horrível pelo corpo todo. Não havia ninguém ali comigo e isso era bom, afinal, eu não sabia ainda como reagiria quando encontrasse qualquer uma das pessoas daquele dia sinistro. As ideias ainda estavam turvas, mas as lembranças estavam claras como a luz do dia. Eu só precisava entender e decidir, mas isso eu só faria após ter uma boa conversa com a minha esposa, uma boa e definitiva conversa, talvez a última...
De repente, a porta se abriu e uma voz já conhecida começou a rir vendo que eu olhava perdido, tentando me localizar naquele ambiente. Era a Mara, a médica com quem havíamos feito amizade no sítio do Alvarenga. Ela se aproximou e mirou uma espécie de lanterna em meus olhos, ofuscando-me a visão. Sem que eu conseguisse enxergá-la direito, perguntou:
- Como está o meu cachaceirinho preferido, hein? Já está melhor, mocinho?
- Sem brincadeiras, por favor, Mara! - Falei, atordoado e ainda sem conseguir focalizá-la direito: - Onde estou?
- Nossa! A cachaçada foi boa mesmo, hein?
- Cadê aquela puta da Andressa?
- Ih! Acho que não foi tão boa assim…
- Onde está aquela covarde, Mara!?
Ouvi uma gargalhada de uma voz bem conhecida e a partir daí, irado, ainda meio cego, berrei:
- CADÊ AQUELA FILHA DA PUTA DA MINHA MULHER, MARA!? ANDRESSAAAA!
- Tô aqui, amor, calma! - Ouvi pela primeira vez a sua voz.
- Aqui!? Aqui onde, sua piranha?
- Credo… Calma, Túlio! Como assim onde? Eu tô aqui, com você. Abre os olhos, seu pinguço.
- O quê!?
- Abre os olhos, Túlio. Acorda!
Comecei a sentir o meu corpo balançar e passei a esfregar os meus olhos, tentando melhor a minha visão. As imagens ficaram ainda mais ofuscadas e agora confusas também. Primeiro, notei que que o quarto estava diferente, na verdade parecendo bastante com a sala da casa do Alvarenga. Segundo, vi que a Andressa estava embaixo de mim, sob a minha cabeça, vestida com o seu robe preto, enquanto que a Mara me encarava com uma expressão meio invocada do outro lado. Voltei a olhar na direção dos seios da Andressa e puxei a beirada do seu robe, apenas o suficiente para ver que ela ainda estava vestida com aquele espartilho. Tomei um tapa na mão dela, seguida de uma risada:
- Para safadeza, cê já tá bom, né? Só que não está merecendo, porque a puta, piranha e não sei mais o quê, ao invés de estar curtindo a festa, ficou aqui cuidando do maridinho pé de cana!
Eu a encarava totalmente confuso e tive a ideia de olhar para as minhas pernas, braços, enfim, para todos os lados. Vi que estava bem, sem nenhuma atadura ou gesso. Então, perguntei:
- Você não estava dançando com o Celão e o Valentim?
- Nossa, Túlio! Que pergunta é essa!? É claro que dancei… com os dois e vários outros! Por que isso?
A Mara disse alguma coisa que eu não entendi e saiu rindo em direção à cozinha. Eu continuei:
- Nua? - Balbuciei mais perdido que cego em tiroteio.
- Nua!? Caramba... Claro que não, amor! O que foi que você bebeu? De onde você tirou isso? - Começou a gargalhar e depois de um tempo assim, acariciou a minha cabeça: - Ôôô meu homem bobo… Eu já te falei que você não precisa se preocupar. Nós só faremos alguma coisa quando e se você estiver pronto. Eu nunca trairia a sua confiança, amor, nunca!
Ainda atordoado e duvidando de tudo e todos, olhei para o meu relógio que marcava pouco mais de 1:00 da madrugada, ou seja, pelo pouco tempo decorrido, tudo certamente não havia passado de um terrível pesadelo. Comecei a rir feito um bobo, constrangido de mim mesmo e a Andressa quis saber o que havia acontecido. Contei do meu pesadelo e ela fez uma carinha inconformada:
- Caramba! Você não confia mesmo em mim, né? Ainda acha que eu vou te sacanear… - Ficou um tempinho em silêncio, olhando para uma estante a sua frente e depois desdenhou: - Quer saber? Acho que tá merecendo… Isso aí! Já que eu sou a puta, a piranha, vou lá fora te dar uma bela chifrada. Tem um punhado querendo me pegar mesmo…
- Desculpa, amor, mas foi um sonho, eu não controlo! Bobeira minha. Desculpa mesmo.
- Depois desses anos todos juntos, ainda parece que você não me conhece, Túlio. Desde que você passou mal lá na mesa, eu fiquei aqui com você e olha que fui mesmo convidada, várias vezes, para ir lá fora curtir. Chegaram até a se oferecer para revezar comigo, mas eu não aceitei: do meu marido sou eu quem cuido! - Então deu uma suspirada profunda e continuou: - E olha que vontade não me falta, aliás, eu tô com uma coceirinha na xereca que vou te contar, viu? Uma vontade de dar…
- Safada!
- Sou e hoje estou mais ainda! Não sei bem o que é, mas com o fogo que estou, topo pegar até o Celão. - Ela inclinou o corpo, olhando na direção do corredor e continuou: - Que ele não me ouça, senão estou fodida, literalmente…
- Quer voltar lá? - Perguntei.
- Ou para lá ou para o nosso quarto porque estou precisando demais dar uma aliviada.
- Credo agora digo eu! Que fogo é esse, amor?
- Não sei, mas eu preciso muito dar uma trepadinha. Olha o jeito que eu estou molhada! - Separou as bandas de seu robe e me mostrou a calcinha toda encharcada para então propor: - Vamos lá na beira do laguinho? Só eu e você, vamos?
- Preciso de uma água para dar uma…
- Café! Tem café na cozinha. Vem! E você… você… dá o seu jeito aí, Túlio, ou vou arrumar outro para me aliviar. Não estou brincando!
Fomos até a cozinha e tomei duas belas xícaras de café morno e sem açúcar: a primeira porque eu quis; a segunda porque ela me obrigou. Ela começou a se abanar, dizendo estar com calor e retirou o robe, deixando-o sobre a mesa. Acabei melhorando um pouco e saímos para o quintal, sendo ovacionados por todos, principalmente pelos casais mais próximos que vieram saber como eu estava. A Andressa já foi se adiantando:
- Ele agora vai ficar ocupado por uns bons minutos porque a esposa está necessitada!
- Ui, que delícia! - Comemorou a Belinha, pedindo meio encabulada: - Posso ir junto, só para assistir? Sou… sou… meio voyeur…
- Ai, gente, eu não sei o que está me dando, mas estou muito… muito sensível. O fio da calcinha está me deixando louca. Não sei o que está acontecendo… - Falou a Andressa, dando uma risada nervosa.
Notei que a Mara olhou para o Riva por um instante e veio na direção dela, colocando a mão em sua testa, olhando em seus olhos e perguntando:
- Você andou tomando alguma coisa, Andressa?
- Não! Só bebida. - Ela respondeu, ainda sendo examinada pela colega.
O Riva também se aproximou e praticamente repetiu todo o exame da esposa, complementando com um formal:
- Com licença, Andressa…
Assim que ele tocou na ponta do mamilo dela, por cima dos tecidos do robe e da lingerie, a Andressa estremeceu inteira, reclamando de estar muito sensível. Ele apenas deu uma inclinada em sua cabeça, olhando na direção da púbis dela e ela própria escancarou, tirando o tecido da calcinha, enquanto reclamava:
- Eu não estou aguentando…
Seria hilário se não fosse estranho aqueles dois se abaixarem à frente da minha esposa para olharem a sua buceta mais de perto. A Mara a tocou suavemente e ela gemeu alto, apoiando-se nos ombros deles enquanto inclinava o corpo para frente. Eles então se levantaram e a Mara me encarou, perguntando curiosa:
- Vocês estavam tomando a mesma bebida, Túlio? Digo, no mesmo copo?
- Não. Como estávamos dançando com outros parceiros, ficou difícil compartilhar. Eu bebi um pouco com vocês, com o Celão, o Alvarenga e ela, eu não sei. - Respondi.
Mara a encarou, esperando uma resposta e a Andressa disse:
- Valentim dividiu bebida comigo. Devo ter bebido com outros… Não! Bebi sim. Tenho certeza! Por quê?
- Não… é que… acho que não é nada... - Disse a Mara sem a menor convicção.
- Ai! Amor, vamos lá no laguinho? Pelo amor de Deus… - Pediu a Andressa, mexendo na calcinha de um lado para o outro, enquanto esfregava as pernas.
- Pode ir, Túlio, vá lá com ela e se divirtam. - Disse o Riva, mas complementou: - Só não a deixe sozinha mais. Esse tesão todo está meio estranho e se ela piorar me procure ou a Mara.
- O que está acontecendo? - Perguntei.
- Acho que nada! Aproveite o fogo da sua mulher. Qualquer coisa, estamos por aqui.
Pegamos o rumo do laguinho e acabamos esquecendo da Belinha. Só quando chegamos lá e a Andressa me jogou deitado sobre o banquinho, sentando a buceta no meu rosto, foi que ela notou a nova amiga assistindo de longe:
- A Belinha tá… tá… ali… Tú-úlio!
- Quer parar? - Perguntei.
- Nããão! Me chupa. - Falou e chamou a Belinha: - Vem! Fica aqui! Pode ficar…
A Belinha veio rapidinho e se abaixou, ficando de cócoras, assistindo a tudo a centímetros de distância, curiosíssima. A Andressa me olhou de cima para baixo e disse:
- Desculpa, amor, mas eu preciso… muito!
Ela então puxou a calcinha de lado, mas o seu desespero era tamanho que o paninho se partiu. Ela então rasgou o restante, jogou no meio do lago e abriu os lábios vaginais com os dedos, encaixando o seu clítoris na minha boca. Ela estava realmente muito excitada, inclusive, o seu clítoris parecia maior que o normal e muito mais duro. Ao primeiro contato da minha língua, ela gemeu alto e se inclinou para a frente, quase caindo do banco, não fosse a ajuda providencial da Belinha que ajudou a segurá-la, mas foi somente eu dar mais umas duas ou três linguadas que ela gozou pela primeira vez, tremendo desesperadamente. Continuei lambendo e sugando da forma como sei que gosta e o seu desespero só aumentava. Ela começou a choramingar pouco depois:
- O que tá acontecendo comigo, Tú-úúúúúú-li-AHHHHHHHH!!!
Não era normal aquilo, isso eu tinha certeza, mas eu tinha que pelo menos tentar acalmá-la, mas quanto mais eu a chupava, mais desesperada ela ficava. Já sem saber mais o que fazer para saciá-la, foi da Belinha a ideia:
- Come ela, Túlio! Mete o pau nessa gostosa!
A Andressa ainda tremendo saiu de cima de mim e praticamente me jogou para fora do banquinho, colocando uma perna de cada lado e empinando a bunda na minha direção. Nem pensei direito, mas tomado por uma excitação gostosa, tirei o meu pau duro e simplesmente enfiei nela que estava transbordando de tesão. Foi uma foda rápida para ela, pois tive a impressão de emendar um orgasmo no outro, desesperada para gozar mais e mais. A Belinha, notando que eu precisava de uma ajuda, deu um jeito de tocá-la por baixo, siriricando a minha esposa. Não sei quantas vezes ela gozou, mas quando o gozo a inundou, ela ainda me olhou por cima do ombro e falou:
- Já!?
Perplexo, eu a encarei e perguntei:
- Andressa, o que está acontecendo?
- Não, eu… eu… NÃO SEI! Eu… Eu… preciso de mais. Amor, deixa eu ficar com o Valentim, por favor? - Pediu quase choramingando.
Não só não a deixei ficar com ele como fui procurar o Riva. Acabei encontrando a Mara antes que, ao ver a Andressa praticamente transtornada de tesão, foi taxativa:
- Alguém deve ter drogado ela. Vem comigo. Tenho algo no meu carro que poderá ajudá-la.
A seguimos até o seu carro e lá ela pegou um frasco e o enfiou no nariz da Andressa, administrando uma dose. Perguntei do que se tratava e ela me disse:
- Acredito que devem ter dado Ecstasy ou alguma outra droga estimulante para ela e o melhor tratamento seria isolá-la num ambiente silencioso, com bastante ingestão de líquido e descanso, mas como isso é impossível por aqui, administrei uma dose desse medicamento americano à base Nalmefeno. Não é específico para o caso dela, mas deve aliviar os sintomas. Eu poderia injetar Naloxona nela, mas teria que ser via intravenosa e… Bem, se um não resolver, tenho o outro, mas acho que esse dará conta.
Sinceramente, de tudo o que ela falou a única palavra que gravei foi Ecstasy:
- Por que você tomou Ecstasy, Andressa? - Perguntei.
Ela me olhou surpresa e a própria Mara se adiantou:
- Eu não disse que ela tomou. Eu falei que “devem ter dado”. Acredito que alguém possa ter misturado numa bebida e ela tomou sem ver. A Andressa não tem o perfil de quem se droga, Túlio.
- Sim, claro que não. Eu tenho certeza disso!
A Andressa ainda tremia levemente, mas agora já não parecia ser da excitação, mas sim de preocupação que ficou ainda mais claro quando perguntou:
- Vou morrer?
- Claro que não, Andressa! Fica tranquila. Só quero que você fique na sala e descanse um pouco e... Farei diferente: vou lá ficar com vocês! Também quero dar uma relaxada. Você agora só precisa de um ambiente mais tranquilo, entende?
Entramos pela porta da sala e agora foi a Andressa que se deitou no meu colo, tentando relaxar. Após algum tempo o remédio pareceu surtir efeito e ela ficou mais calma, livre da tremedeira e daquela excitação exacerbada. Vendo que ela já estava mais tranquila, nós pedimos que a Mara voltasse para a festa que, se houvesse necessidade, nós a chamaríamos. Assim que ela deu uma última olhada na Andressa e saiu, ela falou:
- Tentaram sacanear a gente, amor.
- Eu estava pensando a mesma coisa…
- Eu tenho certeza! Primeiro, tentaram apagar você; depois, tentaram me dopar… Não sei quem, mas alguém tentou sacanear a gente.
- O Valentim?
- Não quero acusar ninguém, mas alguém tentou. Isso eu tenho certeza! - Ela insistiu.
Fomos interrompidos pelo Riva que, após conversar com a esposa, veio ver como a Andressa estava. Após examiná-la por alguns minutos, sorriu, dizendo que ela estava bem. Acabei me abrindo e compartilhando com ele as nossas suspeitas. Para o nosso espanto, ele disse já desconfiar disso:
- Eu não quis dizer nada antes, mas já desconfiava. Achei muita coincidência você ficar mal de uma hora para a outra e depois ela ficar hipersensibilizada. Tudo indicava um meio artificial para ativar essas condições.
- Quem teria conhecimento para fazer isso com a gente, Riva? - Perguntei.
- Quem!? Túlio, depois que inventaram a internet, qualquer um com capacidade intelectual e poucos escrúpulos poderia fazer isso. Acho que você está fazendo a pergunta errada. A questão aqui não é “quem”, mas sim “por que”.
- Por que alguém faria isso? - Resmungou a Andressa, interrompendo-o.
- Exatamente! Ninguém faria isso só pelo sexo. Pelo menos, eu acredito que não. Há várias mulheres dispostas ali fora e fazer isso, correndo o risco de ser pego ou de prejudicar a saúde de vocês, seria uma canalhice, para não dizer criminoso.
Acabamos conversando mais sobre as possibilidades e no final, pouco antes de sair, o Riva nos falou:
- Não quero induzi-los, mas se quiserem tomar alguma providência mais a fundo, poderiam pedir conselhos para o Osvaldo. Não sei se sabem, mas ele é investigador da Polícia Civil.
- Quem é Osvaldo? - Perguntou a Andressa, curiosa.
- Ah! O Marmita! Osvaldo é o seu nome real. - Falou o Riva, dando uma risada.
Agradecemos o toque e ele saiu. Ficamos conversando, tentando compreender e decidir como agir, quando o Valentim surgiu, parando surpreso enquanto olhava para o corpo praticamente nu da Andressa. Só então me dei conta de que ela, apesar de vestida com o espartilho, já não tinha mais calcinha alguma escondendo a sua vagina. Vendo como ele a devorava com o olhar, coloquei a minha mão sobre a púbis dela e o encarei. Ele então nos perguntou como estávamos e após dizermos que estávamos bem, nos convidou para voltarmos para a festa. A Andressa foi categórica:
- Obrigada, mas não. Por hoje, a festa já deu.
Ele retornou para o quintal, sem maiores insistências e pouco depois, a Adriana surgiu com o Alvarenga. A Andressa fez menção de querer contar sobre as nossas desconfianças, mas eu a cortei antes dela começar. Acho que ela deve ter entendido que eles também poderiam ser suspeitos e se calou. Após uma breve insistência para retornarmos, a Andressa recusou também, dizendo estar cansada e querendo dormir. Eles retornaram meio chateados para a festa e nós nos recolhemos ao nosso quarto. Ainda demoramos um pouco para dormir, afinal, a festa bombava e o som alto não ajudava, mas ali, enfim, nos sentimos seguros.
Acordei por volta das 9:30 do dia seguinte e sem a Andressa do meu lado. Temendo pelo pior, dada a condição dela, levantei-me rapidamente e vesti uma bermuda, abrindo a porta para sair, mas dando uma trombada nela que retornava:
- Você está… bem? - Perguntei, acariciando a sua testa que ela também coçava pela pancada.
- Ai! Bom dia para você também, amor…
- Desculpa, é que eu… acordei e você… bem… você não estava. - Gaguejei.
- Eu estava fazendo xixi! Saí da cama só para isso e já estava voltando.
Descemos e apenas o Alvarenga, o Riva e a Mara estavam acordados, todos no rancho, arrumando a mesa e tomando café. Nos juntamos a eles, ajudando-os e nos sentando para tomar o café. A Andressa não parava de coçar a testa e a Mara foi ver o que acontecia. Explicada a situação, ela sorriu e perguntou:
- E a… coceirinha… passou?
- Ah sim! Já estou bem mais tranquila. Ela só está um pouquinho inchada, mas acho que é porque alguém abusou de mim ontem à noite, sabe? - Disse, olhando para mim.
Eu sorri, sem ter o que fazer e falei:
- Em minha defesa, eu fui atacado e tive que me defender. Inclusive, eu tenho testemunha: a Belinha estava lá, assistindo a gente.
- Só assistindo não, né!? - Falou a Andressa, escondendo um sorriso atrás de uma xícara de café.
- Isso é só você quem pode dizer… - Retruquei, sorrindo maliciosamente.
Ela deu uma gargalhada, mas não revelou os detalhes do que havia acontecido. O Alvarenga nos pediu licença e disse que iria buscar mais alguns produtos na cozinha, deixando-nos a sós com eles. A Mara foi direta:
- O Riva me falou da suspeita de vocês… Acho que procede! Vocês já decidiram o que vão fazer?
- Nada! Não quero arrumar problemas para ninguém. Só vou, aliás, vamos tocar a nossa vida, né, amor? Serviu de lição para a gente. Infelizmente não podemos confiar em ninguém além da gente. - Falou a Andressa, mas se corrigiu quase que imediatamente: - Na gente e em vocês, né!? Eu ainda nem agradeci a ajuda de ontem. Obrigada, viu?
- Não foi nada. Ficamos felizes em ter ajudado. - Falou o Riva, com um sorriso malicioso.
- O Riva ontem disse que ficou morrendo de vontade de tocar você lá. No sininho… - Falou a Mara, dando uma gargalhada.
Nós o encaramos com um sorriso no rosto e ele falou:
- Tudo tecnicamente! - Mas uma gargalhada o entregou: - Mas que fiquei com vontade, fiquei!
- Ainda bem que você não fez, senão a minha primeira gozada da noite teria sido nas mãos de outro homem. - Resmungou a Andressa e me encarou com um sorriso envergonhado: - Desculpa, mas é a verdade, amor!
Algum tempo depois, o Alvarenga retornou, acompanhado da Adriana e passamos a conversar sobre vários assuntos. A Andressa a avisou que iríamos embora logo após o café, mas ela insistiu que ficássemos, pelo menos para um último churrasco que seria feito na hora do almoço. Acabamos ficando, mas, a partir dali, a postura da Andressa mudaria completamente com todos.
[CONTINUA]
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
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