Naquela segunda-feira, enquanto o sol já começava a descer, eu estava nervosa. Pela primeira vez, Jorge havia me mandado um endereço para nos encontrarmos fora da casa dos meus pais. "Hoje é dia de ir mais longe, querida," ele escreveu. O endereço era de um hotel na periferia, o tipo de lugar que se paga por hora e onde casais entram e saem como sombras furtivas, tentando evitar a vergonha.
Uma parte de mim sabia que isso era loucura, mas a outra parte que havia sido dominada na cozinha, no quarto e na cama, estava pronta para qualquer coisa. Havia algo de excitante no proibido, no risco, no medo que arrepiava minha espinha. Eu não sabia mais distinguir se era o meu corpo traindo minha mente ou se, no fundo, eu realmente desejava aquilo. Eu estava determinada a ver até onde essa sensação me levaria.
Enquanto me maquiava, eu olhava no espelho, mas algo não parecia estar certo. A pessoa a minha frente era irreconhecível, como se não fosse o meu próprio reflexo. Aquela experiência com Jorge tinha me marcado tanto que algo dentro de mim havia mudado para sempre.
Para o encontro, escolhi um look que nunca teria usado na minha vida. Um vestido preto justo de alças finas, que moldava cada curva do meu corpo e terminava alguns centímetros acima dos joelhos. Por baixo, usei uma lingerie rendada vermelha, e completei com uma meia-calça fina e sandálias de salto alto de tiras delicadas, que me davam um ar de mais velha, tentando fingir que não era uma meninha assustada tendo suas primeiras relações sexuais. Para completar, finalizei meu look com um batom vermelho-escuro.
Ao chegar ao endereço, estacionei meu carro e observei o ambiente ao redor. O hotel tinha uma fachada discreta, pintada de um tom de rosa desbotado, com um letreiro luminoso que piscava "Vagas" em letras grandes e reluzentes. Respirei fundo, tentando reunir coragem. O recepcionista mal ergueu os olhos enquanto me entregava a chave, o que só aumentava a sensação de clandestinidade do encontro.
Segui pelo corredor estreito, meus passos ecoando no chão de cerâmica. O quarto 203 era o nosso ponto de encontro. Parei diante da porta, hesitei por um instante, mas depois bati. A porta se abriu, e meu estômago revirou ao ver o rosto que me esperava do outro lado. Não era o Jorge.
Era o meu pai.
Fiquei congelada, sem conseguir processar a cena. O rosto dele parecia uma mistura de raiva, desgosto e incredulidade. Ele me encarava como se estivesse diante de um fantasma. "Entra," ele disse cheio de uma raiva silenciosa.
Tentei recuar, mas sua mão segurou meu braço com força, me puxando para o quarto. Eu não acreditei no que acontecia, meu corpo desligou. As paredes do quarto giravam ao meu redor enquanto eu tentava encontrar uma explicação para tudo aquilo. Minha mente buscava desesperadamente um escape, mas não havia.
"Que porra é essa, Lara?" ele gritou, fechando a porta atrás de mim. A raiva estampada em sua voz era diferente de tudo o que eu já tinha ouvido. Ele me olhou de cima a baixo, como se estivesse tentando reconhecer a própria filha.
"Pai, eu... eu posso explicar," gaguejei, a voz falhando, e senti as lágrimas se formando no canto dos olhos.
"Explicar?" ele vociferou, a mão ainda apertando meu braço. "Você sabe onde está? Sabe com quem ia se encontrar aqui?" Seus olhos faiscavam, e eu percebi que ele sabia exatamente com quem eu ia me encontrar. Jorge havia me atraído ali de propósito.
"Você... você não entende, pai." Eu tentava encontrar as palavras, mas tudo parecia irreal. Eu estava ali, naquele quarto sujo, diante do meu próprio pai, tentando justificar o injustificável.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, a porta se abriu novamente, e Jorge entrou, com um sorriso cínico no rosto. "Opa, parece que cheguei na hora certa," ele disse, sem qualquer sinal de remorso. Ele olhou para o meu pai, e sua expressão mudou, se tornando ainda mais provocadora. "Eu falei pra você, Zé, a sua filha é uma vadia."
Aquelas palavras ecoaram no quarto, cada sílaba cortando meu peito como uma faca afiada. Meu pai avançou contra Jorge, agarrando-o pelo colarinho da camisa. Por um segundo, achei que ele fosse matá-lo ali mesmo. "Você é um desgraçado," ele rosnou, o rosto contorcido de ira. "Você manipulou a minha filha, abusou dela. Como teve coragem?"
Jorge não parecia intimidado. Na verdade, ele ria. Ria como se aquela situação fosse uma grande piada. "Zé, não precisa ser tão dramático. Ela veio porque quis. Você acha que eu forcei alguma coisa?" Ele olhou para mim, e havia algo de sombrio e dominador nos seus olhos. "Ela gosta disso. Você não sabe nada sobre a sua filha."
Meu pai parecia paralisado por um momento, o olhar perdido entre mim e Jorge, como se estivesse tentando juntar as peças de um quebra-cabeça impossível. Ele deu um passo para trás, os olhos agora cheios de uma tristeza profunda. "É isso, Lara? Você quer isso? Esse tipo de vida? Ser tratada como... como um objeto por esse verme?"
Eu não conseguia falar. As palavras morreram na minha garganta, sufocadas pela vergonha, pela dor e pela confusão. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, e tudo o que eu conseguia fazer era olhar para o chão, incapaz de encarar meu pai, incapaz de encarar Jorge, e, principalmente, incapaz de encarar a mim mesma.
Meu pai deu um último olhar para Jorge, soltando-o como se ele fosse algo imundo. Depois se virou e saiu pela porta, deixando-a escancarada. O silêncio que ficou para trás era ensurdecedor, um vazio que parecia engolir tudo ao meu redor.
Jorge se aproximou, os dedos tocando meu queixo, forçando-me a levantar o rosto. "Agora somos só nós dois, querida. Pronta para continuar de onde paramos?" ele sussurrou, a voz carregada de um sarcasmo cruel, antes de bater a porta criando uma barreira entre nós e o mundo real lá fora.
<Continua>
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