A manhã estava clara, mas o céu parecia carregado de algo invisível, como se o ar pesado que envolvia Cassiano fosse uma manifestação externa dos pensamentos que o atormentavam. Ele atravessava os corredores da universidade com passos lentos, o som dos sapatos ecoando entre as paredes silenciosas. O horário era cedo demais para os alunos, mas os funcionários e alguns professores já estavam ali, movimentando-se como sombras em seus próprios mundos.
Cassiano ajeitou a alça da mochila no ombro, os músculos das costas ainda tensionados — lembranças físicas do que havia acontecido na noite anterior. O rabo ainda doía, uma sensação que deveria ser desconfortável, mas que agora carregava algo mais profundo: satisfação. Era como uma marca invisível, uma prova de que ele havia se entregado completamente e de que, finalmente, sabia quem era.
Os olhos percorreram o corredor à frente, mas a mente estava distante. A conversa com Antônio ainda ecoava em sua cabeça, junto com a risada grave e os comandos que tinham quebrado qualquer resistência que ele achava ter. "Arreganha pra mim." A frase ainda vibrava em seus ouvidos, o tom autoritário misturando-se à memória do calor, do cheiro, do peso. Porra, ele era aquilo. E estava em paz com isso.
Mas a paz nunca vinha sozinha.
Quando entrou na sala dos professores, o som da porta se fechando atrás de si fez com que todos os olhares se voltassem por um instante. Cassiano sentiu os músculos do peito se contraírem, o peso de cada olhar queimando contra sua pele. Havia algo diferente em como o encaravam? Sabiam? Percebiam algo?
Ele fingiu indiferença, cruzando o espaço até sua mesa habitual. O café esfriava na máquina ao lado, o cheiro amargo espalhando-se pelo ar. Sentou-se, a mochila pousada ao lado, mas as mãos não foram até o notebook. Os dedos ainda tremiam levemente, como se o corpo inteiro não tivesse superado a intensidade da noite anterior.
— Você parece diferente.
A voz fez Cassiano levantar os olhos. Jorge estava ali, encostado na borda de sua mesa, o rosto impassível, mas os olhos brilhavam com algo que parecia ser uma mistura de curiosidade e satisfação. O peito de Cassiano se apertou ao vê-lo. Jorge sempre soube demais, sempre percebeu coisas que outros não percebiam.
— É mesmo? — respondeu ele, tentando manter a voz firme.
Jorge inclinou a cabeça, o olhar fixo.
— Você está mais relaxado. Quase... satisfeito. Isso é bom. Acho que finalmente está encontrando o que procurava.
A frase caiu como uma pedra. Cassiano desviou o olhar, tentando esconder o rubor que subia pelo rosto. Jorge sorriu de canto, o tipo de sorriso que dizia que ele sabia exatamente o efeito que causava.
— Não me interprete mal, Cassiano. Só estou observando. E gostando do que vejo.
A voz baixa de Jorge carregava um peso que fazia a sala parecer menor. Ele se afastou antes que Cassiano pudesse responder, mas a presença dele parecia ter deixado algo no ar. Ele sabia. Claro que sabia.
Cassiano respirou fundo, os dedos apertando os joelhos enquanto a porta se fechava atrás do outro professor. Ele sabia que precisaria lidar com Jorge, com Antônio, com tudo. Mas, por enquanto, apenas sentou-se ali, deixando a mente vagar para o que viria a seguir.
O barulho do corredor voltava aos poucos, passos de alunos e professores enchendo o espaço vazio que Jorge havia deixado. Mas dentro de Cassiano, a tensão começava a se acumular novamente, como uma corda sendo puxada até o limite.
***
O apartamento estava escuro quando Cassiano entrou, os sapatos ecoando baixo contra o piso. Ele fechou a porta atrás de si, jogando as chaves no balcão, o som metálico reverberando no silêncio. O dia havia sido longo, mas o peso nos ombros parecia vir de outra coisa, algo que ele não conseguia nomear.
Quando olhou para o chão, viu o envelope.
O pedaço de papel repousava junto à porta, pequeno e aparentemente inofensivo, mas o coração de Cassiano acelerou no mesmo instante. Ele se abaixou devagar, os dedos pegando o objeto com cuidado, como se aquilo pudesse explodir em suas mãos. O papel era grosso, pesado, e na frente havia apenas uma letra desenhada com tinta preta: A.
Ele sentiu o estômago afundar. Antônio.
As mãos tremiam levemente enquanto rasgava o envelope, puxando o conteúdo de dentro. Um único pedaço de papel, amarelado, com poucas palavras escritas em letras firmes:
"Casa do Porto. Meia-noite. Não se atrase."
Não havia assinatura, mas não precisava. Cassiano sabia exatamente o que aquilo significava. O Porto. Ele havia estado lá antes, mas Antônio... Antônio só existia naquele lugar em sonhos, em fantasias que nunca ousou confessar. Como ele sabia? Como ele estava lá?
O papel escorregou de seus dedos enquanto Cassiano se jogava no sofá, o coração martelando no peito. As memórias da Casa do Porto voltaram com força, misturando-se à imagem de Antônio: o casarão sujo e abafado, os gemidos abafados, as figuras grandes e sem nome que preenchiam o espaço. Ele havia imaginado Antônio ali tantas vezes, mas só na escuridão de sua mente. Como o garoto poderia conhecer aquele lugar?
Passou a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. Não fazia sentido, mas algo pulsava dentro dele, algo que o empurrava, que o chamava. Ele sabia que deveria ignorar, que deveria amassar o convite e jogá-lo fora. Mas o corpo já havia decidido antes da mente.
Ele iria.
***
O relógio marcava 23h45 quando Cassiano saiu de casa, o casaco pesado protegendo-o do vento frio da noite. As ruas estavam quase vazias, o silêncio pontuado apenas pelo som de passos e pelo motor ocasional de um carro distante. Cada passo parecia ecoar mais alto, como se o mundo inteiro soubesse para onde estava indo.
Quando chegou ao portão enferrujado do casarão, empurrou o portão com as duas mãos, o rangido metálico ecoando pelo espaço vazio. A luz fraca de uma lâmpada pendurada acima da entrada lançava sombras irregulares nas paredes descascadas.
Cassiano respirou fundo e cruzou o limite.
O cheiro de vela barata e suor o atingiu como uma lembrança física. Era denso, quase sufocante, mas ao mesmo tempo reconfortante. Ele estava de volta. O som abafado de vozes graves, gemidos e risadas ecoava pelo casarão, enchendo o ar com uma tensão que parecia vibrar contra a pele.
No salão principal, as sombras dos homens estavam por toda parte. Figuras grandes, vozes baixas, olhares pesados que o seguiam enquanto ele passava. Havia corpos se movendo nos cantos, alguns sentados, outros em pé, observando. Mais ao fundo, os sons ficavam mais intensos — o som úmido de pele se chocando, gemidos abafados, suspiros arrastados.
Cassiano deixou os olhos vagarem pelo ambiente enquanto o coração batia pesado no peito. Ele estava no lugar certo. Era isso que buscava. Sempre foi.
Mas o pensamento voltou: Como Antônio sabia sobre esse lugar?
Quando chegou à sala menor, o ar ficou mais abafado, mais pesado. As luzes eram mais fracas, lançando sombras nas paredes descascadas e nos rostos dos homens que ocupavam o espaço. Eles conversavam baixo, bebiam, observavam. Alguns olhares cravaram-se nele, avaliadores, como se estivessem decidindo se ele valia o esforço.
E então, ele o viu.
Antônio.
O homem estava encostado na mesa, o copo na mão, a postura relaxada, mas os olhos eram duros, fixos nele como um predador observando a presa. O sorriso de canto apareceu devagar, um gesto cruel que fez o estômago de Cassiano afundar e o rabo pulsar em resposta.
Mas havia algo mais. Surpresa. Confusão. Como ele estava ali? Como ele sabia?
Antônio levantou o copo devagar, levando-o aos lábios antes de falar, a voz grave cortando o silêncio:
— Sabia que viria, Cassiano.
O nome soou como um golpe. Cassiano parou no meio da sala, o olhar preso naquele homem, a respiração mais pesada do que deveria estar. Antônio colocou o copo na mesa com um som seco, os olhos nunca deixando os dele.
— Você... Como você sabe sobre esse lugar? — A voz de Cassiano saiu baixa, quase um sussurro.
Antônio ergueu uma sobrancelha, o sorriso alargando-se lentamente.
— Você acha que é o único que sabe onde encontrar o que precisa? Acha que só você tem segredos?
Cassiano ficou imóvel, o coração martelando contra as costelas. A ideia de Antônio ali, tão presente, tão real, abalava tudo o que ele achava que sabia. Seu corpo estava rígido enquanto os olhos de Antônio cravavam-se nele com uma força que parecia física. O ar na sala menor era denso, pesado, carregado de um cheiro misto de suor, vela barata e o perfume bruto de tantos homens reunidos. Mas, naquele momento, o mundo parecia reduzido a apenas dois: ele e Antônio.
O garoto — ou melhor, o homem — recostou-se na mesa de madeira desgastada, a postura relaxada contrastando com o peso do olhar que o prendia no lugar. O sorriso de canto curvava os lábios, cruel e debochado, como se já soubesse que Cassiano não tinha saída.
— Achei que você sabia mais sobre mim, Cassiano. — A voz grave de Antônio cortou o silêncio, cheia de uma certeza que fez o coração de Cassiano acelerar.
Ele abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. O rabo pulsava involuntariamente, como se a simples presença de Antônio tivesse esse poder. A sala menor estava silenciosa agora, os olhares dos outros homens ali alternando-se entre o espectador silencioso e o predador à espreita.
Antônio deu um passo à frente, deixando o copo de lado. O som do vidro contra a mesa ecoou baixo, mas cada movimento parecia carregado de peso. Ele parou diante de Cassiano, os olhos percorrendo seu corpo com lentidão, como se o avaliasse de cima a baixo.
— Não fica tão surpreso, porra. Acha mesmo que é o único que sabe onde encontrar o que precisa?
Cassiano respirou fundo, o peito subindo e descendo rápido, mas não disse nada. A mente ainda estava presa à surpresa de encontrar Antônio ali, naquele lugar que, para ele, existia apenas em seus sonhos e fantasias. Mas agora, a realidade esmagadora de Antônio à sua frente tornava tudo mais intenso. Mais real.
— Olha pra mim.
O comando veio firme, direto, sem espaço para questionamentos. Cassiano levantou os olhos, encontrando o olhar pesado que parecia despir cada camada de sua alma. Antônio inclinou a cabeça, o sorriso torto voltando ao rosto enquanto estendia a mão.
— Vem.
Cassiano hesitou por um segundo, mas os pés já estavam se movendo antes que ele pudesse decidir. A mão quente de Antônio segurou a dele, puxando-o para o centro da sala, onde o cheiro de luxúria e decadência parecia mais forte. Alguns homens observavam à distância, mas ninguém interferia. Ali, tudo tinha seu lugar, e Cassiano sabia exatamente onde estava o dele.
Quando pararam, Antônio virou-se de frente para ele, o corpo grande dominando o espaço entre eles. As mãos fortes seguraram os ombros de Cassiano, os polegares pressionando levemente a carne enquanto o encarava.
— Sabe o que veio fazer aqui, Cassiano? — perguntou, a voz mais baixa, mas ainda carregada de autoridade.
Cassiano engoliu seco, mas respondeu com sinceridade:
— Sim.
O sorriso de Antônio alargou-se. Ele deslizou as mãos pelos ombros, descendo pelos braços até segurar os pulsos de Cassiano com firmeza. Puxou-os para frente, colocando as mãos do homem mais velho sobre seu próprio peito largo. A pele quente e sólida sob os dedos de Cassiano parecia pulsar, o cheiro de Antônio invadindo seus sentidos e o deixando tonto.
— Então mostra que tá pronto. De joelhos. Agora.
Cassiano desceu sem hesitar, os joelhos batendo contra o chão frio enquanto o olhar de Antônio o esmagava com algo que ele não conseguia descrever. O som abafado de gemidos e risadas ao fundo parecia distante agora. Tudo o que importava era aquele momento. Ele sabia o que vinha a seguir, e cada parte de seu corpo já estava pronta.
Antônio desabotoou a calça devagar, sem tirar os olhos de Cassiano. O som do zíper descendo foi como um estalo que ecoou pela sala, seguido pela visão do volume que se destacava contra o tecido. Cassiano respirou fundo, sentindo o calor subir pelo corpo enquanto o outro deixava a calça cair pelos tornozelos. A cueca apertada deslizava devagar, revelando o pau grosso e duro que pulsava à frente de Cassiano.
— Olha pra isso, porra. Tá pulsando por você. Abre a boca.
A respiração de Cassiano ficou mais pesada, os lábios abrindo-se lentamente enquanto o olhar permanecia fixo no membro à sua frente. Antônio segurou a base com uma das mãos, alinhando a glande quente contra os lábios de Cassiano. O calor era quase insuportável, a sensação de peso e poder preenchendo cada fibra de seu ser.
— Engole. Quero sentir até o fundo.
Cassiano obedeceu. Os lábios se fecharam ao redor do pau de Antônio, a língua deslizando contra a base enquanto a glande pressionava o fundo da garganta. Ele soltou um gemido abafado, o som misturando-se aos ruídos distantes da sala enquanto Antônio segurava firme na parte de trás de sua cabeça.
— Isso. Porra, isso! Uma boca quente só pra me agradar.
Os movimentos começaram lentos, mas logo Antônio aumentou o ritmo, cada estocada fazendo Cassiano gemer baixo, a saliva escorrendo pelos cantos da boca enquanto ele se esforçava para acompanhar o ritmo bruto e impiedoso. O peso de Antônio sobre ele era esmagador, mas Cassiano sabia que estava exatamente onde precisava estar.
O som molhado de pele contra pele preenchia o espaço entre os dois, cada movimento mais profundo, mais brutal. Os gemidos abafados de Cassiano misturavam-se aos grunhidos de Antônio, que segurava sua cabeça com força, guiando-o com movimentos precisos.
— Olha pra mim, Cassiano. Quero ver a sua cara enquanto eu te uso.
Cassiano levantou os olhos, encontrando o olhar pesado que o dominava por completo. O pau pulsava dentro de sua boca, a glande batendo contra o fundo da garganta enquanto Antônio segurava sua cabeça com mais força. Ele não precisava dizer nada. Os olhos já diziam tudo: você é meu.
Quando Antônio finalmente parou, ele puxou o pau para fora com um som molhado, o fio de saliva conectando a ponta aos lábios inchados de Cassiano. O garoto riu baixo, passando o polegar pela boca de Cassiano, espalhando a baba pelo queixo dele antes de rosnar:
— Agora vira. Quero esse rabo.
O professor obedeceu, os joelhos deslizando no chão enquanto ele tirava toda a roupa e se posicionava de quatro. As mãos firmes de Antônio seguraram seus quadris, ajustando-o com a precisão de quem sabia exatamente o que estava fazendo. Cassiano respirava rápido, o corpo inteiro tremendo de antecipação enquanto sentia a ponta quente do pau de Antônio pressionando contra sua entrada.
— Fica quietinho. Agora você vai sentir.
Cada movimento de Antônio marcado por uma lentidão calculada. Ele segurava os quadris de Cassiano com firmeza, os dedos apertando a pele enquanto o ritmo permanecia constante. O pau grosso deslizava com facilidade na entrada aberta, já quente e escorregadia, mas Antônio parecia saborear cada instante.
Cassiano arfava alto, o rosto pressionado contra o chão frio, as mãos tentando encontrar apoio no cimento enquanto seu corpo era tomado. Cada movimento parecia mais profundo, mais íntimo, arrancando gemidos que reverberavam pelo ambiente carregado.
— Tá sentindo, né? Esse caralho todo dentro de você. — Antônio murmurou, a voz grave ecoando próxima ao ouvido de Cassiano enquanto ele inclinava o corpo para frente.
O calor do corpo de Antônio o cercava, a respiração quente contra a nuca de Cassiano aumentando o arrepio que subia por sua espinha. A última investida veio mais profunda, o pau pulsando com força enquanto o garoto segurava os quadris no lugar. O calor do gozo espalhou-se dentro dele, e um gemido grave escapou da garganta de Antônio enquanto ele despejava tudo.
Quando Antônio saiu devagar, o som molhado do pau deixando o rabo de Cassiano ecoou pelo espaço. A entrada pulsava involuntariamente, escorrendo com o calor que agora marcava sua submissão. O garoto riu baixo, um som satisfeito, enquanto dava um tapa firme na nádega exposta, a porra escorrendo.
— Você tá pronto. Agora é com eles.
Cassiano olhou por cima do ombro, o rosto corado e os olhos brilhando de suor e antecipação. Ele sabia o que vinha a seguir. E queria.
Os passos pesados ecoaram pela sala enquanto o primeiro homem se aproximava. Ele era grande, ombros largos, os olhos cravados no corpo de Cassiano como se estivesse avaliando um brinquedo. A calça foi abaixada sem pressa, o pau já duro e pulsante revelando-se enquanto ele se ajoelhava atrás do homem ainda de quatro.
As mãos ásperas seguraram os quadris de Cassiano com força, os dedos afundando na carne firme enquanto o homem se posicionava. Sem dizer nada, ele alinhou-se à entrada já aberta e empurrou com força, o pau grosso deslizando para dentro com um movimento só.
— Porra, que rabo apertado. Tá piscando pra mim.
Cassiano gritou baixo, o som abafado pelo chão enquanto sentia o membro invadindo-o sem cerimônia. O homem começou a se mover com força, o ritmo pesado e implacável. As estocadas eram rápidas, cada uma arrancando gemidos que reverberavam pela sala.
— Tá gostando, né?
O corpo de Cassiano tremia sob o peso das investidas, mas ele não recuava. As palavras do homem, os sons molhados, o cheiro de suor no ar — tudo parecia empurrá-lo mais fundo na entrega. Quando o homem finalmente chegou ao limite, derramando-se dentro dele, Cassiano soltou um gemido longo, a entrada pulsando em resposta.
Mas ele não teve tempo para descansar.
O próximo homem já estava no lugar, as mãos grandes segurando os ombros de Cassiano e puxando-o para trás enquanto se alinhava. O ritmo foi imediato, as estocadas rápidas e pesadas, o som das peles se chocando preenchendo o ambiente.
Cassiano gemia alto, a voz falha enquanto urrava e sentia cada movimento empurrá-lo para o limite. A entrada já escorregava com a mistura de gozo e saliva, facilitando a brutalidade que parecia aumentar a cada troca.
Os homens se revezavam sem pausa, cada um tomando Cassiano com a intensidade de quem sabia exatamente o que queria. Alguns seguravam seus quadris com força, outros davam-lhe tapas na cara, cuspiam nele, forçando-o a inclinar o corpo ainda mais para baixo enquanto o ritmo implacável continuava.
A sala inteira parecia se mover com o som das estocadas, os gemidos abafados e os grunhidos graves que escapavam de cada homem enquanto preenchiam Cassiano um a um. A entrada pulsava, os músculos das pernas tremiam, mas ele continuava oferecendo-se, o rabo empinado e pronto para mais.
Cassiano já estava exausto, o corpo suado e marcado pelos toques e pela força de tantos homens, mas o sorriso nunca deixava seus lábios. Cada novo toque, cada novo movimento, cada nova invasão era uma afirmação do que ele era. De quem ele era.
O último homem segurou Cassiano pelos pulsos, puxando-os para trás enquanto o peso de seu corpo forçava o de Cassiano ainda mais contra o chão. As estocadas eram brutais, os grunhidos altos, o pau pulsando com força enquanto ele empurrava até o limite. Quando finalmente gozou, o som grave ecoou pela sala, misturando-se ao silêncio pesado que caiu logo depois.
Cassiano permaneceu de quatro, o corpo tremendo enquanto a respiração voltava ao normal. O chão abaixo dele estava molhado, marcado pelo suor e pela mistura de tudo o que havia acontecido. Ele sabia que estava exatamente onde deveria estar. Ele era isso. Sempre foi.
O silêncio que se instalou na sala era pesado, quase sufocante. O único som restante era o da respiração pesada de Cassiano, que ainda estava de quatro, o peito subindo e descendo enquanto o suor escorria pelo rosto e pelo corpo. O chão frio sob seus joelhos estava molhado, marcado pela mistura de fluidos que agora o cercavam.
Os homens haviam se afastado, mas o peso dos olhares ainda estava ali, fixos nele, como se ele fosse o centro de um ritual que ninguém ousaria interromper. O rabo ainda pulsava, escorregadio com a porra que escorria para as coxas, formando caminhos quentes e pegajosos pela pele suada.
Cassiano não se moveu. Não havia necessidade. Ele estava exatamente onde deveria estar.
A mão de Antônio tocou sua nuca, os dedos firmes, mas surpreendentemente gentis. O toque parecia uma âncora, trazendo-o de volta ao presente enquanto a respiração do garoto soava baixa e controlada perto de seu ouvido.
— Você foi perfeito, Cassiano. É exatamente o que nasceu pra ser.
As palavras não soaram cruéis, mas carregadas de uma certeza que o fez sorrir, mesmo com o corpo exausto e tremendo. Ele ergueu a cabeça devagar, os olhos piscando contra a luz fraca enquanto olhava para Antônio, que o observava de cima com aquele mesmo sorriso torto, como quem acabava de provar algo irrefutável.
— Olha pra você. Todo melado, todo destruído... e ainda sorrindo. É disso que eu gosto.
Cassiano riu baixo, quase sem forças, mas o som carregava algo mais. Não era apenas satisfação — era realização. Ele não precisava de mais nada. Tudo o que era, tudo o que sempre quis ser, estava ali, naquele chão sujo, diante de homens que haviam tomado tudo dele e ainda assim o deixaram completo.
Antônio se abaixou, os joelhos tocando o chão enquanto a mão grande ainda segurava a nuca de Cassiano. Ele inclinou o rosto, a voz baixa e arrastada soando como um trovão entre os dois.
— Eu te disse, Cassiano. Esse rabo aqui foi feito pra ser usado. E agora tá pronto pra tudo.
Cassiano fechou os olhos por um instante, sentindo o calor do corpo de Antônio tão próximo ao seu. O cheiro de suor e luxúria ainda estava ali, impregnado no ar, e ele o respirava como se fosse uma segunda pele. Quando abriu os olhos novamente, encontrou os de Antônio, firmes e implacáveis.
— Obrigado, Antônio. Obrigado por me mostrar quem eu sou.
As palavras saíram roucas, mas carregadas de sinceridade. Antônio sorriu de canto, os dedos deslizando pela nuca de Cassiano antes de se levantar novamente. Ele deu dois passos para trás, os olhos ainda fixos nele antes de virar-se para os outros homens na sala.
— Deem um descanso pra ele. Essa cadela deu conta do recado.
Os risos baixos dos outros ecoaram pela sala, mas Cassiano mal os ouviu. Ele ainda estava ajoelhado, os braços caídos ao lado do corpo, o olhar perdido enquanto a sensação de vazio físico misturava-se com a plenitude emocional. Ele não precisava de mais nada.
Quando finalmente se levantou, o corpo protestou, os músculos tensos e doloridos, mas ele não se importava. Cada marca, cada dor, era um lembrete do que havia acontecido, do que ele havia se tornado. Ele andou devagar até a pia improvisada no canto da sala, os pés descalços contra o cimento frio, sentindo o calor do gozo ainda escorrendo pelas coxas.
A água fria contra o rosto trouxe um choque, mas também um alívio. Ele olhou para o espelho sujo à frente, o reflexo embaçado mostrando um homem que agora sabia exatamente quem era. Cassiano sorriu para si mesmo, um sorriso pequeno, mas carregado de significado.
Quando se virou, os olhares ainda estavam nele, mas agora eram diferentes. Havia algo de respeitoso neles, como se todos ali soubessem que Cassiano havia alcançado algo que poucos tinham coragem de buscar.
Ele não disse nada. Não precisava. Caminhou até o centro da sala novamente, parando por um momento antes de inclinar a cabeça levemente para Antônio, que apenas sorriu de volta, satisfeito. Pegou sua roupa e vestiu.
E então, Cassiano atravessou o portão enferrujado novamente, o som metálico ecoando pela noite silenciosa. O vento frio o envolveu, mas ele não sentiu. O calor do que havia acontecido ainda estava com ele, marcando cada passo enquanto desaparecia na escuridão.