Os dias passaram de forma lenta e quase sufocante para Bárbara. Confinada ao pequeno quarto aconchegante, ela estava limitada aos cuidados de Rosa Kamila, que parecia sempre pronta para atender cada uma de suas necessidades. Rosa era uma presença constante, servindo chá, trocando os lençóis, massageando os ombros de Bárbara quando as dores se tornavam insuportáveis.Bárbara não conseguia se levantar da cama. Suas pernas pareciam fracas, os músculos rígidos como se não fossem mais seus. O peso crescente em seu peito também contribuía para sua sensação de incapacidade. Seus seios, já naturalmente grandes, pareciam estar aumentando de forma lenta, mas constante.Ela questionou Rosa sobre isso mais de uma vez.— Rosa, meus seios estão maiores. Tenho certeza. Algo está errado comigo.
Rosa sempre respondia com o mesmo sorriso maternal, balançando a cabeça. — Imagina, querida. Você está vendo coisas. Tudo isso é só cansaço. Agora, tome mais um gole do seu chá. Mesmo quando Bárbara levantou a questão com Meire, a resposta foi semelhante, mas com um tom mais autoritário.— Você está se preocupando à toa, Bárbara, — disse Meire, de forma quase condescendente. — Seu corpo está apenas se adaptando ao repouso. Confie em nós.Bárbara não tinha forças para insistir, mas o desconforto crescente era impossível de ignorar. O peso em seu peito tornava-se mais intenso a cada dia, e a sensibilidade era quase insuportável. A jovem começou a evitar até mesmo o toque de Rosa, temendo que qualquer contato piorasse a dor.
Em uma das noites, Bárbara acordou subitamente. A sensação era estranha e desconcertante: uma umidade inesperada espalhava-se pela região de seus seios. Tentou tocar-se, mas o simples movimento fez com que um leve jato de líquido quente escorresse, molhando o tecido fino de sua camisola.
— Não... isso não pode estar acontecendo... — sussurrou, com a voz trêmula.Ela tentou manter a calma, mas o fluxo não parava. Cada pequeno movimento fazia com que mais líquido escapasse, encharcando a camisola e os lençóis. Bárbara começou a hiperventilar, sua mente dominada por pânico e confusão.— Rosa! Rosa! — gritou, desesperada.A porta do quarto se abriu rapidamente, revelando Rosa com seu sorriso calmo e maternal.— O que foi, querida? — perguntou, aproximando-se da cama.— Eu... eu não sei o que está acontecendo! — Bárbara gesticulava freneticamente, apontando para os seios encharcados. — Eu... estou lactando! Isso não é normal!Rosa inclinou-se, examinando a situação com cuidado, mas sem demonstrar surpresa. Com a mesma calma de sempre, ela pegou um pano limpo de uma mesa próxima e começou a secar Bárbara gentilmente.— Shh... está tudo bem, minha querida. Isso às vezes acontece quando o corpo está em repouso.— Não! Isso não é normal! — Bárbara insistiu, sua voz embargada pelas lágrimas. — Eu não sou mãe, nunca tive filhos! Por que isso está acontecendo comigo?Rosa continuou secando-a, sem se abalar.— Pode ser o estresse, ou algo no ambiente, querida. Mas não se preocupe. Eu cuidarei de você.A jovem tentou protestar mais, mas a exaustão tomou conta de seu corpo. Conforme Rosa trocava os lençóis e ajudava-a a vestir uma nova camisola, Bárbara sentiu suas forças desaparecendo novamente.— Eu não entendo... — sussurrou ela, antes de fechar os olhos, vencida pelo cansaço.Quando Bárbara acordou, a sensação de desconforto ainda estava lá, mas o pânico da noite anterior havia sido substituído por uma apatia crescente. Rosa entrou no quarto com sua rotina usual, carregando uma bandeja de café da manhã e um chá calmante.— Como está se sentindo hoje, querida? — perguntou Rosa, enquanto arrumava a bandeja na mesa ao lado.— Ainda... estranha, — admitiu Bárbara, sem conseguir olhar diretamente para Rosa. — Você não acha tudo isso estranho?Rosa riu suavemente, sentando-se ao lado da cama.— Não, querida. Eu acho natural. Às vezes, nossos corpos nos surpreendem. Bárbara queria acreditar nisso, mas algo em sua mente gritava que aquilo não era normal. No entanto, com cada dia que passava, parecia mais difícil distinguir a realidade da confusão que dominava sua mente.Enquanto Rosa penteava seus cabelos com cuidado, Bárbara observava o teto, sentindo-se cada vez mais presa – não apenas àquela cama, mas àquela situação inexplicável Os dias na casa de Meire tornaram-se uma névoa confusa para Bárbara. O tempo parecia se arrastar e misturar, e cada momento em que ela não estava dormindo era preenchido por sensações que não conseguia controlar. Sua mente, antes ágil e curiosa, agora parecia operar em um ritmo mais lento. Pensamentos escapavam antes que ela pudesse terminá-los, e ideias que antes pareciam importantes agora pareciam distantes e irrelevantes.A lactação, que começara como um evento isolado, tornou-se uma constante. Suas camisolas estavam sempre úmidas, mesmo com os cuidados frequentes de Rosa, que trocava seus lençóis e roupas com a mesma calma maternal de sempre.— Isso não pode ser normal... — Bárbara murmurava frequentemente para si mesma, enquanto observava seu corpo mudar diante de seus olhos. Seus seios, já naturalmente grandes, pareciam crescer mais a cada dia, inchados e sensíveis, como se fossem o centro de sua existência.Quando tentava questionar Rosa ou Meire, recebia as mesmas respostas tranquilizadoras.— Não é nada com o que se preocupar, querida, — dizia Rosa, enquanto massageava seus ombros ou penteava seus cabelos. — Seu corpo está apenas se ajustando.— Você está ficando mais bonita a cada dia, — Meire comentava casualmente, seu sorriso misterioso sempre presente.
Mas Bárbara não se sentia bonita. Sentia-se presa em um corpo que não reconhecia, um corpo que não parava de exigir mais – de tudo.Uma das mudanças mais perturbadoras foi sua fome. Nada parecia satisfazê-la. Rosa trazia bandejas de comida a cada poucas horas: frutas frescas, tortas quentes, pão caseiro com manteiga, sopas reconfortantes. Bárbara comia tudo com avidez, mas a sensação de vazio em seu estômago persistia.
— Posso trazer mais, querida, — Rosa dizia, observando-a com preocupação fingida.Bárbara balançava a cabeça, mas não conseguia resistir por muito tempo. Logo pedia mais comida, sentindo-se culpada, mas incapaz de controlar o desejo.Em uma noite, enquanto terminava sua terceira fatia de torta de chocolate, Bárbara largou o garfo e encarou Rosa.
— Isso não é normal, Rosa, — disse ela, com a voz embargada. — Por que estou com tanta fome?Rosa colocou uma mão suave sobre a dela.— Seu corpo está se recuperando, querida. É natural querer repor energias.Mas Bárbara sabia que aquilo era mais do que fome física. Era uma necessidade compulsiva, um buraco dentro dela que parecia crescer a cada dia.Além da fome incessante, Bárbara começou a notar outra mudança que a deixava ainda mais confusa: sua libido estava fora de controle. Antes, esses pensamentos e sensações eram raros e fáceis de ignorar, mas agora invadiam sua mente sem aviso.Enquanto Rosa penteava seus cabelos, enquanto comia mais uma fatia de torta, enquanto ouvia a voz calma de Meire ao fundo, Bárbara sentia um calor subindo por seu corpo. Seus seios, já tão sensíveis, pareciam pulsar, e uma necessidade indefinível tomava conta dela.Uma noite, sozinha no quarto, tentou se tocar, na esperança de aliviar a tensão. Mas o simples toque em sua pele causou uma onda tão forte de prazer e desconforto que ela parou imediatamente, assustada com a intensidade.— O que está acontecendo comigo? — murmurou para si mesma, sentindo lágrimas de frustração escorrerem pelo rosto.Rosa parecia sempre saber quando Bárbara estava no auge de sua frustração. Aparecia com chá calmante ou uma sobremesa doce, sentava-se ao lado dela e conversava com uma calma quase sobrenatural.— Está tudo bem, minha querida, — dizia Rosa, enquanto acariciava seu cabelo. — Seu corpo está apenas descobrindo quem você é de verdade.— Quem eu sou de verdade? — Bárbara perguntou, com a voz cheia de ceticismo. — O que isso quer dizer?Rosa sorriu, mas não respondeu diretamente.— Confie em nós. Você verá em breve.
Bárbara queria resistir, queria gritar, mas sua mente, lenta e confusa, parecia aceitar as palavras de Rosa com mais facilidade a cada dia.Conforme os dias passavam, Bárbara percebeu que o ciclo não mudava. A fome, a lactação, o desejo – tudo parecia se intensificar. A cada dia, sentia que perdia mais controle sobre si mesma, como se estivesse sendo lentamente moldada por forças invisíveis.Seus sonhos também se tornaram mais estranhos. Em suas visões noturnas, ela caminhava pelos pastos verdes, sentindo o sol em sua pele, ouvindo vozes suaves que a chamavam pelo nome. Sempre acordava suada, seus seios pesados e pulsando, e sua mente ainda mais confusa do que antes.Uma parte dela queria fugir, queria encontrar respostas para o que estava acontecendo. Mas outra parte, mais profunda e silenciosa, começava a aceitar tudo aquilo como inevitável.