A casa das corujas 2#

Um conto erótico de Amanda
Categoria: Crossdresser
Contém 4022 palavras
Data: 15/12/2024 23:08:02

O sol começava a esquentar a manhã, atravessando as cortinas rendadas da pequena casa de Maria de Lurds. O interior era simples, mas acolhedor, com móveis de madeira escura polidos pelo tempo e o aroma constante de ervas secas penduradas em cantos estratégicos. A casa exalava aquele perfume único de lar de avó, onde cada objeto parecia carregar histórias. Maria de Lurds, uma senhora robusta de 58 anos, com cabelos grisalhos presos em um coque frouxo, se levantou cedo, como sempre fazia. Os primeiros minutos do dia eram dela. Caminhou até o banheiro, seus chinelos de pano fazendo um leve som contra o chão de madeira. O banho foi rápido, mas não descuidado. Usou um sabonete artesanal de lavanda, que fazia questão de preparar ela mesma. Ao sair do banheiro, envolveu-se em uma toalha macia e foi até o quarto. Escolheu um vestido longo de algodão azul claro, bordado com pequenas flores brancas, algo que ela mesma costurara anos atrás. Era prático, confortável, e fazia parte do ritual que ela seguia sem falhas. Depois de prender o cabelo novamente no coque, foi para a cozinha. O cheiro familiar do café começava a se espalhar enquanto a água fervia no bule sobre o fogão antigo. Maria de Lurds preparava o café à moda antiga, coado em um pano bem limpo, despejando a água fervente sobre o pó escuro com movimentos precisos. Quando o líquido fumegante estava pronto, ela colocou a chaleira sobre a mesa e olhou pela janela, observando o jardim iluminado pela manhã. No canto mais afastado do jardim, havia uma estrutura peculiar: uma pequena casinha feita de madeira envelhecida, pintada de branco e com detalhes em azul desbotado. Era pequena demais para alguém morar, mas grande o suficiente para despertar curiosidade. Maria de Lurds ficou parada por um momento, olhando fixamente para a casinha, os olhos apertados de quem pensa em algo distante. Um leve sorriso surgiu em seu rosto, mas foi algo breve, quase melancólico. Virando-se, ela abriu o armário acima da pia e pegou um recipiente incomum: uma mamadeira imensa, quase do tamanho de uma garrafa de dois litros, com um bico de borracha rosa pálido na ponta.Com a mamadeira em mãos, ela voltou para a mesa. Encheu metade do recipiente com o café ainda quente, com movimentos cuidadosos para não derramar. Depois, foi até a geladeira. De lá, retirou um grande jarro com um líquido espesso e gelatinoso, algo que parecia com leite, mas era mais brilhante, quase translúcido. Ela completou a mamadeira com aquele líquido, tampou o recipiente e o balançou levemente para misturar os dois conteúdos.Com a mamadeira pronta, Maria de Lurds limpou as mãos no avental e saiu da cozinha. Caminhou pelo corredor da casa, os passos firmes, até parar diante de uma porta fechada. Ela a abriu devagar, revelando um quarto iluminado apenas por uma fresta de luz que escapava entre as cortinas pesadas. No centro do quarto, havia uma cama grande, e sobre ela, uma jovem. Amanda, sua neta, estava deitada. Os cabelos castanhos escuros caíam em ondas sobre o travesseiro. Seu corpo estava preso por tiras de couro ajustadas aos pulsos e tornozelos, que a mantinham imobilizada. Uma grande mordaça com um bico de chupeta preenchia sua boca, abafando qualquer som que ela tentasse emitir. — Bom dia, minha pequena — disse Maria de Lurds, com uma voz suave, quase cantarolava. Amanda virou a cabeça em direção à avó, os olhos arregalados e úmidos. Maria de Lurds sentou-se na beira da cama, pousando a mamadeira ao lado.— Você foi tão paciente, querida. Hoje, finalmente chegou o grande dia.Com calma, ela começou a retirar a mordaça. Amanda ofegou assim que o bico saiu de sua boca, mas não conseguiu falar nada. Maria de Lurds limpou os cantos dos lábios da neta com um lenço que tirou do bolso, sempre sorrindo. — Você deve estar com sede. — Pegando a mamadeira, ela colocou o bico contra os lábios de Amanda. — Beba. Vai te fazer bem. Amanda tentou resistir, virando o rosto para o lado, mas Maria de Lurds segurou seu queixo com firmeza, mas sem violência. — Vamos, querida. Você sabe que não adianta lutar.Relutante, Amanda abriu a boca, permitindo que o bico da mamadeira entrasse. Maria de Lurds inclinou o recipiente, deixando o líquido fluir lentamente. Amanda engoliu, primeiro de forma hesitante, mas depois com mais vontade, como se o próprio corpo clamasse por aquilo. Enquanto a jovem bebia, Maria de Lurds acariciou seus cabelos, os dedos passando suavemente entre os fios. — Eu disse que cuidaria de você, não disse? Sempre soube o que era melhor. A mamadeira foi esvaziando aos poucos. O quarto ficou em silêncio, exceto pelo som de Amanda engolindo o líquido espesso. Quando Maria de Lurds retirou o bico, a jovem já parecia mais calma, embora seus olhos ainda carregassem confusão e medo. — Isso mesmo, minha pequena. Agora descanse. Quando você acordar, tudo será diferente. Tudo será perfeito. Maria de Lurds se levantou, ajeitando o vestido e recolhendo a mamadeira vazia. O sorriso em seu rosto agora era mais largo, quase satisfeito. — Tudo está indo exatamente como deveria.

A manhã seguia na pequena casa com uma rotina quase ritualística, meticulosamente controlada por Maria de Lurds. Depois de alimentar Amanda com a mamadeira, a senhora a libertou das amarras na cama, mas com uma calma que beirava o calculado. Cada movimento de Maria era preciso, como se seguisse um roteiro invisível.— Vamos, querida, é hora de nos arrumarmos. Hoje é um dia especial.Amanda não respondeu. Os olhos ainda carregavam confusão e cansaço, mas ela não tinha forças para resistir. Com passos hesitantes, seguiu Maria de Lurds até o banheiro. A senhora guiava sua neta como se fosse uma criança, segurando-a pelo braço e murmurando palavras suaves, mas cheias de autoridade.No banheiro, Maria começou a preparar Amanda. Tirou sua roupa com gestos cuidadosos, mas firmes, sem dar espaço para protestos. Depois, a colocou no banho, regulando a água morna e esfregando a pele da jovem com uma esponja macia, cheia de espuma de um sabonete infantil com cheiro doce de morango.— Veja só, minha menina. Sempre tão linda. Tão pura. — A voz de Maria era um misto de doçura e uma firmeza quase fria.Amanda apenas fechou os olhos, resignada, deixando que a avó a limpasse. Quando o banho terminou, Maria secou a neta com uma toalha felpuda, esfregando os cabelos até ficarem quase secos.A preparação continuou no quarto. Maria abriu um armário antigo, revelando um conjunto de roupas que não combinava com a idade de Amanda: vestidos infantis, cheios de babados e cores pastéis, combinados com meias-calças brancas e sapatos de boneca de verniz.— Vamos colocar este hoje, é perfeito para você — disse Maria, segurando um vestido cor-de-rosa com mangas bufantes e uma gola de renda branca. Amanda tentou balbuciar alguma coisa, mas o olhar firme de Maria a silenciou. A senhora vestiu a neta com cuidado, ajeitando cada detalhe, desde os botões na parte de trás do vestido até as pequenas fitas que amarrava nos cabelos da jovem. Por fim, calçou os sapatos de verniz e se afastou para observar o resultado, como uma artista diante de sua obra.— Perfeito. — Maria sorriu, satisfeita.Amanda olhou para o espelho no canto do quarto e viu a figura que refletia de volta. Com 18 anos, ela estava vestida como uma criança de seis, os babados e fitas exagerando ainda mais sua aparência vulnerável. Sentiu um nó na garganta, mas sabia que não adiantava chorar.— Agora, querida, vamos lá fora. Está na hora de visitarmos nossa casinha.O tom de Maria era quase alegre, como se o passeio fosse um evento esperado por ambas. Segurando a mão de Amanda, ela a guiou pelo corredor e para fora da casa, atravessando o jardim até a casinha de madeira no canto mais afastado.Amanda hesitava, mas Maria a puxava com firmeza, os passos determinados, os sapatos de verniz da jovem afundando levemente na grama úmida da manhã.Quando chegaram à casinha, Maria abriu a porta com uma chave que guardava no bolso do vestido. O rangido das dobradiças ecoou no silêncio do jardim, revelando um interior mal iluminado, mas cheio de equipamentos que pareciam improvisados.O ar ali era mais frio, com um cheiro metálico e químico. Amanda recuou um passo, mas Maria a segurou com força.— Entre, querida. Não tenha medo.Dentro da casinha, havia algo que imediatamente chamou a atenção de Amanda: uma figura humana, completamente envolta em couro preto que cobria o corpo dos pés à cabeça. A pessoa estava vestida com uma camisa de força, com tiras apertadas que prendiam seus braços contra o torso, enquanto correntes grossas o mantinham preso à parede.Um grande óculos de realidade virtual cobria os olhos da figura, escondendo qualquer traço de expressão. Tubos e cabos conectavam o corpo a uma série de aparelhos médicos dispostos ao redor. Um monitor ao lado mostrava sinais vitais estáveis, enquanto um cateter se destacava na parte inferior, conduzindo urina para uma bolsa transparente que estava parcialmente cheia.Amanda engasgou ao ver a cena, o coração disparando no peito.— Não é assustador, minha menina — disse Maria, com o tom calmo de sempre, mas agora com um brilho estranho nos olhos. — É necessário. Tudo isso é necessário.A senhora soltou a mão de Amanda e se aproximou da figura. Ajoelhou-se ao lado dela, ajustando os tubos e verificando os aparelhos com a precisão de quem já estava acostumada a cuidar daquele ambiente.— Hoje é o dia. O dia em que tudo vai mudar.Maria se virou para Amanda, o sorriso em seu rosto agora mais largo, quase insano.— Não é maravilhoso? Estamos todos prontos.Amanda deu um passo para trás, o corpo tremendo, mas a porta atrás dela já estava fechada.Maria de Lurds começou a desatar cuidadosamente as correias de couro que envolviam a figura na parede. Seus movimentos eram precisos, quase cerimoniais, como se estivesse desvendando algo sagrado. Amanda ficou imóvel, os olhos arregalados, observando a cena enquanto sua mente lutava para compreender o que estava acontecendo.O som dos fechos e das tiras sendo soltas ecoava pelo espaço apertado da casinha. Conforme a camada externa era removida, um corpo acima do peso foi lentamente revelado. A pele estava marcada em alguns pontos pelo aperto das tiras, e um brilho úmido cobria a superfície, resultado do confinamento no traje de couro.Maria de Lurds trabalhou com paciência, retirando primeiro os braços da camisa de força e, em seguida, os painéis de couro que cobriam o torso. Quando finalmente desnudou o peito, dois seios proeminentes e pesados foram expostos. Eles eram exageradamente femininos, como se pertencessem a alguém que estava em um processo de mudança física há muito tempo.Amanda tentou desviar o olhar, mas não conseguia. Sentia uma mistura de repulsa, curiosidade e medo.— Estamos quase lá, meu anjo — murmurou Maria, sem olhar para Amanda, enquanto continuava seu trabalho.Descendo para a parte inferior do corpo, a senhora começou a soltar as correias ao redor da cintura e das coxas. Quando removeu o último pedaço de couro, um pequeno cinto de castidade masculino, feito de aço brilhante, tornou-se visível. Era minúsculo, apertado de forma quase cruel, envolvendo a genitália de maneira que parecia impossível de ser confortável.Maria de Lurds passou os dedos pelo dispositivo, como se estivesse conferindo se ele ainda estava seguro. Um leve sorriso apareceu em seu rosto, satisfeito com o que via.— Você foi tão obediente, tão forte. Estou muito orgulhosa.Por fim, ela se levantou e foi até o rosto da figura. Segurando os lados do grande óculos de realidade virtual, Maria o ergueu lentamente, revelando quem estava por baixo.Amanda prendeu a respiração, os olhos fixos na cena.Quando os óculos foram removidos, o rosto de Gabriel foi revelado. Seu olhar estava perdido, vago, como se ele estivesse em um transe profundo. Seus cabelos, antes bem cuidados, estavam desgrenhados, e o brilho de suor cobria sua testa.Amanda soltou um leve arquejo, incapaz de acreditar no que via. Gabriel, o jovem que ela conhecia de vista, estava ali, preso, transformado, irreconhecível.Maria de Lurds segurou o rosto de Gabriel com as mãos, inclinando-o levemente para cima para que ele olhasse para ela.— Você foi tão longe, meu querido. Tão longe para alcançar o que sempre quis. E agora... está perfeito.Gabriel piscou lentamente, os olhos começando a se focar. Um lampejo de reconhecimento atravessou seu rosto, mas ele parecia incapaz de reagir ou falar.Maria virou-se para Amanda, que ainda estava congelada no lugar, e abriu os braços em um gesto quase teatral.— Veja, querida. Ele também foi relutante no começo. Mas agora... agora ele está completo.Amanda sentiu as pernas fraquejarem, o coração batendo tão forte que parecia ecoar em seus ouvidos.— O que... o que você fez com ele? — murmurou ela, a voz tremendo.Maria de Lurds não respondeu imediatamente. Apenas passou os dedos pelo cabelo de Gabriel, como uma mãe acariciando o filho.— Apenas o ajudei a encontrar quem ele sempre deveria ter sido. E você, minha menina... também vai entender, com o tempo.O silêncio na casinha era denso, cortado apenas pelo som dos aparelhos médicos ao fundo. Gabriel permaneceu imóvel, os olhos piscando lentamente, como se ainda estivesse preso entre o sono e a vigília.Amanda deu um passo para trás, mas a porta estava trancada

A luz na casinha parecia mais intensa para Gabriel no instante em que os óculos foram retirados. Ele piscou várias vezes, tentando ajustar a visão. Tudo estava borrado, como se o mundo ao seu redor fosse um quadro mal pintado, os detalhes se mesclando em uma névoa confusa.Sentia o corpo estranho, pesado e frágil ao mesmo tempo. Cada músculo parecia desacostumado ao movimento, como se tivesse ficado preso naquela posição por dias, semanas... ou até mais. O ar frio na casinha tocava sua pele exposta, e ele sentiu um arrepio percorrer o corpo.— O que... onde eu estou? — A voz de Gabriel saiu baixa, rouca, como se estivesse há muito tempo sem falar.Maria de Lurds inclinou-se, mantendo o sorriso suave que sempre parecia mascarar algo mais sombrio. Ela ajeitou o cabelo desgrenhado de Gabriel com dedos firmes, quase maternais.— Você está em casa, meu anjo. Está seguro.Gabriel olhou para os lados, os olhos ainda lutando para focar nos detalhes da casinha. O cheiro metálico dos aparelhos, o som constante de bipagens e do ar sendo filtrado por algum dispositivo... tudo parecia artificial, como se o lugar fosse parte de um sonho. Mas o que o incomodava mais era o peso em seu próprio corpo. Algo estava diferente.Ele olhou para baixo e viu os seios salientes em seu torso. Não apenas notou o tamanho e a forma, mas também a sensação — um peso real, desconfortável, estranho. O calor subiu ao seu rosto, misturando vergonha, confusão e um profundo desconforto.— O que é isso? — Ele apontou para si mesmo com as mãos trêmulas, sua voz agora mais alta. — O que você fez comigo?Maria de Lurds manteve o tom calmo, mas sua expressão carregava uma firmeza que Gabriel reconheceu imediatamente. Era o mesmo olhar que ela sempre usava quando dizia que sabia o que era melhor para ele.— Fiz o que precisava ser feito, Gabriel. Você estava perdido, confuso. Eu apenas te ajudei a encontrar o caminho certo.Ele balançou a cabeça, tentando afastar as palavras dela, mas elas pareciam entrar em sua mente como garras. — Isso... isso não é real. Não pode ser real. — Ele puxou a pele do braço, como se o próprio toque pudesse acordá-lo daquele pesadelo. — Eu estava... na casa... Jennifer estava lá...Maria de Lurds colocou a mão sobre a dele, interrompendo seu gesto.— Aquilo era necessário, Gabriel. Era um espaço seguro para que você pudesse aceitar o que realmente é.— O que eu realmente sou? — A confusão na voz de Gabriel era evidente, quase desesperada. — Eu não... eu não entendo.Maria suspirou, sentando-se ao lado dele, como uma avó explicando algo importante para uma criança.— Desde o início, meu anjo, você sempre foi especial. Não percebeu? Sempre teve uma beleza única, um jeito delicado, mas carregava tanta vergonha disso. Você se escondia de si mesmo. Eu apenas... te ajudei a sair dessa sombra. Gabriel tentou processar o que ouvia, mas sua mente parecia sobrecarregada. Ele tocou os seios mais uma vez, sentindo a firmeza da carne, a realidade esmagadora daquilo. Cada toque parecia reforçar que aquilo não era um sonho.— Mas por quê? Por que fazer isso comigo? — Ele ergueu o olhar, buscando alguma lógica no rosto de Maria.Ela sorriu, o brilho em seus olhos agora carregando algo mais intenso.— Porque eu sabia que você era especial. Que você poderia ser algo mais, algo verdadeiro. Você sempre foi mais bonita do que percebeu, Gabriel. E agora, eu só estou te ajudando a se tornar quem você deveria ser desde o começo.Gabriel balançou a cabeça novamente, as palavras dela soando como uma sentença.— Isso não é certo! Eu nunca quis isso! Nunca pedi para ser... isso!Maria colocou a mão sobre o peito de Gabriel, bem acima de onde os seios se projetavam. O toque dela era estranho, quase invasivo, mas ainda assim carregava uma calma que era perturbadora.— Às vezes, querido, as pessoas não sabem o que querem até que alguém mostre o caminho. Você acha que está sofrendo, mas está apenas florescendo.

— Florescendo? — Gabriel riu, mas o som era mais de desespero do que de humor. — Você... me prendeu aqui, me transformou... Eu nem sei mais quem eu sou!Maria inclinou-se, seus olhos firmes cravados nos dele.— Você é Gabriela. É isso que você é agora. É isso que sempre esteve destinada a ser.O silêncio que seguiu foi quase ensurdecedor. Gabriel sentiu o peso daquela declaração como uma pedra no peito. Ele tentou lutar contra o significado, contra o nome que Maria lhe dava, mas algo no fundo de sua mente — algo que ele não queria reconhecer — começou a ceder.Ele olhou para Amanda, que estava em pé ao lado, observando tudo com olhos arregalados, tão confusa e assustada quanto ele. Mas não havia nada que Amanda pudesse fazer. Maria de Lurds estava no controle.— Agora, meu anjo — disse Maria, levantando-se e ajustando o vestido com um gesto casual —, vamos começar a próxima etapa.— Próxima etapa? — Gabriel perguntou, o tom carregado de medo.Maria apenas sorriu novamente, estendendo a mão para ele como uma mãe que guia uma criança.— Confie em mim. Você ainda não entende, mas logo, tudo fará sentido. E Gabriel, sem forças para lutar, apenas ficou ali, olhando para a mão dela.

Gabriel estava preso à cadeira de rodas, os braços firmemente atados aos apoios laterais. Seus pés estavam apoiados em suportes metálicos, também presos, impossibilitando qualquer tentativa de movimento. O corpo nu estava exposto ao vento fresco do jardim, e pela primeira vez em muito tempo, ele pôde vislumbrar sua forma completa.O choque percorreu sua mente como um relâmpago. O reflexo distorcido no metal polido da cadeira lhe mostrou a realidade: ele estava acima do peso, a pele macia e flácida acumulando-se em lugares onde antes não havia nada além de firmeza juvenil. Seus seios eram grandes, cheios, dolorosamente sensíveis ao menor movimento do ar. A visão deles causou um nó de vergonha em sua garganta, mas o pior era a pressão constante e excruciante em seu baixo ventre.O cinto de castidade metálico apertava seu membro de forma quase cruel. Cada batida de seu coração enviava ondas de dor latejante, como se o dispositivo fosse uma entidade viva, destinada a lembrá-lo de sua prisão. E havia o cateter, aquele tubo fino que ele podia sentir dentro de si, uma presença estranha que parecia ser parte dele agora. O desconforto era tão grande que Gabriel mal conseguia respirar.Enquanto Maria de Lurds empurrava a cadeira pela trilha de pedras que levava de volta à casa, ele tentava processar a torrente de sensações e pensamentos que invadiam sua mente. Tudo parecia surreal, como um pesadelo interminável do qual ele não conseguia acordar.Quando passaram pelo jardim, algo chamou sua atenção. Perto do canto mais afastado, onde ficava a casinha, havia outra estrutura: um pequeno cercado de madeira, semelhante a um chiqueiro. Gabriel virou a cabeça o máximo que podia, tentando enxergar melhor.Foi então que ouviu. Um som abafado, semelhante a um gemido humano, vindo de dentro do cercado. Ele tentou focar, mas a luz do sol e a distância dificultavam a visão. Tudo o que conseguiu distinguir foi um movimento entre as tábuas do cercado, algo que parecia a sombra de uma figura humana.O gemido ecoou novamente, mais alto desta vez, e Gabriel sentiu o sangue gelar em suas veias. Era um som desesperado, carregado de dor e desespero, e algo nele parecia terrivelmente humano.— Não olhe para lá, querido — disse Maria de Lurds, a voz soando doce, mas com um toque de severidade.Gabriel tentou desviar os olhos, mas sua curiosidade instintiva o fez continuar tentando enxergar. Maria percebeu e deu um puxão brusco na cadeira, mudando a direção de forma que ele não pudesse mais ver o cercado.— Eu disse para não olhar. Não é hora de você se preocupar com isso.

— O que... o que é aquilo? — Gabriel conseguiu balbuciar, a voz fraca e rouca.

Maria não respondeu imediatamente. Empurrou a cadeira com mais força, os chinelos arrastando-se pela trilha até que chegaram à porta da casa. Antes de entrar, ela parou, inclinando-se para sussurrar no ouvido de Gabriel:

— Há coisas que você ainda não está pronto para entender. Mas não se preocupe, meu anjo. Tudo isso é para o seu bem.O calor do fôlego dela em sua orelha fez Gabriel estremecer. Ele tentou se mexer, mas a cadeira e as amarras eram implacáveis. Quando Maria abriu a porta e empurrou a cadeira para dentro, ele sentiu o cheiro familiar da casa: café, ervas e algo metálico que parecia impregnado no ar.O alívio de sair do vento frio durou pouco. Assim que a porta se fechou, o peso do confinamento voltou a pressioná-lo como uma corrente invisível. Maria de Lurds empurrou a cadeira até o centro da sala, deixando-o diretamente sob a luz que entrava pela janela.Ela começou a circular ao redor da cadeira, observando Gabriel com olhos avaliadores, como se estivesse analisando uma obra ainda inacabada.— Você está quase pronto, Gabriela. Só falta mais um pouco.— Para quê? — A voz de Gabriel era uma mistura de raiva e desespero. — Para que tudo isso? Eu não quero isso!Maria parou, inclinando-se para olhar nos olhos dele.— Não importa o que você acha que quer. Importa o que você precisa. E o que você precisa, meu anjo, é aceitar quem você realmente é.Gabriel sentiu lágrimas queimarem seus olhos, mas não queria chorar. Não na frente dela.— Isso não é quem eu sou. Eu sou... Eu sou Gabriel!Maria balançou a cabeça lentamente, como uma mãe desapontada com um filho desobediente.— Você era Gabriel. Mas Gabriel era uma casca vazia, um rascunho. Agora, você é Gabriela. É completa. Não há mais necessidade de lutar contra isso.Gabriel tentou desviar o olhar, mas Maria segurou seu rosto com ambas as mãos, forçando-o a encará-la.— Tudo isso é para te libertar, meu anjo. O que você sente agora — o desconforto, o medo, a dor — tudo isso vai passar. Quando você finalmente se aceitar, será como se estivesse renascendo.Ele tentou falar, mas as palavras ficaram presas em sua garganta. Lágrimas silenciosas começaram a escorrer por seu rosto.Maria se afastou e começou a mexer em um dos armários da sala, retirando frascos e seringas que Gabriel não reconhecia. Ele tentou mover os braços, mas a cadeira era implacável. Ele estava preso, vulnerável, à mercê dela.— Logo, tudo isso fará sentido — disse Maria, sem olhar para ele enquanto preparava algo na bancada.Gabriel fechou os olhos, tentando bloquear o momento, tentando se convencer de que ainda havia uma saída. Mas as palavras de Maria ecoavam em sua mente, uma corrente que ele não conseguia quebrar. “Gabriela. Você é Gabriela.” E, pela primeira vez, ele sentiu uma ponta dúvida.

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Adorando a história. Estou muito curiosa pra ler a continuação. Bjsss 💋

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