A sala esvaziava devagar. As cadeiras rangiam, os alunos levantavam com mochilas pesadas nas costas, vozes abafadas preenchendo o ambiente. Cassiano ficou parado junto à mesa, os olhos fixos no fundo da sala, onde Antônio continuava sentado.
Ele não havia se movido. Enquanto todos saíam, Antônio permanecia largado na cadeira, o olhar preguiçoso e distraído fixo na janela. A caneta girava lentamente entre os dedos dele, o som do plástico raspando contra a madeira da mesa ecoando na mente de Cassiano como um alerta.
Quando a última pessoa passou pela porta, Cassiano engoliu seco. O coração batia forte, mas as pernas se moveram antes que ele pudesse mudar de ideia. A sala ficou em silêncio quando ele atravessou o espaço vazio, os passos firmes, mas cada vez mais pesados conforme se aproximava.
Antônio não se mexeu. Nem olhou. Apenas continuou girando a caneta entre os dedos.
Cassiano parou a um passo da carteira dele.
— A gente precisa conversar.
A voz saiu firme, mas o tom estava seco, como se faltasse ar. Antônio sorriu de canto, sem levantar o rosto. O movimento foi quase imperceptível, mas Cassiano o viu e sentiu o estômago afundar.
— Conversar? — murmurou Antônio, girando a caneta uma última vez antes de deixá-la cair sobre a mesa. Ele se recostou na cadeira, as mãos entrelaçadas sobre o peito. — Sobre o quê, professor?
Cassiano prendeu a respiração. O rosto de Antônio estava limpo, sereno, mas os olhos carregavam algo que o desestabilizava: uma certeza arrogante, como se ele estivesse se divertindo com aquilo.
— Não brinca comigo, Antônio. — A voz de Cassiano saiu mais baixa agora, quase um rosnado. — Você sabe do que eu tô falando.
Antônio finalmente ergueu o rosto, os olhos fixando nos de Cassiano. O sorriso ainda estava lá, pequeno, cruel.
— Por que você acha que eu sei de alguma coisa?
— Porque você estava lá. — A frase soou como um soco. Cassiano sentiu o corpo tremer, mas manteve o olhar fixo no aluno. — Você me viu ontem. No prédio velho. Eu quero saber o que você pretende com isso.
O silêncio que se seguiu foi insuportável. Antônio ficou apenas olhando, como se estivesse avaliando a fragilidade de Cassiano, os olhos percorrendo o rosto dele devagar, com algo que parecia quase satisfação. Então ele se inclinou para frente, apoiando os braços na mesa.
— E se eu tivesse visto? O que você acha que eu faria com isso, professor?
Cassiano sentiu a garganta fechar. O coração batia tão alto que ele tinha certeza de que Antônio podia ouvir.
— Você quer dinheiro? Quer... alguma coisa? É isso?
Antônio riu baixo. Não era um riso alegre, mas algo cheio de desprezo, como se estivesse assistindo a um espetáculo ridículo.
— Dinheiro? Não, professor. Não quero nada.
Cassiano franziu o cenho, confuso.
— Então o que você quer? Por que não me deixa em paz?
Antônio se levantou devagar, o corpo alto e magro se desenhando no espaço entre eles. Ele pegou a mochila no chão e pendurou-a no ombro com calma, como se tivesse todo o tempo do mundo. Depois, parou ao lado de Cassiano e inclinou-se ligeiramente, o suficiente para que a voz dele fosse apenas um sussurro.
— Eu só tô observando.
A frase fez Cassiano estremecer. O rosto dele esquentou, os músculos enrijeceram, mas ele não conseguiu reagir. Antônio deu um último olhar — um sorriso de canto, calculado e cruel — e saiu da sala, os passos ecoando lentamente pelo corredor.
Cassiano ficou parado, as mãos cerradas ao lado do corpo, o coração batendo como um tambor descompassado. Ele não sabia se estava com raiva, medo ou vergonha. Talvez fosse tudo ao mesmo tempo. Antônio não precisava fazer nada. Só de olhar, de sussurrar, ele conseguia reduzir Cassiano a nada.
Ele se virou para a janela, o olhar perdido no pátio lá fora. O peito subia e descia rápido, e ele sentiu as mãos trêmulas ao soltar os punhos. As palavras de Antônio ecoavam na mente, afundando nele como ganchos de ferro.
"Eu só tô observando."
Cassiano passou a mão pelo rosto, sentindo a pele quente e úmida. Antônio estava ganhando aquele jogo. E ele não tinha a menor ideia de como sair daquilo. Saiu da sala de aula como se estivesse preso em um pesadelo. O corredor já estava quase vazio, o som dos passos de Antônio reverberando à distância. A frase continuava ecoando na mente dele como uma maldição:
"Eu só tô observando."
Aquilo o fez explodir por dentro. Ele não podia deixar Antônio simplesmente ir embora de novo, como se nada tivesse acontecido. Ele precisava saber. Precisava arrancar dele alguma verdade.
Com passos rápidos, quase trôpegos, Cassiano atravessou o corredor, os sapatos batendo contra o piso frio. Virou o corredor e viu Antônio lá, caminhando devagar em direção à saída, a mochila pendurada em um ombro, o corpo relaxado, como se o mundo inteiro pertencesse a ele.
— Antônio!
A voz de Cassiano soou mais alta do que ele pretendia, mas não importava. Antônio parou no mesmo instante, sem olhar para trás. Ele esperou alguns segundos antes de se virar devagar, o rosto marcado pelo mesmo sorrisinho irritante de sempre.
— Professor? — respondeu, com um tom insolente e arrastado.
Cassiano se aproximou até que a distância entre os dois fosse mínima. Antônio não recuou. Pelo contrário, ele ficou parado ali, como se estivesse se divertindo com a cena.
— Chega dessa porra, Antônio. — A voz de Cassiano saiu baixa, trêmula de raiva, mas firme. — Me diz logo o que você quer. Por que tá fazendo isso?
Antônio ergueu as sobrancelhas, fingindo confusão.
— Fazendo o quê, professor?
— Você sabe do que eu tô falando. — Cassiano cerrou os dentes, sentindo o rosto esquentar. — Por que não me deixa em paz?
O silêncio que veio depois o desestabilizou ainda mais. Antônio inclinou a cabeça de lado, os olhos escuros percorrendo o rosto de Cassiano devagar, como se estivesse tentando decifrá-lo — ou talvez apenas se divertindo com ele.
— Eu não tô atormentando ninguém. — Antônio deu um passo à frente, invadindo o espaço pessoal de Cassiano. — Mas parece que o senhor tá bem preocupado comigo, não é?
Cassiano tentou se afastar, mas suas costas bateram contra a parede do corredor. Antônio avançou mais um pouco, a expressão ainda carregada de falsa inocência, mas os olhos diziam outra coisa: predador.
— O que você quer de mim? — murmurou Cassiano, sentindo o coração bater tão rápido que parecia ecoar no peito.
Antônio não respondeu. Ele apenas observou Cassiano, os olhos baixos demais, demorando-se mais do que deveria. O rosto dele estava próximo, o suficiente para Cassiano sentir o cheiro de sua pele misturado com perfume barato. Aquele cheiro o deixava louco.
— Sabe o que eu acho, professor? — A voz de Antônio veio baixa, quase um sussurro. Ele encostou uma mão na parede ao lado do rosto de Cassiano, prendendo-o ali. — Acho que o senhor tá muito preocupado com o que eu vi. Não tá?
Cassiano desviou o olhar, a respiração curta.
— Cala a boca.
Antônio riu baixo. Ele inclinou-se mais, até que o rosto estivesse a centímetros do de Cassiano.
— Eu te vi, professor. Vi você no prédio velho, sozinho. Vi o que você tava fazendo com aquela mãozinha suada.
Cassiano fechou os olhos, os dentes rangendo. A vergonha queimava cada centímetro do seu corpo.
— Cala a boca... — sussurrou, mas a voz falhou.
Antônio não calou. Ele afastou o rosto apenas o suficiente para olhar para baixo — para o volume óbvio que crescia na calça de Cassiano. O sorriso dele se alargou, cruel e satisfeito.
— Olha só isso... — murmurou Antônio, quase rindo. — O senhor tá duro, professor? Sério? É isso que você quer?
O professor arregalou os olhos e tentou se afastar de novo, mas não havia mais para onde ir. O corpo dele parecia traí-lo, o pau pressionando contra o tecido da calça como uma confissão silenciosa.
— Que vergonha, professor. — Antônio continuou, o tom de voz baixo, grave e carregado de deboche. — O senhor fica assim só de ouvir minha voz? Só de lembrar do que eu vi ontem? É isso que você é, no fim das contas?
Cassiano sentiu o rosto arder, as mãos trêmulas ao lado do corpo. Ele não conseguia responder. Não conseguia se mover. Antônio não precisou tocá-lo, mas o estrago já estava feito.
— Parece que eu nem preciso abrir a boca pra acabar com o senhor. — Antônio se afastou devagar, com aquele sorrisinho de canto que o fazia parecer intocável. — Você já tá se destruindo sozinho, não é?
A cadela ficou ali, encostado contra a parede, a respiração descompassada, o corpo quente e suado. Ele assistiu Antônio se afastar com passos lentos e despreocupados, as mãos nos bolsos e o mesmo sorriso marcado no rosto.
Antes de dobrar o corredor, Antônio olhou por cima do ombro, o olhar afiado como uma lâmina:
— Se cuida, professor. Ainda tô só observando.
Cassiano desabou contra a parede, as mãos cobrindo o rosto. O corpo ainda tremia. Ele sentiu a humilhação queimando cada pedaço de si, o volume na calça murchando lentamente, como um lembrete cruel do que acabara de acontecer.
Antônio tinha vencido.
***
O corredor estava vazio, mas o eco dos passos de Antônio ainda parecia preenchê-lo. Cassiano seguiu em frente, os ombros curvados, o olhar fixo no chão como se cada ladrilho pudesse abrir uma fenda e engoli-lo inteiro. Era o que ele queria.
Chegou ao prédio abandonado sem perceber. Não olhou para os lados, não ouviu o som ao redor. Apenas empurrou a porta com força, o rangido enferrujado ecoando pelo espaço vazio. O cheiro de poeira e papel velho o atingiu como um soco no estômago, mas não o fez parar. Pelo contrário. Era ali que ele precisava estar.
Subiu as escadas devagar, os passos pesados, a mente girando como uma máquina quebrada. Antônio tinha o destruído. Com uma frase, um olhar, ele o havia despido de qualquer dignidade que ainda pensava ter.
"Olha só isso. O senhor tá duro, professor? Que vergonha."
Cassiano parou no topo da escada, as unhas cravadas nas palmas das mãos, os nós dos dedos queimando. O corpo dele ainda carregava o peso daquela humilhação, da voz de Antônio zombando dele enquanto o pau traidor respondia sozinho, ignorando qualquer tentativa de controle.
— Desgraçado... — murmurou, a voz quase inaudível, como se falasse com os próprios pensamentos.
Empurrou a porta do arquivo morto e entrou. A sala estava escura, mas isso não importava. O lugar o engoliu como sempre fazia, as sombras se fechando ao redor dele, tornando-o pequeno, invisível. Era o único lugar onde ninguém o olhava. Ninguém o julgava.
Cassiano parou no meio da sala e olhou ao redor. As prateleiras de ferro, as caixas empoeiradas, os papéis esquecidos. Tudo ali estava morto, assim como ele se sentia por dentro.
Respirou fundo, mas o ar não vinha. O peito subia e descia, a camisa úmida de suor grudando nas costas. Ele sentia as mãos tremerem, e as palavras de Antônio não paravam de ecoar na mente dele.
"Que vergonha."
A raiva veio de uma vez, violenta, sem aviso. Cassiano se virou e socou a prateleira mais próxima com toda a força, o impacto reverberando pelo metal. Uma pasta caiu no chão, espalhando papéis velhos e amarelados, mas ele não se importou.
— Por que você fez isso? Por que você deixou ele te ver assim? — grunhiu entre dentes, a voz rouca e falha.
Socou de novo. E de novo. A dor subiu pelo braço, rasgando os nós dos dedos, mas ele continuou. Precisava sentir aquilo. Precisava doer, porque doía menos do que a vergonha. Quando finalmente parou, as mãos estavam manchadas de vermelho, os cortes pequenos, mas ardidos.
Cassiano deixou o corpo cair, sentado no chão, as costas batendo contra a prateleira. Ele puxou os joelhos contra o peito e descansou a testa nos braços. O silêncio do arquivo morto o engoliu, pesado, sufocante. Tudo dentro dele parecia ruído, fragmentado, como cacos de vidro que não se encaixavam mais.
O tempo parecia não existir ali. O suor escorria pelas têmporas, misturando-se com a poeira no rosto. Ele sentia o corpo pulsar de exaustão, mas a mente não parava.
"Eu só tô observando."
Cassiano cerrou os dentes, os dedos sujos de sangue apertando as mangas da camisa. Antônio não precisava fazer nada. Não precisava contar para ninguém. Ele já havia vencido. Só com um olhar. Só com um sussurro.
— Você é um lixo, Cassiano. — murmurou para si mesmo, a voz quebrada.
Então ele ouviu.
Um som baixo, quase imperceptível, vindo do corredor. Um ranger leve, como madeira se movendo sob o peso de alguém. Cassiano ergueu a cabeça, o coração acelerando de uma vez.
— Quem tá aí?
O silêncio voltou, mais opressivo do que antes. Ele olhou para a porta fechada, a garganta seca, o peito comprimido.
"Foi real? Foi só a minha cabeça?"
Ficou de pé devagar, as mãos doloridas ao se apoiar na prateleira. Caminhou até a porta em silêncio, os sapatos fazendo o mínimo de barulho possível no chão empoeirado. Girou a maçaneta com dedos trêmulos e a abriu lentamente.
O corredor do lado de fora estava vazio. Apenas o som distante do vento soprando pelas janelas quebradas, as sombras dançando nas paredes desgastadas.
Cassiano ficou ali, parado na porta, o peito subindo e descendo rápido demais. O corredor estava deserto, mas ele sentia que não estava sozinho.
Virou o rosto para trás, olhando novamente para o interior da sala. O lugar parecia ainda mais escuro, mais frio, como se escondesse algo que ele não podia ver.
— Tô ficando louco... — murmurou, fechando a porta com um estalo.
Encostou as costas na madeira e deixou o corpo deslizar para o chão mais uma vez. As mãos tremiam sobre os joelhos, o sangue seco já começando a grudar nos cortes. Ele respirou fundo, mas o ar parecia pesado, difícil de puxar.
Por mais que tentasse, não conseguia se livrar daquela sensação — a de que alguém ainda o observava, escondido nas sombras, esperando que ele desmoronasse de vez.
E, talvez, fosse isso que ele mais temia: que alguém realmente estivesse ali.
O silêncio do arquivo morto o devorava, mas algo dentro de Cassiano ainda pulsava, latejante, vivo demais. Ele precisava sair dali. Precisava fazer aquilo parar, precisava de uma forma de se punir, de apagar o que estava sentindo — e sabia exatamente onde procurar.
Com os dedos ainda sujos de sangue, ele empurrou a porta e desceu as escadas devagar, os passos firmes mas descontrolados, como se o próprio corpo soubesse o caminho antes da mente. O vento gelado que soprava pelo pátio não ajudava. A camisa estava grudada em seu peito suado, a gravata ainda pendurada frouxa no pescoço, como um laço pronto para apertá-lo até o fim.
Seguiu direto para o prédio principal, os corredores vazios àquela hora, o som dos seus sapatos ecoando alto demais. Quando chegou ao vestiário masculino, olhou para os lados. Ninguém. Empurrou a porta e entrou.
O cheiro de cloro, suor e desinfetante o atingiu, familiar e sujo. O coração batia rápido, as mãos tremendo ao apertar o cinto. Antônio estava ali. Ele sabia que estaria.
— Procurando alguma coisa, professor?
A voz veio baixa, cortante, de um dos cantos do vestiário. O fez congelar por um segundo, os olhos seguindo o som. Antônio estava encostado na parede do fundo, a mochila no chão, os braços cruzados sobre o peito.
— Você me seguiu? — perguntou Antônio.
Ele não respondeu. Não conseguia responder. O corpo dele estava quente, o sangue correndo rápido demais. Ele sentia o olhar de Antônio atravessá-lo, invadindo cada centímetro da sua pele.
Antônio deu dois passos para frente, aproximando-se devagar, como um predador encurralando a presa.
— Você é pior do que eu pensava, sabia? — murmurou, a voz baixa e carregada de algo que o outro não conseguia nomear. — Sei o que você quer, professor. Dá pra ver nos seus olhos.
Cassiano abriu a boca para retrucar, mas a voz não saiu. Antônio parou à sua frente, tão perto que o cheiro de seu suor invadiu suas narinas. O olhar de Antônio desceu devagar, do rosto dele até o volume que já começava a se formar na calça.
— Olha só isso... — Antônio riu baixo, o som carregado de desprezo. — Você é um lixo mesmo, hein?
A frase foi como um estalo. Cassiano sentiu o rosto queimar, o peito apertar, mas a excitação pulsava mais forte do que a vergonha. Ele não conseguia controlar. Não queria controlar.
Antônio aproximou o rosto mais um pouco, até que os lábios quase roçassem o ouvido de Cassiano.
— De joelhos.
As pernas do professor fraquejarem. Ele olhou para Antônio, os olhos arregalados, mas o corpo já traía qualquer tentativa de resistência. O comando ressoou dentro dele como uma ordem divina, algo que ele não poderia desobedecer.
— Eu disse: de joelhos. — repetiu Antônio, mais firme agora.
Caiu de joelhos no chão frio do vestiário, as mãos ainda ao lado do corpo, os olhos baixos. Ele não conseguia respirar direito, o rosto queimando, o pau duro apertando contra a calça.
Antônio sorriu, olhando para ele como um rei satisfeito com o espetáculo. Abriu o cinto, deixando o som metálico ecoar no ambiente silencioso.
— Você quer isso, não quer? — Antônio murmurou, abrindo o zíper devagar. — É pra isso que você serve, professor. Pra abrir essa boca e ficar quieto.
O outro ergueu os olhos e viu o pau duro de Antônio ser libertado da cueca. O membro era grosso, pulsante, a glande vermelha brilhando com o pré-gozo. A visão o fez gemer baixo, quase sem perceber. Ele engoliu em seco, o coração batendo tão rápido que parecia prestes a explodir.
— Abre essa boca.
A obediência veio sem pensar. Antônio segurou o pau pela base e o empurrou devagar contra os lábios entreabertos. Ele sentiu o gosto salgado na língua, o peso do membro entrando, e gemeu mais alto, os olhos fechados enquanto se deixava usar.
— Olha pra mim. — ordenou Antônio, puxando-o pelo queixo.
O submisso abriu os olhos devagar, encontrando o olhar escuro e firme de Antônio acima dele. A humilhação o consumia, mas o prazer era inegável. Antônio segurou a cabeça dele com firmeza e começou a se mover, as estocadas lentas no início, depois mais rápidas e brutas.
— Isso... chupa, professor. Mostra que você sabe o seu lugar.
O som dos gemidos abafados de Cassiano e das estocadas de Antônio preenchia o vestiário. A saliva escorria pelo queixo de Cassiano, pingando no chão, mas ele não se importava. Ele se entregava completamente, deixando Antônio usá-lo como queria.
— Que coisa patética... — murmurou Antônio, puxando o Cassiano pelo pescoço com força, fazendo-o olhar para cima enquanto continuava a foder a boca dele. — Um professor respeitado, ajoelhado no chão, de boca cheia.
Cassiano gemeu, sentindo o pau pulsar ainda mais dentro da calça, mas ele não se tocou. Não podia. A humilhação era o que ele queria. O que ele precisava.
O ritmo de Antônio ficou mais rápido, as mãos puxando com força a nuca de Cassiano, até que ele grunhiu alto e gozou, derramando-se fundo na garganta dele. Cassiano engoliu tudo, sem resistir, o som baixo e sufocado escapando de seus lábios.
Quando Antônio finalmente se afastou, Cassiano caiu para trás, sentando-se no chão, ofegante, o rosto ardendo e molhado de suor e saliva. Ele não conseguia olhar para cima. Antônio ajeitou a calça, ainda com o sorrisinho no rosto.
— Parece que eu descobri o que o senhor realmente é, professor. — murmurou ele, pegando a mochila no chão. — E eu nem precisei contar pra ninguém.
A cadela ficou ali, o corpo mole, os olhos fixos no chão. Quando Antônio saiu do vestiário, ele deixou a porta bater devagar, o som ecoando como um lembrete cruel do que havia acabado de acontecer.
Levou os dedos trêmulos até os lábios, o gosto de Antônio ainda ali. A humilhação queimava tão forte que ele quase podia senti-la na pele, mas, por dentro, ele sabia: era isso que ele merecia.
Devagar, ele se forçou a se mexer. Primeiro as mãos no chão, depois os joelhos se estendendo. Quando finalmente ficou de pé, as pernas pareciam de chumbo, os cortes nos dedos ardiam, lembrando-o da própria tentativa de resistência inútil.
Cassiano caminhou até a pia, os passos arrastados ecoando no vestiário vazio. Ele girou a torneira, e a água fria jorrou, batendo no mármore com violência. Colocou as mãos embaixo, sentindo o ardor aumentar conforme a água limpava o sangue seco. As gotas avermelhadas desciam pelo ralo, como um lembrete físico de tudo o que havia acontecido.
Respirou fundo e ergueu o rosto, encarando-se no espelho.
A imagem refletida o fez querer quebrar o vidro. O rosto estava úmido de suor, os olhos vermelhos e fundos, a camisa amarrotada e molhada nas costas. O reflexo era o de um homem derrotado, alguém que não conseguia esconder mais nada.
— Que merda você virou... — murmurou, a voz baixa, quase inaudível.
Ele passou água no rosto, esfregando com força como se pudesse limpar a sujeira que sentia grudada na pele. A água fria escorreu pela pele, pingando na camisa aberta no colarinho.
Quando finalmente baixou as mãos, respirando fundo, ele viu.
No espelho.
O corpo de Cassiano enrijeceu de imediato. Atrás dele, ao fundo do vestiário, a porta de uma das cabines se abriu lentamente. Por um segundo, ele pensou que estivesse vendo coisas, que a mente estivesse pregando alguma peça cruel. Mas não. Era real.
Jorge.
O homem saiu da cabine, ajeitando a postura com calma, como se já soubesse que estava sendo observado. Ele vestia uma camisa social escura, mas a expressão era impossível de ler — séria, quase indecifrável. Calculada.
Cassiano ficou paralisado, o coração subindo até a garganta enquanto assistia Jorge atravessar o espaço silencioso, os passos dele firmes demais, lentos demais.
Foi então que viu.
A mão de Jorge deslizou para o bolso da calça e guardou um celular.
Um arrepio percorreu a espinha de Cassiano como uma descarga elétrica. O ar ficou preso nos pulmões.
Ele estava ali o tempo todo.
O que ele viu?
O que ele gravou?
Será que gravou?
Por que ele estava ali?
Jorge passou ao lado de Cassiano sem dizer nada. Nenhuma palavra. Nenhum olhar direto. Apenas parou por um segundo perto da porta, como se estivesse pensando em algo, e murmurou com a voz baixa, mas firme:
— Você precisa tomar cuidado, Cassiano.
A porta se abriu e fechou logo em seguida, o som ecoando pelo vestiário vazio.
Cassiano continuou parado, as mãos apoiadas na pia, os olhos ainda fixos no espelho. Seu rosto estava mais pálido do que nunca. A água fria escorria do queixo e pingava sobre a camisa aberta, mas ele nem se moveu.
A mente girava como um turbilhão. Jorge não tinha aparecido ali por acaso. Não com aquele celular. Não com aquela frase.
"Você precisa tomar cuidado."
O peito de Cassiano apertou, o coração disparado como um tambor de guerra. O vestiário parecia menor agora, as paredes mais próximas, como se estivessem prestes a esmagá-lo. Ele passou as mãos trêmulas pelo rosto e olhou novamente para o espelho, o reflexo devolvendo um homem destruído, incapaz de reagir.
Antônio. Jorge. A humilhação. O controle perdido.
Tudo estava fora de lugar. Tudo estava fugindo do controle. E agora, Jorge também sabia.
Cassiano puxou o ar com força e saiu do vestiário quase correndo, os passos ecoando pelos corredores vazios da faculdade. Ele precisava pensar. Precisava entender.
Mas, pela primeira vez, sentiu que não havia saída.