Linda era uma bibliotecária, ruiva,seu cabelo encaracolado estava somente a um palmo de sua cintura, que era fina em contraste com suas coxas grossas, seios e bunda grande. Além disso usava óculos de grau estilo aviador que a deixavam ainda mais sensual, raramente usava calça, limitando seu guarda-roupa em saias e vestidos, mas apesar disso ainda mantinha traços internos muito parecidos com o da menina que era a 20 anos atrás.
Um deles era o fato de gostar de frequentar a biblioteca, pois quando era mais nova, e sua vida mais turbulenta, aquele era o único lugar que a trazia o sentimento de segurança em toda a pequena cidade de Derry.
Porém com os seus 30 anos de idade não se lembrava muito bem como criou vínculo com aquele lugar aconchegante, apenas tinha lapsos de memória de sua infância mas era tudo tão confuso que a moça não conseguia distinguir ao certo se foi um sonho ou algo que aconteceu de fato, então passou parte de sua vida adulta forçando sua mente a recuperar a lembrança do que ficou recalcado, mas fracassava recorrentemente e o máximo que surgia em sua cabeça eram lapsos de um quebra cabeça de imagens da biblioteca, seu pai, outras crianças e curiosos balões vermelhos.
Entretanto, naquele estranho 31 de outubro de 1995 esses fragmentos se transformaram magicamente de forma tão clara que era como se ela tivesse acabado de viver os acontecimentos de seus dez anos de idade.
Era final de expediente de um dia muito chuvoso e por volta das seis da tarde Linda organizava uma pilha de livros devolvidos, os colocando em seus devidos lugares.
Tudo ia bem até que dentre os livros que organizou encontrou um título que não se lembrava de ter visto.
“ A ruivinha e o palhaço”, em letras douradas com a capa do livro sendo estampada por balões vermelhos em um fundo negro.
Pelo seu estranhamento com a obra desconhecida e seu instinto como leitora, procurou pelo nome do autor na capa e sinopse entretanto não achou nenhuma dessas informações, tão pouco a editora.
-Mas que bobagem, sua função é só colocar isso no lugar certo e não fazer uma resenha literária. - Pensava ela em voz alta.
Abriu o livro e encontrou a ficha de devolução, o nome que constava nela era Robert Gray, não se lembrava de ter visto essa pessoa naquele dia, mas acreditava que por ser um nome comum poderia ter o deixado passar despercebido, entretanto o mais curioso era a data que constava na ficha.
Robert Gray alugou o livro em 31 de outubro de 1975, Linda apenas pensou “Que cliente esquisito, devolveu com vinte anos de atraso e colocou o livro escondido aqui só para não pagar a multa, era mais fácil não ter devolvido então”
Poderia ter procurado os registros em algum livro velho e empoeirado ou simplesmente ter guardado o livro, mas ao invés disso foi tomada por uma sensação familiar a leitores assíduos, tinha uma coceirinha na palma de sua mão e uma formigação nas pontas de seus dedos, Linda sabia que estava na hora de começar uma nova leitura, por mais que fosse um livro infantil que tenha ativado esse seu “sexto sentido”, então começou a esfoliar as páginas amareladas daquele objeto misterioso.
“ Todas as pessoas são esquisitas antes de atingir a idade adulta,mas aquela ruiva era certamente era a mais estranha de todas as pessoas naquela faixa etária elas, com os cabelos cacheados, alaranjados e vibrantes como uma cenoura, tinha muitas sardas pelo rosto, braços e colo, mas o que mais chamava atenção eram seus olhos escuros que contrastavam com sua pele branquinha e seu cabelo chamativo.
No entanto, uma das várias coisas que a tornava esquisita era o seu corte de cabelo, curto como o de um menino e as roupas masculinas que usava, ela odiava se vestir assim mas era uma precaução de sua mãe que percebia o comportamento estranho do pai dela, seu marido e fazia isso para que sua filha não chamasse atenção dele.
A ruivinha não entendia a complexidade da situação naquela época, mas sabia que seu pai era bravo e ficar perto dele significava estar sempre apanhando e levando bronca, então passava o dia na biblioteca para não ficar perto dele.
Na primeira vez em que viu o palhaço era mais um dos dias em que estava na biblioteca, enquanto seu maldito pai estava em casa e sua mãe trabalhando.
Ela estava sentada em uma das mesas de estudo lendo um livro grande, velho e empoeirado, não tinha mais ninguém naquele horário e havia decoração de Halloween por toda a parte.
-O dia está lindo, porque não está lá fora com gente da sua idade ao invés de ficar lendo? - Perguntou Sra. Jenkins, a bibliotecária que trabalhava lá naquela época.
- Eles têm piolho, e eu não preciso de amizade de gente piolhenta. - A ruivinha sabia muito bem que estava mentindo, a verdade é que ninguém queria ser amigo dela.-E esse livro sobre a história do encanamento da cidade é muito mais legal.
Sra. Jenkins sabia sobre o pai da ruivinha e se preocupava com ela, gostava de saber que ela estava segura na biblioteca mas queria que a garota fosse um pouco mais normal e socializasse mais, então frequentemente insistia para que ela fizesse amizades, mas como fracassava nisso tentava ao menos indica-la as histórias mais legais para serem lidas.
- Não acho que esse livro seja tão divertido assim para alguém da sua idade mocinha, vou devolver essa coisa. - Disse Sra.Jenkins, que apontou para um corredor colorido na ala infantil. - Ali tem livros de princesa, procure por algum, você vai gostar.
Sozinha, a ruivinha foi até lá enquanto a bibliotecária se afastava para devolver o outro livro.
Ela procurava por algum conto de fadas que ainda não tivesse lido quando sentiu uma presença estranha ao seu lado.
Ele era alto, magro e muito branco, usava uma roupa branca cheia de botões vermelhos, e ao ver seu nariz fino pintado de vermelho a ruivinha sorriu ao notar que estava na presença de um palhaço.
- O que faz sozinha aqui, ruivinha? - perguntou ele com sua voz baixa e hipnótica.
- Estou procurando por um livro - respondeu a ruivinha. - Consegue pegar esse da capa verde para mim? - Ela esticava seus bracinhos tentando alcançar a prateleira mais alta mas fracassava.
- Claro. - Respondeu o palhaço surpreso, por uma criança estar tanto tempo assim perto dele sem esboçar medo. -Mas também vou querer que me faça um favor, certo?
- Qualquer coisa. - Disse a ruivinha que encarava fixamente os olhos amarelos e brilhantes como estrela do palhaço.
Ela abraçou e inalou o cheiro do livro ao tê-lo em suas mãos, estava ansiosa para ir a sala de estudos e ver a nova história sobre duendes, mas ficou parada esperando o que seu novo amigo pediria.
-Sei que é muito inteligente ruivinha, por isso vou te contar um segredo.- Disse ele estendendo a mão para um aperto de mãos.
Ela lembrou-se da mãe, sempre ouvia que não podia ouvir segredos de estranhos, ainda mais homens. Mas o palhaço ajudou ela, passava uma segurança então ela iria ouvir esse segredo, e além disso ela estava muito curiosa.
-Meu nome é Robert Gray, mas estou disfarçado de Pennywise, o palhaço dançarino, uso esse disfarce para me alimentar, mas como pode ver estou muito magro.
-Me desculpe Pennywise, mas não posso te ajudar, não tenho nenhum dinheiro comigo e já comi meu sanduíche. - Disse ela triste e cabisbaixa.
- Mas você vai me ajudar ruivinha, meu alimento é diferente, eu devoro as pessoas através das emoções delas e o medo é a minha comida favorita. - A garota começou a ficar desconfortável, procurou com seus olhos ao redor esperando a Sra.Jenkins mas não encontrou um sinal dela. - Não precisa ficar nervosa, não vou te comer, você tem medo mas é muito corajosa, não seria o suficiente para matar a minha fome.
- Não gosto dessa conversa. - Falou ela se afastando.
- Mas você disse que ia me fazer um favor e eu sei que vai cumprir sua promessa ruivinha. - Ele curvou as costas para ficar do tamanho mais próximo dela e de repente apareceu com um balão vermelho em suas mãos. - Esse balão é para você Linda, quando encontrar alguém com muito medo estoure ele e eu vou até você se alimentar dessa pessoa.
- Como sabe meu nome? - Falou Linda.
- Eu sei tudo sobre você, ruivinha. Sua mãe, sua vida, seu pai…-Disse Pennywise com sua voz mansa e grave se aproximando dela.
-Não fale sobre meu pai. - Gritou a ruivinha
- Por que não? Ele é o motivo pelo qual você está aqui, não é? O motivo pelo qual você se esconde - disse Pennywise que esboçava ódio na voz.- Ele não é bom com você.
- Vá embora! - exigiu a ruivinha, sua voz tremendo.
- Vou, mas vamos nos ver de novo amiguinha, você ainda me deve um favor e se for inteligente vai arrumar um meio desse favor ser útil a você. -Disse Pennywise desaparecendo no ar, deixando a ruivinha sozinha e confusa.
Ela assustada e irritada com o palhaço, só tinha o balão vermelho como lembrança, mas resolveu soltá-lo e deixá-lo voar no ar pois não queria que ninguém virasse a jantar de Pennywise por culpa dela.
Decidiu voltar mais cedo para casa, encontrou a bibliotecária, alugou seu livro e saiu às pressas de lá, pensou na possibilidade de ter sido tudo coisa da imaginação dela ou do palhaço ser alguém mentindo para ela sobre essa história de se alimentar de medo.
Entrou sorrateiramente em sua casa e delicadamente para não chamar a atenção de seu pai, mas percebeu que estava sozinha, imaginou que ele provavelmente foi chamado às pressas para arrumar alguma coisa no trabalho, então ficou na sala lendo.
Começou a ler “O mágico de Oz”, mas não entendia a personagem Dorothy pois se um furacão a transportasse para uma terra mágica repleta de tijolos dourados, animais falantes e bruxas ela jamais iria querer ir embora de lá.
“Eu sou um verdadeiro covarde. Nem posso olhar para minha própria sombra sem tremer” a ruivinha achava graça do leão medroso, ficava pensando que se ele fosse um cidadão de Derry teria estourado o balão para chamar Pennywise.
Depois de um tempo fechou o livro, resolveu deixar o restante da leitura para depois e foi até seu quarto, mas no momento em que adentrou o cômodo foi surpreendida pelo balão vermelho, que flutuava lentamente adentrando seu quarto.
Morava em uma área rural próxima a um milharal, não tinha vizinhos, e provavelmente seu pai que era mecânico agrícola seria o único a estar por aquelas redondezas, sabia que era o presente de Pennywise chegou lá magicamente e não outro balão ou qualquer outra coincidência, então conflitante resolveu pegá-lo.
Enquanto ela examinava o objeto, ouviu um barulho estrondoso na porta da sala, tinha certeza que era seu pai, provavelmente irritado por terem atrapalhado a folga dele e não tinha dúvidas que ele descontaria nela em breve.
-Linda cadê você? - Não demorou muito para que ele notasse a presença dela e saísse berrando pela casa.- Que merda é essa?
Ele abriu abruptamente a porta do quarto dela e sacudia “O mágico de Oz” em suas mãos.
-É um livro papai, emprestei da biblioteca. - Respondeu ela confusa e trêmula.
- Sei que não é burra, então deve fazer isso de propósito para me irritar. - Ele passava as mãos nos próprios cabelos e chegava cada vez mais perto dela. - Você sabe como eu odeio espantalhos, porque largou a porra de um livro com um espantalho no meu sofá?
Ela fechou os olhos com força, sabia que não ia adiantar pedir desculpas, mas ela estava tão distraída com a historinha que deixou o detalhe da capa passar despercebido.
-Sua merdinha. - Disse ele que a acertou forte com a capa dura do livro no rosto dela.
Linda cambaleou para trás, precisando se apoiar na parede para não cair, ainda segurava o balão com muita força como se ele de alguma forma a desse força para não chorar, mas ao notar as juntas dela esbranquiçadas de tanto apertar aquele cordão o homem finalmente notou a presença daquele objeto.
-Onde arrumou isso? - Indagou ele.
-E-eu ganhei de um moço na biblioteca, ele é meu amigo. - Já estava soluçando, se segurando para não chorar, sentia uma queimação na bochecha, com certeza ficaria marcada, mas o que mais a preocupava era se Pennywise poderia ser um amigo para ela.
- Filha minha não tem amizade com meninos, isso tudo é culpa da sua mãe que te veste como um menino e você acaba agindo como um mesmo. - Ele começou a passar a mão no ombro dela a deixando aflita.
Linda sabia o que ele queria fazer e por isso , já escorriam lágrimas de seus olhos, mas pensou no leão do livro, no balão e no palhaço dançarino.
-O moço da biblioteca é adulto igual o senhor, não é um menino. - Disse ela com a voz firme. - E ele sabe de tudo que você faz comigo, e não gosta nem um pouquinho.
Ele se afastou dala e ela notou algo diferente no olhar dele, era o mesmo olhar de quando ele falava do espantalho, mas naquele dia foi a primeira vez que Linda reconheceu que aquele olhar era medo, então sem pensar duas vezes ela estourou o balão.
Com aquele estouro, um silêncio sepulcral tomou conta do quarto, o pai de Linda paralisou e ela sentiu um arrepio, sabia que tinha chamado Pennywise.
Mas ele não apareceu repentinamente como ela pensou que aconteceria, então o pai avançou nela de novo.
-Eu mandei você não abrir o bico, sua vagabunda. - Disse ele direcionando um soco a ela.
A ruivinha conseguiu desviar e correu para fora do quarto, mas não estava fugindo de medo, ela sentia que o palhaço estava próximo e precisava ir de encontro com ele.
-Volta aqui sua ninfeta.
- Vou encontrar o meu amigo Pennywise e contar tudo que você faz comigo e com a mamãe e ele vai me levar em uma delegacia. - Berrou ela bravamente, sem parar de correr.
A ruivinha finalmente entendeu como funcionava o jogo do medo, e seu pai nunca mais a assustaria de novo pois agora ela aprendeu a assustá-lo de volta.
Ela acelerou os passos até o milharal, era rápida mas sabia que em algum momento o pai a alcançaria, mas ela precisava que o palhaço a alcançasse primeiro.
Ofegante, no meio da plantação, próxima a um espantalho de palha escutava os passos pesados do homem que a perseguia, mas sentia a presença do palhaço cada vez mais próxima, se percebeu diante dele, mas não o via em lugar nenhum e ao parar de correr para tomar fôlego e procurá-lo seu pai a agarrou pelos cabelos.
-Para de mentir, sei que não tem amigo nenhum, vou te levar para longe desse espantalho e te dar uma lição. - Ele a segurava tão forte pelos cabelos que Linda era forçada a fechar os olhos pela dor.
-Pennywise estou aqui, estou com medo, mas não é de você. É dele. -Disse ela com a voz firme e baixa.
De repente o ar ao redor mudou, o vento começou a soprar forte, as plantas do milharal se agitarem e o céu a ficar escuro, como o aperto de seus cabelos foi afrouxado Linda abriu os olhos a tempo de ver Pennywise surgir das sombras.
-Você não deve ter medo de mim Linda. -Disse Pennywise. - Ele sim.
O pai de Linda recuou com seu rosto pálido.
-Não pode ser. Você não existe.
Pennywise sorriu, seus dentes ficaram pontudos e enormes.
-Existo para aqueles que tem medo, e ruivinha você acertou seu pai tem muito medo. - Falou ele olhando fixamente para o pai dela. - Medo de ser descoberto.
- E de espantalhos. - Disse ela com um sorriso maquiavélico ao ver o espantalho que estava diante deles começar a se mover.
- Hora do espetáculo ruivinha. - Disse Pennywise que em um estalar de dedos fez a menina flutuar sobre o milharal.
Ela conseguia ver tudo lá de cima, seu pai gritava e corria do espantalho, Pennywise sumiu de vista mas ela sabia que ele estava ali.
Até que no meio daquela confusão enxergou uma máquina agrícola funcionando misteriosamente mas sem nenhum piloto dentro.
O homem cego pelo medo, e eufórico ao correr do espantalho e do palhaço não enxergava nada diante dele, então só restou a ele gritos agonizantes de dor quando o veículo o atingiu, manchando toda a plantação de vermelho.
Tinha acabado, a ruivinha nunca mais voltaria a sentir medo dele de novo, afinal seu pai estava morto.
Lentamente ela foi descendo, até que seus pés tocaram ao chão, Pennywise surgiu ao lado dela, ele agora não era magro e sim um homem forte, não usava a peruca laranja de palhaço e sua maquiagem estava mais fraca, e seu rosto mais nítido.
-A gente vai brincar juntos de novo?
-Quem sabe. - Ele achou graça da reação dela, sabia muito bem que ela não perguntou com nenhuma inocência, Linda percebeu que eles mataram uma pessoa juntos e tinha gostado. - Se isso acontecer vai estar mais grandinha, talvez não queira mais brincar de dar sustos.
- Vai demorar muito para voltar então.- Disse ela com uma pontada de tristeza na voz.
- Vou, mas se você for para a sua casa e não contar a ninguém sobre mim e sobre o que fizemos prometo que vou te visitar. - Se despediu o palhaço desaparecendo no ar.”
Ao terminar o livro, trêmula Linda o fechou, batendo com brutalidade a capa sobre as páginas, ela sabia desde o segundo parágrafo que aquela história falava de sua infância, e agora ela se lembrava de tudo.
Mas além da memória perturbadora, não se sentia mais só, sabia que Pennywise havia voltado.
Ela retirou uma faca que guardava consigo em uma das gavetas da recepção e andou rapidamente até a porta da frente, mesmo que seu expediente não tivesse terminado estava decidida a deixar o lugar antes que encarasse o palhaço maldito.
As lâmpadas que iluminavam a biblioteca estavam enfraquecidas e piscando, o que seria uma curta caminhada até a porta parecia levar uma eternidade diante daquele tormento.
Linda se desesperou mais ao perceber que a maçaneta simplesmente não girava, correu por outros pontos da biblioteca, as janelas também estavam trancadas, só restava a porta dos fundos, mas a ruiva sabia que era uma perda de tempo, Pennywise não a deixaria ir embora e estava só se divertindo com ela sadicamente.
-Pennywise, Robert Gray ou seja lá o seu nome, sei que está aí. - Gritava ela no meio das imensas prateleiras de livros que pareciam cercá-la. - Some daqui.
Uma risada alta e grossa rondou pelo prédio, Linda sentiu um arrepio no espinho.
-Há vinte anos atrás eu disse que queria te ver de novo, mas eu mudei de ideia. Pode ir embora. - Gritava ela pelos imensos corredores.
Repentinamente as costas dela se chocaram contra uma das das prateleiras e seu corpo ficou prensado entre ela e o palhaço que resolveu aparecer.
Pennywise segurava firme a mandíbula dela com sua enorme mão pálida, pela gritante diferença de altura, Linda só atingia um pouco mais da metade de seu tórax, então ele tinha que abaixar para encará-la nos olhos, estes que parecia ainda mais profundos sobre uma maquiagem desgastada de palhaço em sua pele branca, e fios de seu cabelo caiam sobre a testa, também não vestia típicas roupas de circo e sim roupas comuns. Tudo isso deixava a ruiva com a impressão de que ele era um palhaço depois de um espetáculo, naquele momento em que o artista já está a sós no camarim retirando sua caracterização.
-Cresceu bastante Linda, se não fosse seus olhos teria te confundido com outras ruivas.- A bibliotecária inutilmente tentou esfaqueá-lo, mas antes que a lâmina o atingisse magicamente sumiu no ar. - Ei, por que está assim? Achei que ia voltar a ser minha amiga depois que se lembrasse.
- Não veio aqui se alimentar de mim, como fez com o meu pai?
- Ruiva olha bem para mim. - Disse ele a agarrando forte pela mandíbula a forçando a encará-lo. - Você acha mesmo que preciso me alimentar de medo no momento?
Notando como ele estava forte Linda pensou “Realmente, não é fome, quando eu era criança e ele veio até mim estava muito mais magro”, e além dos músculos a ruiva percebeu como por trás daquela maquiagem estranha e olhos amarelos macabros ele era um homem bonito.
Tinha o nariz bem desenhado, cabelos castanhos e lisos, mandíbula definida e uma boca que achou bonita.
“Não, não devo estar enlouquecendo” pensava Linda que fechava seus olhos com força no momento numa tentativa falha de repreender seu pensamento sobre a aparência dele.
-Esperei muito tempo para te ver depois do dia em que nos conhecemos, mas sempre que pude voltei nessa biblioteca pensando em você. - Disse ele se abaixando para se aproximar da altura dela. - Fiquei feliz que finalmente voltou para essa cidade, o emprego de bibliotecária realmente caiu bem em você.
Por um breve tempo o barulho dos batimentos cardíacos de Linda ecoando aceleradamente, eram os únicos sons audíveis na biblioteca pois até mesmo a respiração de ambos pareceu paralisar, mas o pavor inicial que a dominava foi substituído por um sentimento de familiaridade e todo o medo que sentiu foi tomado por uma camada de gratidão por ele tê-la libertado de seu pai, mesmo que usando um método sinistro.
Finalmente abrindo seus olhos, ela notou como ele parecia mais humano, ou menos monstruoso e pensando em como ele voltou, talvez por ela, um calor estranho se espalhou pelo seu peito junto de um arrepio que tomou seu corpo, agora tinha a percepção de como estava conectada a ele e junto disso veio a súbita captação mental do quanto eles são parecidos, e de que agora era a vez de Linda se alimentar dele.
Reuniu o pouco de força que ainda tinha para puxar o corpo dele contra o seu, e ele perplexo, soltou a mandíbula dela que finalmente conseguiu tomar o impulso de aproximar-se ainda mais e chocar sua boca contra a dele.
Ainda hesitante, o beijo começou com os lábios de Linda trêmulos no entanto se tornou intenso e rapidamente as línguas de ambos se cruzaram, Pennywise por sua vez estava surpreso ao experimentar um sentimento diferente de medo, e sua boca que normalmente se curvavam em um sorriso cruel correspondiam ao beijo de Linda com voracidade, os lábios dele eram macios como uma nuvem, o que era uma incongruência com a realidade de seu ser tornando a situação tão intrigante que a fazia se sentir como se estivesse beijando o céu de uma noite sem estrelas.
Quando finalmente se separaram, ainda próximos, a respiração de Linda era rápida, entrecortada ela abria e fechava a boca em uma tentativa falha de dizer algo mas sem conseguir deixar as palavras saírem.
-Ruiva, o que você fez? - Questionou ele incrédulo.
- Não sei. - Disse ela em um sussurro. - Quero que se alimente de mim.- Suas bochechas sardentas coraram ao dizer. - Mas queria que provasse algo mais gostoso do que meu medo.
- Tem certeza? Isso pode ser perigoso para nós dois. -Disse ele com uma mistura de malícia e incerteza surgindo em seus olhos amarelos. - Porque se eu começar vai ser do meu jeito e eu só vou parar depois que estiver saciado.
Linda não respondeu, só começou a desabotoar sua camisa expondo o pano rosa do seu sutiã rendado, mas antes que conseguisse tirar a roupa, ele agarrou seus punhos com firmeza bem acima da cabeça dela.
-Se quer mesmo então me pede direito vadia. - Disse ele, com a boca colada no ouvido dela.
- Me come. - Falou ela timidamente sentindo a boca dele mordiscar seu ouvido.
Com uma de suas mãos em volta da cintura dela, a apertou mais forte, e de forma provocante roçou seu pênis duro contra a intimidade de Linda, que não conseguiu conter seu gemido.
-Me fode. -Pediu ela manhosa, ao ter seu pescoço atacado por chupões.
Ele satisfeito com a resposta dela, a deu um selinho que logo se tornou um beijo quente, e os punhos dela foram soltos, somente para que Pennywise terminasse de tirar a camisa dela, junto de seu sutiã.
Não demorou muito para que os dois já estivessem praticamente nus, dando amassos no chão da biblioteca, Linda ainda usava sua calcinha junto de uma saia xadrez com o comprimento um pouco acima dos joelhos e o palhaço ainda usava sua cueca.
Já por cima da ruiva, abocanhou seus seios fartos como se de fato a fosse devorar no sentido literal, estava mais duro que uma pedra ao tocar aqueles peitos branquinhos com os mamilos rosados, e com uma das suas mãos grandes e firmes a tocou por debaixo da calcinha masturbando o grelo totalmente encharcado de Linda, que o agarrava pelos cabelos implorando por mais.
Mas claro, por mais que aquelas tetas fossem deliciosas, estavam longe de serem o suficiente para satisfazê-lo, então logo desceu seus lábios levantando a saia da ruiva e abaixando a calcinha dela até o tornozelo.
A ruiva não estava preparada para o quão prazeroso era receber uma chupada dele e seu corpo instantaneamente amoleceu no momento em que a língua dele encostou em sua boceta.
Trepar com uma criatura sobrenatural tinha suas vantagens, e Linda estava usufruindo perfeitamente delas pois ele usava suas habilidades para penetra-la com a língua ao mesmo tempo em que conseguia fazer movimentos de sucção no clitóris.
A ruiva revirou os olhos, tremeu, gritou e até mesmo chorou com a língua dele se movendo dentro e fora dela de uma maneira totalmente enigmática, teve um orgasmo em sequência de outro pois ele a achou totalmente saborosa, e só deu trégua a Linda quando a deixou em um estado totalmente catatônico, com o corpo tremendo, respiração ofegante e com o chão ensopado pelos fluidos dela.
Com o corpo dela ainda tendo espasmos e bastante fraco, Pennywise a colocou de joelhos e ao notar que ela mal conseguia se equilibrar na posição usou o cinto de sua recém tirada calça como uma espécie de coleira para manter Linda na posição e claro bem dominada.
O couro do cinto arranhando seu pescoço a tirou do transe em que se encontrava, mas rapidamente a colocou em outro pois ficou hipnotizada pelo volume grande na cueca dele.
E quando ele expôs o pau para fora, a ruiva arregalou seus olhos escuros pelo tamanho e grossura do estava determinada em fazê-lo caber, mesmo sem saber como.
Pennywise ficou com ainda mais tesão ao ver a cara dela, e segurou os cabelos dela junto do cinto e com sua mão livre a acertou com um tapa em cada lado do rosto.
-Você é mesmo uma puta gostosa, mas ainda não sei se merece meu pau.
- Por favor. - Disse Linda já entendendo sua posição. - Me deixa te chupar, prometo que vou engolir tudo.
- Sem usar as mãos. - Exigiu ele batendo com o pau em uma das bochechas dela.
Linda colocou sua língua para fora e passou por toda a extensão dele, até se aproximar das bolas onde fez questão de babar bem e colocar o máximo que podia delas em sua boca, mas logo ele resolveu lembrá-la de quem estava no comando e puxou os cabelos na dela na direção de sua glande, e lentamente Linda começou a fazer movimentos circulares com a língua enquanto o sugava como se fosse o canudo de seu milkshake favorito.
Já com a respiração ofegante ele pressionou a nuca dela para que ela engolisse mais fundo, e assim começou a puxá-la pelos cabelos para acelerar o ritmo.
Linda engasgava e já havia baba dela escorrendo pelo seu tórax, e quando ele começou a gozar ficou difícil para ela conseguir engolir tudo e mesmo boa parte indo direto para o fundo de sua garganta algumas gotas atingiram o piso de madeira.
-Acho bom você limpar. - Disse ele após se recuperar de seu orgasmo, a segurando somente pelo cinto.
A ruiva abstraiu o fato dele ainda estar de pau duro e sabendo muito bem o que ele queria, então com dificuldade devido aos seus cabelos longos que atrapalhavam o processo, ficou de quatro como uma cadela e lambeu cada gota que caiu no assoalho.
Satisfeito com a obediência dela, a puxou pela biblioteca a fazendo engatinhar até uma pequena mesa de estudos e a colocou de quatro ali.
A saia de Linda foi levantada, deixando sua bunda branca e macia exposta e ela foi surpreendida por um forte tapa em suas nádegas, e gemeu prazerosamente com isso.
-Gosta disso, vadia? - Disse Pennywise a acertando com mais um tapa.
- M-mais. - Falou Linda com seus olhos chorosos e seus óculos embaçados olhando por cima do ombro. - Por favor.
E depois de implorar por isso, Linda foi atingida por uma sequência de tapas que deixou as carnes de sua bunda no mesmo tom que as madeixas avermelhadas de seu cabelo.
As mãos dele agarraram a cintura dela com firmeza e com força enfiou seu pau em Linda, que mesmo mordendo seus lábios não conseguiu conter gemidos além de corresponder a intensidade com a qual era fodida rebolando seus quadris.
Proporcionalmente a quantidade de tapas, puxões de cabelo e xingamentos surgiram orgasmos em abundância.
Linda estava estirada como uma boneca de pano, a única coisa que a mantinha na posição eram os braços fortes dele ao redor de seu corpo, que mesmo depois de ter gozado pela segunda vez ainda continuava duro.
A ruiva não tinha levado tão a sério quando ele disse que era difícil de ser saciado, e um arrepio percorreu seu corpo quando percebeu as intenções dele de usar o único buraco dela que ainda não tinha fodido.
Pennywise estava ofegante roçando seu pau contra as pregas do cu dela, e mesmo lubrificado pelos fluídos de ambos teve dificuldade de penetrá-la.
Linda ficou chorosa ao sentir suas pregas sendo esticadas uma a uma, já sentia empalada antes mesmo que metade dele estivesse preenchendo seu intestino, mas ainda sim estava muito excitada e para motivá-la a relaxar Pennywise a masturbava e se movimentava devagar.
Mas assim que conseguiu colocar todo seu membro começou a entrar e sair em um ritmo mais acelerado arrancando suspiros de Linda que já havia se acostumado com o tamanho.
A bibliotecária certamente se tornou a refeição favorita dele que estava surpreso em como ela mesmo cansada ainda não tinha desistido de dar prazer a ele, voltou a segurá-la pelo cinto, a enforcando até que finalmente teve seu último orgasmo.
Ofegantes e cansados, depois de “flutuarem” tantas vezes juntos se entreolharam sorrindo um para o outro, Pennywise ia abrir sua boca para falar algo mas antes que qualquer som saísse Linda acordou em um sobressalto, havia dormido durante o expediente, com a cara encostada no livro que estava lendo antes de pegar no sono, havia dormido sobre a página 25 do livro “It, a coisa”.
“Talvez esteja na hora de procurar um terapeuta”, pensou Linda com um sorriso irônico “ou pelo menos evitar ler Stephen King antes de dormir”.
Com o livro ainda aberto sobre a mesa, Linda piscava forte várias vezes tentando se lembrar de seu sonho, que já havia escapado de sua memória mas só conseguia ver lapsos de imagens que envolviam seu pai, a biblioteca e balões vermelhos.
Mas seus pensamentos foram interrompidos por um homem que se aproximou do balcão, alto com um pouco mais de 1.90 de altura no entanto o que mais chamou a atenção de Linda eram seus olhos grandes, verdes e marcantes.
-Olá, estou devolvendo esse livro. - Disse ele entregando um livro velho e grande sobre os encanamentos da cidade, junto de sua ficha de devolução que constava o nome Robert Gray.
- Leitura interessante Sr. Gray, gostou do livro? - Questionou Linda sentindo uma familiaridade na presença dele.
- É um livro realmente interessante, mas não mais do que você. - Respondeu ele se inclinando um pouco mais para perto dele.
Linda não era do tipo que flertava durante o trabalho, mas por mais repentino que tenha sido, ele soava como se lesse os pensamentos dela e soubesse o quanto ela o achava atraente e isso a deixou envergonhada e totalmente sem reação.
-Na verdade, estava me perguntando se gostaria de tomar um café comigo algum dia, conheço um lugar bem legal aqui perto. - Falou ele com uma ternura na voz.
O convite foi inesperado, mas Linda sentiu uma onda de normalidade e talvez um pouco de excitação substituindo o estranho torpor do sonho, ao encará-lo teve a ligeira impressão dos olhos verdes dele terem se tornados amarelos, mas como rapidamente voltaram para a cor normal Linda acreditou se tratar apenas de uma ilusão.
-Que tal agora?- Respondeu ela, com sua voz carregando um tom de surpresa agradável. - Só preciso fechar a biblioteca.
- Agora está ótimo.
E na companhia de Robert, Linda deixou a biblioteca sentindo o sonho se dissipar como a tinta da página de um livro velho.
Fim