Parte 2 – A Fera e o Convite (eu sabia quem ele era)

Um conto erótico de MalevoloMagnus
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 692 palavras
Data: 16/04/2025 19:01:15

Depois que descobri quem Rodrigo era — o que escondia, o que já havia vivido, o que dormia por trás do homem de fala calma e mãos organizadas — tudo mudou.

Não nele.

Em mim.

Porque não há mais inocência depois que você olha nos olhos da fome.

E Rodrigo tinha fome.

Eu só precisava alimentá-la no tempo certo.

E foi o que comecei a fazer, como quem executa um plano que exige precisão cirúrgica.

Era sempre nas brechas.

Nas manhãs de sábado, quando Amanda ainda dormia e ele já estava na cozinha.

Eu descia com uma camiseta leve, sem sutiã, descalça, cabelo preso de qualquer jeito, cara de “acordei agora”, mas tudo perfeitamente calculado. Os mamilos desenhavam o tecido. As coxas escapavam por baixo da barra. E o olhar? Suave. Quase distraído.

Ele me olhava por milésimos de segundo a mais do que deveria.

E eu fingia não notar.

Mas notava. Anotava.

Comecei a deixar pistas. Detalhes que, pra ele, seriam sinais impossíveis de ignorar.

Coloquei um livro de bondage discreto na estante do meu quarto. Deixei a aba do navegador aberta com uma foto de shibari no Instagram. Marquei o próprio pescoço com um colar de couro fino, apenas como acessório — mas com fecho de gancho, não de joia.

Ele viu.

Sempre via.

Rodrigo era o tipo de homem que enxerga o não-dito.

E se eu queria que o Dom despertasse, eu precisava chamar do jeito certo.

Foi numa noite de terça-feira.

Todos estavam em casa, mas o clima era morno. Amanda no celular, Linara em vídeo com as amigas, Andrey viajando. Eu estava inquieta. Pronta.

Passei pela sala e deixei cair um lenço de seda, propositalmente, no tapete ao lado do sofá onde Rodrigo lia.

Ele olhou. Abaixou-se, pegou o tecido.

Toque leve. Longo. Devolveu-me com os olhos fixos nos meus.

— Seu.

— É sim... — eu disse. — Bem macio, né?

Ele assentiu.

A ponta dos dedos dele tocou os meus por um segundo a mais que o necessário.

E ali… ali eu soube.

Ele tinha entendido.

Na sexta-feira seguinte, Amanda saiu para um evento. Linara dormiria na casa de uma amiga.

Eu deixei o vestido mais curto separado desde cedo.

Era preto. De alça fina. Costas nuas. Sem calcinha.

Passei o perfume que só usava quando queria deixar marca. Amarrei o cabelo em um rabo baixo, deixando o pescoço exposto, tenso, oferecendo.

Desci para a sala como quem não carrega intenção nenhuma.

Rodrigo estava vendo TV.

Sentei ao lado dele. Cruzei as pernas devagar.

O vestido subiu. Bastou um movimento, e eu sabia: se ele olhasse com atenção, veria tudo.

Ele permaneceu sério.

Mas a respiração dele... mudou.

— Tá muito quieto hoje — falei.

— Só cansado — ele respondeu, com a voz baixa, rouca.

— Quer uma bebida?

— Não, obrigado.

Levantei.

— Eu vou tomar um vinho. Quer mesmo não me fazer companhia?

Ele demorou. Mas respondeu:

— Um copo.

E então eu sabia: ele estava cedendo.

Na cozinha, servi dois copos.

Abaixei lentamente para pegar a garrafa, deixando o vestido subir nas coxas. Quando me virei, ele estava na porta.

Apoiado na lateral, braços cruzados, olhar fixo.

— Você tá jogando sujo — ele disse.

Não me fiz de sonsa.

— Só estou servindo vinho...

Ele se aproximou. Encostou atrás de mim. Não me tocou. Mas estava ali. Grande. Quente. Presente.

— Você sabe exatamente o que está fazendo comigo — murmurou no meu ouvido.

— Sei sim.

Virei-me devagar, com o copo na mão.

Olhei nos olhos dele.

— E você? Vai continuar fingindo que não quer me destruir?

O silêncio dele foi uma resposta.

Mas os olhos... os olhos diziam que ele já tinha começado.

Rodrigo pegou o copo da minha mão.

Bebeu um gole.

Colocou o vinho sobre a pia.

Segurou meu queixo com firmeza.

— Você sabe quem eu fui?

— Sei.

— Você sabe o que isso significa?

— Significa que você não é homem de me beijar e parar por aí.

Ele apertou o maxilar. A respiração ficou mais forte.

E então... ele me virou contra a bancada.

As mãos firmes, quentes, segurando minha cintura.

— Última chance de dizer não — disse, no tom de comando que eu esperava desde sempre.

E eu, sem hesitar:

— Dom... me mostra quem você é.

(continua…)

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