Observador Oculto - Meu Passado Me Condena

Um conto erótico de Bayoux
Categoria: Heterossexual
Contém 2542 palavras
Data: 21/07/2024 10:36:07
Última revisão: 21/07/2024 11:06:18

Os dias na prisão são lentos e não acontece muita coisa.

Só quando tem uma briga entre facções, ou alguém sofre um “acidente” é que as coisas ficam um pouco mais animadinhas. Ah, é claro, tem também o dia da visita íntima, que costuma ser o ponto alto da semana - ainda mais para mim, que posso encontrar a Damasceno e ouvir sobre as novidades lá de fora.

Sabem, isso de não ter telefone nem computador é uma droga, daí as únicas notícias confiáveis que recebo vem da minha mulher. Além de ser a coroa mais enxuta de todas, ela é ponta firme, toda quarta ela bate ponto no quartinho do amor só para me encontrar. É como dizem por aí: Amor de pica, quando bate, fica!

Vocês podem estar pensando que eu estou enganado. É bem natural pensar assim, afinal eu estou aqui preso e ela está lá fora, livre, leve e solta. O que garante que ela não me chifra? Quem pode afirmar que o que ela me diz é verdade? Bem, tem um detalhe importante nisso tudo: Damasceno é a delegada de polícia mais temida de toda a cidade. Seu caráter, diferentemente do meu, é talhado em pedra e sua reputação é ilibada.

Talvez eu seja a única manchinha no seu histórico, sei lá, mas como não somos casados oficialmente acho que isso nem conta, não é? O fato é que eu a conheço há muitos anos como Dragon Lady, nome que ela adotou para sua identidade secreta de cam-girl, a loira que tirava o meu sono na adolescência fazendo as maiores loucuras na telinha do computador e por quem eu sempre fui apaixonado.

Daí, quando tive a oportunidade de conhecê-la, quis o destino que ela se revelasse pessoalmente para mim como sendo na verdade a terrível delegada Damasceno - e foi como juntar a fome dela com a minha minha vontade de comer: nos tornamos inseparáveis!

É bem certo que o termo “inseparáveis” já não se aplica totalmente a nós, afinal eu estou aqui e ela lá, mas a confiança que temos um no outro supera tudo. E é por isso que eu ainda vou sair daqui antes do tempo, porque Damasceno é minha parceira e vai dar um jeito, ela sabe das coisas das leis e é especializada em crimes digitais, justamente o delito que me trouxe para o xilindró.

Mas estou me adiantando um pouco, eu quis começar falando da Damasceno, ou Dragon Lady se preferirem, porque nossas histórias se confundem desde muito antes de eu saber quem ela era e dela me conhecer pessoalmente. Quando eu descobri seu canal de exibicionismo digital, eu ainda era só um adolescente comum.

Contudo, diferentemente dos outros carinhas da minha idade, que ficavam perdendo tempo com namoros bobos e cujo o único objetivo era trocar uns beijinhos com essa ou aquela garota, depois que eu descobri a Dragon Lady um novo mundo abriu as pernas bem na minha cara e as consequências disso numa mente ainda e formação foram profundas.

Eu fiquei totalmente envolvido por aquela loira deliciosa que mostrava suas intimidades e se masturbava na frente das câmeras de seu esconderijo com paredes forradas de veludo vermelho e espelhos estrategicamente colocados ao redor de uma imensa cama, onde ela se apresentava sempre com alguma novidade para me fazer perder o fôlego.

Aquilo foi crescendo dentro de mim de tal forma que, quando entrava on-line, sempre era para ver as transmissões da minha adorada cam-girl e, quando ela não estava no ar, passava boa parte do tempo tentando descobrir quem era aquela mulher na realidade, qual era seu endereço, ou como poderia conseguir alguma pista de maneira a poder conhecê-la pessoalmente - e isso me levou à minha segunda maior fixação…

Nunca duvide do que um adolescente é capaz de fazer se lhe der um computador nas mãos. Na busca de conhecer Dragon Lady, eu aprendi umas coisinhas interessantes e bem úteis que, no fim das contas, me trouxeram até aqui, na cadeia - mas que também me levaram à Damasceno, e por isso é que eu não me arrependo de nada.

Enfim, em menos de um ano eu larguei a escola porque aprendi a hackear as coisas. Servidores, computadores, telefones e aparelhos eletrônicos em geral, não importa, se estivesse conectado à alguma rede, eu entrava e fazia a festa. É bem certo que meu objetivo principal era tentar descobrir quem era a minha musa, mas no caminho eu não podia resistir e terminava zoando com com a vida dos outros.

Se as pessoas soubessem como é fácil invadir uma conta, descobrir uma senha, clonar arquivos e fazer o que bem entender com isso, jamais davam mole com seus aparelhos. Daí vocês podem imaginar, eu, um jovem hacker habilidoso e obcessionado por observar os outros fazendo sexo, ante um oceano de gente desavisada que guardava filmes proibidos ou fotos indiscretas em suas memórias de bits e bytes: Eu nadava de braçada!

Sua irmãzinha fez um vídeo se masturbando dentro do carro? Eu tinha. Seu irmão gravou a si mesmo comendo pela primeira vez a bundinha da namorada? Eu via. Sua mulher fez uma suruba com o vizinho e o filho dele num motel com a tevê ligada? Eu assistia. Alguém filmou você muito doido numa festa rave, pelado e chupando uma fila de caras? Perdeu playboy, eu colocava na página principal da sua faculdade para todo mundo saber!

Em meio ao crime digital, à invasão de privacidade e à tudo que as pessoas podem chegar a fazer em termos de sexo eu fui crescendo e me desenvolvendo. O mais engraçado é que se pode ver isso em canais comerciais da internet, mas para mim isso não tinha a menor graça. Eu gostava da coisa real, de verdade.

Meu tesão era muito maior se envolvesse hackear um aparelho e encontrar ali uma pérola rara, algo que ninguém mais tinha, uma exibição sexual capaz de ser baixada e apropriada por mim para eu ver quando quisesse, sem que seus criadores nem imaginassem que estavam sendo invadidos, abusados, expostos e desmascarados.

Bem, essa fase da diversão pura durou uns bons anos e eu perdi a conta de quantas mídias possuía no meu “acervo particular”, como chamei o drive onde guardava carinhosamente tudo que consegui hackear sobre outras pessoas fazendo sexo. Mas tudo na vida é mudança e transformação, uma constante evolução que, no meu caso, chegou de uma maneira um tanto impositiva.

Uma noite qualquer, eu estava navegando na deepweb em busca de uma vítima e me deparei com uns códigos diferentes, coisa de profissional. Pude perceber que informações não rotuladas muito pesadas eram passadas a um destinatário misterioso chamado Zoião. Logo eu percebi, isso era um forte indício de tráfico de pornografia caseira e, não demora, lá estava eu tentando invadir um computador para ver do que se tratava.

Deu um trabalho imenso, tudo ali era criptografado e existiam mais dificuldades que passar num concurso público,mas, mesmo assim, três horas depois eu consegui entrar. Olha, só de lembrar o que descobri, eu fico todo arrepiado aqui.

Haviam dezenas de arquivos com filmes caseiros de sexo, todos muito excêntricos!

O primeiro que abri era algo um tanto singelo, pelo menos no início. Duas novinhas, com cara de riquinhas bem cuidadas e roupinhas de grife, estavam num shopping quando um homem mais velho e sem rosto chegou e lhes ofereceu uma amostra de um energético, como se fosse um desses testes para ver se o produto agrada ao público

Meia hora depois, as duas estavam num quartinho chinfrim de hotel de rodoviária, meio grogues, nuazinhas em pêlo, sendo alvo de uma infinidade de caras que vinham, um atrás do outro, para fazer o que bem entendessem com elas. Os homens com cara de peão de obra iam se acumulando ao redor delas, todos com a pemba dura na mão e disputando algum lugarzinho das novinhas para meter. E o pior é que antes de cada um deles entrar para se divertir, o vídeo ainda mostrava o homem sem rosto do shopping na porta cobrando ingresso por trinta reais!

O outro filme que abri era uma gravação noturna à distância, provavelmente feita de uma janela focando o prédio em frente.

Quando a grande angular da câmera se fechava, pela janela de um quarto de um dos apartamentos, podia-se ver uma loira de pele muito branca, quadris largos e peitos grandes, suspensa, presa com algemas pelas mãos ao dossel da cama, sendo vítima de um homem mascarado e todo coberto por tatuagens.

Ele se aproximava e lhe dava uns bofetões na face que a faziam girar na ponta dos pés, depois ia descendo, dando tapas nos seios e terminando com a mão inteira enfiada em sua chana. A loira grandona resistia e às vezes tentava aplicar pontapés no homem mascarado, mas ele reagia com mais violência ainda até fazê-la render-se e ceder aos seus abusos.

Quando por fim terminava de comê-la por trás sem nenhuma piedade, a loira estava caída no chão e ele urinava sobre ela. A câmara fechou bem nessa hora e só aí eu reconheci a loirona: era uma atriz de novela badalada, uma das preferidas de minha mãe!

Apesar de entender que eu estava lidando com algo potencialmente perigoso, não resisti e abri mais um vídeo - e dessa vez fiquei realmente assombrado.

Parecia um filme caseiro, uma festa de família numa mansão. Talvez fosse ano novo ou coisa assim, as pessoas vestiam branco e havia uma mesa farta com espumante e essas coisas. Só quando a mulher que estava filmando focou nela mesma é que me dei conta: era uma âncora do jornal, uma das jornalistas mais gatas e conhecidas do país.

Sem aviso algum, percebia-se um tumulto e em seguida apareciam vários homens armados usando chinelo e bermuda surfe, tudo com cara de traficante. A festa virou uma zona, tinha gente apanhando, correndo e gritando, enquanto outra pessoa assumiu a câmera e agora se via o chefe da quadrilha, um moreno de dois metros de altura por um e meio de largura, arrastando a jornalista pelos cabelos até o centro da sala, onde a pôs de joelho, tirou uma jeba do tamanho do meu ante-braço pra fora e mandou ela começar a chupar, senão ele matava todo mundo.

A pobre da jornalista, uma morena alta, magra e de cabelos lisos e compridos, encurralada e com o rosto cheio de lágrimas, começou a abocanhar aquela monstruosidade até quase conseguir fazer uma garganta profunda. E isso foi só o início, por uma meia hora, ela aparecia completamente nua, sendo sodomizada por aquele sujeito enorme na frente de sua própria família, que foi obrigada a assistir tudo sentada no sofá chique daquela mansão.

O marido da jornalista até tentou interromper aquela barbárie, mas foi pior. O chefe da gangue ficou possesso, mandou os seus soldados ficarem se divertindo com a mulher, deu uma surra tremenda no marido dela e terminou comendo a bunda dele com o cara de quatro até conseguir gozar.

Em resumo, o tal Zoião era um profissional na arte de capturar a trepada mais insana dos outros - e a sua coleção de mídia fazia a minha parecer uma mala do livro de colégio público ante a Biblioteca de Alexandria! Mas tudo bem, eu não me deixei intimidar, afinal aquilo tudo agora seria meu!

Decidido a tomar posse daquele material, comecei a fazer a transferência dos arquivos, mas aí meu computador piscou várias vezes, ficou com a tela negra e depois começaram a aparecer uns prompts com aqueles códigos sinistros, até surgir uma caixa de bate-papo que eu nunca tinha visto.

- E aí Buster, beleza? Curtindo uns filminhos hard-core?

- Eh… Quem é você?

- Ah, moleque, vamos cortar a baboseira e ir direto ao ponto.

- Sei, sei… A julgar pelos códigos que vi, você deve ser o tal Zooão, não é?

- Claro que sim. Olha, você não pode baixar esses filmes. Eu gravei já faz tempo e as vítimas já pagaram o suficiente para mantê-los em segredo, se é que você me entende.

- Você mesmo fez os filmes? É impossível! Como você sabia que aquelas coisas iriam acontecer? Como sempre estava sempre no lugar certo e na hora exata?

- Ora, Buster, não seja ingênuo. Eu faço as coisas acontecerem, eu construo a minha própria sorte. E você, o que faz da vida, além de xeretar no computador dos outros?

- O que eu faço não é problema seu, Zoião. Agora é você que está querendo xeretar na minha vida, seu chantagista barato!

- Calma aí rapaz, não precisa ficar nervosinho. Já entendi, você não faz nada, fica só na frente da tela procurando pornografia. Olha, eu podia ter destruído o seu computador, entrei nele quando você estava vendo os meus queridos filminhos. Em vez disso, eu estou aqui, de boa, conversando com você.

- E no momento, isso é o que mais me preocupa. Porque está falando comigo? O que você quer de mim?

- Bem, eu devo confessar que fiquei intrigado. Minha rede é super segura, investi muita grana e tempo para isso, mas mesmo assim você conseguiu invadi-la. Você tem um talento que me interessa.

- E daí? Vai me oferecer um emprego no seu negócio de chantagem?

- Você pergunta muito, mas é exatamente isso. Às vezes preciso de alguém com as suas habilidades para conseguir algumas coisas para mim nos arquivos alheios. Uma planilha, um documento, uma foto ou até mesmo um vídeo.

- Ah é? Um emprego? E onde é que fica a sua base de operações, posso saber?

- Você acha que eu sou trouxa? Eu não tenho um mocó fixo, estou em todo lugar, Buster. Onde houver uma possibilidade de ganho, estou lá. Minha rede de contatos é imensa. Você seria só mais um free-lancer, pago por serviço. Muito bem pago, quero acrescentar!

E foi assim que eu, antes mesmo de entrar para a maioridade, comecei a ganhar grana como hacker. Nos anos seguintes, aprendi muito com o Zoião, embora nem soubesse realmente quem ele era.

Quando tinha um problema ou via uma oportunidade de levantar uma grana, Zoião acionava a sua rede e sempre colocava algum plano em ação. Se esse plano envolvesse invadir qualquer tipo de aparelho eletrônico, era a mim que ele procurava - e isso me fez ganhar bastante dinheiro, como ele prometera.

Como eu não era dado a extravagâncias, gastava quase tudo em minhas duas paixões: comprando todo tipo de softer ou aparelho que me ajudasse a ser um hacker mais poderoso ainda ou assistindo às sessões de exibicionismo de Dragon Lady, sempre recompensando-a muito bem pelas suas excelentes performances eróticas.

Bem, como estou narrando essa história da cadeia, agora qualquer um de vocês pode imaginar a razão de eu ter sido preso. Mas peço que me desculpem, já é hora de recolher e as luzes aqui vão se apagar, assim que eu sigo contando em breve…

NOTA: A Minissérie “Sujeito Oculto” foi escrita a partir de um plot que gentilmente recebi do Derik, um escritor, autor e colega com quem me correspondo. Lendo a trama proposta por ele, encontrei sinergias com algo que eu já havia publicado sobre voyeurismo e, a partir desse gancho, desenvolvi o texto. Se por acaso tiverem curiosidade em saber o que aconteceu antes desta história, é só procurar pelos contos da série “Clique”, aqui no CdC.

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Comentários

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Interessante d+ e muito realista . Ótimo texto

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Obrigado Kratos! Sim, dessa ves não mergulhei na fantasia, mas mantive a criatividade. Vamos passo a passo.

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muito bom gostei dessa nova saga

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Obrigado, rbsm! O Observador Oculto vai fazer jus ao nome!

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Começa mais uma saga extraordinária. Minha fase de criar expectativas acabou, porque agora eu sei que vai ser bom hehehhe

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Obrigado JMFN! A gente se esforça pra sair algo eroticamente decente, rs

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