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Era início de Ano, Janeiro, férias da faculdade e eu tive que ir para casa. Neste meio tempo eu também iria me mudar de apt, o contrato já havia terminado e meu pai topou ver algo pra mim em Ipanema. Eu ainda estava procurando apt e teria até fevereiro para resolver isso, porém ficaria sem casa no Rio até encontrar algo pra mim.
Com todo este movimento, precisava ir a Conservatória e voltar com a caminhonete para pegar tudo que era meu que estava no apt e levar para casa.
Era um sábado de manhã.
-- BENÇA PAI, VOU HOJE PEGAR AS COISAS NO APT PRA TRAZER
-- DEUS TE ABENÇOE MEU FILHO, VOU VER ALGUÉM PRA IR CONTIGO E TE AJUDAR, ATE PRA DAR UM CONFERE NO APARTAMENTO ANTES DE ENTREGAR
-- TÁ, O SENHOR VÊ E ME FALA, SO VOU DEPOIS DO ALMOÇO, JÁ ESTÁ TUDO SEPARADO LÁ MESMO.
Ele foi trabalhar e eu fiquei em casa, aqueles dias eu evitava ir a loja e dar de cara com o Zé.
Por volta das 13 horas eu passei na loja
-- PAI, TO INDO, VIU QUEM VAI COMIGO?
-- VI SIM JOÃO, O FILHO DO DAMIÃO VAI COM VOCÊ, MAIS VOCÊS SO VÃO NA TERÇA FEIRA, DIA QUE ELE VAI ESTAR DE FOLGA
-- AI PAI, TINHA PROGRAMADO TUDO PRA HOJE.
-- NÃO, TERÇA FEIRA, HOJE VOCÊ APROVEITA E FICA AQUI QUE VOU COM O DAMIÃO FAZER UMA VISITA A UM CLIENTE PRA DIRECIONAR ELE COM O CURRAL QUE ELE TÁ REFORMANDO.
Pronto, eu tinha caído aonde estava evitando. Acabei ficando por lá, graças a Deus não estava sozinho com o Zé, havia gente no pátio esperando sair entrega e a loja estava movimentada.
Fiquei no balcão pq era o que me cabia, o que eu faria no pátio, carregar peso, jamais seria eu este.
Encostei no balcão, celular na mão e vida que segue.
Parecia que era algo pra me cutucar, toda hora surgia uma coisa pra eu ajudar a resolver.
-- NIKÃO, A CLIENTE TA QUERENDO SABER SOBRE A GARANTIA DA MAQUINA?
-- NIKÃO, PODE SER LIBERADO UM DESCONTO A VISTA PRA ESTE MONTANTE AQUI DE RAÇÃO?
-- NIKÃONIKÃONIKÃO....
Toda hora o Zé arrumava algo que me obrigava a falar com ele, a responder, a ser solícito. Nos momentos que estávamos só ele sentava do outro canto do balcão e ficava me olhando... Até que resolveu falar comigo
-- VOCÊ TÁ BEM? DESCULPA AQUELE DIA, EU NÃO QUERIA TE ABORRECER
-- TÁ BOM ZÉ, BLZ
-- EU QUERIA MUITO A OPORTUNIDADE DE CONVERSAR COM VOCÊ COM CALMA, TE EXPLICAR O MEU LADO
-- EU JÁ CONHEÇO O SEU LADO, O QUE MAIS PRECISO SABER, NADA
-- NÃO NIKÃO, TEM COISA QUE PRECISO TE FALAR, VAMOS CONVERSAR DEPOIS, SÉRIO?
-- DEPOIS DE QUE RAPAZ?
-- DEPOIS DE NOITE, A GENTE SENTA E CONVERSA
-- TÁ, ZÉ, VOCE VAI ME DEIXAR EM PAZ, ENTÃO DEPOIS A GENTE CONVERSA TÁ.
Ele me deixou em paz pelo resto do dia, meu pai também havia voltado pra loja e ele evitava falar comigo com receio (besta lógico pq eu jamais faria algo pra prejudicar), e eu fui embora pra curtir a vida com meus amigos... Neste dia todos estavam no Cesar e eu resolvi ir pra lá.
Combinamos de ir para o Belvedere em Barra do Piraí aquele dia, estava rolando direto uma música por lá, sempre lotado, e todos estávamos afim de ver qual era a da balada.
Por volta de umas 21:30 meus amigos já estavam indo para o Belvedere, eu ia dar carona ao Gerson e Amanda. Encontrei com eles e fomos.
Eu como sempre estava lindo, cabelo preso em coque o que era normal, camisa branca que é meu carimbo...
O ambiente do Belvedere era meio caótico, um bar de tamanho legal para 50 pessoas em um posto de gasolina e que recebia mais de 450 em uma noite, as bebidas vendidas em baldes com gelo, somente cerveja super gelada e o som tão alto, mais tão alto que conversar era impossível.
Nada incomodo, pra no dizer o contrário mais adoramos, muita gente diferente, muita paquera rolando e também muita gente conhecida separadas em suas rodas rotineiras.
Eu não bebi naquela noite, teria que voltar pra casa dirigindo e beber seria imprudência, além de resultar em um esporro fora do normal se meu pai sonhasse com isso.
Sinto alguém me encostar
-- OI NIKÃO, PODEMOS CONVERSAR?
-- FALA SÉRIO, PELO AMOR DE DEUS, ISSO NÃO É HORA. ME DEIXA EM PAZ.
Olhei em volta dele e vi uns 5 amigos dele esperando ele falar comigo.
-- OI FALECO, TUDO BEM COM VOCÊ?
-- FALA AI NIKÃO, BLZ.
Eu seguia dançando, curtindo muito, sempre sendo vigiado pelo Zé, ele parecia uma assombração, pra qualquer lugar que eu ia, se eu olhasse ele estava ao alcance da minha vista.
Ele conversava com os amigos, vi alguns deles se embolando com algumas mulheres...
O Faleco passou por mim em um momento e acabei comprimentando ele novamente, na volta ele parou.
-- AI NIKÃO, CHEGA AQUI. (Me puxou pelo braço pra um canto mais vazio)
-- AI MALUCO. KKKK, COMO ARRASTA OS OUTROS ASSIM. DOIDO
-- PARA DE FRESCURA. E AÍ, VAI CONVERSAR COM O ZEZINHO?
-- OH, JÁ FALEI PRA ELE QUE VOU CONVERSAR, MAIS AQUI NÃO É LUGAR. ENTAO SE FOI ISSO, NEM QUERO CONVERSA.
-- BLZ, TOCO NO ASSUNTO MAIS NÃO (nesta hora ele fez sinal pro Zé voltar, eu vi que ele estava se aproximando e desistiu com o aviso do Faleco) DEIXA EU PERGUNTAR, TEM COMO ME DAR UMA CARONA? PESSOAL TODO JÁ TEM COMO IR EMBORA MENOS EU.
-- DE BOA, A HORA QUE EU FOR TE AVISO.
-- BLZ.
Continuei com meus amigos normalmente e por volta já das 2:00 horas estava afim de ir embora, Gerson já tinha ido embora com uma menina que ele ficou, ficou somente a Amanda pra ir comigo, avistei o Faleco e vi ele em pé ao lado do Zé sentado, completamente bêbado.
-- FALECO, TO INDO
-- NIKÃO NAO VOU PODER IR, O ZEZINHO TA COMPLETAMENTE BÊBADO, PESSOAL FOI EMBORA E DEIXOU ELE AQUI, NEM SEI O QUE FAZER
-- TEM NINGUEM PRA LEVAR ELE?
Amanda -- NIKÃO, VOCÊ VAI YER CORAGEM DE DEIXAR ELE AI ASSIM?
-- SE METE NÃO AMANDA. DEIXA EU PENSAR
Faleco -- SE VOCÊ DESSE UMA CARONA PRA GENTE IA SER PERFEITO
-- PQP, LEVA ELE PRO CARRO, SE ELE VOMITAR MEU CARRO VCS DOIS VÃO SE VIRAR PRA LIMPAR.
Enquanto o Faleco lutava pra conseguir colocar o Zé dentro da caminhonete, eu fui comprar uma água pra ele, no caminho vi um dos baldes de cerveja jogado no gramado e catei, levei pro carro entregando pro Faleco. Toma, qualquer coisa o prejuízo é menor assim.
Eu juro que tentei ter raiva, mais com tudo de errado, quando ele me viu bêbado nem pensou duas vezes em largar todos os amigos e me levar pra casa, cuidou de mim de boa. Eu não tinha como deixar ele ali, embora a vontade era enorme. Amanda não mora em Conservatória, mais em Ipiabas, metade do caminho. Deixei ela em casa e continuamos, Zé e Faleco no banco de trás
-- ONDE EU TO LELECO
-- NO CARRO DO NIKÃO SEU BÊBADO, FICA QUIETO
-- NIKÃO, OI NIKÃO, VAI CONVERSAR COMIGO VAI, VAI ME PERDOA É
-- CALA A BOCA ZÉZINHO
Aumentei o som do carro, quanto menos ouvisse a voz dele melhor, mais ele não calava a boca de jeito nenhum, toda hora me chamando.
-- FALECO, FAZ ELE FICAR QUIETO, POR FAVOR
-- OH NIKÃO EU SÓ QUERO...
-- CALA A BOCA ZEZINHO, A GENTE VAI FICAR NO MEIO DA PISTA.
-- ISSO NÃO VÃO PQ EU NÃO SOU DOIDO.
Ele ainda falou um bom tempo mais dormiu, o que eu dei graças a Deus.
A gente já passava pelo centro de Conservatória:
-- NIKÃO, PODE ME DEIXAR NAQUELA RUA ALI QUE É PERTO DA MINHA CASA
-- O ZÉ VAI FICAR COM VOCÊ NÉ?
-- NÃO, DEIXA ELE LA NA CASA DELE, SO ACORDAR ELE E MANDAR DESCER QUE ELE SE VIRA.
-- NÃO SENHOR VOCÊ VAI LÁ
-- VOU NÃO, A MAE DELE NÃO GOSTA DE MIM SE ELA ACORDAR E VER ELE ASSIM COMIGO VAI SER UMA MERDA SEM TAMANHO, SO ACORDA ELE E MANDA DESCER DO CARRO, ELE SE VIRA. ME DEIXA AQUI MESMO.
-- PQP, VOCES SÃO FODA.
Parei o carro e o Faleço desceu, eu me vi sozinho com o Zé totalmente bêbado dentro do carro.
Cheguei na casa dele em menos de 10 min.
Parei o carro em frente a casa e desci, abri a porta e chamei ele, ele demorou a acordar, e quando acordou primeira coisa que fez foi se virar pra fora e vomitar, pelo menos foi fora do carro.
Ele não tinha condições de ficar ali sozinho
-- PQP ZÉ, O QUE VOCÊ FAZ HEIM, OLHA A MERDA, O QUE QUE EU FAÇO AGORA.
Eu não poderia simplesmente largar ele ali, ele ia acabar dormindo na calçada. Lembrei que eu doido de bebida ele tinha cuidado de mim. Pqp, o que eu ia fazer, chamar a D. Alzira aquela hora, sem condições, ela ia se preocupar, se aborrecer. Desisti dessa ideia e resolvi levar ele pra casa, lá pelo menos eu tinha mais recursos pra melhorar ele. Entrei no carro e fui pra casa com o Zé. A ideia era deitar ele na cama e deixar dormir e amanhã arrumar uma desculpa prós meus pais né.
Quando cheguei em casa parei o carro na garagem e chamava o Zé pra sair.
-- ACORDA ZÉ, VEM, ANDA, LEVANTA.
O máximo que ele fazia era balbuciar alguma coisa e me olhar. Ele mal ficava em pé.
Tirei ele do carro e consegui sentar ele no banco da garagem, fui até a área de lazer e abri o vestiário da sauna, sabia que as espreguiçadeiras estavam lá, arrumei uma com algumas toalhas em cima e voltei pra buscar o Zé, foi difícil mas consegui levar ele até lá. No meio do caminho escuto meu pai abrindo a porta da varanda do quarto dele.
-- O QUE TA ACONTECENDO AI JOÃO?
-- NADA NÃO PAI, PODE DEIXAR
-- QUE NADA, QUEM TÁ AI?
-- O ZÉ, TA BÊBADO E EU NAO QUIS CHAMAR D. ALZIRA, PODE DEIXAR QUE DO JEITO PAI
-- TA COM VOZ DE CHORO PQ?
-- É RAIVA, PODE DEITAR PAI.
Meu pai entrou e me deixou lá fora com o pede cana.
De fato eu estava a ponto de chorar, de raiva, de nervoso, de um monte de coisa junto...
Chamei o Zé outra vez e consegui por ele pra dentro do vestiário, fui na cozinha coloquei um café pra coar na cafeteira, peguei um copo de Coca-Cola e uma garrafa d'água.
Enquanto o café coava eu fui lá dar a água e a coca pra ele.
-- TOMA ZÉ, BEBÊ ESTA COCA-COLA
-- NÃO
-- BEBE ZÉ, POR FAVOR
-- VOCÊ VAI ME DAR UM BEIJO
-- QUE BEIJO, BEBE ESTA PORRA LOGO, ANDA
Consegui fazer ele beber um pouco da Coca-Cola, o que só serviu pra fazer ele vomitar mais ainda.
Olhei pro chuveiro e não pensei duas vezes, fui no meu quarto, tudo na ponta dos pés evitando fazer barulho, peguei um short meu, uma toalha, passei na cozinha, peguei o café e fui pro vestiário.
Lutei pra fazer ele beber o café, mas funcionou, não vomitou. Comecei a tirar a roupa dele, toda suja já de vômito que ele limpou do rosto, tirei o tênis, meia, calça e deixei ele de cueca
-- PQ VOCÊ TA ME DEIXANDO PELADO NIKÃO
-- VOCE VAI TOMAR BANHO PRA VER SE MELHORA, ANDA, FICA DE PÉ
-- VAI TOMAR COMIGO, QUERO TOMAR BANHO COM VOCÊ
-- PARA DE GRAÇA ZÉ, VEM, LEVANTA
Coloquei uma daquelas cadeiras brancas de plástico debaixo do chuveiro e sentei ele, abri a água fria. Deixei cair. Fiquei olhando pra ele, tomando conta pra não levantar o rosto e sufocar na pressão da água.
-- TA FRIO NIKÃO, ÁGUA FRIA, QUERO NÃO.
-- FICA AI ZÉ SÓ UM POUCO
Peguei um sabonete, lavei o rosto dele e o cabelo. Deixei ele ali bem uns 15 min com a água caindo em cima, tirei pq a água estava fria e ele começou a tremer de frio.
Consegui fazer ele ficar de pé pra eu secar ele, tirei a cueca molhada e coloquei o meu short nele.
-- QUERO DEITAR
-- DEITA AQUI, VAI
-- VOCÊ AINDA GOSTA DE MIM? EU GOSTO DE VOCE NIKÃO, ME PERDOA VAI
Eu não estava querendo levar em consideração nada do que ele falava, bêbado não sabe o que diz mesmo. Ele deitou mais tremia muito. Resolvi ir no meu quarto pegar um moleton e uma coberta, vesti ele com a blusa e cobri, fiquei lá um tempão olhando ele dormir.
Mesmo não querendo, mil coisas passavam na minha cabeça,
Pq ele bebeu tanto assim?
Ele tava arrependido mesmo pra ficar toda hora me pedindo desculpas?
Se gostasse de mim mesmo, não tinha feito o que fez...
Tá falando só pq tá de cara cheia
Olhei pra ele e ele ainda tremia bastante. A porta já estava fechada, ele estava coberto. Deitei do lado dele e abracei ele.
-- CADÊ MEU BEIJO PORRA?
Pronto, virei pro lado e chorei.
Descobri que minha raiva não era dele, era pelo que ele fez, nem era por ter engravidado a desclassificada lá não, mais por não ter tido coragem de pelo menos me falar alguma coisa. De apenas sumir, não me responder mais, da covardia dele que eu tinha raiva.
Senti ele se virar do meu lado e me abraçar de conchinha, ele não tremia mais e eu fiquei ali, quietinho, chorando.
-- CHORA NÃO NIKÃO, TO AQUI, PRECISA NÃO
-- FICA QUIETO.
Levantei pra apagar a luz e ver se ele dormia.
Voltei a deitar na frente dele e fiquei quietinho, não demorou ele dormiu. Nem sei que horas eram, mais o dia já clareava quando escuto ele falar
-- NIKÃO, ACORDA
-- OI, TÁ MELHOR?
-- PQP, QUE VERGONHA, O QUE ACONTECEU
-- TA MELHOR? SE TIVER TE LEVO EM CASA
-- PQ EU TO AQUI?
-- PQ VOCE TEM UNS AMIGOS DE MERDA QUE IAM TE DEIXAR NA CALÇADA.
-- MEU DEUS, EU TO COM ROUPA SUA É?
-- TIVE QUE TE DAR UM BANHO ZÉ, VOCÊ ESTAVA TODO VOMITADO
Acho que ele se deu conta que eu sem pensar não sai do abraço dele e me abraçou mais forte. Eu me encolhi todo
-- OBRIGADO, SE ENCOLHE NÃO, SENTE ESTA RAIVA DE MIM NÃO
-- NÃO TENHO RAIVA DE VOCÊ NÃO ZÉ, TENHO DO QUE VOCÊ FEZ.
Eu notei que não dava mais pra fugir da conversa
-- VAMOS EMBORA ZÉ, A GENTE CONVERSA NO CAMINHO. LEVANTA
Ele levantou, vestiu o tênis dele e a gente foi pro carro.
-- ESPERA AI, VOU PEGAR UMA BLUSA PRA MIM.
Voltei ele estava encostado no carro, não adiantava, eu achava ele lindo em cada detalhe, as tatoos do braço dele, a do pescoço, os piercings, tudo nele era lindo.
Entrei no carro e dirigi até a casa dele, nos dois em silêncio.
-- O QUE VOCÊ TANTO QUER ME FALAR ZÉ?
-- VOCÊ VAI ME ESCUTAR?
-- VOU
-- ESTACIONA O CARRO, BEM COMIGO, VAMOS ENTRAR.
-- NÃO, VAI INCOMODAR A SUA MÃE ATOA.
-- ELA JÁ ESTÁ ACORDADA ESTA HORA, VAMOS, VAI GOSTAR DE TE VER.
Entrei com ele, assim que ele abriu a porta da cozinha demos de cara com a D. Alzira.
-- BOM DIA, OH MEU FILHO, VOCÊ AQUI TÃO CEDO, EU AINDA TO DE CAMISOLA. TSRSRS
-- BENÇA MÃE, TEM PROBLEMA NÃO A GENTE VAI LA PRO QUARTO TÁ
-- BOM DIA D. ALZIRA
Fomos pro quarto dele e ele fechou a porta.
-- NIKÃO, VOCÊ SABE PQ EU FIZ O QUE FIZ
-- VOCÊ JÁ EXPLICOU, SEUS AMIGOS, VOCÊ TEVE MEDO DE VIRAR CHACOTA
-- ISSO TAMBÉM...
-- TEM MAS É?
-- EU NUNCA TINHA FICADO COM ALGUÉM COMO VOCÊ CARA, ENTENDE QUE A MINHA CABEÇA FICOU UMA ZONA. DO NADA EU ME VEJO PRATICAMENTE NAMORANDO VOCÊ
-- AI VOCE DECIDE DO NADA FICAR COM UMA GAROTA E SUMIR SEM FALAR NADA COMIGO...
-- NIKÃO, OLHA, EU TIVE MEDO DE QUE O PESSOAL ME CHAMASSE DE VIADO, VOCÊ NÃO ENTENDE PQ NINGUÉM PRATICAMENTE MECHE COM VOCÊ, EU JÁ LEVO FAMA DE MACONHEIRO, ISSO JÁ ABORRECE MINHA MÃE PRA CARALHO, IMAGINA SÓ SE CHEGA NELA QUE EU SOU VIADO
-- TA, ATÉ AI EU ENTENDO, E NUNCA COBREI NADA EM PÚBLICO DE VOCÊ, AGORA E A PIRANHA, AONDE ELA ENTRA?
-- CHAMA ELA DE PIRANHA NÃO, ELE NEM TEM CULPA DE NADA.
-- TÁ... MAIS E AI?
-- EU SO ESTAVA FICANDO COM ELA PRO PESSOAL PARAR DE DESCONFIAR DA GENTE
-- TU É MUITO BURRO MESMO, TEUS AMIGOS TODOS SABEM DA GENTE, E TÃO CAGANDO, TEM AMIGO TEU QUE JÁ QUIS ATÉ ME COMER, UM SUJO FALANDO DO MAL LAVADO.
-- QUIS SÓ NÃO NÉ, PQ EU SEI QUE FALECO TE COMEU, MAIS NEM POSSO FALAR NADA, MESMO TENDO MUITA RAIVA DISSO
-- PRA VOCÊ VER SEUS AMIGOS, TE CHAMAM DE VIADO, ME COMEM, E TE DEIXAM BEBADO NA RUA
-- MEUS AMIGOS NÃO SÃO OS TEUS NIKÃO, EU SEI DISSO. É DIFERENTE, EU NAO TENHO A SUA VIDA NEM OS SEUS PRIVILÉGIOS. SÓ ENTENDE POR FAVOR, QUANDO EU VI O QUE EU TINHA FEITO JA ERA TARDE, A ÉRIKA JA ESTAVA GRÁVIDA E EU PRESO NISO TUDO.
-- AINDA TA NÉ, VOCÊ AINDA TA COM ELA
-- TO NÃO, DESDE QUE O MATHEUS NASCEU NÃO ESTAMOS MAIS JUNTOS.
-- CONVERSOU COM ELA PELO MENOS ANTES OU TAMBÉM SUMIU?
-- EU NÃO POSSO SUMIR DA VIDA DELA, TEMOS UM FILHO
-- PELO MENOS ISSO VOCÊ ASSUME
-- ESQUECE ELA, PELO MENOS POR ENQUANTO, O QUE EU QUERO DIZER É QUE TO ARREPENDIDO E A MUITO TEMPO JÁ, MAIS VOCÊ NAO ABRE ESPAÇO PRA EU CHEGAR E CONVERSAR COM VOCÊ.
-- TO AQUI NÃO TO
-- UM ANO E TRÊS MESES DEPOIS DA MERDA TODA MAIS TÁ, E EU AGRADEÇO, VOCÊ ME DESCULPA?
-- ZÉ TE DESCULPAR NÃO É O PROBLEMA, O PROBLEMA É CONFIAR. CARA EU ACREDITAVA EM VOCÊ, TU NO RIO ANDAVA DE MÃOS DADAS, ME COBRAVA COISAS QUE AQUI NAO PODEMOS FAZER, E EU ENTENDIA QUE AQUI NAO DAVA PRA YER O QUE TINHAMOS LÁ, PQ VC NÃO FALOU COMIGO ZÉ, SO ISSO, ERA SÓ FALAR COMIGO, VOCE SABE COMO EU ME SENTI QUANDO CHEGUEI AQUI E DEI DE CARA COM VCS DOIS JUNTOS NA PRAÇA, VOCÊ NEM SE DEU AO TRABALHO DE NAO BEIJAR ELA NA MINHA FRENTE, VOCÊ ESFREGOU NA MINHA CARA... PORRA ZÉ... TU É DOIDO
Eu não conseguia mais falar, eu segurava o choro, mais não dava mais... Deixei vir... Ele sentou do meu lado, me abraçou
-- EU NÃO SABIA QUE EU IA TE FAZER TANTO MAL, QUE VOCÊ IA SENTIR TANTA RAIVA. JURO, EU PENSEI QUE ÍAMOS FICAR BEM, QUE EU IA PODER IR TE VER DE VEZ EM QUANDO NO RIO.
-- TU ACHOU QUE PODERIA TER OS DOIS NÉ ZÉ
-- ACHEI, ME DESCULPA, EU ACHEI QUE CONSEGUIRIA TER ELA AQUI E VOCÊ LÁ E TUDO FICAR BEM, SÓ QUANDO EU VI O JEITO QUE VOCE ME OLHOU DEPOIS QUE EU ENTENDI A MERDA QUE EU TINHA FEITO, ME DESCULPA NIKÃO
-- EU NAO ENTENDI, PQ ALGUEM QUE ME COBRAVA BEIJOS, QUE FAZIA QUESTÃO DE EU DORMIR NO SEU PEITO, QUE ME OLHAVA ZÉ, VOCÊ ME OLHAVA DIFERENTE. PQ VOCÊ FEZ AQUILO. PQP, CARA COMO DOEU, PORRA
-- DOEU EM MIM DEPOIS NIKÃO, MAS A MERDA JÁ ESTAVA FEITA
Eu chorava muito, nem se eu quisesse ir embora dava, D. Alzira não ia entender nada, tive que ficar lá. Ele me abraçava, segurava meu soluço no braço dele. Ficamos calados um tempo, eu só queria me acalmar, ouvir ele pedir desculpa, conseguir colocar em ordem que ele não fez por não gostar de mim, e sim por medo da rejeição, era muita coisa ao mesmo tempo.
-- TO CANSADO ZÉ, DEPOIS A GENTE TERMINA ESTA CONVERSA
-- TEM CERTEZA QUE A GENTE TERMINA A CONVERSA?
-- TENHO, DEPOIS A GENTE CONVERSA
-- DEITA ENTÃO, VOCÊ NÃO PODE SAIR ASSIM DAQUI, DEITO COM VOCÊ, TAMBÉM TO CANSADO
-- TAMBÉM, O PORRE QUE TU TOMOU NEM SEI COMO TÁ DE PÉ AINDA
-- TIRA ESTA CALÇA, VOU PEGAR UM SHORT PRA VOCÊ.
Deitamos, a cama dele era de solteiro e eu acabei dormindo no braço dele, acordei eram mais de 11:00 ele já tinha levantado.
Peguei minhas coisas e já estava pronto pra ir embora mais D. Alzira não me deu paz até eu aceitar almoçar com eles...
Depois do almoço o Zé me chamou pra subir no curral com a desculpa de eu ver um bezerro, mais fomos terminar a conversa...
☕ CONTINUA...
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# Deixando claro para vocês que em meus "relatos" os fatos são reais, existindo uma romantização em algumas falas (não consigo lembrar de tudo né) mais os locais, nomes e acontecimentos são todos reais.
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OBRIGADO PELA SUA LEITURA
Espero que você tenha gostado e gozado muito com o relato de hoje.
Nikão