Havia uma semana desde o encontro de Luis e Laila, sua decisão de escrever toda sua historia para depois ser postada por Cello, ia de vento em polpa jamais pensou que seria tão fácil relembrar todas as situações vividas até ali.
Em muitas noites sentadas diante do computador Luis chorou, sorriu e percebeu o quanto havia sido bobo em muitas situações, como aquilo tudo estava servindo para uma analise pessoal, escrever sua historia era relembrar era constatar o quanto sua vida havia sido atribulada, e dava a real medida de seus atos e o que seria preciso fazer para solucionar todos os seus problemas.
Naquela terça-feira Luis lia jornal na bancada do apartamento enquanto Marco preparava o café da manhã, enquanto lia uma matéria sobre trafico de drogas, a matéria contava sobre a influência das drogas na vida dos jovens, e trazia uma pagina inteira relacionada a mortes de jovens vitimas do trafico e do uso de drogas, ali vendo a realidade de uma vida vitimada por esse vicio assassino, Luis lembrou-se da situação em que Mateus estava.
Segundo Nando, o seu irmão estava envolvido com drogas pesadas, e já havia roubado da família para sustentar o vicio aquilo martelava em sua cabeça, pensava em como poderia ajudar o ex-namorado, por tudo o que os dois viveram juntos não era possível evitar querer ajudá-lo, mas na sua atual situação era impossível se aproximar e muito menos se oferecer para ajudar.
Tentava pensar em uma solução, mas nada passava por sua cabeça, ajudar Mateus era aproximar-se de Nando, era parear-se ao perigo, e ele não sabia como reagiria ao ver Nando frente a frente depois daquela noite tórrida que terminou tão triste.
Marco: Mano, tu quer café?
Luis:...
Marco: Mano, ta perdido de novo no mundo da lua, acorda fera!
Luis: Que foi?
Marco: Perguntei se você quer café?
Luis: Põe um pouco, por favor... escuta Marco você vai fazer alguma coisa hoje?
Marco: Uai mano tava pensando em ir à casa da Jana, tipo ela já deve ter entrado de férias da facu, ai queria convidar ela pra dar uma volta no shopping, sabe to meio afastado dos amigos, principalmente dos lá do interior, às vezes me da uma saudade de quando morava com meus pais, e saia sempre com o Pepeu, Kaio e todo o pessoal. Aqui na capital tenho tão poucos amigos, alem de você e do Kaio, só tenho a Jana, a Manu e o Talles!
Luis: Eu também mano to igual a você, além de vocês dois eu tenho só o Fred, Talles e a Sanmia, e mesmo assim quase não os vejo, antigamente até via o Fred quando trabalhávamos mais a dois meses sem emprego já nem sei o que aconteceu com ele, o Talles eu só o vejo quando vem aqui te ver, já a Sanmia a ultima vez que a vi foi quando voltamos lá da chácara...
Marco: Mais mano você tem mais amigos e a Jana a Manu? Nossa elas vivem falando de quanta falta sentem de você, e outra já convidei elas varias vezes para vir aqui até mesmo para jantar, sair, só que elas dizem que se você parou de procurá-las e por que já não quer a amizade delas e por isso preferem não te forçar a uma amizade...
Luis: Nunca me afastei delas, mas foram tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, que acabamos nós nos distanciando, eu também pensava que elas é que não queriam mais a minha amizade, afinal de contas elas tem motivos para me odiarem, a Manu por causa do Leo que a traiu da forma mais cruel possível, e sendo irmãos eu até dou razão pra ela, e ainda tem a Jana eu machuquei muito a Laila que era como uma irmã pra ela, eu transformei num monstro que só prejudicou a Jana, eu entendo por que elas não me procurariam...
Marco: Mas não foi assim que aconteceu Lui, as circunstancias o afastou delas, e cabe a você busque se reaproximar delas, amigas como aquelas duas não se acha fácil...
Luis: Tu tens razão, será que posso ir com você visitar a Jana?
Marco: Uai mano pode sim, eu vou telefonar pra ela e ver se ela vai ta em casa beleza?
Luis: Beleza liga sim!
Marco ligou para a amiga, e ficou no telefone com ela por mais de quinze minutos, Luis chegou a sentir inveja do amigo por estar tão próximo assim de Janaina, ela era sua amiga e agora ele se via obrigado a procurar reatar aquela amizade que tanto lhe apetecia agora.
Marco: Mano melou a ida até a casa de Jana, ela me disse que ta no interior na casa da avó, vai ficar por lá até semana que vem, mais ela disse que ficou muito feliz em saber que você sente falta dela e quer reatar os laços.
Luis: Uai então por que não liga para a Manu, quem sabe ela está em casa e aceita sair com a gente!
Marco: Tá tranqüilo!
Marco ligou para a amiga, mas o telefone da garota estava fora de área, e Luis se sentiu perdido, estava a fim de reatar a amizade com as garotas, mas como sempre o destino os levava para longe e os impedia de se aproximarem.
Marco: Uai mano, já que elas não estão disponíveis, você sai comigo e com o Talles, tenho certeza que ele ta livre, é só ligar que aquele vida boa ta aqui rapidinho!
Luis: Imagina se eu vou sair com um casal pra bancar o castiçal e segurar vela!
Marco: Cê que sabe, mais não iria segurar vela nenhuma, a gente nem fica na rua, só aqui em casa ou na casa dele, tipo ele não é assumido né?
Luis: Sei como é, já passei por isso, mas prefiro sair sozinho tenho umas coisas pra resolver, e também já esta na hora de procurar um emprego, o meu salário desemprego termina mês que vem e eu não to afim de mexer nas minhas economias.
Luis resolveu realmente sair, mas não estava afim de procurar emprego naquele dia, foi ao shopping mas nada o distraiu por ali, nem mesmo um filme que assistiu, ir sozinho ao cinema não era nada divertido, na saída do shopping se lembrou que estava perto da casa da mãe, e até quis dar uma passada lá, era rara as visitas que fazia a mãe e ao padrasto, temia sempre encontrar Leo por lá, mas naquele dia o medo não surgiu e acabou pegando um taxi e rapidamente estava diante do prédio onde morava os pais.
Subiu, bateu na porta e logo Raul a abriu apenas de calção, aquele homem barrigudo sem camisa era sinal de que ele a esposa estavam sozinhos em casa, Raul era muito tímido pra ficar assim na frente dos filhos ou de visitas.
Raul: Ai ai é tu Luis, pensei que fosse o entregador de pizza, entra ai que eu vou correndo ali no quarto me vestir, tua mãe ta na cozinha!
Luis: Que isso pai, quantas vezes eu o vi assim, que besteira isso não me incomoda em nada!
Raul correu para o quarto sem dar ouvidos ao enteado, enquanto Luis ia até a cozinha ver a mãe, se aproximar daquele cômodo lhe trazia grandes lembranças, o cheiro de pão de queijo que vinha do forno ainda era o mesmo de quando criança.
Luis: Mainha?!
Lais: Meu filho, nossa que saudade, até que enfim resolveu me visitar, mora tão pertinho e quase não me visita!
Raul: Que isso mulher, o moleque custa aparecer e a senhora fica lhe dando sermões, vamos parando com este papo e serve um café pra gente, que também estou com saudades desse vagabundo!
Luis: Olha só, mamãe me da bronca, o pai me chama de moleque e vagabundo olha que não lhes visito mais!
Lais: Nem diz uma coisa dessas, meu filho, você mora perto e custa nos visitar, não nos sobra tempo pra te visitar já que você trabalha o dia todo, e teu irmão mora aqui com a gente e mesmo assim passo dias sem ver ele!
Raul: É verdade o Leo é igualzinho a você esquece que tem pai e mãe que se preocupam!
Luis: Que nada, sempre sinto vontade de vir aqui dar um abraço em vocês, mas como mamãe disse to sempre sem tempo, mas agora que estou desempregado posso vir visitá-los sempre, e vocês também podem ir até em casa, achei que tia Emilia tinha contado isso pra vocês!
Lais: Aquela lá não nos conta nada, só fiquei sabendo que ela ia se mudar pro interior no dia mesmo, e outra ela ficou aqui e nada dizia sobre você, eu tinha que ficar perguntando acredita?
Luis: É bem a cara dela, mais e o Leo vocês disseram que ele sempre ta fora de casa, onde ele se enfia todo esse tempo, vai dizer que ele continua com aquele rolo lá do interior?
Raul: Nada, aquilo não durou nada, foi poucos dias até ele reatar com uma ex namorada, foi em um zás trás e ele estava enrabichado com ela de novo... mais esquece teu irmão e me conta essa historia de desemprego!
Aquela conversa surpreendeu Luis, como assim Leo havia reatado com uma ex-namorada, a única que ele teve ali naquela cidade era Manu, não poderia ser ela a sua namorada, mas não havia outra, era uma possibilidade que Luis devia examinar até o fim e esclarecer o mais breve possível aquela situação.
Raul: Luis ta sonhando acordado menino?
Luis: Desculpa às vezes me distraiu assim... mas quanto ao fato de estar sem emprego, se deve a uma coisa que aconteceu no escritório onde trabalhava, o senhor deve conhecer o doutor Marcos Alexandre que se formou comigo não é?
Raul: Conheço sim, é um jovem ambicioso, aceita qualquer causa, e não trabalha com nenhuma especifica como eu que sou criminalista, mas o que tem ele?
Luis: Pois então a ambição dele o fez trair o sócio e outro grande amigo que tenho o Doutor Frederico, ele fez contratos inescrupulosos com um prefeito corrupto e obrigou o Fred a vender a parte dele no escritório, no fim das contas ele demitiu metade dos funcionários e eu não poderia trabalhar com uma pessoa que trai os amigos e ainda se junta a criminosos!
Raul: Fez bem meu filho, mas você sabe que poderia ter seu próprio escritório, sei que é inteligente, devia fazer a prova da OAB, e deixar de ser secretario, você tem um futuro brilhante, mas enquanto isso não acontece por que não vem trabalhar comigo, eu estou querendo promover mesmo o meu atual secretario, e vou precisar de um novo, se quiser trabalhar te pago o mesmo que recebia no antigo escritório que tal?
Luis: Nossa pai sempre me recusei a trabalhar com o senhor, mas depois que comecei a trabalhar acabei gostando disso, não tenho vontade de ser advogado, gosto de ser apenas secretario de ajudar pessoas honestas e que precisam de alguém para defende-los, mais eu tenho um compromisso com o Fred assim que ele conseguir uma nova sociedade ou abrir um novo escritório eu vou trabalhar pra ele...
Raul: Trabalhe comigo até isso acontecer... e pensando bem eu e meus sócios pensamos em expandir as áreas de atuação, pede pra ele me procurar quem sabe não podemos firmar uma parceria, conheço muito bem o trabalho dele e como defensor publico já o vi em atuação e o rapaz manda bem!
Luis: Claro falo sim, ele vai adorar isso!
A conversa com os pais foi muito gratificante e Luis passou quase a manhã toda ali, a mãe queria que ele esperasse pelo almoço mais o rapaz tinha uma coisa em mente e precisava tirar a prova daquela suspeita, assim que saiu do prédio onde morou pegou um taxi e logo estava uma cinco quadras mais abaixo em frente ao apartamento da família de Manu, por incrível que pareça o porteiro era ainda o mesmo de antes e reconheceu facilmente Luis deixando-o subir sem interfonar.
Luis: Seu Mario, o senhor sabe se a Manuela esta em casa?
Mario: Esta sim, os pais dela é que estão viajando!
Luis subiu de elevador, pelas escadas demoraria muito, Manu morava no oitavo andar, quando chegou diante do apartamento tocou a campainha e demorou um pouco até que Manu surgisse na porta vestindo apenas uma camiseta masculina, a cara de espanto da moça ao ver Luis, deixou o rapaz com uma pulga atrás da orelha, alem do que aquela camiseta era bem conhecida.
Manu: Luis meu anjo o que você faz aqui?
Luis: Uai você desliga o telefone, some por tanto tempo que a saudade nos obriga a aparecer sem avisar, mais iai não vai me convidar pra entrar?
Manu: É que tipo to com um bofe ai...
Luis: Tudo bem minha linda, mais você podia no mínimo me oferecer um copo de água vim a pé da casa da minha mãe e estou um pouco cansado!
Manu: Pode deixar, espera aqui que eu já volto!
Manu saiu para buscar o copo de água deixando a porta aberta, aquilo caiu como uma luva para Luis, que rapidamente correu para dentro do apartamento e logo se viu diante a porta do quarto de Manu, temeu estar errado e encontrar um desconhecido ali dentro, mais desejava muito tirar aquela duvida da cabeça e abriu a porta, na cama dormindo apenas com um lençol cobrindo as partes, um homem bastante conhecido e que deixou Luis surpreso.
Manu: Cara como você invade minha casa assim?
Luis: Eu é que te pergunto o que significa isso? O que esse monstro faz aqui?
Não acredito que você também faz parte de tudo isso, você me decepcionou!
Manuela puxou rapidamente a porta empurrando Luis para a sala, ela fazia sinal de silencio, e expressava medo nos olhos, Luis deixava-se empurrar incrédulo com tudo aquilo, novamente sua vida virava cena de novela mexicana, novamente via as pessoas ao seu redor se juntarem contra ele, pelo menos era isso que ele pensava ao imaginar aquele cara deitado na mesma cama que Manu.
Luis: Fala Manuela eu quero explicações o que ele faz aqui?!
Manu: Fala baixo cara, ele custou a dormir... por favor não faz barulho ele não pode te ver aqui!
Luis: Não acredito nisso, como você pode se deitar com ele Manu, por acaso ele te contou o que aconteceu entre nós?
Manu: É claro que ele contou! Não há segredos entre nós dois, desde que conheci o Nando nunca houve falsidade entre a gente!
Luis: Meu Deus, você também faz parte disso não é, você se uniu a ele pra me destruir...
Manu: Cala essa boca idiota, que eu saiba eu sou sua amiga a muitos anos, você acha mesmo que eu iria trair nossa amizade por outra, o Nando é meu amigo sim, mas isso não significa que eu faria o que ele quer com intuito de te prejudicar!
Luis: Amigos?! Eu nunca vi amigos que dormem juntos, que tipo de amizade é essa, eu e você nunca tivemos tanta intimidade assim!
Manu: Deixa de ser burro, ele ta dormindo ali naquela cama por que pegou aquela chuva cedo, chegou aqui todo molhado e bêbado eu o levei pra dentro e pedi pra ele tirar a roupa, se você for ver ele esta com uma cueca do meu irmão, as roupas dele estão na lavanderia, quando você tocou a campainha eu estava trocando de roupa e a camiseta dele era o que estava mais próximo, isso não significa que nós transamos.
Luis: Nossa isso é difícil de acreditar... até por que choveu era quase de madrugada, e pelo que eu vi foi apenas um chuvisqueiro não daria para molhar ninguém, e eu nem sabia que vocês eram amigos...
Manu: Você não sabe de muita coisa meu querido, mais só para lembrar eu namorava o teu irmão que era amigo de Nando e ainda era amiga de Laila, então é mais que normal que tenhamos nos conhecido nessa época não é? E outra se você não acredita em mim, foda-se! Eu não vou correr atrás da sua amizade, até por que você já desistiu dela, no momento em que deixou de atender minhas ligações!
Luis: Esquece que eu vim aqui... você soube por ele tudo que aconteceu e nem me procurou ao contrario preferiu consolar ele, o cara que me iludiu, me usou, tramou contra a minha vida e tem feito tudo para me machucar... não posso imaginar isso como amizade, é uma pena eu me tocar só agora como eu sou sozinho, tentei tanto fazer parte de alguma coisa, e a única coisa que consegui foi ser traído por todos a quem dei valor, Leonardo, Mateus, Laila, Fernando e agora você...
Manu: Se você já disse tudo que queria, por favor, saia!
Luis: Não precisa dizer duas vezes, me arrependi de ter vindo aqui... Manuela não conta pra ele que estive aqui e que o vi, não quero dar essa felicidade pra ele... faça isso em nome da amizade que algum dia existiu entre a gente!
Manu: Você gosta mesmo dele não é? Conseguiu esquecer a pessoa que dizia mais amar nesse mundo e se apaixonar pelo irmão dele não é?
Luis: Ele conseguiu concretizar o plano dele, acredito que nunca mais voltarei a ter qualquer coisa com o Mateus!
Luis abriu a porta e saiu, estava tão desapontado, sabia que tinha culpa no afastamento de Manuela, mas aceitar que ela era amiga de Nando mesmo sabendo de tudo que ele fez para prejudicá-lo era algo que jamais poderia perdoar, naquele momento pensou em não procurar Janaina temia descobrir que assim como Manu ela também havia se aliado ao inimigo, e isso seria um golpe muito profundo.
Quando chegou em casa, já era inicio da noite, Talles estava no sofá com Marco deitado com a cabeça em seu colo, ao ver a cara do amigo Marco sacou que mais alguma coisa havia acontecido com o rapaz.
Marco: Vai fala o que aconteceu contigo dessa vez mano?
Luis: Não aconteceu nada, não se preocupa to legal!
Marco: Para né, você chega com essa cara e quer que eu acredite que não aconteceu nada?
Luis: A fera, eu só não entendo como eu me engano com as pessoas, eu sou mesmo um burro!
Marco: Por que você ta dizendo isso mano?
Luis: Eu visitei a Manuela hoje, estou vindo de lá agora... e eu descobri que não tenho tantos amigos como você disse de manhã!
Marco: Como assim o que ela te disse para fazer pensar assim?
Luis: Eu encontrei o Fernando na cama dela, ele estava nu e ela vestia uma camiseta dele, quando a questionei disse que ele era só um amigo, e que já não me considerava amigo dela...
Marco: Se soubesse que você iria até lá, teria te preparado pra isso...
Luis: Você sabia disso então?
Marco: Lui o Nando, Leo e Mateus são amigos de todo mundo, é claro que eu não suporto o Nando, mas muitas vez que sai a noite e até agora quando saio com o Talles a gente encontra eles junto com a Manu, Jana e até o Samir já é amigo deles!
Luis: Cara não entendo isso, por que estes caras tem que me perseguir assim, você devia ter me contado isso a mais tempo, você sabe tudo que passo com eles, estou desapontado com você Marco!
tam essa dor e passem a odiar quem você odeia, eu te devo muita coisa meu amigo, mais não da mais você vive ai sofrendo, e ai quando aparecem os inimigos do passado você simplesmente os perdoa e traz pra dentro de casa, assim como fez com a Laila e com o Nando, foi você que abriu espaço pra ele entrar aqui, você permitiu que ele te enganasse, não da pra viver assim odiando as pessoas que você odeia e depois simplesmente virão suas melhores amigas!
Luis: Cara... da licença eu vou pro meu quarto... já me decepcionei de mais hoje com você... antes deixa só te lembrar uma coisa... se eu e Mateus terminamos o nosso namoro grande parte foi devido a nossa mudança pra cá, foi por resolver cuidar de você que eu fiquei sozinho... você devia dar mais valor as pessoas que se oferecem a te ajudar!
Marco: É bem a sua cara Luis de colocar todo mundo pra baixo, de jogar na cara das pessoas o que você fez por elas, de culpar os outros pelos seus erros, eu nunca fui a razão da sua mudança pra cá, você veio por que estava desesperado com a noticia de ser pai de um filho da Laila, eu só vim como suvenir, mais se você acha mesmo que sou culpado me fala agora que eu pego minhas coisas e vou me embora!
Luis: Vai pra onde mano você não tem pra onde ir, eu sou sua única família, para com isso... me desculpa eu sou mesmo um burro... por favor esquece o que eu disse... Talles desculpa ai te fazer ver uma cena deprimente como essa, eu sou um besta que não sabe dar valor aos amigos!
Talles: Que isso mano preocupa não isso acontece nas melhores famílias, e amigo que é amigo de verdade sempre briga por alguma coisa!
Marco: Mano vai deitar, dormi um pouco e pensa em tudo isso que a gente conversou você vai ver que eu tenho a razão, você transforma poucas coisas em grandes dramas, você que é culpado da proporção que toma certas situações...
Talles: Marco chega deixa o cara quieto!
Luis: Não Talles ele ta certo, as vezes eu preciso desses esfregões que o Marco me dá, ele me faz acordar por isso que eu amo esse meu irmãozinho.
Depois daquela conversa com Marco ele deitou-se em sua cama e ali chorou como jamais havia chorado em sua vida, as palavras do amigo batiam forte em sua cabeça, não conseguia culpar ou sentir raiva de Marco, tudo o que o rapaz havia dito ali no calor da discussão era verdade e isso era o que mais doía em Luis era reconhecer que ele era o maior culpado por tudo, sempre foi passivo em suas relações, abria espaço para que todos o usassem e abusassem e no fim quando se sentia ferido aprontava escândalos, culpava os outros por usarem de sua passividade para realizarem seus desejos.
Tudo era culpa sua, e tanto tempo levou para perceber toda a sua culpa que já não achava mais saída para tudo aquilo, como havia culpado, ofendido e machucado as pessoas que tentaram gostar dele, desde sua infância sempre usou os outros, golpeou os sentimentos daqueles que só queriam o seu bem e usou de palavras para colocar jogar a culpa nos outros, sentia que sua filosofia de vida sempre foi “se a culpa é minha, eu coloco em quem eu quiser”.
Luis lembrou-se de todas as situações que viveu ate ali, de tudo que lhe causou dor, assim como o que fez com Laila, usou a garota para satisfazer sua raiva e também seu desejo reprimido, depois como desculpa culpou a garota, jogou sobre ela todo o fardo daquela transa, não havia culpa de seu lado, apenas Laila cometeu erros, apenas ela usou de todas as artimanhas para seduzi-lo e no fim destruiu a garota humilhando-a e deixando a moça na pior das situações.
Ainda pensou em Nando e a primeira briga entre os dois, como ele havia tratado o rapaz, o viu em um momento de raiva, a ira dominava seus pensamentos e naquele momento causava problemas para Mateus.
Luis: É foi assim mesmo que eu falei, meu Deus como eu fui idiota naquele momento... eu tenho certeza que falei muito mais que isso, era uma briga e usei de tudo que podia para provocá-lo, no final eu fui culpado por apanhar aquele dia, eu causei tudo aquilo, meu como o Marco estava certo! Eu chamei o Nando de coisas do tipo enrustido, viadinho de academia, bicha burra e pinto pequeno, (risos) até que sou criativo, mais isso não justifica como eu tratei o Nando, e houve tantas chances de eu me aproximar dele e conquistá-lo, pelo menos como cunhado, morávamos perto, freqüentávamos a mesma igreja, estava sempre diante do supermercado que ele trabalhava e a única coisa que fiz foi provocá-lo, retruquei tudo que ele me disse, ofendi. Meu Deus eu sou um monstro!
Luis também se lembrou do dia em que contou a Mateus que deixaria o interior para morar na capital, daquele dia ele lembrava-se de cada detalhe, cada palavra dita e saiba quais haviam marcado fundo em Mateus.
Como achou que não iria magoar o namorado? Tudo o que causou no ex-amor foi injusto e cruel, e agora ali naquele momento sentiu o que provocou no namorado, só o fato de deixar o rapaz para morar em Goiânia era motivos para ser odiado.
Ainda tinha Leo, quantas vezes discutiu com o rapaz e culpou por todas as desgraças que sofreu na vida, Leo também era inocente e foi uma vitima de Luis, pelo menos era assim que ele pensava naquele momento.
Luis ficou ali no quarto deitado de olhos fechados por muito tempo e analisou toda a sua vida ate ali, Leo, Mateus, Nando, Manu, Laila, Samir e todos os outros que passaram pela sua vida e de alguma forma foram ofendidos e ridicularizados não eram tão culpados para passarem pelo que passaram ou receber os nomes que receberam, ele tinha que fazer alguma coisa para reparar isso, mais por mais que pensasse não encontrava uma saída para aquela situação.
Marco estava na cozinha com Talles conversando sobre a discussão de algumas horas antes quando vira sair do quarto puxando uma mala um Luis diferente, o rapaz trazia óculos escuros no rosto, os cabelos espetados como a muito não usava e trajava roupas e calçados pretos, era como se houvesse passado por uma transformação e aquilo assustou Marco que se imaginou culpado, pensava que o rapaz havia ficado louco após receber algumas verdades na cara.
Luis: Pessoal estou indo viajar! Volto e duas semanas se cuidem!
Antes mesmo que qualquer um dos dois dissesse qualquer coisa Luis saiu pela
porta e desaparece atrás dela.
Luis dirigia seu carro rumo ao destino criado após tantas resoluções, pensava em tudo que teria que ver e fazer para solucionar todas aquelas armadilhas da vida. No toca CDs tocava uma musica que antes nunca fez sentido para Luis mais naquele momento não havia melhor conselheiro do que Jay Vaquer e a musica todos os fracos.
A voz melódica do cantor transmitia respostas ao interior de Luis que a cada estrofe tentava traduzi-las para o seu cotidiano e encontrar o seu verdadeiro caminho.
Todos os fracos desistiram reprimidos pelo medo de não ser
Como aquilo era verdade, em toda sua teimosia acabou por ser fraco, mas não fraco fisicamente, e sim emocionalmente, seus medos e angustias provocada por tantas situações em que ele era o culpado reprimiram o seu desejo por continuar, o desejo de tentar novamente, e como sempre foi mais fácil se render ao medo, como era fácil sem fraco e desistir.
Luis: Meu Deus, como eu fui fraco toda a minha vida, por medo eu sempre optei por desistir, nunca arrisquei continuar uma situação que pudesse me causar dor, foi assim com o Leo quando criança e eu preferi fugir dele ao encará-lo de frente, foi assim com Mateus quando eu fugi para a casa do meu pai, foi assim em relação ao filho que Laila esperava, eu sempre optei por fugir, por me desligar dos laços fraternos e me esconder de qualquer coisa que me lembrasse daquele momento de dor e tristeza...
A música seguia e Luis mais encontrava sinais de sua fraqueza, mais se via culpado por todas as desgraças que sofreu na vida.
Entregando os pontos onde os tontos são tantos
Todos os fracos tomaram comprimidos tentaram esquecer
Sempre optou por entregar os pontos e desistir, optou pela saída mais rápida, assim como fez com Laila ao ludibriá-la a deitar-se com ele, dizendo que a amava que queria ela para ser sua mulher, e como buscou esquecer daquilo tudo, fugiu para uma nova cidade, novos amigos, nova família, tudo novo só para apagar tudo aquilo, e sentir-se um pouco mais feliz, sua felicidade sempre em primeiro lugar, não se importava se alguém sofreria contato que ele se beneficiasse daquela situação.
Duvidando dos santos quando os prantos são tantos
Todos os fracos num espelho trincado
Pra sete anos de azar
Muito mais que sete anos foram os anos de azar de Luis e daqueles que tentaram se aproximar, ele sempre se isolou de todos, os amigos da faculdade, os coleguinhas do primário, o pai, os irmãos mais novos, os amigos do trabalho da tia Emília, todos foram isolados, ninguém parecia confiável, duvidar de seus sentimentos era o mais pratico a se fazer, transformava os possíveis prantos em certezas de felicidade. E agia sempre assim sem se preocupar com as rachaduras que provocava nos corações de todos, apenas via sentimentos mais profundos como ferramentas de dor futura.
Era fraco, tolo, mesquinho e não sabia, sempre agiu como acreditava ser o certo, e por mais que sua consciência dissesse que aquilo era errado, era rude nada o importava, sua felicidade em primeiro lugar.
A cada certeza de sua vida mesquinha Luis chorava, e a cada lágrima derramada maior era o seu desejo de tentar concertar todo aquele estrago, ainda havia chances de ser feliz, ainda havia possibilidades de fazer aqueles que o cercavam felizes, e estava decidido a buscar essa tão sonhada felicidade. Finalmente havia entendido que não era ele o centro de tudo, e que alguns trincados eram necessários no espelho da vida, era hora de deixar de ser fraco e buscar viver a vida como ela é.
Todos os fracos meu espelho evitado
Como se pudesse evitar
Ali naquele momento com o carro estacionado diante aquele prédio, Luis tinha certeza que era impossível evitar as feridas que a vida provocava, mas que eram essas feridas que moldavam sua existência, sentia a necessidade de chorar por amor, de discutir com os amigos e depois rir da situação, queria um abraço do irmão, um beijo do amado, queria decepcionar, queria ser magoado, queria viver de verdade, sem medo da dor. Queria abandonar aquele mundo mesquinho e toda aquela solidão que havia criado pra si, e ali naquele prédio seria o lugar para começar, era hora de buscar o perdão daqueles que um dia magoou, não iria exigir explicações, não iria quer se justificar, apenas queria sentir-se querido novamente pelas pessoas que tanto importaram em sua vida.
Luis desceu do carro, atravessou a rua e logo entrou no elevador, não antes de cumprimentar o porteiro que a muito o conhecia. Já no andar desejado caminhou ainda acabrunhado, até chegar a porta da primeira pessoa que deveria abraçar e perdoar, tocar a campainha foi difícil mais também foi a vitoria mais almejada por ele naquele momento.
Não demorou muito para que uma linda jovem surgisse a porta vestindo a mesma camiseta daquela tarde fatídica, seu olhar assustado revelava o medo que sentia por vê-lo ali, e ele não pode evitar as lagrimas que escapuliram de seus olhos, Manu não entendeu toda aquela situação, menos ainda quando se viu abraçada por Luis. Um abraço demorado e sentido. Era um abraço apertado sofrido, que transmitia toda a dor que Luis carregava em seus ombros, de certa forma Manu entendeu com aquele gesto que aquilo era um pedido de desculpas e ali também chorou abraçada ao amigo. Já recompostos Luis olhava para o rosto da amiga e para aquele sorriso que tantas alegrias havia lhe proporcionado no passado e como se sentiu feliz por vê-lo novamente, por saber que era o motivo dele.
Manu: Entra Luis, vamos conversar!
Luis: Certo!
Luis sentou-se no sofá e esperou que Manu também sentasse para então dizer.
Luis: Manu eu sei que eu agi errado de manhã, eu não devia ter falado daquela forma com você, mais tente entender, eu não acreditava que uma pessoa que fosse amiga daquele que eu via como inimigo pudesse realmente ser minha amiga, eu era egoísta, queria sua amizade apenas pra mim, não podia aceitar que você fosse amiga justamente dele, mais eu ate agradeço a Deus por aquela situação, foi ela que proporcionou a abertura dos meus olhos, agora vejo o quanto eu fui errado em diversos momentos com você e com todos. Como fui egoísta, e apenas olhei para o meu próprio umbigo, e não peço que me perdoe, mas adoraria isso, só quero que entenda como arrependido eu estou!
Manu: Não precisa desculpar meu amigo, você sabe o quanto eu lhe admiro e como eu gosto de você, quanto aquilo eu devo me explicar melhor...
Luis: Não precisa dizer nada Manu, só de ver este teu sorriso eu me sinto aliviado e feliz... (Luiz fez uma pequena pausa, olhava apenas para o chão e ainda assim disse)
Manu o Nando ainda ta aqui?
Manu: Não ele foi embora logo que você saiu, ele acordou com a nossa discussão e ouviu grande parte dela, no fim ele preferiu ir embora com medo que você voltasse e o encontrasse aqui novamente.
Luis: Espero não ter lhe causado problemas!
Manu: Não causou, fique tranqüilo... Luis eu preciso te contar uma coisa... Bom, nem tudo que você disse estava errado... Realmente eu te traí, e fiquei com seu inimigo...
Luis: Então você e o Nando realmente tinham um caso?
Luis não culpou Manu, ou sentiu raiva dela, a garota era livre e solteira merecia ser feliz mesmo que fosse com Nando, mesmo sabendo de tudo o que ele fez a Luis, mas no fundo de seu coração Luis sentiu uma dor aguda e desconfortável, saber que Manu e Nando estavam juntos era como se pisassem em seus sentimentos, era ter certeza de que toda aquela noite em que os dois estiveram juntos havia mesmo sido uma farsa, uma vingança, Luis já chorava quando Manu concluiu.
Manu: Não. Já mais fiquei com o Nando, como disse eu e ele somos apenas bons amigos... o inimigo com quem eu sai e saio até hoje é...
Luis: É?
Luis sentiu-se feliz naquele momento, era como se a chama da esperança ainda queimasse dentro dele, mas ao mesmo tempo temia a resposta de Manu, imaginava quem era esse inimigo com quem ela mantinha um caso, e se estivesse certo, grandes complicações resultariam disso, e novamente a chama se enfraquecia em seu interior.
Manu: É o Leo... Eu e o seu irmão nunca terminamos de verdade Luis, sempre estivemos juntos, mesmo quando ele esteve com o Mateus éramos amantes...
Luis: Eu imaginava isso, Laila já havia me alertado sobre essa possibilidade, mas me explique como você conseguiu continuar com o Leo mesmo sabendo que ele se deitava com o Mateus?
Manu: Eu não sei se devo te contar isso sem falar com o Leo, mas acho que você tem sofrido de mais quanto a isso... Bem a um tempo atrás, o Leo me procurou e me contou uma historia sobre o Nando e a Laila... E a propósito, aquela vaca te procurou mesmo, não acreditava nela quando disse faria isso... Mas como dizia Leo contou que Laila queria usar de medidas drásticas contra você, mesmo com Nando relutando a usar de armas tão violentas Leo disse que ele e Mateus tinham um plano, mas que para isso eu teria que ajudá-los...
Luis: Então ele pediu a você que fingisse terminar, para que ele namorasse o Mateus certo?
Manu: Isso, se Leo namorasse Mateus, Nando não teria razões para querer te fazer mal, e como você e Mateus já estavam afastados, Laila não conseguiria convencê-lo a fazer qualquer coisa que fosse, e por mais que Nando dissesse que não queria o irmão com um homem, em relação ao namoro de Leo e Mateus ele não disse nada e até apoiou tudo... Mas Laila não estava satisfeita e por isso ela...
Luis: Enviou-me as fotos dos dois juntos! Então se eu estou entendo bem você ajudou os dois nessa mentira toda, Leo nunca me traiu, Mateus nunca ficou com o meu irmão, mas o que não compreendo é por que os dois ainda continuam com essa mentira toda!
Manu: É simples, após o dia em que você brigou com Leo ao saber das fotos, Mateus diz ter percebido que jamais voltaria a ter qualquer coisa com você, e então se afundou em uma depressão, e não só isso ele começou a usar beber e fumar, logo fez amizade com um pessoal barra pesada da faculdade e junto deles começou a usar drogas e depois até participou de roubos, preocupado com o irmão Nando procurou os amigos de Mateus e o namorado é claro e pediu ajuda. Leo se afeiçoou muito ao Mateus e resolveu ajudá-lo, sempre saindo com ele, cuidando para que ele não usasse nada ou fizesse alguma bobeira. Jana, Vic e eu fizemos nossa parte também e hoje podemos ate dormir tranqüilos, mas o medo de que ele tenha uma recaída impede o Leo de terminar o namoro falso.
Luis: Entendo...
Manu: Em algumas situações em que Leo sabia que te encontraria ele chegou a levar o Mateus para tentar uma reaproximação, mais ele sempre fugia logo ao tiver, um dia Leo o convenceu a conversar com você, e foi justamente no dia que coincidentemente vocês saíram com um amigo em comum, Leo ligou para o Mateus e contou que você estava na tal boate, como ele estava aqui em casa saiu correndo disposto a te contar tudo a voltar pra você, mas quando chegou lá você estava com uma garota, e ainda o tratou tão mal, que ele desistiu de tentar te reconquistar, naquele dia ele quase teve uma recaída, foi difícil convencê-lo a não beber...
Luis: Se eu soubesse disso, teria evitado tantas coisas, eu tinha certeza que os dois estavam juntos, e adorei fazê-lo sofrer aquele dia...
Manu: Aquele dia ele conseguiu superar e estava novamente disposto a te conquistar, mais o Nando veio aqui justamente em um dia que eu estava com os dois aqui, ele tem uma chave daqui pra quando vem a cidade e fica na noite ate de madrugada, nesse dia o Mateus dormia no sofá que ele sempre dormia, neste sofá ai mesmo, ai Nando foi até o meu quarto e bateu na porta, pensando ser o Mateus eu abri a porta e ele viu o Leo na minha casa, não demorou pra ele entender tudo.
Luis: Foi ai que ele decidiu fazer o que fez comigo não é?
Manu: Sim, ele colocou na cabeça que vocês dois ainda estavam juntos, nada o convencia do contrario, até que o destino o ajudou um pouco, no dia em que seu irmão foi atropelado, Kaio contou onde te encontrar, quando ele ligou aqui pra casa e o Mateus atendeu ele teve certeza que vocês não tinham nada, foi só depois disso que o Leo ligou e o Mateus foi ate você, mesmo assim o Nando chegou depois dele na boate e viu toda a cena entre vocês, o beijo que você dava na garota, as lágrimas de Mateus. Os dois discutiram e Mateus contou tudo pra ele, o quanto te amava e como queria voltar pra você, naquele momento ele começou a arquitetar um plano para separá-los definitivamente...
Luis: E eu caí como um patinho, nem posso culpar a carência por isso, pois sei que sou o único culpado, eu sempre fechei meus olhos para os problemas e acreditava que era fácil apagá-los, esquecê-los e achei que Nando também havia superado tudo isso, mais estava errado e ele conseguiu alcançar o objetivo dele!
Manu: Foi um baque pro Mateus saber que você havia perdoado o Nando e ele não, quando o Nando contou o que fez com você, ele chorou muito, sofreu e acabou recorrendo às drogas, ele quase morreu Luis, nossa eu nunca vi alguém tão mal assim, por sorte a overdose que ele sofreu foi reversível...
Luis: Não sei se um dia vou poder perdoar o Nando por tudo isso, mesmo reconhecendo meus erros, ele buscou isso tudo, ele também tem sua parcela de culpa e fez tudo consciente, não ha palavras pra descrever o que sinto agora!
Manu: Olha eu não devia te dizer isso, mas como já falei mais do que devia, mais uma não fará falta... Acredito que aquela noite significou alguma coisa para o Nando, eu não sei se ele despreza o que fez, se está arrependido, ou se sente nojo de si próprio por deitar-se com um homem, mais algo mudou dentro dele, desde então ele tem bebido muito, não sai mais com os amigos, chora durante os sonhos, eu não seu explicar o que se passa na cabeça dele, mas acredito que tudo começou naquela noite!
Luis: Deve ser remorso pelo mal causado ao irmão, tenho certeza que o único sentimento que ele nutre por mim é ódio, nojo, asco, desprezo...
Luis ainda falava quando a porta do apartamento se abriu e duas figuras bem familiares surgiu por ela, era chegado o momento de encarar o passado, de corrigir o presente e buscar um futuro, era a hora da conversa definitiva, Luis iria encarar de uma única vez Leo e Mateus.
Leo: Luis?! O que esse cara ta fazendo aqui Manu?
Luis: Por que não pergunta diretamente pra mim em mano?
Leo: Mano? Essa é boa depois de tudo que tu aprontou e me disse vem com essa de mano, você é mesmo um louco cara!
Mateus apenas observava a cena, seu rosto exibia um vermelho forte provocado pela vergonha de ser pego de surpresa daquela forma, lembrava ate uma cena do anime Naruto quando Hinata o observava de longe e fica corada simplesmente pelo fato de estar na presença do amado. Assim era Mateus observando Luis com seus olhos esmeraldas que escondiam um brilho de felicidade.
Luis: Acho que a gente precisa conversar não é Leo?
Leo: Eu não sei o que você quer falar comigo, já me perdoou por ter roubado o seu namorado?
Mateus se encolhia cada vez mais atrás de Leo, sua vontade era de estrangular Leo por tocar naquele assunto tão delicado.
Luis: (risos) Leo vem aqui comigo, por favor, preciso conversar com você em particular... Posso usar o seu quarto Manu?
Manu: Claro, vai lá!
Luis caminhou até a porta do quarto e esperou que Leo o seguisse, ele parecia meio arredio em ficar em um lugar fechado sozinho com o irmão, ainda temia que o irmão carregasse raiva por todas as suas mancadas do passado, mais em todo o seu interior a esperança de fazer as pazes com Luis ainda existia, devagar caminhou até aquele quarto, suas esperanças e seus temores caminhavam lado a lado com ele.
No quarto Luis olhava para o irmão, o sorriso no rosto mostrava a felicidade em poder reatar os laços fraternos com o irmão, só não sabia como iniciar aquela conversa, era muito tempo e muitas brigas que os afastaram, e àquela hora era o momento de resolver tudo aquilo, de colocar uma pedra em cima de tudo aquilo e viver feliz lado a lado com o irmão.
Leo: Então fala o que você quer!
Luis: Leo... Pode parar de fingir que a Manu já me contou tudo, eu sei do por que você e o Mateus fingirem namorar, de tudo que levaram vocês três a se unirem para me proteger, cara eu sinto tanto por tudo o que eu falei e fiz contra vocês, eu nem sei como me desculpar... queria tanto poder esquecer disso tudo e poder te abraçar de novo meu irmão... por favor cara volta a ser meu irmão de novo, eu preciso tanto de você, de receber seu abraço e ouvir seus conselhos. Mano você não sabe como eu sinto a sua falta, como eu precisei e do seu colo nesses últimos meses...
Leo: Chega né Luis, você acha que vai ser assim é só se dizer arrependido que eu te perdoo, cara você não imagina como me doeu ver você me rejeitando, me humilhando sendo que tudo que fiz foi por você, você não sabe como é horrível ser atacado pelo próprio irmão, ser chamado de traidor, de canalha, você sempre preferiu fazer um dramalhão de qualquer situação, eu sei que errei quando éramos crianças, mas hoje cara eu sou adulto e jamais te faria mal novamente, eu mesmo te disse isso, e você se quer se lembrou disso quando descobriu sobre o meu namoro com o Mateus. Você deveria ter me perguntado sobre a verdade de tudo isso, mais preferiu novamente enxergar somente o seu lado e me afastar completamente da sua vida, quando tentei conversar com você, a única coisa que consegui foi ser maltratado e ridicularizado por você. Como você acha que eu me senti naquele dia? Como acha que eu me sinto quando chego em casa e nossos pais me perguntam de você e eu não sei o que dizer? Você realmente acreditou nas armações da Laila e se afastou de mim, e quando ela te procurou para se explicar você a aceitou facilmente, mas não foi assim comigo não é?
Luis: Reconheço que eu fui o único errado até agora, eu não escondo minha culpa, mais tente entender o que foi pra eu ver aquela foto de vocês dois juntos, como foi ouvir da Manu que você estava com o Mateus, eu me senti traído, como eu poderia acreditar no Mateus se logo após a gente se separar ele estava nos seus braços? Meu irmão, por favor, esqueça tudo isso, tente resolver nossos problemas...
Leo: Não sei se isso poderia acontecer assim do nada, como eu poderia esquecer isso Luis, eu também reconheço minha culpa eu deveria ter contado pra você antes mesmo de contar pro Nando e pra Laila, mais a gente não teve tempo pra pensar em avisar ninguém, a melhor forma que a gente encontrou foi essa, mais eu esperava que você fosse entender e nos ajudar no plano, mais você preferiu nos ignorar e acreditar neles a no teu irmão e na pessoa que você dizia amar!
Luis: Eu entendo, se você não pode me perdoar, eu sinto muito queria muito ter meu irmão de volta, queria poder ter meu protetor de volta, meu herói...
Leo: Nem vem com o papo de herói não sei se acredito em você Luis... mais vou tentar te entender e voltar a ser como éramos antes de tudo isso, mais te confesso que não será fácil superar tudo o que você me disse e se isso acontecer novamente cara nós nunca mais vamos ter outra conversa como essa!
Luis: Mano você não sabe o quanto eu quero viver bem com você com a minha cunhadinha, eu quero voltar a ser feliz.
Luis chorava quando foi abraçado pelo irmão, estavam novamente juntos, e naquele abraço sentiam que o amor entre eles nunca acabou, ainda era intenso como antes, ainda havia carinho, respeito e cumplicidade.
Leo: Luis e quanto ao Mateus como você pretende resolver esse problema depois do acontecido entre você e o irmão dele? Diferente da gente vocês realmente tiveram uma ligação!
Luis: Não sei como resolver isso mano, nem sei de verdade o que sinto pelo Mateus, não sei o que sinto ou senti pelo Nando, sobre isso minha cabeça ta uma confusão só, eu vim pra cá pensando em conversar com o Nando, sabia que ele estaria aqui, mais ele acabou indo embora antes da minha chegada, eu sei que devo conversar com ele primeiro para depois conversar com o Mateus, preciso ter certeza de que ele ficou comigo somente para me separar do irmão dele.
Leo: Acho difícil você conversar com o Nando e ainda mais fugir do Mateus ali na sala.
Luis e Leo foram ate a sala e somente encontraram Manu sentada no sofá, ela sorriu ao ver os dois abraçados e reconhecer o carinho dos dois de volta ao ambiente.
Leo: Cadê o Mateus amor?
Manu: Amor ele foi embora!
Luis: Como assim foi embora? Embora pra onde Manu?
Manu: Uai pra casa dele né, pra sua que não seria... ele ficou preocupado com a conversa de vocês, então eu contei pra ele que você já sabia a verdade sobre o namoro falso e que você queria concertar toda essa bagunça, então ele preferiu ir embora do que te encarar!
Luis: Graças a Deus, ainda não estou preparado para ter essa conversa com ele, tenho outras pessoas que preciso ver antes de resolver esse dilema.
Após colocar a conversa em dia Luis saiu do apartamento de Manu feliz por saber que tinha o seu irmão de volta, o carinho de Leo e Manu era uma coisa que fazia falta na sua vida, já no carro Luis dirigiu rumo a um caminho bem conhecido, esperava encontrar logo mais adiante outra pessoa que deveria ouvir e ser ouvido por Luis.
