Algumas semanas haviam se passado desde que Luis e Mateus haviam reatado, em sua casa todos já sabiam do lindo reencontro criado por Leo, e parecia que a felicidade havia retornado para aquele apartamento, depois de muito discutirem Luis chamou o namorado para viver com ele sua casa, queria ter Mateus o mais perto possível, temia que algo ruim viesse a separá-los novamente, aquela parecia ser a melhor ideia que os dois já tiveram o clima de lua de mel, o amor no ar, a aceitação de todos, era tudo como os dois sempre imaginaram.
Mateus: Amor vamos tirar essa cama de solteiro aqui do quarto, todo mundo já sabe que a gente ta junto, pra que fingir que não dormimos juntos?
Luis: Mateus eu já te expliquei, minha mãe, meu padrasto e meu pai não sabem de nós, e eu não sei explicar mais eles parecem baratas ultimamente, surgem sem avisar, vem pra dormir, pra arrumar, pra fazer faxina, e ainda tem o Fred e a Sanmia eles não sabem da gente, então te peço calma, não há razão para tirar essa cama daqui agora!
Mateus: Por que você não se assume logo de uma vez, tem medo do que, a gente já enfrentou tantas coisas, pra agora você ficar mentindo pros outros... e também eu quero mais espaço nesse quarto isso aqui ta tudo muito amontoado...
Luis: Ai amor eu já disse que logo a gente vai se mudar, até lá eu criei coragem para contar pra todo mundo, então tenha paciência ta ok?
Mateus: Como dizem né, se não tem tu vai tu mesmo, mas espero que isso não demore viu...
A vida dos dois juntos se resumia a momentos de amor e prazer, poucas vezes discussões bobas como essa aconteciam, mais Mateus custava aceitar a decisão de Luis em adiar o dia em que se assumiria para os pais, ele acreditava que se fosse por ele isso jamais aconteceria, mais ele já havia feito isso com os pais, havia encarado o irmão e os pais ao dizer que iria morar com o namorado, ainda aguentava o desprezo da mãe, e o pai pouquíssimo lhe falava, mas por amor havia aceitado tudo aquilo e não podia aceitar a ideia de que Luis não fizesse o mesmo.
Naquele dia Luis havia saído para trabalhar e Mateus havia matado aula na faculdade, quando Marco chegou mais cedo da escola.
Mateus: O que faz tão cedo em casa meu filho?
Marco: Você e o Luis vão continuar mesmo com essa história de meu filho, faça-me o favor e adotem um cachorro ta beleza!
Mateus: Nossa desculpa só esta brincando, mais se não gosta não brinco mais...
Marco: Desculpa... Eu não queria parecer rude, mais é que hoje me aconteceu uma coisa que me deixou irritado...
Mateus: Por que não me conta, ai eu decido se te desculpo por ser um idiota!
Marco: Vai à merda ta... Hoje eu vi uma pessoa que eu tinha esquecido totalmente... Um velho amigo seu...
Mateus: Ta de brincadeira... Já sei quem é tu viu. O Pepeu?
Marco: Foi! Eu o encontrei no terminal enquanto esperava o meu ônibus, cara eu achei que já havia superado isso, mais ver ele mexeu comigo... o pior é que ele tava com uma garota, antes de me ver os dois estavam se beijando...
Mateus: Que foda mano, mais e aí ele também te viu?
Marco: Viu sim... Nossa ele abriu aquele sorriso lindo dele, minhas pernas tremeram na hora, quase cai... Ele veio ao meu encontro, me abraçou e chorou no meu ombro, disse que morria de saudades minhas, que havia me procurado mais os meus pais haviam dito que eu estava morando em São Paulo... Aqueles malditos fizeram tudo pra nos separar...
Mateus: E o que mais?
Marco: Ele disse que me amava e tentou me beijar, foi quando a garota que tava com ele veio até nós e perguntou quem era... O desgraçado me apresentou como um conhecido do interior, e depois me contou que ela era a namorada dele, me pediu o meu numero, mas eu tava tão chateado com o tal “conhecido” que mandei ele se danar e sai deixando os dois lá parados como estatuas. Ainda pude ouvir quando a namorada dele falou, “nossa que bichinha sem educação”.
Mateus: E ele não disse nada em sua defesa?
Marco: Não, ficou lá me olhando ir embora... Eu fiquei em choque e preferi voltar pra casa, eu não sei o que to sentindo, eu sei que amo o Talles, mais não sei o que sinto por ele...
Mateus: Mano esquece isso ta legal, você ta bem com o Talles, que é um gato, que te ama, então deixa o Pepeu no passado... Hum já sei, vou aproveitar você aqui, pra me ajudar numa coisa, topa?
Marco: Hum, num sei... O que é?
Mateus: Eu quero fazer uma festa saca, tipo uma baladinha legal, nesse tempo que a gente ficou sem se ver eu frequentei algumas e estava pensando que poderia trabalhar com isso, tenho um amigo DJ que tocaria de graça pra mim, e isso seria uma forma de eu contribuir de verdade com a casa, e você também ganharia um extra o que você acha?
Marco: To dentro, to precisando trabalhar mesmo, mais acho que organizar um evento como esse aqui na capital vai demandar dinheiro, e ainda tem o local, bebidas, segurança, decoração, som, luzes isso tudo é muito caro!
Mateus: Eu estava pensando em fazer alguma coisa pelo interior, em fazendas, sítios, coisas mais em conta sabe?
Marco: É pode dar certo, mais então quando a gente começa?
Mateus: Agora. Partiu pro shopping, vamos fazer uma pesquisa de preços e depois vamos dar uma olhada na internet pra ver em que cidade a gente faz isso beleza?
Marco: Beleza!
A ideia de Mateus em se tornar um promoter deu resultado, Marco passou a ajudá-lo em seu ideal, e logo Kaio e Talles se juntaram a ele, Luis se sentia seguro nas viagens que eles faziam juntos, era uma media de dois shows por mês em todo tipo de cidade, e alem dos quatro a equipe contava apenas com mais um membro o DJ amigo de Mateus, nas cidades onde organizavam a festa, contratavam todo o pessoal necessário evitando ter uma folha de pagamento muito longa.
Luis nunca acompanhou o namorado nesses eventos afinal, sempre estava trabalhando, e também eram apenas dois dias que ficavam fora não era motivos para saudade ou desconfianças…
Já havia cinco meses que Mateus trabalhava com isso, e nada havia chamado a atenção de Luis, mais naquela sexta-feira de agosto ele saiu mais cedo do trabalho, passou em uma pizzaria comprou algumas pizzas e refrigerantes e seguiu pra casa, queria jantar com os amigos e com o namorado, algo que não fazia já havia algum tempo, estava animado.
Sabia que chegaria em casa e não encontraria ninguém, mais mesmo assim desejava que Mateus estivesse em casa, queria enche-lo de beijos e dizer o quanto o amava e estava feliz.
Quando entrou no apartamento, viu as coisas de Mateus sobre a mesa, e imaginou que ele estivesse tomando banho, ouviu risadas do namorado no quarto e a voz de outro homem vindo de seu quarto. Aquela voz não pertencia a ninguém que ele conhecia, um sentimento estranho cresceu no peito de Luis que pé ante pé caminhou ate o quarto. A porta estava entreaberta, e mesmo sentindo que aquilo era errado Luis espiou dentro do quarto, Mateus estava deitado na cama e sobre ele, sentado estava outro cara, um rapaz oriental, com um cabelo arrepiado, e uma tatuagem no braço direito, dali ele não conseguiu ver o que era aquela tatuagem, mais a raiva que sentia em ver aquele japonês sentado sobre o pênis de Mateus, acariciando seus braços, peito e abdômen o enlouqueceram, mais o que mais o irritou foi ver a cara que Mateus fazia, ele apenas sorria e dizia um “para” com pouca vontade, algo que parecia significar continue.
Luis entrou no quarto de uma vez e gritou:
Luis: Que porra é essa, Mateus?
Os dois levantaram rapidamente, Mateus estava pálido como se realmente tivesse sido pego aprontando alguma coisa, o outro cara nada dizia apenas olhava para Luis sem entender o que estava acontecendo.
Mateus: Ai Luis você me assustou fera, como vai entrando assim?
Luis: Que? Você ta de zoação comigo, é isso? Que merda vocês estavam fazendo deitados um sobre o outro na minha cama?
Mateus: Nada meu, a gente tava só brincando... Deixa eu te apresentar, esse aqui é o Douglas o meu amigo e colega de trabalho, ele é o DJ que toca pra gente nas festas...
Luis estava transtornado, não disse mais nada e saiu chorando em direção da cozinha, Mateus pediu a Douglas que o esperasse no quarto e seguiu o namorado.
Mateus: Da pra me explicar que porra é essa que você ta fazendo Luis?
Luis: Agora é Luis né, ate hoje mais cedo era amor pra cá e amor pra lá, agora que te peguei na cama com seu amante você me chama pelo nome não, e não venha gritar comigo seu desgraçado se não eu...
Mateus: Se não eu o que? Vai me bater Luis, vai me expulsar de casa? Faça-me o favor ta... Se mata!
Luis: Não acredito que eu me deixei enganar por você de novo, você não mudou nada, no fundo é igual ao seu irmão, nasceu apenas para me ver infeliz!
Mateus: Para mano, fala baixo, você está pensado o que... Que o Douglas é meu amante, que a gente tava se pegando? Por que se for isso, não sei se vou poder te perdoar...
Luis: Não me faça rir Mateus, eu vi muito bem aquele cara sentado sobre o seu pinto, enquanto te alisava inteiro e também vi a cara de viado sedento por pica que você tinha...
Mateus caminhou até Luis e lhe deu um tapa na cara, foi um tapa tão grande e bem dado que de longe se escutou o barulho, a marca vermelha dos dedos de Mateus no rosto de Luis ardia em sua face, e as lágrimas desciam pelo seu rosto.
Mateus: Escuta aqui seu idiota, o Douglas é só meu amigo, ele é hétero merda, namora a Luana da minha sala, e outra ele nem sabia que eu era gay e te namorava até agora. Porra você é um idiota ou o que, ele só tava fazendo cócegas em mim, pra ver se me animava, por que a última festa que a gente fez não deu lucro algum, todo o dinheiro arrecadado foi para cobrir os gastos.
Mas você como é um porco idiota e ciumento, chega na surdina, vê uma coisa que não existe e sai agindo como um louco destemperado, você me decepcionou Luis, não esperava essa atitude...
Luis: Ele é hétero... Namorado da Luana?
Mateus: É sim!
Luis: Me desculpa amor, por favor, eu agi errado, vi vocês dois juntos e fiquei com ciúmes, por favor, me entenda, me perdoa, por favor, por favor...
Mateus: Me faz um favor, sai daqui, eu preciso conversar com o Douglas e explicar tudo isso pra ele, vai pro bar da esquina bebe uma cerveja e pensa na besteirada que você aprontou depois que ele se for eu te ligo...
Luis: Ta eu vou, mais promete que vai me perdoar?
Mateus: Vai logo!
Luis saiu de casa repensando toda a cena que viu naquele quarto, tentava não se preocupar com aquilo, mais era difícil fechar os olhos e não ver Mateus ali com aquele tal de Douglas, o ciúme doía no peito, e ele tentava acreditar na conversa que Mateus jogará sobre ele.
No bar Luis pediu uma cerveja e o logo levou o primeiro copo à boca, o gosto amargo desceu gostoso, e o gelado da cerveja lhe deu vontade de mais uma, já estava ali há vinte minutos e já havia tomado duas cervejas quando viu Fred passando na calçada de frente ao bar.
Gritou o nome do amigo que entrou no bar sorrindo, Luis sempre foi fraco para bebidas, e duas cervejas já era o suficiente para ficar muito grogue, Fred sentou-se na cadeira de frente para Luis e ria da cara vermelha do amigo.
Fred: Cara, tu ta que nem um camarão, ta muito engraçado, o que ta fazendo aqui... Vai me dizer que tu faz isso todo dia, é um happy hour?
Luis: Nada mano, o Mateus que me expulsou de casa e me mandou vir beber pra ver se eu esfriava a cabeça...
Fred: Mais por que ele fez isso, te expulsou da sua casa?
Luis: É por que eu sou muito ciumento saca?
Fred: Ciumento? Mas ciúmes de quem?
Luis: Não poh né ciúmes não, eu falei errado é chato que eu queria dizer...
Fred: Sei né, há uma grande diferença entre ciumento e chato, explica essa historia direito mano, ou você não confia em mim, à gente é o não é parceiro?
Luis: Faz isso comigo não mano, eu prometo que um dia eu te explico, mais não me pede isso agora, por favor, vai bebe uma aqui comigo!
Fred: Não vou insistir se não confia em mim o suficiente pra explicar isso, paciência né... Garçom traz mais um copo ai!
Os dois beberam bastante e Fred contou que estava indo ao apartamento de Luis procurar o irmão, Talles havia saído de casa cedo e até àquela hora ainda não havia voltado, o celular estava desligado e estava preocupado com o irmão. Algumas horas depois Fred preferiu ir embora, por sorte estava de táxi e não teria que dirigir.
Luis ainda ficou um pouco no bar, mais cansado de esperar olhou no relógio e viu que já era tarde, quase nove horas da noite, lembrava-se que sairá de casa pouco antes das seis da tarde, era impossível que Mateus ainda não tivesse conversado com o tal de Douglas, a duvida martelava em sua cabeça e auxiliada pela bebida Luis saiu dali nervoso e pronto para exigir uma explicação do namorado.
Meio cambaleante Luis chegou em casa, estava tudo escuro, não havia sinais de gente em casa, no quarto de Kaio ninguém, no de Marco a mesma coisa, a raiva quase fazia Luis gritar, caminhou meio torto ate o quarto e rezava para encontrar Mateus dormindo sozinho, mais para sua surpresa a cama continuava feita, não havia ninguém ali deitado, não havia ninguém em casa e naquele momento Luis sentiu muita raiva do namorado, quem Mateus pensava que era ao fazer aquilo com ele?
Sobre a cama havia um bilhete assinado por Mateus, nele, o rapaz dizia que havia saído com Marco e Talles e que Luis não deveria esperá-lo acordado. No dia seguinte os dois conversariam.
Aquilo subiu na cabeça de Luis, como Mateus podia ter feito isso, ele o mandou para o bar e ainda ordenou que ele ficasse lá ate chamá-lo de volta e agora encontrava a casa sozinha, como podia ter esquecido a pessoa que ele jurava amar?
Luis ainda com raiva deitou-se na cama e ali permaneceu por um tempo até que se levantou e foi até a porta trancando-a em seguida. Estava decidido a não deixar o namorado entrar e dormir ali naquele quarto.
Logo Luis estava dormindo, e no viu o momento em que o namorado e os rapazes chegaram a casa, Mateus foi ate o quarto e viu a porta trancada, não disse nada, não chamou pelo namorado, apenas se virou e foi pra sala ver televisão, Marco acompanhado de Talles foi diretamente para o quarto e Kaio ainda tomou banho antes de se deitar, Mateus permaneceu ali imóvel com os olhos fixos na TV, por dentro a raiva crescia e uma certeza absoluta. No dia seguinte Luis iria escutar o que queria e o que não queria, dormiu por fim ali no sofá mesmo.
