Trident de Melancia [26] ~ Ultimo Capitulo

Um conto erótico de CELO
Categoria: Gay
Contém 11853 palavras
Data: 31/05/2024 17:56:09

Nando: Posso saber onde o senhor estava? Faz mais de uma hora que eu acordei e não ti vi do meu lado!

Luis: E com certeza meu brutamonte esta pensando besteira ao meu respeito, não é seu brutão?

Nando: Isso brinca com esse bobo apaixonado, mete o dedo na ferida no meu coração e faz o sangue jorrar até a última gota!

Luis: Nossa que dramalhão Nando, eu não estava com o Mateus se é isso que te preocupa, alias, ele nem esta aqui nessa casa, ou melhor, ele nem esta neste estado!

Nando: Como assim?

Luis: Ele esta viajando com os seus pais, aparentemente eles iram dar um apartamento em Copacabana como premio pelo primeiro neto deles!

Nando: Um apartamento no rio? Como assim? Quem te contou isso?

Luis: É uma longa historia, mas posso resumir assim, você tem uma ex-cunhada encantadora dormindo no quarto do fim do corredor, gravidíssima do seu irmão cachorro, e que por forças maiores esta morando aqui mesmo não gostando mais do seu irmão e ela me contou sobre o apartamento!

Nando: Então os rumores da gravidez é verdade... Entendo, meus pais devem estar super felizes com a idéia de um neto que herde a porcaria do nome da família, eles seriam mesmo capazes de realizar todos os desejos do meu irmão, já que como gay que sou não poderei nunca lhes dar um filho de sangue e que herde o nome e status da família!

Luis sorriu ao ouvir o que Nando havia dito estava certo de seu amor finalmente, viu naquelas palavras a resposta que ele sempre buscou em Nando, a certeza de que tudo que viviam era verdadeiro.

Nando: Ta rindo do que?

Luis: É que eu estou feliz, por estar aqui com você e por saber que você não é como o Mateus e que isso que a gente ta vivendo é de verdade, eu te amo!

Quando Luis disse aquelas três palavrinhas, Nando o abraçou forte como se tivesse medo de perder aquela pessoa, Luis sorria com a demonstração de afeto e se surpreendeu com as lagrimas do rapaz que caiam em suas costas nuas.

Por todos os percalços, armações, ciladas e desilusões que aqueles dois passaram não era de se estranhar que um duvidasse dos sentimentos do outro, mas ali naquele momento, ambos sentiam-se amados e era somente isso que importava, o passado não tinha nenhum significado na vida deles, eram situações a serem esquecidas a serem definitivamente deletadas.

Abraçados os dois voltaram a dormir, algum tempo depois foram despertados pelo alarme do celular, era hora de voltar pro funeral, os dois tomaram banho juntos, mas não houve ousadia por nenhuma parte e rapidamente se aprontaram, Nando emprestou uma roupa para Luis, que parecia uma criança vestindo as roupas do pai de tão largas que ficaram as peças em seu corpo.

Quando passaram no quarto de Vic e Kaio os dois já saiam também de banho tomado, Talles estava na sala esperando os dois, Luis queria se despedir de Priscila, mas não a garota ainda dormia. O rapaz não quis acordá-la e pensou em deixar um bilhete, mas havia a possibilidade de Mateus vê-lo também, quase desistiu da ideia mas no fim acabou por deixar o bilhete não só informando que já haviam ido embora, como dando o numero de seu telefone e o endereço do apartamento de Nando, desejando no final que ela os visitasse em breve.

Já na capela o cortejo fúnebre se preparava para sair, como havia sido desejado pela mãe de Marco, ele e os amigos carregaram o caixão, Marco na frente com Talles do outro lado, seguidos por Nando e Luis e Kaio, alguns familiares de Marco repudiaram a ideia, mas não argumentaram contra ideia da viúva chorosa.

Após o sepultamento, todos se despediram da mãe de Marco, o rapaz queria ficar um pouco com a mãe, mas teria que lidar com os familiares que ficariam ainda alguns dias na cidade, então preferiu voltar pra casa junto com os outros, antes de ir abraçou a mãe e disse:

Marco: A bença mãe... Olha quando estiver mais disposta vai me visitar na capital, eu adoraria ter a senhora lá comigo... Eu te amo ta!

Foi uma despedida emocionante, os dois queriam manter aquele abraço que por muito tempo foi negado, mas era à hora de partir, havia outros assuntos a serem resolvidos, como a temível reunião de família que o velho Luis Carlos organizava na capital, havia sinais de chuva no céu, ou era somente o prelúdio de um arco-íris repleto de beleza e felicidade?

A viagem pra casa foi cansativa, No carro guiado por Nando voltaram além do dele que dirigia, Luis. Kaio e Vic que haviam ido no carro de Talles para consolar Marco que ainda parecia não acreditar no que aconteceu. A viagem toda Kaio passou dormindo no banco de trás, enquanto Luis permanecia no banco do passageiro observando Nando e sua beleza, no radio tocava uma musica que só não poderia ser a musica de Nando por que a musica falava de alguém com os olhos azuis, mas um refrão da música marcou muito Luis naquele instante.

“But my dreams, they aren't as empty/ As my conscience seems to be/ I have

hours, only lonely/ My love is vengeance/ That's never free” Mesmo com seu inglês meio enferrujado Luis conseguiu traduzir aquele refrão e contemplou diante de si, o que achou ser os pensamentos que levaram Nando a fazer tudo o que fez, e ali naquele momento desejou do fundo do seu coração amá-lo como era amado e nunca machucar aquele brutamonte de coração frágil.

“Mas meus sonhos não são vazios,/ Como minha consciência parece ser/ Eu tenho horas, de pura solidão/ Meu amor é a vingança/ Que nunca está livre.”

Parecia ingenuidade acreditar que uma musica pudesse responder todas as perguntas esquecidas, por que aquele ódio todo, por que da vingança, das armações, por que de simplesmente agir como um completo idiota?

Mas às vezes palavras não são necessárias, os atos se justificam por si só, Luis acreditava naquilo, o não entendimento de sua própria razão e existência, levou Nando a odiar aquilo ou aqueles que eram como ele. Nada mais racional do que tentar destruir aquilo que não se quer pra si.

O restante da viagem transcorreu em silencio total, Luis se segurava para não dormir, mas às vezes se pegava pescando, caindo em um sono leve e insistente.

Não demorou e todos já estavam na garagem do prédio onde maioria morava, foi difícil acordar Kaio, mas ao ouvir que o pai possivelmente o esperava em seu apartamento o despertou rapidamente.

O grupo subia as escadas temendo pelo sermão que receberia, ou pela mudança de planos que poderia vir, caso o velho Luis teimasse em não aceitar a independência do filho.

Kaio destrancou a porta bem devagar e ao entrar no apartamento se deparou como pai dormindo na poltrona da sala, em seu colo estava um álbum de fotos organizado por Marco eram os maiores e melhores momentos da turma reunidos, um objeto precioso e cheio de lembranças lindas.

Kaio: Pai? Pai?! Paaaiiii!

Luis Carlos: Porcaria garoto precisava gritar, quase tive um infarto agora!

Kaio: Desculpa pai, mas foi o senhor que disse que precisávamos conversar todos ainda hoje e também o senhor ta todo torto nessa poltrona, se quer dormir vai pro meu quarto!

Luis Carlos: Não se preocupe com isso, por favor, sentem-se... (esperou que seis se sentassem a sua volta, depois pigarreou e prosseguiu) bom eu estava preparado para colocar um fim nessa ideia tola de morar sozinho, de ser independente, mas devo confessar que quando cheguei nesse apartamento esperava encontrar uma zona, mas pelo contrario isso aqui é a ordem pura, busquei por sinais de drogas, e nada, tudo muito limpo, muito correto, não vou negar mexi nas coisas de todos e se fosse preciso mexeria novamente, mas o que encontrei aqui não foi à casa de dois moleques...

Luis: Pai eu jamais deixaria os dois sozinhos se não acreditasse neles!

Luis Carlos: Eu ainda não terminei... Como eu dizia pensei que encontraria outro tipo de apartamento aqui, mas pelo contrario, a organização de vocês é metódica. Aqueles organogramas, tabelas das atividades do lar e despesas, mostra que os dois me surpreenderam, é claro que eu esperava isso do Marco por que ele sempre foi responsável, mas o senhor Kaio me surpreendeu...

Kaio: Mas por que tem que ser sempre eu o errado?

Luis Carlos: Quem não te conhece que te compre meu filho, sei muito bem quem é a minha prole, mas hoje você me mostrou que às vezes a gente pode se equivocar e julgar erroneamente, não vou mais ser contra você morar aqui com o Marco, já conversei com sua mãe e mesmo ela discordando, não iremos revogar sua emancipação, mas antes de comemorarem devo alertar a você e a Vic que não aceitarei um neto antes que vocês dois estejam formados e com uma vida estável, o mesmo vale pra você Luis e pro Marco, mesmo que seja biologicamente impossível que tenham filhos na condição atual de vocês, eu quero que vocês pensem bem antes de tomar qualquer decisão precipitada entenderam?

Luis: Sim, senhor!

Marco: Entendi tio!

Luis Carlos: Agora quanto aos três... Vocês Nando, Vic e Talles eu quero pedir pra vocês tomarem conta destes três, por que por mais que pareçam homens crescidos, eles são apenas crianças mimadas e chatas, então cuidem dos meus filhos pra mim!

Nando: Nem precisava pedir sogrão, eu faço isso com o maior prazer, o Luis é a minha vida, o chatonildo ai é meu cunhado duas vezes não tem como não me preocupar com ele, e o Marco esse rapaz não precisa de nada alem de carinho e gratidão, esse menino é um anjo na minha vida, e não digo isso apenas pela perda recente, mas sim pras varias vezes que ele estendeu a mão amiga pra mim quando eu estava na pior, pras sugestões que ele me deu pra conquistar esse cretino lindo aqui...

Talles: Eu digo o mesmo seu Luis, eu considero todos aqui como da minha família, Luis e Kaio são como irmãos pra mim e o Marco é o amor da minha vida, a minha razão de existir!

Vic: Olha tio nem espere um discurso como o desses dois, eu prometo cuidar de todos inclusive destes dois manes aqui (Nando e Talles) por que meio que falta masculinidade em todos eles!

Luis Carlos: (RISADA) Eu só espero o melhor de vocês, sei que estão todos em boas mãos, e não tenho que reclamar dos filhos que tenho amo vocês da forma que são! Bem não era essa a conversa que tinha programado, mas enfim acho que nossa reunião familiar acaba aqui, vocês podem ir descansar, acho que hoje você dorme no apartamento do Nando Vic, eu e minha esposa tomamos conta do quarto de vocês!

No fim das contas, a conversa com o velho Luis havia sido bem diferente do que se esperava, ela havia sido rejuvenescedora, havia transformado o astral baixo de todos pós-funeral em uma alegria de um futuro feliz e harmonioso.

No dia seguinte Luis e a esposa regressaram para o sul, não antes de todos prometerem visitá-los em breve, Marco ainda andava triste e naquele dia não foi trabalhar, Talles ficou com ele para consolá-lo, os outros seguiram suas vidas de estudo e trabalho e assim alguns meses se passaram e a vida de Luis havia finalmente se tornado uma vida de casado, sua mudança para o apartamento de Nando definitivamente havia colocado os pingos nos is, e até mesmo sua mãe já começava a entender o que acontecia entre os dois.

Naquele mês da mudança, também ocorreu o noivado de Manu e Leo, o rapaz estava indo bem no emprego e resolverá oficializar o namoro, havia grandes chances de uma promoção para a direção da empresa no Espírito Santo, e por esta razão eles aceleram o processo, não houve uma grande festa, eles apenas trocaram alianças e juras de amor e seguiram em busca da sua própria felicidade, colocando um ponto final em suas participações nesta história.

No noivado todos reencontraram Janaina que se preparava para a formatura no fim do ano e a concretização de seu sonho, ser professora, ela também vivia bem, estava namorando e feliz. Ela ainda trouxe noticias de Laila que pela última ligação dizia estar morando em Portugal com o seu marido e medico.

Luis sentia-se livre dos momentos tristes e infelizes, mas sabia que ainda havia assuntos a serem resolvidos, pessoas a ver, resoluções a se considerar.

E isso não demoraria a buscar sua porta, e em isso acabou acontecendo quando em um domingo de Maio, bateram na porta de seu apartamento, o rapaz tentou ver quem era pelo olho mágico, mas não conseguiu ver quem era a pessoa ali fora, ao abrir a porta se surpreendeu, ali diante dele estava o homem que o havia enganado e traído, Mateus estava mais bronzeado, os olhos mais vivos, o sorriso mais limpo e o corpo maior e mais forte, a única coisa que continuava igual era o conhecido hálito de trident de melancia que saia de boca, quando falava, Luis estremeceu ao rever a pessoa que havia transformado a sua vida e um dia havia sido seu grande amor.

Mateus: Não vai me convidar pra entrar?

Luis ainda parecia perdido revendo seu grande amor ali na soleira da porta, seu coração parecia ter parado de bater, o ar lhe faltava e uma dor aguda percorria seu peito todo. As lagrimas vieram aos olhos e Luis quase as deixou cair, pensava em como sentia falta daquele hálito, daquele cabelo, daqueles olhos e daquela boca, mas ao pensar naquela boca beijando Priscila, os cabelos enrolados nos dedos da moça e o brilho dos olhos quando transavam trouxe Luis a realidade, aquele não era a pessoa que amava. Naquele momento o único que tinha direitos sobre o seu coração era Nando.

Luis: Desculpe, mas o seu irmão não está. Ele foi à feira, então, por favor, suba até o apartamento da Victoria e o espere lá!

Mateus: Luis para né. Acho que já é à hora de nós dois deixarmos de criancice e conversarmos seriamente sobre o rumo que nossas vidas seguiram!

Luis: Como?! Eu criança, não há nós, acho que nunca houve não é, e creio que não há necessidade de conversa, tudo já ficou bem claro pra mim...

Mateus: Deixe-me entrar e vamos conversar com calma, por favor!

Luis temia ceder aos pedidos de Mateus e aquela conversa tomar outro rumo temia ceder ao desejo de seu corpo de abraçar forte aquele homem, de perdoá-lo mais uma vez, e viu-se novamente derrotado dando passagem para Mateus entrar, esperou um pouco ainda na porta pensando se fechava ou não, por fim, decidiu deixá-la aberta, não havia nada com Mateus que precisava ficar escondido dos olhos alheios.

Luis: Pronto, agora fala!

Mateus: Olha isso é muito difícil pra mim... Nunca acreditei que a gente poderia terminar assim, eu o visitando no apartamento de outro homem que agora tem o seu coração e o mais estranho esse homem ser o meu irmão, o cara que tentou de tudo para nos separar, que...

Luis: Por favor, não envolva o Nando nesta conversa, ele não tem nada a ver com o que nos separou, então, por favor, pare agora antes que eu me arrependa de ter deixado-o entrar!

Mateus: Tudo bem. Concordo com você, o meu irmão não tem nada a ver com isso... Eu queria te explicar o que aconteceu, mas sei lá até pra mim as minhas desculpas são furadas. Mas uma coisa eu te juro, naquela época eu acreditava que mesmo mentindo e traindo eu teria vocês dois...

Luis: Você quer dizer eu e a Priscila?

Mateus: Isso, eu fugi desta conversa o máximo que pude, mas alguns dias atrás eu encontrei na bolsa do bebê um bilhete assinado por você convidando a Pri pra te visitar aqui no apê do Nando, foi ai que eu percebi que você já havia superado o nosso passado e resolvi também me depreender desse sentimento negativo que carrego desde aquela maldita festa.

Luis: Continuo sem entender o que você diz, por favor, seja mais direto, se veio se justificar, comece dizendo por que, mentiu pra mim, por que se passou por gay, por que não terminou comigo quando pediu a Priscila em casamento?

Mateus: Você não me entendeu né?! Eu não te traí e muito menos fingi ser gay, acho que só não havia me descoberto ainda, hoje acredito que sou bissexual e foi graças a Priscila que eu me encontrei, que conseguiu finalmente me descobrir, não há mais aquele buraco dentro de mim, não sinto como se fosse um monstro pecador...

Luis: Há claro, agora você também transa com mulher e isso apaga o pecado que é dormir com um homem né?

Mateus: Não é isso que eu quis dizer, antes eu não me entendia, por mais feliz que minha vida fosse eu não me sentia plenamente feliz, eu só me completei mesmo quando comecei a namorar a Priscila, mesmo sabendo que era errado enganar vocês dois, eu me sentia feliz em tê-los na minha vida, era reconfortante chegar em casa e te encontrar pronto pra mim, cheio de amor pra dar, da mesma forma que eu adorava transar com ela. Até hoje eu ainda não consigo dizer o que sinto por vocês dois, por que isso eu posso garantir eu ainda sinto algo por você!

Luis: Sorry boy, agora eu estou com o seu irmão, e a gente planeja oficializar o nosso namoro!

Mateus: Eu não quero voltar Luis, acho que nossa história deve sim ter um fim e por isso vim aqui... Como eu dizia, eu amava você e amava a Priscila, e achava que poderia continuar com os dois sabe, que poderia ter uma vida dupla, me casar com os dois, ter filhos, sustentar os dois, e quem sabe um dia apresentá-los e então nós três viveríamos uma vida a três juntos!

Luis: Que pensamento tosco é esse meu Deus, filho tu esqueceu que eu era hétero até te conhecer, que me descobri com você e que se eu quisesse uma mulher na minha cama eu já teria ido atrás há muito tempo?

Mateus: Eu não pensava assim naquela época... Naquela época, dizer isso faz parecer que foi há muito tempo atrás né... Eu não quero que me perdoe, ou que me entenda, eu só queria mesmo que soubesse o porquê fiz aquilo, não dava pra aguentar aquele sentimento dentro de mim, eu precisava dos dois, e ai me afundei em mentiras, chantagens, brigas, drogas, eu sofria calado todos os dias com medo que um de vocês descobrisse e colocasse tudo a perder...

Luis: Então por que contratou a Priscila pra ser a DJ? Se não tivesse feito isso talvez jamais a tivesse conhecido!

Mateus: Eu não a contratei, estava conversando com ela um dia e acabei soltando que faria uma festa pra comemorar o seu aniversário, e ela se dispôs a tocar, eu não tive como negar. Tentei ao máximo evitar que se encontrassem, por isso sugeri que os convidados dela ficassem no piso superior, mas não adiantou você descobriu da mesma forma, e aquele maldito do Douglas abriu a boca, maldita a hora que eu contei a ele que era gay, maldita a hora que eu fui naquele apartamento e conheci a Priscila. Se isso não tivesse acontecido, eu não teria me apaixonado, não teria mentido, e não teria feito vocês sofrerem...

Luis: Mas se fosse assim, você ainda estaria com essa duvida.

Mateus: Mas eu preferia sofrer a ver quem eu amo sofrendo...

Luis: Mateus, se eu disser que não sinto nada por você estaria mentindo, se negasse que te odiei com todas as minhas forças também mentiria, mas você me conhece e sabe como sou instável, o ódio passou, mas hoje você não é o único no meu coração, eu amo o seu irmão e nunca poderia deixá-lo para ficar com você, da mesma forma de que quando estávamos juntos eu já gostava dele. Naquele momento você era o homem da minha vida e jamais poderia te trair com o teu irmão, então o que tenho a te dizer é que desejo que sejas feliz, que encontre alguém que te faça feliz e que você também a faça, independente do sexo eu te apoiarei. Neste momento nós dois somos apenas cunhados e nada mais, quem sabe um dia esse sentimento que eu e você ainda sentimos se torne uma bela amizade, mas no momento gostaria de evitar te ver...

Mateus: Eu te entendo, não vou forçar um convívio entre a gente, acho que é melhor eu ir embora né?

Luis: Por favor! Vá visitar a sua irmã, ela ficou realmente preocupada com você este tempo todo, e mais tarde passe aqui pra dar um abraço no Nando, ele senti sua falta, e eu não posso negar a ele o convívio com seu irmão menor, só peço que antes telefone para que eu saia e não te veja. Um dia a gente vai rir de tudo isso, mas por hora a distância é a nossa única aliada.

Mateus: Tudo bem, eu aceito os seus termos, não irei te incomodar mais... Peço a Deus que assim como você um dia a Priscila me perdoe, nós teremos uma filhinha e eu queria muito poder conviver com as duas sem esse ódio e rancor...

Luis: Quanto a isso, a única coisa que você pode fazer e dar tempo ao tempo. Se for pra ser será, assim como foi entre a gente, a Priscila é uma grande mulher, mas ainda é imatura, ela não conhece nem metade da vida que eu conheci, um dia sei que ela vai perceber que guardar rancor de nada adianta, que isso só nos deixa infelizes e prejudica aqueles que nos rodeiam, devia ter aprendido isso no dia que Laila me visitou, mas eu nunca fui daqueles que entendem as coisas de primeira, eu preciso passar duas vezes pela mesma situação pra começar a compreender seu real significado, agora acho melhor você ir!

Mateus: Muito obrigado Luis, você tirou um peso do meu peito, te desejo muitas felicidades e que você faça o meu irmão feliz, imagino tudo o que ele passou enquanto negava o que era... Bom então eu vou indo, até!

Luis: Até!

Assim que Mateus saiu, Luis correu até a porta fechando-a, aquilo lhe parecia à despedida eterna, Mateus jamais voltaria a ser seu moreninho, seus olhos esmeralda ou seu hálito Trident Melancia, agora ele seria do mundo, e um dia teria outra pessoa sendo sua. Uma tristeza dominou Luis que deixou seu corpo cair rente a porta e ali sentado no chão chorou por horas, cada lagrima parecia lavar seu coração, limpar sua mente de toda a sujeira e pensamentos tristes que ali havia. Estava finalmente se libertando e agora tinha certeza que poderia ser feliz ao lado de Nando, sabia que dificilmente deixaria de amar Mateus, mas como havia dito se for pra ser será, talvez um dia os dois voltem a ficar juntos, mas naquele momento sua vida pertencia a Nando e ele pretendia amá-lo e fazê-lo feliz o máximo possível, esse era o seu acordo com seu coração, um acordo de felicidade.

Depois da visita de Mateus, Luis tinha a certeza que tudo terminaria bem, sentia-se cada dia mais apaixonado por Nando, que parecia ter se transformado em outra pessoa, não havia um dia que ele não surpreendesse Luis com um presente diferente, um dia era uma caixa de chocolates, outro dia um par de ingressos para o cinema ou para alguma peça de teatro, alguns dias o levava pra jantar em algum restaurante novo ou dançar em alguma boate legal.

Ele tentava conquistar o coração de Luis a todo custo, e isso acontecia gradualmente e em paralelo aos seus pequenos atos, mas havia aqueles momentos que lembravam Luis o quanto Nando era um brutamonte sem educação, como arrotar no meio do restaurante, atender o celular no meio do cinema, peidar quando tinha visitas em casa, coisas que envergonhavam Luis, coisas que com o passar do tempo foram se integrando ao dia-a-dia e logo já faziam parte do que era o amor dos dois.

Nando era um completo relaxado e não tinha a menor vontade de ajudar nos afazeres domésticos, e isso sempre levava a uma briga entre os dois.

Luis: Porra Nando, quantas vezes já disse pra não deixar sua roupa jogada no chão do banheiro, custa colocar no cesto, e amanhã é dia de lavar roupa nem pense em dormir até tarde!

Nando: Poxa amor, eu trabalho a semana toda, chego cansado em casa e ainda tenho que preocupar com lavar roupa em pleno sábado de manhã?

Luis: O seu monte de merda, eu também trabalho o dia todo, chego cansado em casa, mas sei muito bem das minhas obrigações, só peço que se lembre também e me ajude, ou você acha que eu também não preferia passar o sábado inteiro na cama, só eu sei o que aguento no serviço e ainda tenho que lidar com um troglodita em casa, meu Deus dai-me paciência!

Nando: Mas diz se você não ama esse troglodita do jeitinho que ele é?

Luis: Sai pra lá!

Nando: Dá-me um beijinho que eu te ajudo amanhã, prometo!

E assim Luis sempre cedia, as brigas começavam na mesma intensidade em que acabavam.

O lugar onde Nando mais surpreendia Luis era na cama, nenhum sexo com ele era igual, havia um gesto, uma palavra, uma posição nova todas às vezes, não havia lugar para isso, bastava ter vontade e Nando era capaz de arrastar Luis para dentro do banheiro de um posto de gasolina e transar sem dó, sem restrições a sons e vozes, ele xingava, gritava, urrava e não ligava para os olhares dos outros ao sair, certa vez estacionou o carro em uma via de muito movimento do Anel Viário de Goiânia e fez Luis chupá-lo ali mesmo, e se quer a aproximação policial o fez parar, e mesmo com a ameaça de ser preso se aquilo repetisse e a multa recebida aplacou seu fogo, ele parecia um vulcão sempre pronto pra entrar em erupção.

Havia alguns meses que Luis estava morando com Nando, quando em uma visita a mãe, foi surpreendido com a notícia de que teria um irmãozinho.

Luis: Como assim um irmãozinho mãe, você ainda pode engravidar?

Laís: Poder até posso, mas não pretendo, seria arriscado na minha idade!

Luis: Então você pretende adotar?

Laís: Eu e o Raul conversamos muito estes dias, o Leo já está praticamente casado e você também já tem sua família...

Pronto ai estava à deixa que Luis precisava, Laís sabia que havia falado mais do que devia, uma coisa era duvidar da sexualidade do filho, outra coisa era ter certeza, e ela havia aberto a possibilidade para confirmação do fato.

Laís: Quer dizer, você e os meninos praticamente são uma família, se bem que não dá pra ser uma família só com irmãos né?!

Laís estava vermelha, e Luis sabia o que a mãe pensava, e já havia decidido isso desde quando o pai lhe contou que sabia sobre sua opção sexual, agora era à hora de abrir o jogo para a mãe e finalmente para de se esconder.

Luis: Mãe eu apoio integralmente essa ideia de adotar uma criança, a tantas por ai que necessitam de um lar, de pais para amá-los, serei o melhor irmão do mundo pra essa criança e tenho certeza que ele será muito feliz com os pais irá ganhar, possivelmente não agora, mas daqui a alguns anos eu também adote uma criança!

Laís: Mas primeiro você precisa se casar é muito difícil um homem solteiro conseguir adotar uma criança no Brasil, independentemente de seu status financeiro.

Luis: Mãe... Pode parar de fingir, nós dois estamos cansados de saber que eu jamais irei me casar com uma mulher...

Laís: Como pode dizer isso, um rapaz bonito como você, logo vai encontrar uma mulher que tire essas idéias erradas da cabeça, tenho convicção nisso, Nossa Senhora de Guadalupe vai te ajudar, vou acender uma vela pra isso!

Luis: Mãe, não torne as coisas piores pra mim, a senhora já sabe que eu praticamente já sou casado, mãe não é negando que eu deixarei de ser gay!

Laís abaixou a cabeça e suspirou fundo, parecia duvidar ainda do que o filho havia contado, não podia ser seu único filho gay, não haveria netos para ajudar a criar e educar, não haveria nora para importunar, estava errado aquilo, seu filho não poderia ser gay!

Laís: Mais alguém sabe?!

Luis: Praticamente todo mundo da família, os únicos que ainda não sabiam, ou melhor, não tinham certeza era a senhora e o Raul!

Laís: Então não tem mais jeito você já se assumiu a todos e só agora resolveu me contar...

Luis: Não chore mãe, eu não queria magoá-la, mas eu sou gay e isso não há como mudar, eu amo o Nando e ele me ama, demorou muito para que eu encontrasse alguém que me fizesse feliz de verdade, eu não peço que me aceite, apenas não me odeie!

Laís: Que tipo de mãe eu seria se te odiasse, ou não te aceitasse. Se fosse em outra época meu filho eu teria te criticado e tentado te mudar, mas você se esquece do quanto sua tia Emília sofreu ao se assumir para o seu avo, eu fiquei afastada da minha única irmã, simplesmente por ela ser diferente, e só agora que ela realmente superou isso e se deixou ser feliz ao lado daquela mulher que eu voltei a ver o sorriso da minha irmã, o mesmo que eu vi desaparecer no dia que meu pai a tocou de casa, não posso ver isso acontecer com você, e jamais poderia agir como o pai daquele seu amigo, Marco o nome dele né, me lembro do quanto fiquei revoltada ao saber que ele morreu odiando o filho, eu jamais poderia ser assim meu filho...

Laís chorava muito naquele momento, por mais que dissesse que aceitava o filho, estava desapontada com todas as chances perdidas, mas ele era seu único filho e jamais poderia deixar de lhe estender a mão, era seu príncipe, seu pequeno príncipe que finalmente se desabrochava para virar rei de sua própria vida, não poderia discriminá-lo não ela, sua própria mãe.

Laís: Só te peço um pouco de tempo, e que deixe a mim a responsabilidade de contar isso ao Raul, não creio que seria bom ele saber por você isso, ele te ama demais e acredito que tenha mais esperanças em você do que nos seus filhos biológicos, mas sei que ele pensará como eu, você é nosso filho e não deixará apenas por se deitar com uma pessoa do mesmo sexo. Um dia quem sabe a gente ainda se reúna nessa casa, você, Nando e o filho de vocês, Leo e Manu e os filhos deles e eu e o Raul com nosso filhinho e sejamos uma linda família cheia de contrastes, mas feliz.

Luis não estava certo se a mãe o havia aceitado de verdade, ou se apenas, fazia o papel que lhe cabia como progenitora. Temia a reação de Raul, mas nada importava ele estava feliz, feliz como jamais esteve não se escondia de mais ninguém, todos que lhe eram importantes sabiam de sua sexualidade e grande maioria não se mostram surpresos ao saber e o apoiaram logo de cara.

Os dias passavam rapidamente, e Luis e Nando viviam uma vida agitada, sexo diário e selvagem não faltava, ambos estavam realizados com o parceiro que tinha e não surgia interesse em ninguém fora daquele apartamento, ao longo do tempo Luis começou a sentir que o desejo, ou melhor, o amor que sentia por Mateus diminuía e se tornava apenas um grande carinho, um querer bem.

Certa manhã Luis chegou ao escritório de Raul e o notou com uma expressão contrariada, não parecia satisfeito com alguma coisa e mal respondeu ao cumprimento do enteado, na cabeça de Luis, só havia espaço pra uma única razão, sua mãe possivelmente já havia contado sobre seu namoro com Nando e o velho estava chateado com tal noticia.

Mesmo assim, Luis preferiu não incomodá-lo com questões, estava preparado para dar tempo ao tempo. Naquela manhã Fred não apareceu no serviço e não havia nada anotado em sua agenda, aquela situação era incomum para o advogado que sempre calculava seus passos meticulosamente e nunca deixaria de avisar caso tivesse que faltar ao trabalho. Luis tentou telefonar para o rapaz, mas ambos os telefones caiam na caixa postal, ligou então para Talles para saber se ele tinha alguma noticia do irmão, mas também não foi atendido.

Por fim resolveu ligar para Marco que atendeu ao primeiro toque.

Marco: Fala maninho!

Luis: Bom dia Marco, tudo bem contigo?

Marco: To ótimo e tu?

Luis: Bem também, tu ta podendo falar, já esta no cursinho?

Marco: To sim, mas pode falar o fessor ainda não chegou!

Luis: Por acaso, o Talles está ai contigo?

Marco: Fera ele não veio, ontem à noite o irmão dele ligou e pediu pra ele dormir em casa por que hoje cedo teriam que ter uma conversa, até agora não tive sinal dele, mas por que tu pergunta?

Luis: Não é que o Fred não veio trabalhar hoje, ai queria saber se o Talles sabia de alguma coisa, mas já que ele não ta ai e todos os telefones dos dois não funcionam, o melhor é aguardar, se tiver noticia me avisa ta?

Marco: Preocupa não mano, eu aviso sim, e não deve ser nada, o Fred direto faz essas reuniões de família, o Talles sempre é obrigado a desligar o celular, mas certeza que não deve ser nada serio... Vou desligar, o fessor chegou!

Luis estava preocupado mesmo assim, Fred jamais deixaria de trabalhar fosse o motivo que fosse essa reunião de família significava algo mais serio, Luis sentia isso na pele, era como se o seu sexto sentido o avisasse que surpresas viriam por ai!

Luis: Espera... Será que...

Luis correu a sala do padrasto, bateu antes de entrar, não esperou resposta e entrou no escritório. O homem estava sentado em sua cadeira de costas para a mesa, os olhos estavam fixos no céu visto pela janela enorme que compunha o cenário. Vê-lo daquela forma fez Luis sorrir, ali estava o poderoso chefão com uma expressão que dizia “vou matar alguém hoje”.

Luis: Pai?!

Raul: Pois não?

Luis: Pai, o senhor sabe o motivo do Fred não ter vindo trabalhar hoje?

Raul: Ele não trabalha mais aqui, se demitiu ontem à noite!

Luis: Como?!

Raul: Parece que ele foi convidado a trabalhar no Ministério Publico de uma cidade de São Paulo e resolveu nos abandonar...

Luis: Mas como, ele não pode sair assim de uma hora pra outra, ou pode?

Raul: Na verdade, ele já estava cumprindo aviso prévio, não havíamos comunicado nada oficialmente por que, eu tencionava convencê-lo a ficar!

Luis: Não acredito que ele se quer me avisou isso! E como fica o escritório, sem ele quem vai pegar as causas familiares e cíveis?

Raul: Ninguém, eu criei essa cessão pra ele, se ele não quer mais trabalhar aqui, encerraremos os processos cíveis imediatamente!

Luis: Não acredito nisso, há no mínimo umas cinco causas de famílias de baixa renda que ele fazia de graça, essas pessoas não tem condições de arcar com os processos, ele não pode simplesmente abandoná-las assim...

Raul: Não se preocupe, nenhuma causa ficará sem defensor, após ele me afirmar semana passada que havia decido abandonar o escritório, eu o avisei que não iria continuar com causas cíveis então ele conseguiu dividir os seus assessorados com outros escritórios onde ele tinha amigos que prestavam o mesmo serviço social que ele!

Luis: Mesmo assim, esse cargo não pode ser tão bom assim para deixar o escritório!

Raul: Eu também penso assim, mas você bem o conhece ele tem metas na vida, e ser auxiliar de um Promotor lhe parece o caminho mais rápido para se chegar ao lugar desejado. E olha que eu ofereci o meu cargo a ele!

Luis: Como assim?! Seu cargo?

Raul: Meu filho, eu estou ficando velho, já não tenho mais a destreza que tinha antigamente, e ainda agora que sua mãe decidiu adotar uma criança, eu pensava em me aposentar e ceder o escritório pra ele, assim vocês dois poderia gerenciá-lo juntos, como Presidente e Vice Presidente, mas nem isso o deteve, ele já não trabalha aqui, e eu pretendo remanejar você para outra área, a alguma que você se interesse?

Luis: Nossa nem sei, eu estava me especializando na área civil, não sei se me adaptarei fácil a área criminal, me de um tempo pra pensar no que fazer... mas e quanto sua aposentadoria?

Raul: Resolvi me aposentar apenas do Tribunal, vou continuar chefiando o escritório, mas não pegarei causas como antes! Se você quiser tire o dia de folga pra pensar onde e com quem pretende trabalhar de agora em diante!

Luis: Certo, farei isso então! Tchau pai!

Raul: Luis...

Luis: Oi?

Raul: Vai jantar lá em casa qualquer dia desses... E pode levar o Fernando com você!

Luis: Po... po... Pode deixar... Minha mãe falou que eu...

Raul: Não há nada pra falar meu filho, você faz suas escolhas e nós como pais devemos apenas apoiá-lo achando certo ou não!

Luis correu até o padrasto o abraçou e beijou-lhe a face, agora sim estava completamente feliz!

Luis: Obrigado pai!

Luis saiu do escritório rapidamente estava feliz pelo padrasto tê-lo aceitado, mas ainda estava triste em relação a Fred, sempre se julgou amigo do rapaz, porém naquele momento não tinha certeza disso, ele sempre havia sido um livro aberto para o advogado desde o dia da confusão com Cello. Agora não sabia mais no que pensar aquela situação não o deixaria raciocinar claramente, então dirigiu ate a casa do amigo. Pretendia tirar aquela situação a limpo.

Assim que chegou foi atendido por Sanmia que o levou a sala de estar.

Sanmia: Lu espera aqui que eu vou chamar o Fred, ele ta conversando com o Samir e com o Talles, acho que você já sabe sobre nossa mudança pra São Paulo né, os meninos não estão aceitando isso muito fácil!

Luis: Para ser sincero nem eu, fiquei sabendo apenas agora, meu pai me contou e eu não acreditei por isso vim aqui falar com o Fred, mas se você esta confirmando então não há o que conversar né?

Sanmia: Espera também não é assim, o próprio Fred falou que iria falar com você após conversar com os meninos... Eu vou avisá-lo que você esta aqui!

Luis estava se sentindo desprezado, jogado a escanteio pelo amigo, não demorou Fred surgiu atrás dele acompanhado por Talles que tinha o rosto vermelho de tanto chorar, o rapaz se quer cumprimentou o amigo subiu diretamente para o seu quarto, Samir veio logo atrás, apenas acenou com a cabeça para Luis e saiu da casa.

Fred: Bom dia meu amigo, vejo que você já ficou sabendo né? Eu pedi tanto para o Raul me deixar contar, mas sabia que ele iria querer se vingar um pouquinho de mim!

Luis: Confesso que preferia ficar sabendo por você há três meses, quando contou isso ao meu pai e não agora quando tudo já está acertado e eu nem sei o que farei da minha vida!

Fred: Aconteceu o mesmo com o Talles e o Samir, sabe por que não contei a ninguém exceto a Sanmia e ao Raul, por que eu sabia que vocês não iriam gostar e nem me apoiar, por isso decide contar apenas quando tudo estivesse acertado.

Luis: Mas é claro que não iria apoiar essa idéia estapafúrdia, ainda mais sabendo que o meu pai pretendia deixar o escritório inteiro em suas mãos!

Fred: Olha Lu, foi assim um amigo meu é Promotor Publico em uma cidade de São Paulo e recentemente ele ficou sem um auxiliar na área civil e da infância e juventude e me convidou para trabalhar com ele, não estou indo apenas pelo cargo que não é grande coisa, não para o advogado registrado na OAB e com alguns anos de trabalho prestado, mas eu aceitei principalmente por que pretendo me tornar Promotor algum dia e pretendo ter experiência quando esse dia chegar, e também pretendo abrir um escritório mais adiante...

Luis: Vejo que você já se decidiu então, mas como ficam os meninos, vocês vão levá-los?

Fred: O Samir a principio recusou, mas por fim aceitou ir, já esta na hora dele deixar de viver debaixo da saia da irmã, precisa trabalhar se for em alguma coisa ser alguém, o Talles é um caso sério depois da história que você arrumou do Kaio se emancipar ele quer fazer a mesma coisa, o problema é que ele não tem emprego, moradia e nem estuda!

Luis: Mas ele faz dezoito daqui a um mês!

Fred: Pois é, eu não vou obrigá-lo a ir comigo, ele disse que vai morar com o

Marco, e eu não serei contra isso, não posso forçá-lo a se afastar da pessoa que ama né?

Luis: Então ele vai ficar?!

Fred: Vai sim, resumindo só me resta uma causa a ser vista!

Luis: E qual seria?

Fred: Convencer você a me acompanhar!

Luis: O que?! Você quer que eu vá com você pra São Paulo?

Fred: Mas é claro que sim, você é o meu braço direito, preciso de você quando abrir o novo escritório!

Luis: Mas isso é impossível, o Nando jamais mudaria pra lá, ele não pode abandonar o emprego!

Fred: A mudança de vocês não seria imediata, seria daqui uns três a seis meses, quando eu já estivesse com o escritório aberto e com alguns clientes já fidelizados, até lá o Samir e a Sanmia me ajudaram! E se o Fernando quiser tenho certeza que podemos arrumar alguma coisa pra ele, ou no escritório ou em outro lugar!

Luis: Não sei o que dizer, eu tenho que conversar com ele primeiro antes de lhe dar uma resposta!

Fred: Como eu disse você digamos uns quatro meses pra me avisar se vai ou não!

Luis saiu da casa de Fred atormentado por pensamentos, ir para São Paulo seria uma experiência única, sabia que se continuasse em Goiânia, acabaria assumindo o escritório de Raul e jamais o deixaria na vida, tinha que pensar, tinha que falar com Nando era muita coisa a se pensar, que rumo ele tomaria, o que faria da vida se não fosse com Fred, e se Nando não quiser acompanhá-lo deixá-lo-ia e iria sozinho?

A cabeça de Luis estava a mil, não sabia direito o que pensar o que fazer. Havia se acostumado a ser o braço direito de Fred, havia encontrado nele o gosto pela advocacia, não havia outra pessoa que o fizesse se entusiasmar por uma causa como Fred. Não sabia dizer se era por que alem de um chefe Fred era seu amigo, ou se era pela caridade de Fred, que muitas vezes tirava do próprio bolso o dinheiro das despesas judiciais de uma família humilde. Não havia como propor aquela mudança para Nando, não agora que o rapaz estava progredindo no trabalho, e pensava até mesmo em voltar a estudar, fazer uma pós graduação.

Luis chegou ao apartamento ainda atormentado, buscava uma saída para aquilo como se fosse à única chance de continuar vivo. Estava exausto emocionalmente e mentalmente, fechou as cortinas do quarto e deitou-se na cama e logo adormeceu. Já era bem tarde da noite quando acordou com Nando lhe fazendo caricias no rosto.

Nando: Ai me desculpa amor, juro que não queria te acordar, mas você fica tão lindo dormindo parece um bebezinho fica até difícil não te tocar, não te pegar no colo e te ninar por horas.

Luis: Vem cá, deita aqui comigo, preciso te contar algo!

A expressão no rosto de Nando mudou completamente, estava paralisado de medo com aquela expressão “preciso te contar algo”, temia o significado daquilo, mas se deixou ser conduzido por Luis, e logo estava deitado de costas para o rapaz que o abraçava por trás, Nando podia sentir o coração acelerado de Luis batendo em suas costas, e aquilo parecia o prelúdio de uma tragédia.

Quando finalmente Luis estava pronto pra falar, Nando quase desmaiava após prender por tanto tempo a respiração com medo de que qualquer barulho que fizesse fosse à deixa para que o namorado dissesse algo que o magoaria.

Luis: Amor, hoje estive na casa do Fred, após saber pelo Raul que ele vai deixar o escritório e não é só isso ele também pretende sair da cidade!

Nando respirou aliviado, então o assunto não era sobre eles, ou seu relacionamento, mas algo com um de seus amigos, ver aquela preocupação do namorado o fez desejar beijá-lo pra sempre, queria apertá-lo contra seu peito e mostrar que por mais que as pessoas estejam longe, elas sempre permanecem nos nossos corações.

Nando: Mas por que isso tão de repente, e você como fica?

Luis: O pior de tudo é que ele e o Raul já tramavam isso há muito tempo, e nada me disseram, agora eu não sei o que vai ser de mim, o Raul disse que eu posso escolher qualquer advogado do escritório para trabalhar, mas confesso que não sinto nenhum entusiasmo nisso, sabe trabalhar com o Fred é diferente.

Nando: Eu entendo, ele é um cara dez, muito especial, e é por isso que não entendo como ele pode simplesmente se mudar e não te avisar antes!

Luis: Ele disse que eu iria tentar impedi-lo, mas o que eu tenho pra falar não é isso, é algo mais serio, é o que ele me propôs!

Nando tremia na cama, o que Fred poderia ter proposto para Luis, que ele o seguisse que os dois se casassem e vivesse juntos longe dali, longe de tudo, era somente nisso que ele pensava naquele momento.

Luis: Amor, você ta tremendo, o ar está muito frio?

Nando: Não é nada, continue, por favor!

Luis: Tudo bem. Bom ele me propôs que eu ficasse aqui na capital mais alguns meses, até ele se estabelecer lá e montar um novo escritório, ai depois que tudo tivesse arranjado eu iria prá São Paulo trabalhar com ele...

Nando: Pra São Paulo?! O que ele está pensando, que você pode simplesmente abandonar tudo, sua família, seus amigos, eu?

Luis: Não... Fica calmo amor, ele disse que poderia arranjar algo pra você, pra que a gente não se separasse!

Nando: Amor está fora de cogitação sair daqui agora, não há como eu abandonar meu trabalho para seguir o Fred, mas e o que você respondeu afinal de contas?

Luis: Disse que iria pensar. Mas acho que a reposta é obvia né, não dá pra abandonar tudo aqui, não sem um planejamento antecipado, não vou abandonar a tudo e todos e segui-lo como um cachorrinho segue seu dono, acho que devo ficar, buscar trabalhar em outra área, talvez até prestar a prova da ordem e me tornar um advogado de verdade!

Nando: Meu anjo me diz você vai fazer isso por que deseja, ou por que eu não posso ir com você?

Luis: Faço isso por mim, até hoje eu vive rompendo laços, uns me fizeram muito mal e outros como o Fred eram bons pra mim, me ajudaram a ser quem eu sou hoje, mas acredito que é hora de crescer, de andar com as minhas próprias pernas. E também jamais poderia abandonar o homem da minha vida né?

Nando não respondeu apenas beijou o namorado com todo ardor que sentia, estava feliz em ouvir aquilo, Luis estava crescendo, se libertando dos vínculos que o mimavam e por fim estava escolhendo viver ao lado dele para todo o sempre.

Fred mudou-se algumas semanas depois, antes de sua partida houve uma grande festa preparada por Talles e Marco, até mesmo Raul que estava com raiva dele compareceu, por fim a paz havia sido restaurada, a casa onde Fred e Talles moravam foi posta a venda, Fred queria se livrar de tudo que o fizesse pensar em desistir, e Talles definitivamente se mudou para o apartamento de Marco e Kaio, e oficializou o namoro com Marco lhe dando uma aliança de ouro puro.

Com o tempo Luis se adaptou ao novo chefe, ele era um homem de meia idade, sisudo, mal encarado, mas genial e de bom coração, ensinou a Luis tudo que ele precisaria saber para trabalhar com causas criminais.

Era sexta-feira à noite, Luis tomava banho e Nando acessava a internet, quando Luis saiu do banho, Nando o questionou.

Nando: Amor, você tem algo planejado pra amanhã?

Luis: Estava pensando em dormir até tarde agarradinho com você, por quê?

Nando: Isso parece ótimo, mas eu queria ir ao cinema, já faz alguns dias que estreou um filme que eu estou louco pra assistir!

Luis: E que filme é?

Nando: Os Mercenários 2!

Luis: Ah não amor, filme de ação, e cheio de gente velha?

Nando: Por favor, meu bem, faz isso pelo seu Nandinho faz?

Luis: Eu faço...

Nando: Eba, eu tenho o melhor amor do mundo!

Luis: Mas com uma única condição!

Nando: Qual?

Luis: Depois a gente tem que assistir um filme da Disney!

Nando: Eca amor, filme de criancinha ou de aborrecente?

Luis: Nenhum nem outro é uma comedia dramática sensacional, a filha do meu patrão assistiu e disse que é excelente, faz você até chorar, chama-se: A Estranha Vida de Timothy Green!

Nando: Tá bom eu assisto com você, agora vem dormir!

No dia seguinte os dois acordaram tarde, mas havia tempo a sessão no cinema começava as cinco, então os dois ainda demoraram no banho brincando com o corpo um do outro, depois tomaram café, ou melhor, almoçaram e saíram para o shopping, o clima de romance não podia ser melhor, chovia calmamente na capital, os vidros do carro estavam fechados, e no som tocava uma musica linda: Crash Into Me – Dave Matthews Band.

Após estacionar o carro os dois subiram pela escada rolante, chegaram à área do cinema, Luis foi para a fila para comprar o ingresso enquanto Nando comprava a pipoca, havia muita gente ali, varias crianças possivelmente de alguma escola com uma excursão, casais abraçados e todo tipo de gente que se podia imaginar.

As vozes se misturavam naquele ambiente fechado, Luis estava atento aos raios que cobriam o céu, a chuva antes calma agora anunciava uma possível tempestade, Luis sentiu um aperto no peito como se algo tentasse lhe mostrar que estar ali não era uma boa idéia. Dentre as diversas vozes que ecoavam pelo salão, uma voz alertou seus sentidos, parecia conhecida, era reconfortante, como uma musica ouvida a muito tempo da qual agora só restavam às lembranças dos sentimentos provocados.

Ele procurou por todos os lados, pelo dono daquela voz, queria ver seu rosto, reconhecer quem lhe causava tanta saudade, mas não o viu, estava certo de que tudo aquilo era fruto de sua imaginação, e passou a prestar atenção no telão que exibia o nome e os horários dos próximos filmes, e novamente ouviu aquela voz, mas agora era mais alta, e vinha acompanhado de uma gargalhada contagiante, Luis sentiu vontade de sorrir junto com o dono daquele riso tão envolvente, depois de muito buscar olhou em direção a entrada de uma das salas de cinema, e lá estava quem ele procurava, não foi difícil reconhecer de quem era aquela voz, mesmo pelas costas, foi possível reconhecer Ian, o rapaz continuava igual a ultima vez que o viu, os cabelos loiros e a pele branquinha que tanto lhe atraíram um dia continuavam iguais.

O rapaz estava na fila e conversava com um rapaz a sua frente, parecia feliz, e Luis desejou correr até ele e o abraçar, pedir desculpas por tê-lo abandonado daquela forma, sem uma despedida de verdade.

Luis o observou até ele sumir no escuro do cinema, e logo sua atenção foi atraída pela atendente que lhe perguntava qual filme ele iria assistir. Após comprar os ingressos encontrou-se com Nando que lhe contou que assistiria primeiro ao filme da Disney e justamente ele era exibido na sala em que Ian havia entrado, um sentimento nostálgico invadiu o peito de Luis, e a cada passo que dava em direção a penumbra que dominava aquela sala, o coração em seu peito batia mais forte, tinha certeza do que tinha que fazer, definitivamente deveria procurar Ian.

Havia muito que concertar, e sua história não teria fim se os dois não se vissem nos olhos um do outro novamente, no escuro do cinema Luis abraçou o braço de Nando e foi guiado pela voz de Ian que ainda conversava mesmo já tendo iniciado os trailers de filmes, sentou-se bem atrás de Ian e dali de onde estava pode sentir o cheiro doce que vinha de seus cabelos, era como voltar ao passado e sentir tudo o que sentiu naqueles poucos dias em que esteve ao lado de seu anjo loiro.

Durante a exibição do filme Luis ateve-se a cada movimento de Ian, o garoto estava compenetrado as imagens exibidas na tela gigante, Luis também conseguiu ver grande parte do filme e até chorou com o final, mas o que lhe atraia toda atenção era o garoto loiro a sua frente.

Com o fim da seção as luzes se acenderam e Luis temendo ser visto arrastou Nando para fora, passando por todos que se colocavam em seu caminho a trancos e barrancos.

Nando: Nossa amor vai com calma, você quase derrubou aquelas garotas!

Luis: Porra, ainda temos que ver seu filme não é?

Nando: Não, eu comprei ingressos pra sessão das sete e quinze ainda temos muito tempo, queria dar uma olhada nas lojas de jogos que tal?

Luis: Ah Nando, eu quero ir à livraria comprar uns mangás novos!

Nando: Faz assim, cada um vai pro lugar que quer, e a gente se encontra em uma hora na praça de alimentação, pode ser?

Luis: Beleza. Vou lá, beijos meu amor!

No tempo em que falava com Nando Luis não tirou os olhos da saída do cinema queria ver se Ian já havia saído, mas o garoto ainda continuava lá dentro, e assim que Nando subiu na escada rolante, Luis correu até uma das pilastras de sustentação que havia no saguão do cinema e ali ficou a observar a saída da sala de cinema, não demorou muito para que Ian surgisse ao lado de uma garota e um rapaz, ambos muito belos por sinal, os três juntos formavam o verdadeiro “trio parada dura”, como eram lindos aqueles três em plena juventude.

Já no meio do saguão Ian falou algo com os companheiros e seguiu em direção aos banheiros, aquela era a deixa para Luis, segui-lo e finalmente confrontá-lo após o termino trágico que tiveram a cada passo que dava seu coração batia mais forte, temia que o rapaz virasse para trás e o visse, naquele corredor não havia um lugar em que pudesse se esconder, por fim o loiro entrou no banheiro e Luis chegou à porta, pensou alguns segundos se entrava ou não, temia a reação do rapaz, e pior temia a sua reação ao rever uma pessoa que em poucos dias mexerá com sua vida como nenhum outro havia mexido.

Quando se preparava para entrar, a porta se abriu e acertou o rosto de Luis com força, o garoto deu gemido de dor e andou para trás com os olhos fechados. A pessoa que saia ensaiou um pedido de desculpas, mas havia emudecido instantaneamente, a dor no nariz não se comparava ao medo de abrir os olhos e se deparar com Ian e todo ódio que deveria estar sentindo naquele momento.

Ian: Por favor, me desculpe não era minha intenção te acertar Luis!

Não havia duvidas Ian estava ali e Luis teria que encará-lo, mas afinal não era isso que ele havia ido fazer ali naquele banheiro?

Ian: Imaginei que você não iria vir até mim, ainda mais no banheiro, mas parece que estava errado né?

Luis assustou-se e finalmente abriu os olhos e viu de ante de si o loiro com cara de bebê e olhos marejados.

Ian: Imagino como deve estar sendo difícil me ver aqui na sua área após, tudo o que houve entre a gente e o modo que você me deixou, mas desde que decidi vir morar em Goiânia, minha única meta tem sido te encontrar, e por ironia do destino cá estamos um de frente pro outro depois de meses de distancia, e você continua sem palavras pra me explicar o porquê fez aquilo!

Luis: Me desculpe, não sabia que você havia me visto já, estive te observando e pensando no que fazer, no que dizer a você, sei que não agi certo abandonando-o sem uma explicação plausível, e que aquele bilhete que deixei nada significa diante do ato abominável que fiz com você, mas eu gostaria muito de poder me explicar e...

Ian: Caramba meu, não se preocupa eu não estou com raiva de você, e não tem que se explicar pra mim, sua tia Emilia fez tudo isso já, então não se preocupe, não tenho raiva de você, e nem desejo que você volte pra mim, ainda mais depois de ver o deus grego que você carrega a tira colo, aquele lá é o tal Nando que te roubou de mim?

Luis: É sim. Você disse que minha tia te contou tudo, tudo quanto?

Ian: Tudinho, contou sobre o Mateus, Laila, Nando e tudo o que te levou até mim, mas não é por isso que não tenho raiva, e sim por que você me deixou por causa de um amor verdadeiro, uma pessoa que te ama de verdade, que foi corajoso o suficiente para passar por cima do próprio preconceito, que encarou tantos problemas simplesmente para ficar com você, o cara que ele ama e também depois de saber de tudo o que ele lhe fez, e você foi capaz de perdoar fica na cara que você o ama, e que aquilo que rolou entre nós não foi nada!

Luis: Não diga isso nunca mais, o que rolou entre a gente foi mágico Ian, e eu adorei cada segundo, e tenho certeza do fundo do meu coração que se não fosse Nando eu ainda estaria com você...

Ian: Não, não estaria mesmo, um dia ou outro esse amor de vocês iria junta-los de qualquer forma, e eu o invejo por amar e ser amado de tal forma, e também lhe sou grato por tudo o que vivemos naqueles poucos dias, foi graças a você que eu finalmente pude me encontrar e aceitar o que sou e como sou. Você foi como um vento forte na minha vida, um vento de mudanças!

Luis: Fico grato por ver dessa forma, mas me explica o que você faz aqui?

Ian: Quando completei dezoito anos meu pai me perguntou o que queria de presente, então pedi a ele um apartamento aqui em Goiânia, assim poderia vir morar e estudar aqui. Comecei há algumas semanas o curso de Engenharia Mecatrônica, e devo isso graças a você!

Luis: Mas eu não tenho nada a ver com isso, como pode me agradecer?

Ian: Você mudou meu mundo e me fez criar coragem para abrir meus horizontes, se não tivesse te conhecido estaria ainda morando com o meu pai, cuidando da loja e estudando algum curso tipo agronomia ou ligado a fazenda que é uma coisa que detesto! Mas mudando de assunto, que horas vou conhecer o Nando pessoalmente, tenho muita coisa pra dizer pra ele!

Luis: Se não estiver ocupado, a gente planejou se encontrar na praça de alimentação daqui alguns minutos poderia vir junto!

Ian: Certo, mas me deixa primeiro me despedir dos meus amigos, ok?

Luis: Ok.

em pele humana.

Ian: E então, quando vou poder finalmente conhecer o ogro do seu namorado?

Luis: Logo, a gente marcou de se encontrar na praça de alimentação, por que não vamos até lá e enquanto o esperamos podemos pedir algo pra comer!

Ian: Boa idéia eu estou faminto, mesmo depois de duas pipocas grandes e uma coca media!

Quando Nando caminhava para a praça de alimentação se deparou com uma cena que machucou seu coração, logo a sua frente ele podia ver Luis abraçado a um rapaz jovem, loiro e lindo, até ali Nando nunca havia encontrado outro homem que pudesse achar bonito, apenas Luis lhe parecia belíssimo, o resto não importava contanto que estivesse com seu branquinho delicia, mas agora o seu grande amor estava entrelaçado pelos braços jovens de um deus adolescente, e aquilo rasgava sua carne e destruía seu coração. Nando não pensou duas vezes e logo correu em direção aos dois se interpondo entre Luis e o jovem loiro.

Nando: que merda é essa?!

Os dois apenas se olharam e caíram na gargalhada, os dois olhavam para Nando como se ele tivesse contado uma piada, e riam, riam muito da cara do ciumento apaixonado, parecia que estavam diante de um palhaço de circo fazendo algum numero ridículo.

Nando: Da pra me explicar o que esta acontecendo aqui Luis, e quem diabos é você garoto?

Luis: Para amor, assim você me mata... Deixa eu (risos) te apresentar meu (risos) amigo (risos) Ian...

Nando: Para de rir porra!

Nando gritou aquela frase, e fez Luis calar-se assustado, Nando era sempre um doce de rapaz, mas quando zangado sua voz fazia-se ouvir por todo o lugar, e os olhares de todos ali no shopping, voltados para os três, fez com que a crise de risos de Luis e Ian cessasse abruptamente.

Nando: Agora você pode me explicar direito o que diabos vocês faziam abraçados daquela forma em pleno shopping?!

Luis: Você é um estraga prazer, me fez passar maior micão dá história, está todo mundo nos olhando... Bom como eu disse esse aqui é o meu amigo Ian, ele morava perto da minha tia Emilia e se mudou recentemente pra Goiânia, eu o encontrei andando pelo shopping, e ele disse que queria conhecer o famoso Nando que me raptou dele e de todos...

Nando: Tá e o abraço qual a explicação?

Luis: Porra tu é ciumento mesmo, eu apostei com o Ian que você ficaria possesso se nos visse abraçados e foi dito e feito!

Nando: Então era disso que vocês riam tanto? Quanta maldade meu Deus, me fazer sofrer assim, e ainda passar esse papelão todo na frente do seu amigo?

Ian: Não se preocupa mano, to acostumado com isso, é um prazer te conhecer Nando!

Nando: O prazer é meu!

Ian: Sabe se fosse um tempo atrás eu juro que pularia em você e te socaria, mas vendo como o Lui ta feliz com você me da vontade mesmo é de te abraçar!

Luis: Opa pode parando, que abraça meu homem é só eu!

Nando: Não mesmo, agora que eu quero um abraço seu de qualquer jeito!

Os três ficaram um tempo ali na praça de alimentação, Luis contou a Nando que Ian era o rapaz com quem ela saia, quando foi praticamente raptado, no inicio Nando ficou um pouco incomodado com o rapaz ali, mas depois vendo as brincadeiras entre Luis e ele, o que via era dois irmãos curtindo um com a cara do outro, estava seguro sobre o amor de Luis e também sabia que o amava incondicionalmente, nem mesmo aquele rapaz tão lindo, fofo, gentil e meigo poderia separá-los.

Com o tempo as visitas de Ian a casa do casal tornaram-se freqüentes, ele fez amizades com Kaio e o restante da turma, e quando não saia com Luis e Nando saia com um deles, por fim após dormir tanto na casa de Kaio e Marco, Ian acabou-se mudando para o quarto que antes era dos dois rapazes, ele saia ora com uma garota, ora com um garoto, o rapaz era bem versátil e sua companhia somente trouxe alegria para aquelas pessoas.

Era agosto de dois mil e doze quando Nando chegou em casa acabrunhado, sua fisionomia era de poucos amigos, estava nervoso, agitado e não parecia querer conversar, Luis deu espaço para o rapaz, que não disse nada, entrou no quarto e logo no banheiro, após um banho de quase uma hora, saiu e sentou – se a mesa diante de Luis, o rapaz preparava-se para começar a jantar, mas os olhos fixos de Nando o incomodavam.

Luis: Amor aconteceu alguma coisa?!

Nando: Lú eu preferia não falar sobre isso agora, não quero estragar nosso jantar!

Luis: Então pare de me encarar desse jeito, estou começando a imaginar coisas, e você bem sabe como minha imaginação é fértil!

Nando: OK!

Os dois terminaram de comer e foram pra sala ver televisão, estava para começar Avenida Brasil e tanto Luis quanto Nando eram apaixonados pela vilã da novela, a megera Carminha tinha lugar cativo na vida dos dois, durante a novela, Nando riu muito das armações de Suellen, o que o ajudou a desanuviar seus pensamentos, com o fim da novela, o rapaz pegou o controle remoto e desligou a TV, Luis se espantou era quarta-feira dia de futebol e nada no mundo fazia Nando perder um jogo ainda mais do seu precioso Flamengo, havia algo de podre no ar, e Luis temia descobrir o que era.

Nando: Amor, a gente precisa conversar!

Luis: Ai Deus!

Nando: Não se preocupe, não é nada muito grave... Hoje cedo meu chefe me ligou e pediu pra ir até o seu escritório, como você sabe trabalho do outro lado da cidade e o escritório e aqui pertinho, então só consegui vir na hora do almoço e ele já havia saído, esperei que ele voltasse o que aconteceu só lá pelas duas da tarde, quando então ele me chamou na sua sala e de disse que iria me promover, pois eu estava me destacando muito e que gostava do meu jeito e do meu trabalho...

Luis: Nossa amor, que bom!

Nando: Deixa eu terminar por favor... Eu confesso que fiquei super feliz, uma promoção em menos de um ano, não é pra qualquer um, foi ai que ele me contou que havia uma condição pra essa promoção, eu devia me mudar pra São Paulo e assumir uma linha de frente em uma cidade do interior.

Luis: Tá brincando né?!

Nando: Claro que não. Mas não se preocupe eu já recusei disse pra ele arrumar outra pessoa!

Luis: Meu amor, você não podia ter feito isso, você deve ligar pra ele pedir desculpas e dizer que aceita!

Nando: Mas amor, eu vou ter que me mudar, eu não posso pedir pra você abandonar seu trabalho, seus amigos e sua família aqui pra me acompanhar...

Luis: Qual a cidade de São Paulo que você irá trabalhar?

Nando: Pindamonhangaba, mas por que a pergunta eu já disse que não vou me mudar!

Luis foi ate o quarto e voltou com o notebook, após ligá-lo e pesquisar na internet, olhou para Nando com os olhos marejados e com um sorriso no rosto.

Luis: Amor isso é perfeito, ligue agora pro seu chefe, nós vamos nos mudar para Pindamonhangaba, ou melhor, para uma cidade vizinha a dezoito minutos de lá!

Nando: Ham?! Não estou entendendo meu anjo!

Luis: Simples, essa cidade fica a dezoito minutos de onde o Fred mora, se a gente arrumar uma casa lá, da pra você ir e voltar do trabalho de carro, é menos tempo do que o que você gasta daqui de casa te o seu trabalho atual e eu também posso trabalhar com o Fred, assim todos saem ganhando!

Nando: Eu não sei não amor, deixar tudo o que a gente ta construindo aqui... nossos empregos, nossos amigos, nossos familiares!

Luis: Amor, a gente pode vir visitá-los quando quiser e nem é tão longe assim, a gente de inicio aluga uma casa maior com um ou dois quartos extras e assim quando quiserem nos visitar, terá lugar pra acolhê-los.

Nando: Tem certeza disso amor?

Luis: Absoluta, não podemos perder essa oportunidade, se ficar aqui sabe se lá quando você terá outra promoção e alem do mais, o que eu ganho ficando aqui é a companhia do meu padrasto algo que realmente eu não quero pra mim, prefiro trabalhar como empregado pro Fred a vida toda a ter que lidar com aquele escritório como meu.

E assim os dois decidiram o rumo de suas vidas, iriam mesmo se mudar, Luis sentia que aquilo estava predestinado, não era a toa que Fred havia se mudado antes, Deus apenas preparava o caminho dos dois namorados para um futuro maravilhoso e repleto de conquistas e realizações.

No final do mês os dois se mudaram, houve uma pequena comemoração no salão de festas do prédio onde moravam, todas as pessoas com quem se importavam estavam presentes, todos comemoravam a felicidade do casal e torciam muito pelo sucesso de ambos.

A nova vida que teriam era o inicio de uma vida de casados propriamente dita, e também era o fim para as aventuras e desventuras de Luis, finalmente o rapaz conseguia concluir tudo o começara naquele dia em que sua tia Emilia se mudou para o apartamento de sua mãe, era o fim para a história vivida com Mateus, Laila, Jana, Manu, Leo, Marcola, Kaio, Vic, Ian era o fim para o hálito de melancia, era o fim para o conto dos olhos verdes esmeralda, para os cabelos em cachos tão amados por tanto tempo, finalmente uma pedra era colocada sobre aquela história.

Luis e Nando finalmente poderiam escrever sua própria história, sem os fantasmas e duvidas do passado, agora era somente os dois e nada mais, nada e ninguém poderia deter a felicidades dos dois.

Esse autor que vos escreve, sentiu na pele o que era o amor que Luis sentiu tanto por Nando quanto por Mateus, sofreu junto com cada personagem e detestou se afastar dos mesmos por motivos banais, mas fica um sentimento

de felicidade de dever cumprido, ao saber que por mais tropeços que ocorram aquele casal ainda continua juntos e ainda se amam da mesma forma ou mais do que antes. Às vezes uma pontinha de inveja surge no meu peito, pois, por mais problemas que tenham enfrentado, por mais mexicana tenha sido essa história, por todo o dramalhão, sempre houve momentos de felicidade únicos e especiais que jamais poderão ser esquecidos.

Finda-se aqui Trident de Melancia, fica um gostinho de quero mais, um desejo de continuar acompanhando essa história, de poder abraçar cada personagem intrigante e único que passou por estas paginas, um desejo de continuar de não ver o fim.

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Chegamos ao fim de mais um conto! Não sei se o final vai agradar a todos, mas enfim, é sobre!

Eu gostei mto desse conto qdo eu li a primeira vez, confesso que dessa segunda vez lendo, eu já não curti tanto, e por isso demorei um pouco a atualizar os capitulos!

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Comentários

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Depois desse cinto, corri pra comprar um Trident de Melancia. Que delícia.

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Faltou a reconciliação com o Cello. Foi muito ruim isso.

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Adorei a estória. Bom que o final deixou em aberto a inúmeras possibilidades e tbm pelo fato que se mudaram p uma cidade perto da minha!! Rsrsrsr…

Que venham mais contos do Lukas!!

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O último capítulo foi um final forçado, mas visto que o conto todo é inacreditável, o final não surpreende.

O Luis é o primeiro protagonista pelo qual não torci, acho que estava torcendo mais pelo Nando, msm ele tendo feito o que fez, a justificativa dele é plausível.

Valeu pelo conto Lukas, quando teremos outros?

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Acredito que vou postar o último conto do meu estoque de contos prontos! E eu tô escrevendo um tmb! Mas só vou postar o que tô escrevendo quando terminar de postar o outra e estiver com mtos caps pronto! Rs

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Fico no aguardo, só não faça uma novela mexicana no seu conto.

Todos gostamos de surpresa, mas esse tridente de melancia tava em outro nível kkkk

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O próximo eh bem leve! VIBES malhação, com adolescentes kkkk eh bem gostoso de ler

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