Quem me acompanha, sabe que eu sempre posto minhas séries principais durante a semana, entre segunda e sexta-feira. Estou voltando com contos curtos e esse é um deles. Um conto para o desafio, de apenas três partes, sempre aos finais de semana. Segunda-feira volto com parte nova do “De Repente, Corno”. Obrigado a todos e espero que se divirtam com essa nova história também.
Vamos ao que interessa:
Eu sempre senti que estava na sombra do meu irmão gêmeo, Gabriel. Nossa família, profundamente tradicional, esperava que ambos seguíssemos os passos do meu pai na empresa da família. Mas eu tinha outros planos, sonhos e aspirações que não se encaixavam no molde esperado.
Meu nome é Daniel. Sou moreno, com cabelos e olhos castanhos escuros, quase negros. Me considero um homem bonito, com um sorriso fácil e um olhar que transmite confiança. E como sou praticamente idêntico ao meu irmão, não posso negar sua beleza também. A grande diferença entre nós é que ele é obcecado por malhar em academia, enquanto eu mantenho o corpo em forma com o surf e a natação, atividades que me conectam com a natureza.
Nossa infância foi marcada por uma rivalidade constante. Gabriel sempre foi o queridinho dos nossos pais, o filho perfeito, responsável e incapaz de errar. Com suas manipulações e joguinhos, ele sempre conseguiu tudo o que queria. Eu, por outro lado, era o rebelde, o difícil, o causador de problemas. Meu irmão sabia exatamente como me provocar, como me fazer sentir inferior.
Minha mãe sempre repetia o mesmo discurso para me repreender: "Como podem irmãos gêmeos ser tão diferentes? Por que você não aprende com o seu irmão? Onde foi que eu errei na sua educação? Criei vocês dois da mesma forma." Eu entendo o pensamento dos meus pais, já que Gabriel sempre foi um para eles e outro completamente diferente pelas costas.
Gabriel é maldoso e mesquinho, um valentão que se esconde atrás do sobrenome, mas que na frente dos nossos pais, colocava sua máscara de bom moço. Ele sabia como manipular as pessoas, como fazer com que elas fizessem o que ele queria. E eu sempre fui a principal vítima de suas armações enquanto crescíamos.
Após terminarmos a faculdade, nossos caminhos divergiram. Gabriel seguiu o caminho traçado por nosso pai, ingressando na empresa da família e aprendendo os segredos do negócio. Ele era o herdeiro aparente, o futuro líder da empresa. Meu pai o guiava pessoalmente, ensinando-lhe as artimanhas do poder e da gestão.
Já eu... eu sonhava com liberdade. Queria tirar um ano sabático, largar as amarras da responsabilidade e explorar o mundo. Ansiava por sentir o sol quente na pele, o sal no cabelo e o vento no rosto. Queria viajar para lugares remotos, descobrir praias escondidas, surfar ondas gigantes que apenas via pela televisão. Queria vivenciar a vida sem a pressão da expectativa familiar.
Mas meu pai não entendeu meu desejo. "Você precisa se estabelecer", dizia ele. "A empresa precisa de você." Eu sentia que estava sendo sufocado pelas expectativas deles, pelo peso do nome da nossa família.
Gabriel, por outro lado, parecia nascido para aquilo. Ele se adaptou perfeitamente ao papel de herdeiro, absorvendo cada lição, cada conselho. Eu sabia que ele seria o próximo a comandar a empresa, e isso me deixava com um gosto amargo.
E, mais uma vez, tive que me resignar e seguir as ordens do meu pai. Assim como Gabriel, eu também era um administrador formado, mas acabei sendo relegado a uma posição menor, longe do centro de decisões da empresa. Mesmo assim, meu pai era justo em um aspecto: não costumava privilegiar nenhum dos dois financeiramente. Nossos salários eram iguais, mas a diferença estava no poder e na influência.
Numa noite de verão, fomos a um evento de negócios em um hotel luxuoso da cidade. Meu pai queria que nós nos conectássemos com os clientes importantes. Gabriel, com seu terno impecável, se misturou facilmente com os convidados. Eu, com minha camisa mais casual, sentia-me desconfortável, como um peixe fora d'água.
Foi então que eu a vi. Eu já a havia visto antes, porém sempre a uma distância segura. Filha de um funcionário da nossa empresa, eu sabia que era melhor não misturar negócios com prazer. Mas não conseguia deixar de notá-la.
No entanto, foi naquela noite, no salão de festas do hotel, que realmente a vi em todo seu esplendor e beleza. Seus cabelos loiros, cuidadosamente penteados em ondas suaves, brilhavam sob a luz do candelabro como fios de ouro. Seus olhos azuis, brilhantes como safiras, chamaram minha atenção e me hipnotizaram.
Ela usava um vestido de baile de seda azul-escuro, que realçava o tom de seus olhos e destacava sua silhueta elegante. O decote profundo revelava apenas o suficiente para deixar minha imaginação voar. A saia longa e fluída parecia dançar ao seu redor, como se estivesse viva.
Sua maquiagem era sutil, porém eficaz: batom rosa-pálido que destacava seu sorriso, sombras leves nos olhos que realçavam sua profundidade e uma camada discreta de pó que lhe dava um brilho suave. Seu rosto parecia radiante, com uma beleza natural que não precisava de artifícios.
A observei de longe, por quase uma hora, encantado com seu sorriso e educação. Seu nome é Lívia, e aos meus olhos, não havia beleza igual no mundo.
Quando finalmente criei coragem para me aproximar, depois de meses de admiração silenciosa, Gabriel apareceu do nada, como se tivesse sentido minha intenção. Seu charme irresistível parecia uma ameaça à minha chance com Lívia.
— Você parece perdida em pensamentos. — Disse ele, aproximando-se de Lívia.
Ela não pôde deixar de se render à sua presença e sorriu.
— Estou apenas admirando a decoração.
— É impressionante, não é? — respondeu Gabriel. — Meu pai sempre escolhe os melhores eventos.
Lívia olhou para ele com curiosidade.
— Você é filho do anfitrião?
Gabriel confirmou com um aceno.
—Sim, sou o Gabriel. E você é...?
— Lívia. — Respondeu ela.
— É um prazer conhecer você, Lívia. — Gabriel ofereceu sua mão, e Lívia aceitou.
A música começou a tocar, e Gabriel a convidou para dançar. Lívia aceitou, e eles se perderam na multidão de casais.
Eu observei, sentindo uma pontada de ciúme, como Gabriel a fazia rir e se aproximava dela. Eles dançavam com graça, como se fossem o par perfeito.
Enquanto eu observava Gabriel e Lívia dançando, minha prima Déa apareceu ao meu lado, um sorriso astuto no rosto. Seus olhos brilhavam com uma mistura de curiosidade e intenção.
— Vamos dançar, Daniel — disse ela, me puxando para a pista com um toque suave.
Eu hesitei por um momento, mas Déa já havia me arrastado para o meio da multidão. A música clássica e acústica enchia o salão, criando uma atmosfera elegante e sofisticada.
Enquanto dançávamos, Déa se aproximou de mim, seus olhos fixos em Gabriel e Lívia.
— O que Gabriel está dizendo para ela? — Déa sussurrou no meu ouvido, inclinando-se para eles.
Eu segui seu olhar e vi que Déa estava tentando ouvir a conversa entre Gabriel e Lívia. Estávamos a poucos passos deles, e a música não era suficientemente alta para abafar suas vozes.
— Não sei… — Respondi, tentando manter a indiferença.
Déa me lançou um olhar perspicaz.
— Você não está curioso? Percebi que você gostou dela. Não parou um minuto de procurá-la com o olhar — Déa disse baixinho, sua voz quase inaudível.
Eu neguei com a cabeça, mas Déa sabia melhor. Ela sempre fora apaixonada por Gabriel, inclusive, os dois mantinham uma relação casual, apenas sexo, há alguns anos, e ela agora parecia determinada a descobrir o que estava acontecendo entre ele e Lívia.
Nesse momento, a música chegou ao refrão, e a voz de Gabriel se tornou mais clara.
— Você é uma dançarina incrível — Disse ele, olhando para Lívia com admiração.
Lívia sorriu.
— Obrigada. Você não é mal também.
— Eu tenho minha própria escola de dança — Gabriel também sorria divertido.
Lívia gargalhou.
— É mesmo?
Gabriel confirmou.
— Sim, é uma piada. Mas eu realmente adoro dançar.
Eu senti meu coração afundar enquanto via Gabriel e Lívia se aproximarem cada vez mais. A rivalidade entre nós acabava de ganhar um novo capítulo.
Eu não conseguia entender a atração que sentia por aquela garota. Eu nunca falei com ela sequer uma vez. Será que foi o famoso “amor à primeira vista”? Eu sempre me senti atraído, como se a conhecesse em vidas passadas. A ideia me pareceu absurda, mas não conseguia negar o que sentia. Nem eu, e muito menos Gabriel, tínhamos o costume de namorar sério. Nossas conquistas eram passageiras, divertidas, mas sem compromisso.
Mas agora, enquanto observava Gabriel e Lívia se afastarem, senti uma pontada de ciúme. Provavelmente, ele a trataria como qualquer outra: seduziria, conquistaria e logo esqueceria. O pensamento me deixou desconfortável.
A noite estava terminando, e Gabriel parecia ter ganhado a partida. Ele cochichou algo no ouvido da Lívia, recebendo um sorriso safado e radiante em seguida. Os dois saíram de mãos dadas, contornando o salão principal e indo para os fundos do hotel.
Eu sabia muito bem onde ele a estava levando. O jardim secreto do hotel era um lugar reservado para encontros íntimos, longe dos olhos curiosos. Gabriel o conhecia bem, e eu também.
Esperei alguns minutos, quinze para ser mais exato, e também me esgueirei atrás dos dois. Eu precisava ter a certeza do que eles estavam fazendo. O que vi, partiu meu coração novamente.
Lívia, sentada em um banco e Gabriel entre suas pernas. Ele fez com que ela se deitasse, e subiu beijando sua coxa, acariciando a lateral de seu corpo. Gabriel, com a aceitação dela, desceu as alças do vestido, expondo os lindos seios de aréolas castanhas, bem clarinhas. Segurando com delicadeza, brincando com os biquinhos entre os dedos, ele fazia Lívia gemer manhosa:
— Assim você acaba comigo… que delícia!
Ele deu uma mordidinha leve na parte interna de sua coxa, arrancando um gemido mais forte:
— Ahhhh… você quer mesmo acabar comigo…
Gabriel parecia alucinado, como um animal sentindo os feromônios da fêmea no cio. Ele abocanhou cada seio delicadamente, sugando com habilidade. Lívia estava entregue, curtindo o momento.
Gabriel voltou a beijar a parte interna das coxas, tirando sua calcinha em seguida e a guardando no bolso do paletó.
— Vou guardar como um troféu. — Ele disse, recebendo um sorriso cúmplice dela.
Da posição que eu estava, atrás de uma palmeira, protegido pela pouca luz, pude ver Gabriel abrindo os lábios externos daquela linda bucetinha depilada, de tom róseo. Lívia já estava excitada, a umidade do desejo fazia sua xoxota brilhar, refletindo a luz que iluminava os dois amantes.
Meu irmão sortudo roçou o rosto nos pelos bem aparados, quase invisíveis para mim, antes de dar um beijo delicado na testa da xoxota e ouvir mais um gemido manhoso:
— Vai me chupar gostoso? Adoro ser bem chupada…
A pergunta ecoou em meus ouvidos, parecendo um lamento desesperado, uma súplica por prazer. Eu já estava louco também, invejando e desejando o lugar do meu irmão, entre as pernas de Lívia, doido para provar aquele mel que começava a escorrer da buceta pequenina e apertadinha.
Gabriel Passou a língua de baixo para cima, se esbaldando no grelinho e arrancar novos gemidos de prazer:
— Assim é maldade… que língua gostosa… Hummm… não para!
Ele envolveu seu clitóris com a boca, numa sucção demorada, passando a língua em movimentos circulares e fazendo com que ela tremesse inteira:
— Ah, caralho! Como você é bom nisso… chupa, safado… chupa essa buceta.
Ele repetiu o movimento algumas vezes, aumentando ainda mais a sucção e acariciando os seios:
— Cacete! Isso, chupa vai. Ahhhhhh…
Gabriel era mesmo um amante experiente, fazendo a língua percorrer toda a extensão daquela xoxota rosinha. Lívia se contorcia, gemendo e pedindo mais:
— vou gozar, não para! Hummm… filho da puta gostoso, vai me fazer gozar na sua boca…
Ele aumentou o ritmo, fazendo a língua pressionar mais forte o grelo, enquanto Lívia apertava sua cabeça entre as coxas:
— Isso… estou gozando… estou gozando… que delícia… Hummmm…
Com um sorriso de satisfação no rosto, e a cara toda melada, Gabriel a encarava triunfante:
— Você é uma verdadeira delícia. Uma putinha maravilhosa. Vem comigo, vamos para a minha casa.
Lívia levou alguns minutos para se recuperar. Ela se levantou e ajeitou o vestido, se sentando ao lado do meu irmão, levando a mão até o seu pau e o acariciando:
— Tudo bem, mas antes, me deixe retribuir.
Com o coração aos pulos, aquilo já era demais para mim. A dor da derrota me sufocava. Me sentindo derrotado, me virei e saí dali, lutando contra a raiva e a frustração que me consumiam.
Tive a nítida sensação de que Gabriel sabia que eu estava ali, pois sua voz ganhou intensidade, como se ele falasse alto de propósito.
— Você acredita em amor à primeira vista? Me sinto tão vivo ao seu lado, como se fôssemos destinados um ao outro…
As palavras de Gabriel me cortaram como uma faca afiada. Eu senti meu coração afundar, como se estivesse sendo puxado para um poço sem fundo. A dor da derrota me oprimia, e eu mal conseguia respirar.
Nos dois meses seguintes, Gabriel e Lívia foram inseparáveis. Ele a levava a restaurantes luxuosos, eventos exclusivos e viagens românticas. Gabriel era o amante perfeito: atencioso, carinhoso e apaixonado.
Eu não podia deixar de notar a mudança no condomínio onde morávamos. Gabriel e eu morávamos no mesmo prédio, em apartamentos cedidos por nosso pai. Meu apartamento estava no quinto andar, com vista para o jardim. Gabriel, por sua vez, ocupava um apartamento no nono andar, com vista para a praia. Ele escolheu primeiro, e certamente, apenas para me tirar o prazer, já que ele raramente ia à praia ou tinha qualquer contato com a natureza em geral.
A proximidade física não significava, necessariamente, proximidade emocional. Nossa relação era complicada, marcada por rivalidades e desentendimentos.
Certa noite, enquanto eu estava em casa, Gabriel apareceu em minha porta, com Lívia ao lado. Eles haviam se conhecido na festa do hotel e agora estavam juntos. Eu tentei esconder minha surpresa e desapontamento, mas era difícil.
— Daniel, você conhece Lívia? — perguntou Gabriel.
— Não pessoalmente — respondi, sentindo uma pontada de ciúme.
Lívia sorriu e se aproximou.
— É um prazer conhecer você, Daniel.
Eu forcei um sorriso, sentindo-me cada vez mais desconfortável.
— O prazer é meu.
A partir daquele momento, Lívia começou a frequentar nosso condomínio, tornando-se uma presença constante em nossas vidas. E eu, sem querer, me vi cada vez mais envolvido em sua vida.
Lívia estava completamente enamorada. Ela via em Gabriel o homem dos seus sonhos: charmoso, inteligente e poderoso. Ele a fazia se sentir segura e amada.
Aproveitando o status e riqueza de nossos pais, Gabriel espalhou seu dinheiro como nunca antes, levando Lívia em viagens luxuosas a destinos exóticos, comprando presentes caros e extravagantes, e sempre fazendo questão de que eu presenciasse esses momentos.
Ele parecia se deliciar em mostrar-me a felicidade que tinha com Lívia, como se quisesse provar que havia vencido. Cada gesto, cada sorriso, cada olhar apaixonado era uma faca afiada no meu coração.
Eu tentava me afastar, mas Gabriel sempre encontrava maneiras de me envolver, convidando-me para jantar com eles ou insistindo que eu os acompanhasse em suas viagens.
A relação era intensa e apaixonada, com noites de amor inesquecíveis e dias preenchidos com risos e aventuras. Gabriel parecia genuinamente apaixonado, e Lívia se sentia a mulher mais feliz do mundo.
No entanto, pequenos sinais de alerta começaram a surgir. Gabriel era frequentemente chamado para reuniões de negócios em horários estranhos, e às vezes sumia por horas sem explicação. Lívia tentava ignorar esses detalhes, convencendo-se de que era apenas paranoia.
Mas, em seu íntimo, uma voz interior começou a sussurrar dúvidas. Lívia sentia um desconforto crescente. Será que Gabriel era realmente o homem perfeito que parecia ser? Ou havia algo mais por trás de sua fachada impecável?
Enquanto o romance entre eles estava no auge, Lívia começou a notar fissuras na armadura de Gabriel. E eu, observando de longe, lutava para esquecer minha atração por ela. No entanto, o destino parecia ter outros planos.
Uma noite, quando cheguei em casa, encontrei Lívia sozinha no jardim do condomínio. Ela parecia perdida em pensamentos, com uma expressão melancólica no rosto.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, me aproximando.
Lívia tentou sorrir, mas não conseguiu disfarçar sua tristeza:
— Só precisava de um momento de paz.
Nós começamos a conversar, e eu descobri que Lívia era mais do que apenas uma bela fachada. Ela era inteligente, sensível e tinha um senso de humor incrível.
À medida que conversávamos, nossa conexão cresceu. Eu me sentia à vontade com ela, sem a pressão de competir com Gabriel.
Nos dias seguintes, nos encontramos várias vezes, compartilhando histórias e risos. Lívia começou a me ver como um amigo, alguém em quem podia confiar. Enquanto caminhávamos pelo jardim, Lívia me perguntou:
— Você gosta de morar aqui?
— Sim, é um lugar tranquilo, mas às vezes sinto falta da liberdade.
— Liberdade?
— Sim, de fazer o que quero, sem ter que pensar no que os outros vão dizer. Não sou igual ao Gabriel ou aos meus pais. Detesto estar naquele escritório… sinto falta da natureza, do mar…
Lívia entendeu meu olhar e sorriu.
Nos dias seguintes, nossas conversas se tornaram mais profundas.
— O que você gosta de fazer no tempo livre? — Perguntei.
— Adoro ler e ouvir música — respondeu Lívia. — E você?
— Eu sou bicho do mato… amo estar ao ar livre. — Aproveitei o momento para demonstrar interesse genuíno por seus hobbies. — Você escreve?
— Sim, contos e poesias. — O sorriso de Lívia iluminava o ambiente.
— Eu adoraria ler! — Pedi.
— Posso te mostrar.
Lívia sorriu, e eu senti uma conexão mais forte.
— Eu gostaria muito.
Eu, por outro lado, estava ciente de meus sentimentos cada vez mais profundos por ela. Mas sabia que não podia revelá-los, não enquanto ela estava com Gabriel.
Assim, nossa amizade cresceu em segredo, um refúgio para ambos, longe das pressões e expectativas do mundo ao nosso redor.
Enquanto caminhávamos pelo jardim, o sol começou a se pôr, lançando um brilho dourado sobre as flores. Lívia parou de repente, olhando para o chão.
— Daniel, posso te contar algo? — Perguntou, sua voz baixa e hesitante.
— Claro, Lívia. O que está acontecendo? — Respondi, preocupado.
Ela respirou fundo antes de continuar.
— Eu sinto que Gabriel está me deixando de lado. Ele não é mais o mesmo homem que eu conheci. Está sempre ocupado, sempre com alguma desculpa para não passar tempo comigo.
Sua voz tremia, e eu pude ver a dor em seus olhos.
— Lívia, sinto muito — Eu disse, tentando confortá-la.
— É como se eu fosse apenas uma acessório para ele, não uma pessoa. Eu preciso de alguém que me ouça, que me entenda. E você é a única pessoa que parece entender.
Ela olhou para mim, seus olhos cheios de lágrimas.
— O que você acha que está acontecendo com ele? — perguntou.
Eu hesitei, não sabendo ao certo como responder.
— Não sei, Lívia. Mas posso te dizer que Gabriel sempre foi assim. Ele tem um jeito de se distanciar das pessoas.
Lívia assentiu, seus olhos ainda cheios de lágrimas.
— Obrigada por ouvir, Daniel. Você é um verdadeiro amigo.
Eu sorri, sentindo uma conexão mais profunda com ela.
— Sempre aqui para você, Lívia.
Assim que Lívia se foi, eu subi para o meu apartamento, a mente em turbilhão. A confiança que ela depositou em mim pesava sobre mim como um fardo. Eu sabia que Gabriel estava manipulando Lívia, usando seu charme para controlá-la. Eu sabia que ele a mantinha por perto apenas para me desafiar, me constranger, me mostrar que tinha o que eu queria.
Enquanto preparava um chá, eu não conseguia tirar da cabeça a imagem de Lívia, chorando e vulnerável. Eu queria protegê-la, mas também sabia que interferir na relação dela com Gabriel poderia ter consequências desastrosas.
Quando eu menos esperava, minha campainha tocou:
— Daniel, está aí? Sou eu, a Déa.
Andréa, minha prima Déa, também era residente no condomínio, ocupando um dos apartamentos da família, assim como eu e Gabriel.
Abri a porta surpreso com a visita, e Déa mantinha sorriso enigmático.
— Rafael, preciso falar com você sobre algo. — Disse ela, entrando e se sentando no meu sofá.
— O que é? — Perguntei, já sabendo que não era coisa boa.
— Sobre Gabriel e Lívia... — começou Déa.
Levantei uma sobrancelha, curioso.
— O que sobre eles?
— Eu contei ao Gabriel sobre o seu interesse por Lívia — Ela revelou.
Eu sabia que ela tinha uma agenda própria e nada daquilo era por estar preocupada comigo. Tentei não demonstrar emoções.
— E daí?
Ela parecia frustrada comigo:
— Gabriel mantém o namoro apenas para te afrontar. Ele não ama Lívia de verdade.
Eu sorri, pois aquilo não era nenhuma novidade.
— Isso é típico do Gabriel.
— Eu sei, mas eu queria que você soubesse também. — Disse Déa, se exaltando com minha passividade.
Eu apenas a encarei:
— Por quê?
Déa hesitou.
— Por quê o quê?
Eu a provoquei:
— Gabriel sempre te tratou como lixo, usando e abusando quando bem entende. De onde vem esse amor estranho? Parece mais uma obsessão…
Déa sorriu:
— Porque eu queria que você soubesse que eu estou ao seu lado. Nossos interesses estão alinhados.
Achei melhor não contrariar a maluca e encerrar a conversa:
— Obrigado, Déa.
Déa sorriu, se levantando e saindo do meu apartamento:
— Eu sou a única mulher para o Gabriel. Ele só não percebeu isso ainda… — Déa se foi, me deixando ainda mais preocupado com sua saúde mental.
"Devo me meter nisso?", perguntei a mim mesmo, sentado no sofá. "Ou devo deixar que Lívia descubra por si mesma?"
A resposta não era fácil. Eu sabia que Gabriel não hesitaria em usar sua influência para destruir minha reputação se eu interferisse. Mas também sabia que Lívia não merecia ser tratada daquela forma.
Enquanto eu refletia, meu olhar caiu sobre uma foto antiga de Gabriel e eu, que minha mãe, quando visitava, teimava em recolocar na mesa de centro. Nós éramos irmãos, mas também éramos rivais. E agora, eu estava dividido entre minha lealdade à família e meu desejo de proteger a mulher que me encantava.
"O que você faria se estivesse no meu lugar?" Perguntei ao meu reflexo no espelho.
A resposta veio logo após: "Você faria o que é certo, não o que é fácil."
Eu sabia o que precisava fazer.
Continua.